Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

Reunião do Soviet de Petrogrado em 1917

A Revolução Russa: expressão mais avançada de uma onda revolucionária mundial.

Diretas Já

Luta por dias melhores

sábado, 19 de setembro de 2015

Porque Luciano Cartaxo trocou o PT pelo PSD?



Na quinta-feira passada, a política paraibana foi impactada por uma "bomba", a "bomba do ano" em terras tabajaras. O prefeito Luciano Cartaxo anunciou, com todas as pompas e circunstâncias, em um hotel na praia do Cabo Branco, que estava saindo do PT e filiando-se ao PSD, dirigido na Paraíba pelo deputado federal Rômulo Gouveia, aliado histórico do senador Cássio Cunha Lima (PSDB). 
Na ocasião, Luciano Cartaxo declarou, de forma muito tranquila, as razões que o levaram a tomar tal atitude. Segundo o prefeito, ele saia do PT (partido em que militou nos últimos 20 anos) por causa dos escândalos nacionais que assolam a legenda e que João Pessoa "não pode prejudicada por erros de terceiros", uma clara alusão à ação de alguns dirigentes e filiados ao PT no plano nacional que estão sendo acusados de participar do "Petrolão" e denunciados na operação "Lava-Jato". Cartaxo ainda afirmou que "ao chegar ao PSD se livra de uma camisa de força que queriam lhe impor". Por fim, afirmou que sua chegada ao novo partido lhe dá mais "mobilidade para agregar forças políticas e contribuir com o desenvolvimento do Estado da Paraíba".
Junto com Cartaxo, deixaram também os quadros do PT os vereadores Benilton Lucena, Bira e os secretários do Planejamento e da Articulação Política, Zennedy Bezerra e Adalberto Fulgêncio, respectivamente.
Vamos analisar os prtincipais pontos da fala do prefeito Luciano Cartaxo para justificar, segundo ele próprio, seu rompimento com o PT e o ingresso no PSD.
A causa principal deste rompimento são os escândalos nacionais que envolvem o PT e algumas de suas principais lideranças em nível nacional. Para Cartaxo, isso estaria emperrando sua administração à frente da PMJP por conta dele estar, o tempo todo, tendo que dar declarações a respeito disso, em vez de cuidar da cidade. Cidade de João Pessoa que, segundo ele, mereceu de sua parte prioridade número 1 ao tomar tal decisão. Porém, o que Luciano Cartaxo "esquece" de afirmar é que essa crise política pela qual passa o PT e o governo da presidente Dilma já existia em 2012, quando ele lançou-se candidato pelo PT. Aquela campanha foi atravessada pelas denúncias do rombo na Petrobras, ocorridas no governo do PT. Mas, naquele momento, Cartaxo não sentiu-se nem um pouco incomodado com aquilo e, por várias vezes, nos programas eleitorais e debates, fazia questão de ressaltar que era o candidato da presidente Dilma e do ex-presidente Lula. Só agora, às vésperas de uma outra eleição, é que Cartaxo se apercebeu do tamanho do problema pelo qual atravessa o PT? Um pouco tardia essa percepção do prefeito, não acham? 
Em seguida, Cartaxo declara que seu ingresso no PSD lhe tira de uma camisa de força e que agora ele terá mais mobilidade política para fazer as alianças que ele julga ser necessário para governar João Pessoa e, quem sabe, o Estado da Paraíba. Neste sentido, Cartaxo tem razão. Seu pragmatismo político - que vem desde a época do movimento estudantil na UFPB, onde conheci o prefeito e seu irmão gêmeo, Lucélio - é parte da herança que ele trouxe de sua militância na corrente estudantil "VIRAÇÃO", ligada ao PCdoB, na época. Desde esse período, Luciano nunca foi dado a trilhar caminhos dificeis para alcançar seus objetivos. O caminho mais fácil - mas nem sempre o mais ético - era o preferido dos Cartaxo. Temos que reconhecer que ele foi um aluno aplicado na escola do PCdoB na universidade!
Sem sombras de dúvidas, sua filiação ao PSD lhe abre um leque de alianças que seria impossível, na atual conjuntura que enfrentamos, de ser construída caso ele decidisse permanecer no PT. Sua ida ao partido liderado por Rômulo Gouveia - em que pese este ser da base do governo Dilma no Congresso Nacional - dá condições extremamente favoráveis de se aliar a partidos como o PSDB e o DEM e estes apoiarem seu projeto de reeleição.
Porém, há uma pergunta no título desse artigo que precisa de uma resposta. Porque Luciano Cartaxo sai do PT e migra para o PSD, um partido de direita que, em tese, nada tem a ver com o PT? Repito: em tese!!!
O fato de Luciano Cartaxo e os que o acompanharam nessa nova empreitada tem como razão uma única questão: o PT, assim como o PSD, é um partido da ordem burguesa estabelecida em nosso país. Ele poderia ter ido para qualquer outro partido e teria a mesma tranquilidade em justificar tal ato. Há 20 anos atrás, quando Cartaxo começou a militar no PT, isso seria impossível, apesar de já naquela época o PT estar dando sua guinada à direita, fato só percebeido por milhões quando este virou governo. E porque? Porque o PT de 1995 era "revolucionário" e o de hoje não? Nada disso. O PT de 1995 ainda tinha como base social os movimentos organizados de nossa sociedade, como o sindical, o popular e o estudantil. Desde sua chegada ao poder, em 2003 com Lula, o PT começou a mudar sua base social, saindo da esfera dos movimentos sociais e indo para os grotões desse país, via Bolsa Família. A militância do PT só é chamada hoje em dia para tentar passar a imagem de que o partido ainda é o defensor da classe trabalhadora de nosso país, enquanto que no dia a dia ataca duramente direitos históricoas de nossa classe (vide as últimas medidas do governo Dilma).
Assim, não havendo mais nenhuma diferença substancial entre o PT e o PSD (ou qualquer partido da ordem), Luciano Cartaxo e seus aliados estão conscientes de que fizeram a melhor opção.
Em que pese o fato de todas minhas divergências políticas com o PT, na linguagem política tradicional, o que Luciano Cartaxo fez com o PT tem nome: TRAIÇÃO!!! E a História não reserva um bom lugar a esse tipo de gente!!!

