Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

Reunião do Soviet de Petrogrado em 1917

A Revolução Russa: expressão mais avançada de uma onda revolucionária mundial.

Diretas Já

Luta por dias melhores

sexta-feira, 25 de março de 2011

O futuro da Ficha Limpa

" De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto."
Rui Barbosa

Esta frase do início do século passado dita por um famoso político burguês brasileiro, o baiano Rui Barbosa, nos faz refletir bem sofre a decisão tomada na última quarta-feira por 6 dos 11 ministros do Supremo Tribual Federal - STF - a respeito se a lei da Ficha Limpa deveria ou não retroagir para atingir os maus políticos desse país. A decisão, já por demais conhecida de todos e todas, foi de que a retroatividade não deveria ser aplicada e, portanto, esta lei não valeria para as eleições ocorridas no ano passado. Segundo interpretações já colocadas pela imensa maioria dos meios de comunicação de todo o país, isso provocará mudanças não apenas no Congresso Nacional como também nas Assembleias Legislativas espalhadas pelo território nacional. Na Paraíba, o caso mais emblemático é a troca no Senado envolvendo as figuras de Wilson Santiago (PMDB), que sai e Cássio Cunha Lima (PSDB), que entra. E que a lei da Ficha Limpa passaria a valer a partir das eleições municipais de 2012. Porém, ontem à noite, o ministro do STF e presidente do TSE, Ricarfdo Lewandovski, declarou que a mais alta Corte do país não decidiu nada sobre a constitucionalidade da lei, portanto, não está garantido que tal lei deverá ser aplicada em 2012 e nos anos seguintes. 
Com isso, infelizmente para milhões que se dedicaram a fazer o Congresso Nacional aprovar tal lei, acontecerá aquilo que nós, do PSTU, declarávamos em plena campanha eleitoral e até mesmo antes dela o seguinte: que achávamos louvável a iniciativa de milhões em fazer aprovar esta lei, que isso mostrava que quando o povo toma pra si a tarefa de transformar algo, ele consegue, mas que infelizmente, na nossa avaliação, mesmo que aprovada, isso representaria muito pouca mudança no quadro político nacional, pois com certeza a elite dirigente deste país encontraria outros mecanismos de continuar ludibriando a consciência dos trabalhadores nas eleições. 
E, após todo esse desdobramento sobre a retroatividade da lei da Ficha Limpa e sua decisão final tomada pelo STF e esta declaração do presidente do TSE, contrariando todas as avaliações dos principais analistas políticos da grande imprensa nacional sobre a validade da ficha Limpa, me arrisco a dizer: em 2012, não haverá lei da Ficha Limpa! O Congresso Nacional encontrará um mecanismo de anular esta lei - quem sabe criando uma outra, revogando esta - e assim todas as expectativas geradas serão solenemente sepultadas. Ou alguém acredita que, depois de passar por este susto, parlamentares como Paulo Maluf, Jáder Barbalho, João Capiberibe, Cássio Cunha Lima e tantos outros, juntamente com seus aliados que poderão passar pelo mesmo problema, vão ficar quietos, assistindo a banda passar? Anotem e me cobrem!!!      


quarta-feira, 23 de março de 2011

Cássio Senador, Ricardo respira! E o povo, faz o quê?



