Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

Reunião do Soviet de Petrogrado em 1917

A Revolução Russa: expressão mais avançada de uma onda revolucionária mundial.

Diretas Já

Luta por dias melhores

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Coitado do servidor

Recentemente, quando estive na UFPB para presenciar uma Assembleia dos servidores técnico-administrativos em greve, recebi das mãos do servidor aposentado Severino Moizinho um panfleto onde nele constava versos feitos por ele. Moizinho é um companheiro das velhas lutas da Universidade e que, como muitos outros/as servidores/as desta instituição, conviveram com os ataques desferidos contra seus direitos e à própria Universidade por sucessivos governos, inclusive os do PT. Abaixo, está na íntegra os versos feitos por ele, que são a constatação da experiência dessa categoria com o governo de Frente Popular liderado pelo PT desde 2003.


COITADO DO SERVIDOR

O governo de Dilma
A todos nós enganou
É greve para todo lado
O nosso sonho acabou
Aumento de salário não existe
Para nenhum servidor

Todos são iguais
Promete pra se eleger
Lula prometeu ajudar o servidor
O que ele fez foi esquecer
Dilma aprendeu com ele
De servidor público não quer nem saber

Foram oito anos com FHC
Sem aumento pra servidor
Mais oito anos de Lula
Os planos de FHC ele continuou
Servidores para presidentes
Nunca tiveram valor

Severino Moizinho

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O racismo no futebol



O racismo é uma das manifestações humanas mais desprezíveis que podemos assistir. Trata-se de uma pretensa "superioridade" expressada por alguém que, por ter uma pele de cor diferente da outra, se coloca num patamar maior do que a outra e, por isso, julga-se no direito de oprimir e explorar o/a outro/a. A burguesia, ainda hoje, utiliza-se do racismo como elemento de divisor da nossa classe, quando semeia entre os trabalhadores (de forma muito sutil) a ideia de que o negro é "preguiçoso" e "que todo negro é ladrão". São formas sutis que são incutidas na consciência da classe desde criança através de vários mecanismos, como gibis, filmes, e por aí vai.
A divisão de classes sempre existiu nos esportes também. Os negros sempre foram destaque em esportes mais acessíveis para os extratos mais pobres das sociedades, como futebol (no Brasil), basquete (nos EUA), atletismo (nos países africanos), enquanto outros esportes eram  quase que exclusivamente reservado aos filhos das elites, como tênis, golfe, rúgbi, dentre outros. Muito raramente, aparece algum negro nesses esportes. Não nasce um Tiger Woods todo dia, já Michael Jordan, Pelé, Usain Bolt...
Apesar da presença negra nesses esportes e em várias sociedades, como a de nosso país, o racismo não deixa de apresentar sua marca. Vários casos, em várias oportunidades, já foram denunciadas. Infelizmente, quase todas ficaram apenas nisso, na denúncia. É preciso sair disso e exigir mais do que isso. Não podemos ser coniventes com o racismo. É preciso sair da indignação com o ato racista e se tomar atitudes mais sérias.
O caso mais recente no futebol envolveu o lateral esquerdo Roberto Carlos, atualmente jogando no futebol russo, no Anzhi. Um torcedor do time rival, durante um jogo do campeonato russo, atirou uma banana no gramado perto do ex-lateral da seleção brasileira, que imediatamente retirou-se do campo de jogo, indignado com a segunda manifestação de mesmo tipo que sofreu desde que chegou ao futebol daquele país, que sediará a Copa de Mundo de 2018 (Roberto Carlos já havia sofrido, na 2ª rodada do campeonato russo, igual manifestação racista antes do jogo contra o Zenit).
Não gosto do jogador Roberto Carlos. Nunca gostei. Sempre o achei muito limitado perante os vários laterais-esquerdos de imensa qualidade que o futebol brasileiro produziu ao longo de sua história. Júnior, Marinho Chagas, Altair, Pedrinho, Rodrigues Neto, Leonardo, Felipe, Marco Antonio, Vladimir, Vacaria, Branco, para não falar no maior de todos, Nilton Santos (a Enciclopédia). Porém, o atleta, o homem Roberto Carlos MERECE respeito. NÃO pode ser vítima de uma ataque irracional como esse cometido por animais que se julgam humanos. Não é possível nos calarmos perante atos dessa natureza em pleno século XXI.
Atos cometidos contra pessoas como Roberto Carlos nos fazem imediatamente refletir o que ocorre todos os dias nas periferias das grandes cidades de nosso país e do mundo com o povo negro. O que os negros e negras sofrem com atos racistas cotidianamente, já que isso acontece também com uma pessoa famosa. Gente que perde emprego porque são negros/as; são olhadas de forma estranha no shopping ou em alguma loja chique porque são negros/as; quando estão em um restaurante elegante são também enxergadas da mesma maneira pelo garçom, ou quando são diretamente vítimas de racismo ao serem chamadas de "macacos", como Roberto Carlos foi na Rússia ou de coisas semelhantes. O povo negro no Brasil e em vários outros pontos do planeta sofrem isso diariamente. Mas precisou isso ocorrer com alguém famoso pra virar notícia.   
   

