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sábado, 11 de setembro de 2010

Samba do crioulo doido ou oportunismo político?


Todos sabem que o PT não segue o modelo leninista de organização partidária, onde se pratica o centralismo democrático - regra de convivência interna onde todos/as militantes discutem internamente todas as questões políticas do partido e tem a mesma condição de decidir e, sobretudo, ter a capacidade de dirigir os dirigentes, ou seja, o que os dirigentes do partido fazem ou deixam de fazer; falam ou deixam de falar representam aquilo que o partido, ou melhor, o que os militantes decidem nas reuniões internas-. O PT, desde sua fundação, há 30 anos não segue nem nunca seguiu este modelo mas todos/as concordam que um partido político tem que ter pelo menos coerência. E está cada vez mais difícil de se esperar isso do PT, seja no plano nacional ou estadual ou municipal.

O mais novo exemplo disso está aqui na Paraíba. O PT nacional decidiu lançar Dilma como sua candidata a Presidente, tendo como vice o ex-presidente da Câmara dos Deputados, o peemedebista Michel Temer. Até aí, tudo tranquilo. Porém, quando as coisas saíram da esfera nacional e vieram para o terreno da política local, aí tudo começou a ficar mais complicado.

Tudo porque o PT/PB estava profundamente rachado por conta da disputa local, com um setor apoiando o governador candidato à reeleição, Zé Maranhão (PMDB) e outro apoiando o ex-prefeito da capital, Ricardo Coutinho (PSB). O primeiro bloco é liderado pelo deputado estadual Rodrigo Soares, que inclusive é o candidato a vice-governador na chapa majoritária enquanto o outro bloco petista é liderado pelo deputado federal Luiz Couto.

O "xis" da questão desse artigo é que na última sexta-feira, 10/09, o presidente nacional da legenda, Eduardo Dutra, produziu uma declaração do presidente do PT de João Pessoa, Antonio Barbosa - aliado de Luiz Couto, portanto do bloco que apóia a candidatura de Ricardo Coutinho - de que a vinda de Dutra à Paraíba "não muda em nada o apoio dos militantes do PT da capital ao candidato ao Governo do Estado, Ricardo Coutinho (PSB)".

Qual o problema disso? Como já afirmei anteriormente, o mínimo que se espera de um partido é coerência. Também se espera de um partido respeito ás suas deliberações internas, a começar por suas lideranças. Não é isso que observamos no PT.

O PT definiu mais do que lançar Dilma Rouseff como sua candidata á sucessão de Lula ao Palácio do Planalto. Definiu também um programa - bom ou ruim, não vamos discutir aqui o mérito dessa questão, não é esse o objeto desse artigo - e o arco de alianças do partido nas atuais eleições. Neste ponto, a resolução sobre tática e política de alianças definida no 4º Congresso Nacional do PT é dúbia quando afirma, por um lado, com todas as letras que "o partido busque alianças com todos os partidos da base de sustentação do governo", isso para cumprir a tarefa de eleger Dilma Roussef, e por outro, acena com a possibilidade de construção de mais de um palanques nos Estados onde não for possível construir a unidade partidária.

Os aliados de Luiz Couto se sustentam neste ponto da resolução para defenderem a candidatura de Ricardo Coutinho, apesar deste estar sendo apoiado pelo PSDB e pelo DEM na Paraíba, partidos que não fazem parte da base governista em nível federal. Assim, eles sentem-se à vontade para continuarem tocando a campanha do ex-prefeito da capital paraibana e não sofrerem nenhuma retaliação da direção nacional do PT, apesar dos protestos da direção estadual do partido, que está na campanha de Zé Maranhão.

Para um simples mortal, isso pinta como um samba do crioulo doido. Como um mesmo partido pode ter duas alas defendendo dois candidatos a Governador de Estado? O que pode explicar isso é, primeiro, o profundo apego ao aparelho de Estado que o PT, ao longo dos anos, passou a ter. Nas duas alas em disputa, existem pessoas e mais pessoas que pertencem a várias correntes políticas internas do partido que estão vinculadas a cargos dentro da máquina administrativa ou do Estado ou da Prefeitura Municipal de João Pessoa e, com o processo eleitoral em questão, procuram assegurar tais cargos e mais alguns caso seus candidatos vençam o processo eleitoral. Não existe, portanto, nenhuma disputa política-ideológica mas sim tão somente a sobrevivência de cada uma dessas pessoas e, por tabela de suas correntes políticas internas e, finalmente, a do partido.

É a boa velha campanha do "meu cargo, minha vida" e por causa disso Zé Maranhão ou Ricardo Coutinho são os melhores candidatos do mundo, serão os melhores governadores desse Estado no próximo período, realizarão coisas que nunca foram realizadas nos 425 anos da Paraíba. Afinal de contas, as duas alas do PT/PB precisam sobreviver a qualquer custo no cenário político paraibano.

Enquanto isso, o povo está aí alheio a tudo isso. Mas isso, para essas pessoas, é apenas um detalhe.