O STF decidiu finalmente na tarde de hoje, 23 de março de 2011, a votação da lei da Ficha Limpa. Empatada desde o final do ano passado em 5, por conta da ausência de 1 juiz da mais alta Corte judicial do país provocada pela aposentadoria do ex-ministro Eros Grau, o Supremo precisava definir se a referida lei tinha seus efeitos de forma retroativa ou não. Dessa decisão, cabia o futuro de vários políticos e seus mandatos, aí incluído o do ex-governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, eleito senador da República nas últimas eleições mas que, encaixado na dita lei, não pode assumir, tendo assumido em seu lugar o 3º colocado, Wilson Santiago (PMDB). Além de Cássio, aguardava ansioso por esta decisão o ex-senador e governador do Pará, Jáder Barbalho (PMDB), também eleito em seu Estado mas não tendo assumido o mandato por conta da Ficha Limpa.
Com o STF recomposto em 11 ministros, a partir da indicação de seu novo membro, Luís Fux, esta votação era ansiosamente aguardada pela classe política em geral e especialmente pela de nosso Estado. Pois qualquer que fosse a decisão, expressada através do voto do ministro Fux, isso poderia provocar mudanças no mapa político da Paraíba, a médio e longo prazo.
O STF analisou o caso de um deputado estadual mineiro que teve sua candidatura cassada com base na lei da Ficha Limpa. Antes de decidir sobre a questão, os ministros aprovaram a proposta feita por Gilmar Mendes de que a decisão a ser tomada ali deveria servir de parâmetro para os demais casos em exame naquela Corte que tem por base a Ficha Limpa. Proposta aceita, veio o voto de Fux e este seguiu o relator: votou contra a retroatividade da lei Ficha Limpa. No final, 6 a 5 e a lei da Ficha Limpa só vai valer a partir das eleições de 2012. Assim, Cássio e Jáder poderão assumir suas cadeiras no Senado Federal nos próximos 8 anos.
Evidentemente, esta decisão é uma vitória pessoal de Cássio Cunha Lima. É o primeiro e principal vitorioso. Com este resultado, derrota de uma vez por todas seu principal inimigo na política paraibana, o ex-governador Zé Maranhão. Pois fez Ricardo Coutinho governador derrotando este e, agora, garante no Supremo o mandato de senador assegurado nas urnas através da votação popular. 
Ganha também o grupo Cunha Lima liderado por Cássio na luta interna pelo controle do PSDB contra Cícero Lucena, atual presidente e desafeto declarado de Ricardo Coutinho e, por tabela, inimigo da aliança com o PSB deste. O atual vice-governador, Rômulo Gouveia, declarou em alto e bom som em vários meios de comunicação, que só fica no PSDB se Cássio for o presidente do partido. Se não, Rômulo ameaça ir para o PSD, o novo partido criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Um terceiro personagem também sai vitorioso com Cássio senador. Chama-se Ricardo Coutinho. Terá um forte aliado no Senado Federal e, principalmente, na condução do governo estadual. Como já nos referimos no artigo que produzimos sobre o encontro entre Cássio e Veneziano, semana passada em Campina Grande ("Encontro entre cavalheiros?"), por pertencer a uma oligarquia, Cássio não suporta viver muito tempo sem estar no poder. Agora, com esta vitória, ele volta a respirar o poder e isso vai deixar Ricardo mais quieto.
Mas existem derrotados também. O primeiro deles é o povo. Cássio e Ricardo Coutinho saem mais fortalecidos e isso não é bom para a classe trabalhadora de nosso Estado. Os ataques tendem a continuar e a ser cada vez mais fortes, pois os dois unidos representa a entrega do patrimônio público à sanha do capital de maneira mais rápida.
Cabe salientar aqui o comportamento do "socialista" Ricardo Coutinho no caso Cássio antes e depois da cassação do mandato de governador e neste caso atual. Naquela oportunidade, quando Cássio era governador e Ricardo tinha como principal aliado o então senador Zé Maranhão, o então prefeito da capital não se envolveu na questão, não se pronunciou em nenhum momento torcendo pela cassação do governador Cássio. E a razão para isso era muito simples. Ricardo sabia que se Cássio fosse cassado - como acabou sendo - Maranhão assumiria (como acabou assumindo) e, em isso ocorrendo, este seria naturalmente candidato à reeleição em 2010 e isso atrapalharia os planos do "Mago" que também já tinha pretensões de ocupar o Palácio da Redenção. Até aquele momento, como o candidato da oposição ao PSDB, com apoio do PMDB. Já como aliado de Cássio, Ricardo teve outra postura na luta deste por conquistar na Justiça o mandato obtido nas urnas: foi solidário, deu inúmeras declarações de apoio e na vitória deste, comemorou via twitter. E a razão é uma só: Ricardo sabe que é muito melhor ter Cássio ao seu lado do que do outro lado da trincheira. Pelo menos nos próximos quatro anos. Até lá, a classe trabalhadora paraibana vai ter que se virar.