domingo, 19 de junho de 2011

O STF e a garantia dos direitos civis



Entre maio e junho deste ano, de forma até certo ponto surpreendente, o Supremo Tribunal Federal - STF - promoveu uma "onda" de garantia de direitos civis nunca antes vista há alguns anos em nosso país. 
Esta "onda" iniciou com o julgamento da questão sobre a união homoafetiva, onde a mais alta Corte brasileira fez o que o governo Dilma (e o de Lula também) não teve a vontade política de fazer: garantir um direito democrático aos gays, lésbicas, travestis e transsexuais de todo o país, que é o de poderem garantir legalmente suas uniões estáveis enquanto casais. Isso distante das hipócritas discussões que sempre rodearam esse debate e dos argumentos religiosos, que "esquecem" que este país é um Estado laico, ou seja, a religião NÃO pode interferir nas definições a serem tomadas pelos governos. Infelizmente, o PT no governo seguiu a mesma linha dos governos de direita, sucumbiu à pressão dos grupos religiosos em relação a vários assuntos, no caso específico, à homofobia, quando vetou a publicação do kit anti-homofobia em virtude da chantagem da bancada evangélica no Congresso Nacional, que ameaçava assinar uma CPI  para investigar o então ministro da Casa Civil, Antonio Paloci.
Depois, veio a decisão sobre o caso de Cesare Battisti. E mais uma vez o STF fez prevalecer um direito civil e uma garantia fundamental prevista não apenas na Constituição Federal mas no Direito Internacional, ao manter a decisão de não extraditar o militante italiano, apesar de toda a pressão política do governo italiano e da direita brasileira. 
Finalmente, a votação sobre a liberação da "Marcha da Maconha". Em decisão unânime. o STF decidiu sobre uma matéria que, anos atrás, seria praticamente impossível de ser pensada em ser definida em alguma esfera do Judiciário brasileiro. Apesar de que a linha de argumentação utilizada pela Procuradoria Geral da República (que foi quem levou o debate ao STF) e acatada pelos 11 ministros da Corte Suprema brasileira seja extremamente compreensível e razoável para muitos, essa era uma discussão cercada de muita hipocrisia (tão ou mais do que a união homoafetiva) mas a racionalidade desse debate fez prevalecer sobre o preconceito existente.
Todas essas decisões são fruto de muita coragem vinda do STF, mas refletem também a pressão de vários grupos sociais militantes. Os vários grupos que atuam nos setores LGBTT e que discutem a legalização/descriminalização das drogas, como também às organizações de esquerda que atuaram com firmeza na defesa pela libertação de Cesare Battisti. Sem essas pressões externas, a coragem de promover essa "onda" de garantia de direitos civis não teria chance alguma no STF.       

sábado, 11 de junho de 2011

Ricardo "Stalin" Coutinho


 

