Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

sábado, 5 de março de 2011

A greve da polícia paraibana e o jeito "socialista" de negociar com os trabalhadores

A Paraíba assistiu, no último período, a uma greve dos policiais militares motivada pelo não pagamento, por parte do governo do Estado, do reajuste salarial da chamada "PEC 300", garantida através de lei aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado no ano passado. A alegação do governador Ricardo Coutinho (PSB) para não pagar a "PEC 300" é que esta lei é ilegal por ter sido aprovada e sancionada pelo então governador Zé Maranhão (PMDB) em período eleitoral. Porém, o que o governo "socialista" não admite é que, mesmo que consideremos a lei ilegal, o recurso para garantir o reajuste salarial para a categoria dos policiais paraibanos, de forma escalonada como foi colocado na lei, foi estabelecido no orçamento estadual pelos deputados estaduais quando este foi votado e aprovado no final do ano passado. Portanto, não há justificativa para o Executivo paraibano não atender à reivindicação dos trabalhadores da segurança paraibana.
O que assistimos na greve dos policiais militares foi a truculência e arrogância do governo Ricardo Coutinho no trato com os policiais militares. Isso já conhecíamos desde a época da Prefeitura de João Pessoa. Agora, a Paraíba ficou conhecendo o estilo "socialista" de tratar os trabalhadores em greve. Uma greve que já estava anunciada desde o início do ano, que toda a Paraíba sabia que ocorreria no período do carnaval, porém apesar disso o governo desprezou a categoria durante todo esse tempo e quando esta decidiu ir à greve recusou-se ao diálogo, procurando apenas tentar desmoralizar as lideranças com o discurso da ilegalidade da lei que criou a "PEC 300" e sem apresentar nenhuma contra proposta ao movimento. Ao mesmo tempo, contando com o apoio maciço da imprensa que não se furtou de cumprir o papel de porta-voz do Palácio da Redenção nos quesitos "pichação da greve dos policiais" e "queimação das lideranças da categoria". 
Essa forma de relacionamento de Ricardo Coutinho com os policiais em greve nos remete à memória da greve dos professores municipais em 2009 quando o então prefeito Ricardo Coutinho teve a mesma postura diante da categoria: não negocia e não recebe a categoria enquanto esta permanecer com suas atividades paralisadas. Isto depois da categoria mandar vários avisos de que poderia entrar em greve caso não tivesse suas reivindicações atendidas. O que impressiona neste comportamento do chefe do Executivo estadual é que ele veio do movimento sindical e, na sua época de líder sindical, com certeza este não gostava de governantes com posturas semelhantes às que ele adota hoje com categorias em greve. 
Alguns podem argumentar que hoje ele está num outro papel, diferente do de líder sindical. Porém, essa argumentação serve aos cínicos e aos oportunistas. Não aos que efetivamente defendem a classe trabalhadora e seus interesses. Ricardo Coutinho adota essa postura hoje   simplesmente porque ele não tem mais nada a ver com os/as trabalhadores/as, apesar de estar num partido que se diz "socialista". Ricardo Coutinho há muito tempo passou para o outro lado da trincheira, há muito tempo tornou-se um TRAIDOR da classe. Quem, em sã consciência, o segue também é um TRAIDOR da classe. Nessa seara, não há meio termo.       

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