domingo, 20 de março de 2011

Pela libertação dos presos políticos do RJ

Reproduzo nota divulgada por parlamentares do Rio de Janeiro:

Nós, parlamentares e dirigentes políticos fluminenses, estamos empenhados na imediata libertação do(a)s cidadã(o)s - trabalhadores e estudantes - presos por estarem participando de manifestação democrática e pacífica, em 18/3, contra a política intervencionista dos governos dos EUA no mundo.

Em inquérito sumário e célere, 12 pessoas foram acusadas de atirarem 'artefato incendiário' e 'causar lesões corporais' em funcionário do consulado norte-americano no Rio e se encontram encarcerados. Os homens, inclusive, já tiveram suas cabeças raspadas! 

Desafiamos as autoridades policiais do Rio de Janeiro e também o próprio consulado estadunidense a provar o envolvimento de qualquer dos detidos no ato de vandalismo.

A continuada detenção desses militantes é arbitrária e injusta, e o Judiciário precisa acolher os pedidos de Habeas Corpus.

Liberdade para os presos já!

Assinam:

- Senador Lindberg Farias (PT), 

- Deputados Federais Chico Alencar (PSOL), Jean Wyllys (PSOL) e Stepan Nercessian (PPS),

- Deputados Estaduais Janira Rocha (PSOL) e Marcelo Freixo (PSOL);

- Ex-Deputado Federal e Presidente Regional do PSTU, Cyro Garcia.

Um atentado à democracia e à liberdade de expressão

Só hoje, na noite do domingo 20 de março de 2011, tomei conhecimento de um fato extremamente grave que ocorreu na semana que passou em terras tabajaras e que atenta contra as liberdades democráticas pelas quais lutamos durante décadas, especialmente o direito democrático de poder expressar publicamente as nossas posições e opiniões sobre qualquer assunto, especialmente as políticas.
Soube do fato que vou tratar nestas linhas por meio do Twitter, essa extraordinária ferramenta tecnológica que aproxima ainda mais as pessoas numa velocidade espantosa. 
O fato foi a censura sofrida pelo deputado estadual petista Luciano Cartaxo que, no último dia 16 de março do corrente ano, foi VETADO por uma emissora de rádio local para dar uma entrevista no programa desta. A emissora em questão foi a Rádio Arapuan do Sistema de mesmo nome e o programa foi o "Rádio Verdade". A justificativa apontada pelo jornalista da emissora, que havia convidado o deputado para a entrevista, foi ainda mais espantosa, só podendo ser constatada na nota distribuída pelo próprio deputado, que passamos a transcrever na íntegra a seguir:

NOTA À POPULAÇÃO PARAIBANA

O deputado estadual Luciano Cartaxo (PT) vem a público declarar a sua perplexidade diante do fato narrado abaixo:



Hoje pela manhã, durante sessão ordinária da Assembleia Legislativa, fui convidado pelo radialista João Costa para participar do programa Rádio Verdade, da Rádio Arapuan. Ao chegar à emissora para a entrevista, precisamente às 12h50, fui chamado em particular pelo radialista que, visivelmente constrangido e me pedindo desculpas, me informou que a entrevista não iria ocorrer, pois o meu nome estava vetado no Sistema Arapuan. Ele disse, ainda, que até acontecer a concorrência pública para a Comunicação do Estado, esta era a linha do programa. Fiquei perplexo diante da revelação, que também me causou profundo constrangimento. Em 15 anos de vida pública, como vereador e vice-governador, e agora como deputado estadual, jamais fui impedido de me expressar como legítimo representante do povo, principalmente no sistema Arapuan, que sempre me recebeu de forma cordata em seus vários programas de rádio e televisão.