Josef Stalin governou a União Soviética entre 1924 e 1953, quando morreu. Ficou famoso muito mais pelas atrocidades cometidas contra quem discordava de sua opiniões e atitudes do que qualquer outra coisa feita em favor da classe trabalhadora. Era do tipo centralizador, que não admitia sob hipótese alguma que alguém discordasse de suas opiniões sobre algum assunto. Por causa disso, praticamente todo o Comitê Central do Partido Bolchevique que fez a Revolução Russa de 1917, com exceção de Lenin, Sverdlov e alguns outros, morreram a mando de Stalin e sua camarilha do Kremlin.
Na nossa pequenina Paraíba, em pleno século XXI, existe um fiel seguidor do governante russo: Ricardo Coutinho, doravante chamado Ricardo "Stalin" Coutinho. Centralizador, arrogante, prepotente e principalmente perseguidor dos setores mais populares. Foi assim na Prefeitura da capital quando atuou duramente com os camelôs, professores, médicos. Está sendo assim no Estado em pouco mais de 5 meses de governo, com PM's, professores, médicos, quando corta salários, rebaixa valor dos plantões, destrói conquista dos servidores estaduais como o horário corrido e institui o horário em dois expedientes. Tudo isso sem estabelecer nenhum canal de discussão com as lideranças sindicais.
Além disso, há outra semelhança entre Stalin e sua criatura paraibana: o controle das estruturas do Estado, desde a parte política até a ideológica. Ricardo "Stalin" Coutinho controla praticamente todos os meios de comunicação, é praticamente impossível fazer qualquer crítica ao governo do Estado via aberta sem receber uma saraivada de defesas de jornalistas/radialistas que não possuem outra função na vida a não ser a de defender o governo, em qualquer situação.
Apesar de tudo isso, é preciso RESISTIR. E construir uma alternativa no campo da classe trabalhadora, que consiga se contrapor, de forma efetiva, ao autoritarismo, à arrogância, à prepotência e à mania de perseguição de Ricardo Stalin Coutinho. Pois, maior do que tudo isso, é a classe trabalhadora e sua luta contra tudo que Ricardo "Stalin" Coutinho representa.

A desmoralização social da carreira docente

Publicamos na íntegra um artigo do professor Valério Arcary, do Cefet SP, que trata de um dos problemas mais sérios da atualidade da carreira docente. Leiam e reflitam. Um grande abraço e boa leitura!

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Valério Arcary
Historiador, professor do Cefet/SP e membro do conselho editorial da revista Outubro
 


Qualquer avaliação honesta da situação das redes de ensino público estadual e municipal revela que a educação contemporânea no Brasil, infelizmente, não é satisfatória. Mesmo procurando encarar a situação dramática com a máxima sobriedade, é incontornável verificar que o quadro é desolador. A escolaridade média da população com 15 anos ou mais permanece inferior a oito anos, e é de quatro entre os 20% mais pobres, porém, é superior a dez entre os 20% mais ricos 1. É verdade que o Brasil em 1980 era um país culturalmente primitivo que recém completava a transição histórica de uma sociedade rural. Mas, ainda assim, em trinta anos avançamos apenas três anos na escolaridade média.
 
São muitos, felizmente, os indicadores disponíveis para aferir a realidade educacional. Reconhecer as dificuldades tais como elas são é um primeiro passo para poder ter um diagnóstico aproximativo. A Unesco, por exemplo, realiza uma pesquisa que enfoca as habilidades dominadas pelos alunos de 15 anos, o que corresponde aos oitos anos do ensino fundamental 2. O Pisa (Programa Internacional de avaliação de Estudantes) é um projeto de avaliação comparada. As informações são oficiais porque são os governos que devem oferecer os dados. A pesquisa considera os países membros da OCDE além da Argentina, Colômbia e Uruguai, entre outros, somando 57 países.

Em uma avaliação realizada em 2006, considerando as áreas de Leitura, Matemática e Ciências o Brasil apresentou desempenho muito abaixo da média 3. No caso de Ciências, o Brasil teve mais de 40% dos estudantes situados no nível mais baixo de desempenho. Em Matemática, a posição do Brasil foi muito desfavorável, equiparando-se à da Colômbia e sendo melhor apenas que a da Tunísia ou Quirguistão. Em leitura, 40% dos estudantes avaliados no Brasil, assim como na Indonésia, México e Tailândia, mostram níveis de letramento equivalentes aos alunos que se encontram no meio da educação primária nos países da OCDE. Ficamos entre os dez países com pior desempenho.

