Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

sábado, 22 de janeiro de 2022

Política, teu nome é OPORTUNISMO - Parte II








Em artigo anterior, de mesmo nome, analisamos o contexto nacional sob esta ótica. Analisaremos agora o mesmo assunto, desta vez em terras tabajaras. Infelizmente, o título cai como uma luva não apenas para as movimentações feitas no campo da direita, mas também entre aqueles que se colocam como defensores dos trabalhadores, como é o caso do PT/PB. E, como atuamos há anos no movimento dos trabalhadores, privilegiaremos nossa análise observando a movimentação destes últimos atores.

Em 2018, o PT participou das eleições na Paraíba apoiando a candidatura do atual governador João Azevedo, candidato na época pelo PSB, partido do então governador na ocasião Ricardo Coutinho, que compôs uma aliança com mais 13 partidos de várias matrizes ideológicas que, naquela oportunidade, apoiavam tanto a candidatura de Haddad à Presidente da República (como o próprio PT e o PCdoB), como apoiadores da candidatura Ciro Gomes (PDT) e até de Bolsonaro (como o DEM e PTB), além de outros partidos de direita, como PRB, PROS, Podemos, dentre outros. Um verdadeiro "balaio de gatos" que venceu as eleições para governador na Paraíba e elegeu boa parte dos deputados estaduais e federais no Estado.

Isso fez com que o PT/PB se comprometesse, desde o início, com o governo de João Azevedo que, após o escândalo da "Operação Calvário", que revelou os bastidores da maior corrupção já revelada na Paraíba, com desvio de milhões de reais de dinheiro público na Saúde e Educação através de contratos milionários com Organizações Sociais - OS's -, cujas investigações ainda estão em curso pelo MPPB e Gaeco e que atingiram em cheio o Governo da Paraíba, chefiado pelo ex-governador Ricardo Coutinho (na época no PSB) e boa parte de seus auxiliares diretos, muitos dos quais foram aproveitados por João Azevedo no início de seu governo, em 2019, mas logo afastados por ele após o estouro deste escândalo. Sem falar que o nome de João Azevedo também passou a ser citado como um dos envolvidos na "Operação Calvário". Um dos desdobramentos disso foi o acirramento da crise interna no PSB/PB, levando a que João Azevedo, meses depois, rompesse com o partido e se filiasse ao Cidadania, partido em que se encontra hoje em dia. Mesmo com todo esse escândalo, o PT/PB continuou apoiando o governo João Azevedo.

Pouco mais de um ano após a "Operação Calvário" começar a destroçar os meandros dos bastidores da política paraibana e a pandemia do coronavírus ameaçar a vida de milhões em todo o mundo e também na Paraíba, o governo João Azevedo não mediu esforços para seguir a cartilha do governo Bolsonaro, a quem ele diz ser "oposição" no plano nacional, e fazer a "Reforma da Previdência Estadual" ser aprovada, em 2º turno, na Assembleia Legislativa da Paraíba, em agosto de 2020, durante a pandemia, sem nenhuma discussão com a categoria dos servidores públicos estaduais e, pior, prejudicando e muito toda uma categoria de trabalhadores/as. Apesar de afirmar que votou contra a Reforma da Previdência Estadual de João Azevedo, o PT/PB continuou apoiando o governo

Durante todo este período, o PT/PB (e uma parte importante da direção nacional do partido) vivia um "namoro" com o ex-governador Ricardo Coutinho. Isso ficou ainda mais claro nas eleições municipais de 2020, quando Ricardo Coutinho se lançou candidato a prefeito de João Pessoa pelo PSB e o PT lançou o deputado estadual Anísio Maia como o seu candidato na mesma eleição. Foi uma eleição extremamente tumultuada para o PT/PB. Houve intervenção da direção nacional sobre o diretória municipal porque esta entendia que o partido deveria apoiar o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) e não ter candidatura própria; já o diretório municipal de João Pessoa conseguiu garantir, até o final, a candidatura de Anísio Maia. Enquanto isso, a militância petista se dividiu entre apoiar o candidato do partido e o candidato do PSB. Ao final, Ricardo Coutinho teve pouco mais de 10% dos votos enquanto Anísio Maia não chegou a pontuar 1,5% no mesmo processo eleitoral.

De certa forma, isso serviu para alimentar ainda mais o "namoro" da direção nacional petista com o ex-governador Ricardo Coutinho e vice-versa. Mas, as relações entre este e o governador João Azevedo eram um entrave nesta relação. Porém, isso não foi suficiente para impedir que Ricardo Coutinho voltasse para o PT/PB em setembro do ano passado e arrastasse com ele nessa sua volta os deputados estaduais Jeová Campos, Cida Ramos e Estela Bezerra, além da ex-prefeita do Conde, Márcia Lucena, que estavam com ele no PSB. Eis o primeiro capítulo do OPORTUNISMO - Parte II!!! 

Ricardo Coutinho que, no início do século XXI, rompe com o PT, vai para o PSB  e leva consigo muitos/as do PT para seu novo partido, trava uma disputa ferrenha com Nadja Palitot pelo controle do PSB, ganha essa disputa, vence duas eleições majoritárias seguidas no PSB, "despreza" o PT de certa maneira e agora, volta para este partido com honras e glórias. OPORTUNISMO de mão dupla!!!

O segundo capítulo desta série consegue ser pior do que o primeiro. Se dá em dezembro do ano passado, quando o PT anuncia a filiação do ex-prefeito Luciano Cartaxo ao partido, feita através de uma conversa com a direção nacional do partido. Ela consegue ser pior porque Cartaxo rompeu com o partido em setembro de 2015 por conta, segundo ele, dos "escândalos políticos" que tomavam conta da legenda naquela ocasião. Na oportunidade, ele saiu do PT e filiou-se ao PSD. Depois, foi para o PV e, agora, retorna para o PT. Aí está o segundo capítulo do OPORTUNISMO - Parte II!!!

Pra encerrar a série, chegamos às eleições 2022 na Paraíba. Como já afirmamos, nem a "Operação Calvário", nem a "Reforma da Previdência Estadual" de João Azevedo feita tipo Control C Control V de Bolsonaro foram suficientes para retirar o apoio do PT/PB ao governo estadual. Mas, o argumento preferido dos reformistas (leia-se "lulistas") de que é preciso derrotar o fascismo (leia-se governo Bolsonaro) e, para isso, vale tudo (inclusive se juntar a Alckmin, no plano nacional - leia-se os "golpistas" -) faz com que o PT/PB "esqueça" que passou 4 anos no governo João Azevedo e decida apoiar o senador Veneziano Vital (MDB) ao governo da Paraíba, desde que ele decida disputar o cargo e também decida apoiar Lula a Presidente em outubro próximo. Assim como Alckmin, para o PT/PB, o fato de Veneziano ter votado no impeachment de Dilma em 2016 (ter sido, portanto, um "golpista"), é um apenas um DETALHEEis o terceiro e derradeiro capítulo do OPORTUNISMO - Parte II!!!

Para reflexão de todos e todas.................

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