Luciano Cartaxo
Deputado Estadual

A questão é: se isso ocorre com um DEPUTADO ESTADUAL de renome como Luciano Cartaxo, que inclusive já foi vice-governador de Estado, imagine o que não pode acontecer com outras pessoas. E isso está acontecendo com ele apenas porque nesse momento ele faz oposição a Ricardo Coutinho. Uma oposição nos moldes petistas, mas oposição. Mas nem por isso o fato ocorrido é menos grave. E por dois motivos, pelo menos.
Primeiro, porque como já falamos anteriormente, atenta contra as liberdades democráticas pelas quais lutamos por mais de 20 anos enfrentando a ditadura militar, onde muitas pessoas deram suas vidas por isso. É inadmissível que nesse momento que vivemos pessoas sejam censuradas, proibidas de expressar sua opinião política nos meios de comunicação e nas ruas. No Rio de Janeiro, na última sexta-feira 18/03, 11 militantes foram presos e enquadrados na abominável Lei da Segurança Nacional por protestarem contra a visita de Obama ao Brasil. São os presos políticos da era Dilma. Isso é um absurdo!
Segundo, a Rádio Arapuan e os demais meios de comunicação de massa - TV e Rádio - possuem concessão do poder público para poder funcionar, portanto são um bem público mas que estão nas mãos de alguns poucos que lucram fortunas às custas da alienação cultural e política do povo brasileiro. E são estes que através das verbas públicas vindas dos governos municipais, estaduais e federal, orientam toda a sua programação - especialmente a política - ditando quem pode e não pode falar naquela emissora. Foi isso que sempre ocorreu conosco e agora com o deputado estadual Luciano Cartaxo. A diferença é que o jornalista citado na nota pelo deputado escancarou e abriu o jogo. Afirmou com todas as letras que o deputado não podia falar mais na Arapuan porque com a concorrência do Estado o deputado não se enquadrava mais na linha da emissora. Assim caminha a humanidade na Paraíba.
O mínimo que podemos esperar é uma resposta da Secretaria de Comunicação do Estado através de seu secretário e da direção da emissora. Porque quem cala consente, ok?

sábado, 19 de março de 2011

Apenas um encontro de cavalheiros?