As razões identificadas para esta crise são variadas. É verdade que problemas complexos têm muitas determinações. Entre os muitos processos que explicam a decadência do ensino público, um dos mais significativos, senão o mais devastador, foi a queda do salário médio docente a partir, sobretudo, dos anos oitenta. Tão grande foi a queda do salário dos professores que, em 2008, como medida de emergência, foi criado um piso nacional. Os professores das escolas públicas passaram a ter a garantia de não ganhar abaixo de R$ 950,00, somados aí o vencimento básico (salário) e as gratificações e vantagens. Se considerarmos como referência o rendimento médio real dos trabalhadores, apurado em dezembro de 2010 o valor foi de R$ 1.515,10 4. Em outras palavras, o piso nacional é inferior, apesar da exigência mínima de uma escolaridade que precisa ser o dobro da escolaridade média nacional.

Já o salário médio nacional dos professores iniciantes na carreira com licenciatura plena e jornada de 40 horas semanais, incluindo as gratificações, antes dos descontos, foi R$1.777,66 nas redes estaduais de ensino no início de 2010, segundo o Ministério da Educação. Importante considerar que o ensino primário foi municipalizado e incontáveis prefeituras remuneram muito menos. O melhor salário foi o do Distrito Federal, R$3.227,87. O do Rio Grande do Sul foi o quinto pior, R$1.269,56 5. Pior que o Rio Grande do Sul estão somente a Paraíba com R$ 1.243,09, o Rio Grande do Norte com R$ 1.157,33, Goiás com R$ 1.084,00, e o lanterninha Pernambuco com R$ 1016,00. A pior média salarial do país corresponde, surpreendentemente, à região sul: R$ 1.477,28. No Nordeste era de R$ 1.560,73. No centro-oeste de R$ 2.235,59. No norte de R$ 2.109,68. No sudeste de R$ 1.697,41.

A média nacional estabelece o salário docente das redes estaduais em três salários mínimos e meio para contrato de 40 horas. Trinta anos atrás, ainda era possível ingressar na carreira em alguns Estados com salário equivalente a dez salários mínimos. Se fizermos comparações com os salários docentes de países em estágio de desenvolvimento equivalente ao brasileiro as conclusões serão igualmente escandalosas. Quando examinados os salários dos professores do ensino médio, em estudo da Unesco, sobre 31 países, há somente sete que pagam salários mais baixos do que o Brasil, em um total de 38 6. Não deveria, portanto, surpreender ninguém que os professores se vejam obrigados a cumprir jornadas de trabalho esmagadoras, e que a overdose de trabalho comprometa o ensino e destrua a sua saúde.

O que é a degradação social de uma categoria? Na história do capitalismo, várias categorias passaram em diferentes momentos por elevação do seu estatuto profissional ou por destruição. Houve uma época no Brasil em que os “reis” da classe operária eram os ferramenteiros: nada tinha maior dignidade, porque eram aqueles que dominavam plenamente o trabalho no metal, conseguiam manipular as ferramentas mais complexas e consertar as máquinas. Séculos antes, na Europa, foram os marceneiros, os tapeceiros e na maioria das sociedades os mineiros foram bem pagos. Houve períodos históricos na Inglaterra – porque a aristocracia era pomposa - em que os alfaiates foram excepcionalmente bem remunerados. Na França, segundo alguns historiadores, os cozinheiros. Houve fases do capitalismo em que o estatuto do trabalho manual, associada a certas profissões, foi maior ou menor.

A carreira docente mergulhou nos últimos vinte e cinco anos numa profunda ruína. Há, com razão, um ressentimento social mais do que justo entre os professores. A escola pública entrou em decadência e a profissão foi, economicamente, desmoralizada, e socialmente desqualificada, inclusive, diante dos estudantes.

Os professores foram desqualificados diante da sociedade. O sindicalismo dos professores, uma das categorias mais organizadas e combativas, foi construído como resistência a essa destruição das condições materiais de vida. Reduzidos às condições de penúria, os professores se sentem vexados. Este processo foi uma das expressões da crise crônica do capitalismo. Depois do esgotamento da ditadura, simultaneamente à construção do regime democrático liberal, o capitalismo brasileiro parou de crescer, mergulhou numa longa estagnação. O Estado passou a ser, em primeiríssimo lugar, um instrumento para a acumulação de capital rentista. Isso significa que os serviços públicos foram completamente desqualificados.

