Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

sábado, 31 de dezembro de 2022

Para onde vai o PT???





Neste domingo, 1º de janeiro de 2023, Lula e o PT começam oficialmente seu novo governo, o 3º desde que assumiu o Palácio do Planalto em 2003. Isso depois de uma eleição muito atribulada e definida no 2º turno com uma diferença de apenas 1,8% (ou 2.139.645 votos) de seu adversário, o então presidente Jair Bolsonaro (PL), que tornou-se o primeiro presidente a NÃO conseguir a reeleição, em nossa história recente. 
Lula chega ao Planalto nesta nova empreitada política após conseguir uma aliança inusitada e surpreendente para a maioria das pessoas, colocando o ex-tucano e ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, filiado ao PSB, como seu vice nesta composição. Além disso, Lula e o PT conseguiram fazer uma aliança política com partidos da "esquerda oficial" e também da direita, como PCdoB, PV, SOLIDARIEDADE, PSOL, REDE, PSB, AGIR, AVANTE e PROS e também setores do MDB (como os  senadores alagoano e paraibano Renan Calheiros e Veneziano Vital, respectivamente, o governador do Pará Jáder Barbalho Filho, dentre outros) que, apesar de ter Simone Tebet (senadora por MS), apoiaram o candidato petista no 1º turno eleitoral. Já no 2º turno, esta aliança foi ampliada com a presença de Tebet, que ficou em 3º lugar na primeira fase da disputa presidencial e também do derrotado Ciro Gomes (PDT), além deste partido como um todo, além da candidatura causar divisões em partidos da direita, como União Brasil, dentre outros apoios que vieram no turno decisivo.
Isso faz com que Lula tenha composto um ministério para iniciar seu 3º mandato com a presença de vários partidos, além de pessoas sem nenhuma presença partidária. São 37 nomes para compor o 1º escalão deste novo governo, com uma divisão expressada da seguinte forma: 10 nomes do PT, 3 do MDB (incluindo Simone Tebet, que será ministra do Planejamento), 3 do PSB (incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin, que será ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), 3 do União Brasil 3 do PSD, e 1 nome do PDT, PSOL, REDE e PCdoB (cada). E, como afirmamos, 11 ministros/as que NÃO possuem filiação partidária, como José Múcio (ministro da Defesa), Margareth Menezes (ministra da Cultura), Ana Moser (ministra dos Esportes), Sílvio Almeida (ministro dos Direitos Humanos), Anielle Franco (ministra da Igualdade Racial) e Nísia Trindade (ministra da Saúde), dentre outros/as nomes.
Com esta composição, Lula define na prática que seu novo governo será de "unidade nacional", expresso várias vezes pelo próprio Lula em vários momentos da campanha eleitoral. Ou seja, Lula e o PT colocam novamente para milhões de trabalhadores/as de nosso país que governará, mais uma vez, "para todos", como se isso fosse possível.
A presença de alguns nomes neste ministério já revelam que esta afirmação de Lula e do PT é simplesmente frase bonita para enganar as pessoas. A indicação de Fernando Haddad (PT) ao Ministério da Fazenda passou por uma aprovação, ainda que não majoritária, do mercado financeiro com Simone Tebet no Ministério do Planejamento, tendo sob suas mãos o PPI (Programa de Parcerias e Investimentos), que é responsável pelas privatizações e concessões ao setor privado - apesar de Lula afirmar que não haverá privatizações em seu governo -; a presença  de Alckmin no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, agradando em cheio os grandes empresários do país; a participação do senador Carlos Fávaro (PSD/MT) no Ministério da Agricultura, representando setores importantes do agronegócio neste governo; a indicação de José Múcio (ex-conselheiro do TCU) no Ministério da Defesa, Múcio que começou sua carreira política na ARENA (partido da ditadura militar), depois do PDS e também do PTB, partidos que NADA têm a ver com as lutas da classe trabalhadora brasileira, tudo isso revela que o 3º mandato de Lula no Planalto tende a ser uma repetição - para pior - do que já ocorreu em seus dois outros mandatos. Teremos, provavelmente, uma cópia piorada neste novo governo de Lula e do PT.
Muitos pontos corroboram para afirmamos isso. Primeiro, no passado recente quando analisamos os governos anteriores de Lula,  verificamos que nestes, houve uma imensa ajuda financeira aos bancos e empresários do país, ao mesmo tempo em que Lula repassava algumas verbas aos setores explorados que, apesar de terem melhorado um pouco suas condições de vida, tudo isso não passou de migalhas oferecida pelo governo. Segundo, tudo isso foi possível nos dois primeiros mandatos porque havia uma conjuntura internacional muito diferente da que Lula (favorável a este) vai enfrentar a partir de janeiro/2023, onde vivemos (dentro e fora do país), uma situação de desemprego acelerado, distribuição de renda cada vez maior, aumentando o fosso entre ricos e pobres, destruição cada vez mais acelerada do meio ambiente, aumento exacerbado dos preconceitos,  discriminações e xenofobia contra mulheres, negros, LGBT's e imigrantes.
Tudo isso são características do quadro nacional e mundial que Lula e o PT enfrentarão a partir de 2023. Como este novo governo irá se comportar diante tudo isso, não temos bola de cristal para afirmarmos algo. Mas, diante das concessões já feitas a vários setores políticos antes mesmo de assumir - como o apoio do PT, PCdoB e PV - à reeleição do deputado federal e líder do "Centrão" à Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), sem falar na grande articulação feita com partidos de direita (especialmente) para aprovar a PEC da Transição. Ao contrário do que muitos afirmam - como as principais lideranças do PSOL, PCdoB e o próprio PT -, esta PEC mantém o teto de gastos criado por Temer através da EC 95 e , com isso, "aponta para um remodelamento do que chamam de 'âncora fiscal', ou seja, um sistema que perpetua essa política econômica que drena recursos do país, e da classe trabalhadora, para os grandes banqueiros" (https://www.pstu.org.br/o-real-significado-da-pec-de-transicao/).
Concluímos reafirmando: NÃO POSSUÍMOS BOLA DE CRISTAL para prever o que será o governo Lula em seu terceiro mandato, mas um passado recente construído pelo próprio Lula e PT em anos anteriores nos levam a crer que NÃO teremos tempos alvissareiros, como vive afirmando Lula desde a campanha eleitoral.
Cenas dos próximos capítulos..............

 

0 comentários:

Postar um comentário