Na semana que passou, mais precisamente na quarta-feira 16/03, a Paraíba presenciou um encontro até há pouco tempo impensado entre o prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital (PMDB), e o ex-governador tucano, Cássio Cunha Lima (PSDB). O mote do encontro foi a instalação da sede da AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente - na "Rainha da Borborema". A prefeitura de Campina estaria disposta a fazer a doação de um terreno para a instalação desse empreendimento social na cidade pensado pelo líder do PSDB paraibano. 
Esta foto acima representa o momento deste encontro tão amplamente comentado em todos os meios políticos de nosso Estado desde a última quarta-feira. E não é para menos. Afinal de contas, trata-se de dois adversários políticos que há anos vêm travando sucessivos embates, com vitórias e derrotas para ambos os lados. Veneziano tem acumulado mais vitórias sobre Cássio no último período no plano municipal (venceu as duas disputas pela Prefeitura de Campina Grande contra o candidato apoiado por Cássio quando este era governador do Estado). Ao mesmo tempo, Veneziano não conseguiu fazer com que seu prestígio local se materializasse em vitória para seu candidato ao governo do Estado. Só pra falar da última eleição, Cássio garantiu a vitória de Ricardo Coutinho nos dois turnos eleitorais com dois retumbantes resultados em Campina Grande e na região polarizada por esta. São, portanto, duas novas lideranças burguesas da política paraibana e que vêm procurando conquistar a hegemonia da política oligárquica, característica central da política em nosso Estado. 
Este encontro faz com que eu mantenha a avaliação que tenho desde que foi feita a composição entre Ricardo Coutinho e Cássio Cunha Lima, em 2010. Para quem não está entendendo nada, explico melhor a seguir.
Quem acha que este encontro entre Cássio e Veneziano foi apenas um encontro administrativo, para tratar da instalação da AACD, pode começar a acreditar em Papai Noel que é melhor, ok? Acredito seriamente que Cássio começa, a partir deste encontro, a "mexer os pauzinhos" para construir uma alternativa ao seu futuro político caso não garanta seu mandato como senador por meio da decisão do STF.
Afirmo isso porque, como legítimo representante de um setor da oligarquia paraibana, Cássio Cunha Lima não consegue ficar longe do poder. Assim é a oligarquia, ela não consegue ficar sem estar perto do poder. É como o ar que respiramos, sem ele morremos; assim é o poder para a oligarquia. Sem ele por perto, ela definha e morre. Por isso, acredito que se o STF não garantir a Cássio o seu mandato de senador e o enquadrar definitivamente na lei do "ficha limpa" e ele ficar inelegível por 8 anos - é isso que prevê a lei - a tendência, na minha avaliação, é que Cássio comece a construir a ruptura com Ricardo Coutinho. Isso passa pelas eleições municipais e a propaganda que já se faz em torno do nome do filho deste, Diogo Cunha Lima, para ser o candidato à prefeito de Campina Grande não é mera coincidência. E este encontro, na atual situação política em que Cássio e Veneziano se encontram também não pode ser encarada como mera coincidência. E que situações politicas são essas?
Cássio está na berlinda, lutando no STF para garantir o mandato de senador conquistado nas urnas eleitorais em 2010. Em certo momento dessa luta, o próprio Cássio chegou a admitir que provavelmente não conseguiria garantir o mandato conquistado através dos votos dos/as eleitores/as paraibanos/as. Já Veneziano não se diferencia muito de Cássio na atualidade. Enfrenta no TRE/PB um processo de cassação de mandato solicitado pelo atual vice-governador do Estado, Rômulo Gouveia (PSDB), aliado de Cássio e candidato derrotado por duas vezes por Veneziano nas eleições municipais de Campina Grande. Além disso, a Prefeitura de Campina Grande está enfrentando inúmeras dificuldades, como a suspensão de envio de recursos federais ao município por conta de  dívidas. Tudo isso faz com que a popularidade de Veneziano caia cada vez mais.
Portanto, não seria de todo ruim para ambos - Cássio e Veneziano - uma aliança para as eleições de 2012. Assim, o que para muitos soou apenas como um encontro de cavalheiros, de "políticos da nova geração paraibana" que sabe separar as divergências, pode ter sido uma preparação para uma situação de futuro. Ou, como diria o grande mestre do cancioneiro popular, Santanna, pode não dar em nada.   
Se eu fosse Ricardo Coutinho, colocava desde já minhas barbas de molho, como se diz no popular.