Dentro dos serviços públicos, contudo, há diferenças de grau. As proporções têm importância: a segurança pública está ameaçada e a justiça continua muito lenta e inacessível, mas o Estado não deixou de construir mais e mais presídios, nem os salários do judiciário se desvalorizaram como os da educação; a saúde pública está em crise, mas isso não impediu que programas importantes, e relativamente caros, como variadas campanhas de vacinação, ou até a distribuição do coquetel para os soropositivos de HIV, fossem preservados. Entre todos os serviços, o mais vulnerável foi a educação, porque a sua privatização foi devastadora. Isso levou os professores a procurarem mecanismos de luta individual e coletiva para sobreviverem.

Há formas mais organizadas de resistência, como as greves, e formas mais atomizadas, como a abstenção ao trabalho. Não é um exagero dizer que o movimento sindical dos professores ensaiou quase todos os tipos de greves possíveis. Greves com e sem reposição de aulas. Greves de um dia e greves de duas, dez, quatorze, até vinte semanas. Greves com ocupação de prédios públicos. Greves com marchas.

Conhecemos, também, muitas e variadas formas de resistência individual: a migração das capitais dos Estados para o interior onde a vida é mais barata; os cursos de administração escolar para concursos de diretor e supervisor; transferências para outras funções, como cargos em delegacias de ensino e bibliotecas. E, também, a ausência. Tivemos taxas de absenteísmo, de falta ao trabalho, em alguns anos, inverossímeis.

Não obstante as desmoralizações individuais, o mais impressionante, se considerarmos futuro da educação brasileira, é valente resistência dos professores com suas lutas coletivas. Foram e permanecem uma inspiração para o povo brasileiro.


1 Os dados sobre desigualdades sociais em educação mostram, por exemplo, que, enquanto os 20% mais ricos da população estudam em média 10,3 anos, os 20% mais pobres tem média de 4,7 anos, com diferença superior a cinco anos e meio de estudo entre ricos e pobres. Os dados indicam que os avanços têm sido ínfimos. Por exemplo, a média de anos de estudo da população de 15 anos ou mais de idade se elevou apenas de 7,0 anos em 2005 para 7,1 anos em 2006. Wegrzynovski, Ricardo Ainda vítima das iniqüidades
in http://desafios2.ipea.gov.br/003/00301009.jsp?ttCD_CHAVE=3962
Consulta em 21/02/2011.


2 Informações sobre o PISA podem ser procuradas em:
http://www.unesco.org/new/en/unesco/
Consulta em 21/02/2011


3 O relatório citado organiza os dados de 2006, e estão disponíveis em:
http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001899/189923por.pdf
Consulta em 19/02/2011


4 A pesquisa mensal do IBGE só é realizada em algumas regiões metropolitanas. Não há uma base de dados disponível para aferir o salário médio nacional. Veja o link aqui Consulta em 19/02/2011

5 Uma pesquisa completa sobre os salários iniciais em todos os Estados pode ser encontrada em estudo:
http://www.apeoc.org.br/extra/pesquisa.salarial.apeoc.pdf
Consulta em 14/02/2011


6 http://www.adur-rj.org.br/5com/pop-up/unesco.htm

Publicado originalmente na revista do CEPRS

terça-feira, 7 de junho de 2011

Governo Ricardo Coutinho: a destruição do serviço público e a pedagogia do opressor na Paraíba



MOÇÃO DE REPÚDIO



O governador Ricardo Coutinho (PSB) foi eleito pela maioria absoluta dos paraibanos/as com a promessa de fazer a Paraíba avançar 40 anos em 4. No entanto, em apenas 5 meses de governo, o que se observa na Paraíba é o caos instalado nos principais serviços públicos, como segurança, saúde e educação.

Os problemas se iniciaram com a greve dos policiais militares em janeiro/fevereiro quando estes reivindicavam do governo o pagamento da PEC 300 estabelecida em lei aprovada no final do ano passado pelo governo anterior e colocado no orçamento do Estado para 2011. O “socialista” Ricardo Coutinho não pagou por considerá-la ilegal (por ter sido aprovada em período eleitoral, segundo este) e por que teria encontrado as finanças do Estado em situação delicada.