sábado, 12 de março de 2011

60 dias de governo e duas demissões




O que vou escrever nas linhas seguintes com certeza não será do agrado dos assessores diretos do governador Ricardo Coutinho nem do próprio. Mas também não é essa a intenção do artigo nem do blog. Para isso (agradar ao governador), já existe uma vasta rede de comunicação para cumprir este papel.
Imaginemos o governo Dilma Rousseff, com 60 dias de mandato, tendo neste curtíssimo período sofrido duas baixas em seu ministério, e justamente em duas das pastas mais importantes de sua equipe de governo: Saúde e Educação. E, para piorar a situação do governo, a justificativa usada pelos dois ministros demissionários é a mesma: "problemas de saúde". Neste caso, residem duas perguntas: alguém duvida que a imprensa nacional e, até mesmo internacional, já daria a este fato a conotação de um princípio de crise no governo Dilma? E, além disso, alguém em sã consciência, acreditaria nas versões apresentadas pelos ministros para suas demissões?
Pois bem. O exemplo utilizado para a questão nacional pode perfeitamente ser utilizado para a situação estadual que vivenciamos a partir da quarta-feira de cinzas, quando os paraibanos foram pegos de surpresa  com o pedido de demissão do então secretário de Saúde do Estado, Mário Toscano. Na nota entregue ao governador Ricardo Coutinho e divulgada pela imprensa, o principal argumento do secretário demissionário foi o mesmo usado pelo ex-secretário da Educação, Fernando Abath, que pediu demissão no final de janeiro: "problemas de saúde". 
É evidente que estes dois episódios não são isolados um do outro e também revelam um princípio de crise do/no governo Ricardo Coutinho. Não é comum nem normal que dois secretários de duas pastas estratégicas como Saúde e Educação - que, aliada à Segurança, Comunicação, Finanças e Ação Social completam o quadro das principais secretarias de Estado, na nossa avaliação - deixem (por iniciativa própria) de pertencer ao governo, ainda mais pelo motivo que foi colocado. Também é evidente que o governo não vai explicar - como até agora não explicou - os reais motivos dos dois afastamentos. Os setores governistas da imprensa tentam abafar o episódio, tentando colocar para a opinião pública que não há crise no governo e que o governo e o governador continuam do mesmo jeito, trabalhando normalmente. Mas não é possível haver normalidade num governo que perde dois secretários em 60 dias por "problemas de saúde". Alguns desses setores chegaram a afirmar que a saída dos dois deveu-se ao fato destes não terem se adaptado ao estilo "locomotiva" de Ricardo Coutinho de trabalhar. Porém, se considerássemos isto como correto, caberia a seguinte pergunta: porquê então o governador "socialista" e incansável não aplica o mesmo critério que teria sido colocado a Abath e Toscano para os secretários Efraim Morais e Ricardo Barbosa, respectivamente, da Infraestrutura e Executivo do PAC? Afinal de contas, em 60 dias de governo, esses dois senhores ainda não disseram a que vieram. 
Ao mesmo tempo em que afirmamos que as demissões de Fernando Abath e Mário Toscano representam um sintoma de crise do/no governo  Ricardo Coutinho, também é preciso colocar que este governo possui muitas margens de manobra para contornar este princípio de crise. Afinal, ainda possui grande apoio popular e ampla maioria na Assembleia Legislativa. Sem falar no poder da caneta. Vale lembrar que foi esse poder que fez RC acabar com a greve da Polícia Civil antes de iniciar.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Luciano Agra e a municipalização da CAGEPA

Quem acompanha o mundo politico paraibano sabe perfeitamente a fidelidade integral que o prefeito da cidade de João Pessoa, Luciano Agra (PSB), tem ao governador do Estado,  Ricardo Coutinho, do mesmo partido. Não à toa, quando candidato à reeleição a prefeito da capital paraibana, ele tenha sido escolhido a dedo por Ricardo para ser seu vice. Agora, com Ricardo sendo o chefe do Executivo Estadual, Agra tem funcionado em alguns momentos como       a voz de Ricardo Coutinho, especialmente quando este não pode falar certas coisas por conta das peculiaridades do cargo que atualmente ocupa. 
Como, por exemplo, a defesa da municipalização da CAGEPA. Nesta quarta-feira de cinzas, 09 de março de 2011, vários portais deram destaque à entrevista do prefeito pessoense à TV Arapuan e sua defesa da municipalização da empresa estatal de água e saneamento. 
Esta não é uma tese nova. Vem sendo debatida pelo menos desde o governo Cássio. E também é desse período que vem se acentuando o processo de desmonte e sucateamento da CAGEPA. Com o claro objetivo de fazer com que a empresa não consiga atender às necessidades do povo paraibano - especialmente as camadas mais pobres - e assim, aos poucos, ir conquistando a adesão dessas mesmas camadas à ideia da municipalização da empresa e, depois, da privatização da CAGEPA.
Falamos da privatização porque ela é o destino final da municipalização. Pois uma vez esta iniciada, como ficarão as cidades menores de nosso Estado? Por que estas serão as mais prejudicadas com a municipalização pois a tendência é elas ficarem sem o precioso líquido por não terem como pagar por ele. Para poderem ter acesso à água, a única saída passará pela privatização do serviço. Isso não é terrorismo, como podem afirmar alguns. É a dura realidade que poderá passar a existir em vários municípios paraibanos, caso a proposta de municipalização da CAGEPA comece a vingar em nosso Estado.
Luciano Agra, ao defender essa proposta, cumpre o papel de "cão fiel" de Ricardo Coutinho, que pode a partir de agora ver até que ponto essa ideia repercute no meio político e social. Além do mais, o governo  "socialista" de Ricardo Coutinho continua reproduzindo as práticas dos governos de Cássio e Maranhão III quando, de forma sistemática, calculista e oportunista, mantém o sucateamento da CAGEPA com o objetivo de fazer com que a população comece a ficar favorável à privatização da empresa.
Essa tática não é nova. FHC a utilizou para que uma parcela do povo brasileiro ficasse favorável à privatização do sistema Telebrás, assim como Lula fez na sua tentativa em relação aos Correios no encaminhamento da proposta - que já está no Congresso através de MP de criar o Correios S/A -. Cássio, Maranhão e agora Ricardo usam do mesmo artifício para ludibriar a opinião pública e, assim, favorecer grupos empresariais, não se sabe quais.
O que devemos fazer, neste momento, é defendermos a CAGEPA pois ela é um PATRIMÔNIO PÚBLICO e deve ser revertida para servir ao PÚBLICO.

NÃO À MUNICIPALIZAÇÃO DA CAGEPA!!!

NÃO À PRIVATIZAÇÃO DA CAGEPA!!!   

POR UMA CAGEPA PÚBLICA, ESTATAL E A SERVIÇO DOS TRABALHADORES!!!

QUE A CAGEPA SEJA CONTROLADA POR UMA COMISSÃO PARITÁRIA DE TRABALHADORES E USUÁRIOS!!!

segunda-feira, 7 de março de 2011

O turismo predatório e suas consequências definitivas em Areia Vermelha



Nesta segunda-feira de carnaval, 07 de março de 2011, estive junto com minha família (esposa e filhos), passeando em Areia Vermelha. Junto conosco, alguns amigos e amigas. Assim que chegamos, antes de desembarcarmos do catamarã, o guia e condutor do barco fez algumas recomendações a todos os passageiros, uma delas me chamou especial atenção: não poderíamos, em hipótese alguma, irmos até o outro lado de Areia Vermelha (onde ficam situadas as pedras) pois segundo o guia elas foram muito degeneradas.
Isso revela os efeitos do turismo predatório praticado durante anos em Areia Vermelha que fez com que uma parte importante e encantadora para visitação pública fosse desperdiçada para as gerações futuras. Digo isso porque quando adolescente visitei algumas vezes aquele local e naquela época - isso era início dos anos 80 - era possível visitar as pedras e verificar in loco a vida pulsando em Areia Vermelha. Anos depois, por conta da ganância combinada de prefeitos e empresários do turismo, Areia Vermelha foi perdendo seu brilho e, principalmente, sua VIDA. E quem perdeu com isso? Todos nós, especialmente nossos filhos. Os meus, por exemplo, nunca haviam ido a Areia Vermelha. Ficaram deslumbrados, evidentemente, com tudo aquilo - quem não fica, afinal de contas? - mas se pudessem ter visto aquilo que eu e vários de minha geração tiveram a oportunidade de ver, ficariam ainda mais entusiasmados com Areia Vermelha.
Areia Vermelha hoje deve representar para nós o que significa o turismo predatório e as consequências danosas e definitivas que ele traz para o meio ambiente e para todos nós. Hoje - e já há alguns anos - não existe mais carnaval lá e isso ajudou a salvar esse ambiente maravilhoso da costa paraibana, mas os vários anos em que se praticou a folia de Momo bancada pela Prefeitura de Cabedelo custaram anos incontáveis para a vida de Areia Vermelha. Em qualquer outro local do planeta, os (ir) responsáveis por tal crime ambiental seriam devidamente responsabilizados por isso. Mas, como estamos no Brasil e na Paraíba, tudo está como dantes no castelo de Abrantes. Pior para a geração atual e de amanhã. 