Em seguida, o caos chegou à saúde. O governo reduziu o valor dos plantões de 12h da categoria sem discutir com a mesma, de forma arbitrária, e desde fevereiro que esses trabalhadores vêm tentando negociar com o governo e este, a partir da pessoa do governador, se nega a debater com a categoria. O ponto alto do caos instalado na saúde estadual se deu no domingo, 29 de maio, quando os médicos cirurgiões decidiram fechar o Hospital de Trauma, o maior hospital para tratamentos de urgência e emergência de politraumatizados da Paraíba por conta da postura do governo estadual em não negociar com a categoria. Uma pessoa chegou a morrer por conta disso. Mesmo assim, a postura do governo manteve-se a mesma.

Nesse mesmo período, os professores estaduais estavam em greve exigindo o reajuste de 15,84% e o pagamento do Piso Salarial Nacional ratificado pela decisão do STF. Desde o início do movimento, o governo manteve a postura de não negociar com a categoria, ao mesmo tempo em que ameaçava os professores prestadores de serviço e os que estavam em estágio probatório. Nesse movimento, a categoria ainda enfrentava o problema da direção cutista que não queria a greve mas acabou sendo forçada a ir para esta por que o governo Ricardo Coutinho reteve o desconto da taxa confederativa. Após mais de trinta dias de greve, o governo conseguiu na justiça a ilegalidade da greve, após uma manobra contábil que Ricardo fez para atingir o Piso Salarial da categoria, onde ele incorporou aos vencimentos uma gratificação que os professores recebiam, além de criar uma Bolsa Desempenho de R$ 230.

Para piorar, o governador Ricardo Coutinho autorizou o corte nos salários dos professores em greve, mesmo sem esta ter sido declarada ilegal (naquele momento). Isso provocou uma revolta tremenda na categoria, ao ponto desta promover um fato histórico: a ocupação do Palácio da Redenção após 80 anos. A categoria ficou lá, ocupando o palácio até mais ou menos 4 da tarde, quando foram para a Assembleia Legislativa , onde ficaram até terminar a reunião entre o Comando de Greve e a secretaria da casa Civil, além do Estado e o SINTEP. Reunião encerrada e nada fechado. Mais revolta na base. O impressionante de tudo isso é que todo esse ataque à categoria está sendo levado por um secretário de Educação que, além de ser professor universitário, é especialista na pedagogia de Paulo Freire. Trágico, para não ser risível.

O fato marcante de todos esses processos é a revelação da face arrogante, prepotente e autoritária com que Ricardo Coutinho se mostrou para os/as paraibanos/as nestes 5 meses de governo, ao não ter nenhum interesse em estabelecer canais de diálogos com as categorias em mobilização. O governo Ricardo Coutinho, que reivindica-se “socialista”, não consegue se diferenciar dos governos neoliberais de Alckmin/Cabral/Anastasia e tantos outros, quando se coloca na posição de DONO do aparelho de Estado e a sua ideia é a que deve prevalecer de qualquer maneira, independente da situação. “O Estado sou eu” é a a máxima que melhor reflete a atitude política do atual governador da Paraíba, Ricardo Coutinho.

Nós, organizados na CSP Conlutas, REPUDIAMOS a atitude do governador Ricardo Coutinho que não estabelece um diálogo com as entidades dos movimentos do funcionalismo, ao mesmo tempo que trata com repressão aqueles e aquelas que discordam de sua orientação política, às vezes com calúnias públicas. Queremos REPUDIAR também a atitude do Poder Judiciário que exige a volta imediata dos professores ao trabalho, mas não faz o mesmo quando o governador cortou o salário dos trabalhadores. Vale salientar que em todos esses movimentos a Justiça atendeu de imediato os pedidos de ilegalidade das greves solicitadas pelo governo, mostrando assim a imensa afinidade entre os dois Poderes quando se trata de atacar as categorias em luta e, dessa maneira, intensificando a criminalização sobre os movimentos sociais.

São Paulo, 05 de junho de 2011.