sábado, 5 de março de 2011

A greve da polícia paraibana e o jeito "socialista" de negociar com os trabalhadores

A Paraíba assistiu, no último período, a uma greve dos policiais militares motivada pelo não pagamento, por parte do governo do Estado, do reajuste salarial da chamada "PEC 300", garantida através de lei aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado no ano passado. A alegação do governador Ricardo Coutinho (PSB) para não pagar a "PEC 300" é que esta lei é ilegal por ter sido aprovada e sancionada pelo então governador Zé Maranhão (PMDB) em período eleitoral. Porém, o que o governo "socialista" não admite é que, mesmo que consideremos a lei ilegal, o recurso para garantir o reajuste salarial para a categoria dos policiais paraibanos, de forma escalonada como foi colocado na lei, foi estabelecido no orçamento estadual pelos deputados estaduais quando este foi votado e aprovado no final do ano passado. Portanto, não há justificativa para o Executivo paraibano não atender à reivindicação dos trabalhadores da segurança paraibana.
O que assistimos na greve dos policiais militares foi a truculência e arrogância do governo Ricardo Coutinho no trato com os policiais militares. Isso já conhecíamos desde a época da Prefeitura de João Pessoa. Agora, a Paraíba ficou conhecendo o estilo "socialista" de tratar os trabalhadores em greve. Uma greve que já estava anunciada desde o início do ano, que toda a Paraíba sabia que ocorreria no período do carnaval, porém apesar disso o governo desprezou a categoria durante todo esse tempo e quando esta decidiu ir à greve recusou-se ao diálogo, procurando apenas tentar desmoralizar as lideranças com o discurso da ilegalidade da lei que criou a "PEC 300" e sem apresentar nenhuma contra proposta ao movimento. Ao mesmo tempo, contando com o apoio maciço da imprensa que não se furtou de cumprir o papel de porta-voz do Palácio da Redenção nos quesitos "pichação da greve dos policiais" e "queimação das lideranças da categoria". 
Essa forma de relacionamento de Ricardo Coutinho com os policiais em greve nos remete à memória da greve dos professores municipais em 2009 quando o então prefeito Ricardo Coutinho teve a mesma postura diante da categoria: não negocia e não recebe a categoria enquanto esta permanecer com suas atividades paralisadas. Isto depois da categoria mandar vários avisos de que poderia entrar em greve caso não tivesse suas reivindicações atendidas. O que impressiona neste comportamento do chefe do Executivo estadual é que ele veio do movimento sindical e, na sua época de líder sindical, com certeza este não gostava de governantes com posturas semelhantes às que ele adota hoje com categorias em greve. 
Alguns podem argumentar que hoje ele está num outro papel, diferente do de líder sindical. Porém, essa argumentação serve aos cínicos e aos oportunistas. Não aos que efetivamente defendem a classe trabalhadora e seus interesses. Ricardo Coutinho adota essa postura hoje   simplesmente porque ele não tem mais nada a ver com os/as trabalhadores/as, apesar de estar num partido que se diz "socialista". Ricardo Coutinho há muito tempo passou para o outro lado da trincheira, há muito tempo tornou-se um TRAIDOR da classe. Quem, em sã consciência, o segue também é um TRAIDOR da classe. Nessa seara, não há meio termo.