PS: Esta moção foi aprovada durante a reunião da Coordenação Nacional da CSP Conlutas - Central Sindical e Popular, ocorrida nos dias 3, 4 e 5 de junho em São Paulo, onde etivemos participando representando o Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Bayeux.


sábado, 4 de junho de 2011

Alguns números do futebol mundial e o salário mínimo do trabalhador brasileiro

Recentemente, ocorreu com toda sua pompa a final da Liga dos Campeões da Europa, disputada no estádio de Wembley, na Inglaterra, entre as equipes do Manchester United e do Barcelona. Equipes milionárias, de grandes jogadores, com supersalários, inimagináveis para os padrões brasileiros, que já são altos para nossa realidade, em alguns casos. Na imensa maioria dos casos, os jogadores brasileiros ganham salários miseráveis. Em outro artigo, mostraremos a disparidade existente no futebol brasileiro entre os salários das "estrelas" e dos demais jogadores que atuam em nosso país.
Voltando ao tema central de nosso artigo, Manchester e Barcelona fizeram um jogo muito disputado e no final a superioridade da equipe catalã fez-se prevalecer: Barcelona 3 a 1, tricampeão da Liga dos Campeões da Europa, já classificado para o Mundial Interclubes da Fifa a ser disputado no final do ano, onde tentará o bicampeonato. Messi e Cia. chegam, desde já, como favoritos ao título.
Boa parte da imprensa divulgou, antes mesmo da partida iniciar, que caso o Barcelona conquistasse o título em Wembley, cada jogador receberia um prêmio (ou "bicho", como se diz por aqui) de 600.000 (seiscentos mil euros), ou seja, cerca de R$ 1.386.000. Uma fortuna para o mercado futebolístico brasileiro, que já anda inflacionado, com a vinda de Ronaldinho Gaúcho, Adriano, Luís Fabiano, e até mesmo com alguns que ainda estão por aqui, como Neymar. 
Agora imagina isso quando pensamos na nossa classe, nos/nas trabalhadores/as, que ralam diariamente 8 horas para ganhar, no fim do mês, R$ 545. O "bicho" de um Messi equivale ao salário de exatos 2.543 trabalhadores/as brasileiros/as. Da mesma forma,cada um desses/as, teria que trabalhar 195,6 anos para ganhar o que o craque argentino ganhou em 90 minutos. Isso é o capitalismo!!!
Vamos pensar agora no professor/a que ganha um salário de três dígitos - R$ 930 - denunciado pela companheira Amanda Gurgel. Para cada "bicho" de um jogador do Barcelona, seriam necessários 1490 professores/as. Para um/a professor/a ganhar o mesmo que o brasileiro Daniel Alves ganhou em 90 minutos, teria  que trabalhar 114,6 anos. 
Essas são as contradições impostas a nós pelo capital. Todo o momento vivenciamos essas questões e é por isso que precisamos, cada vez mais, nos organizar enquanto classe para combater essas disparidades tão gritantes que existem em nossa sociedade.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Professores de Santa Rita (PB) entram em greve por tempo indeterminado

Campanha Salarial

Professores de Santa Rita (PB) entram em greve por tempo indeterminado


Com uma assembléia bastante participativa, os/as professores/as de Santa Rita, cidade da Grande João Pessoa, decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir de hoje, 01 de junho. 

A categoria ficou indignada com a irresponsabilidade da Prefeitura que ofereceu apenas 2,43% de reajuste à categoria, quando o Sindicato já havia entregue através de ofício a reivindicação de um reajuste de 15,98%. 
Com este desprezo pela categoria afirmado pelo Prefeito Marcus Odilon (PMDB), a categoria decidiu entrar em greve a partir da data de hoje.


Houve apenas uma pequena polêmica na assembleia entre qual a melhor data para o início da greve. A direção do Sindicato – ligado à CUT – defendia que esta se iniciasse ainda hoje (1º de junho) enquanto nós, da CSP Conlutas, defendemos que esta só fosse iniciada a partir da próxima segunda-feira (06/06) com assembléia de greve e que até lá fosse preparada melhor a greve na base, além de garantir o pagamento dos salários da categoria, previstos para serem pagos na próxima sexta-feira, 03/06. Por diferença de dois votos, foi aprovada a proposta da diretoria.

Apesar disso, vamos construir a greve porque, mais importante do que qualquer coisa, está o interesse dos trabalhadores/as. Solicitamos o apoio das entidades em nível nacional à luta dos professores de Santa Rita. 

Favor enviar e-mail para:cspconlutas-pb@cspconlutas.org.br com cópia para antonioradical@gmail.com

Fonte: www.cspconlutas.org.br