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Farinha pouca, meu pirão primeiro!!!





O título deste artigo nos remete a um velho ditado popular que, de forma muito enfática, sinaliza que, em tempos de poucas oprtunidades para se conseguir algo, devemos nos apegar à primeira destas que porventura surgirem. É mais ou menos esse o sentido desta sabedoria de nosso povo.
Este ditado popular tambem pode ser aplicado à política traçada, de forma consciente, pela direção nacional do PSOL, no seu percurso nada retilíneo nos debates ocorridos no Congresso Nacional a respeito da "reforma política" que vem sendo definido em Brasília, à revelia dos anseios da maioria de nosso povo.
Demorei para escrever algo sobre este tema por conta da não conclusão deste processo no Congresso Nacional. Mas, como ontem (09/09/15), a Câmara dos Deputados já começou a analisar as mudanças feitas pelo Senado ao projeto original, podemos já tecer alguns comentários a esse respeito.
Antes de mais nada, é preciso mais uma vez caracterizar esta "reforma política" que vem sendo feita por deputados e senadores como profundamente antidemocrática e, consequentemente, cada vez mais transformando o processo político-eleitoral brasileiro como um dos mais excludentes do mundo. Pela "reforma" que vem sendo elaborada, mais do que nunca as elites de nosso país comandarão os destinos de nosso povo.
Tudo isso já era de se esperar, afinal esta é uma das legislaturas mais conservadoras dos últimos anos do Parlamento nacional. Não que tivéssemos tido, em tempos passados, um Congresso Nacional antenado com os interesses e desejos de nosso povo, mas o atual é "sui generis". Um dos graves problemas deste processo é a postura do PSOL neste debate e a política traçada pela direção nacional deste partido.
Em 08 de julho deste ano, a Câmara dos Deputados encerrou a votação em dois turnos desta "reforma política". O saldo deste processo foi uma legislação eleitoral ainda mais draconiana do que a atual, pois entre outras coisas, estabeleceu-se uma cláusula de barreira que, na prática, colocou na semiclandestinidade, partidos como PSTU, PCB, PCO e PPL, além de retirar destes o tempo mínimo de TV e rádio para expor suas ideias. Pior: com o aval da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados. Imediatamente, o PSTU iniciou uma campanha nacional em defesa das liberdades democráticas e conseguiu até agendar uma audiência pública sobre o tema no Congresso Nacional. Dias depois, o PSOL provou do seu próprio veneno: os "democráticos" parlamentares do nosso Legislativo decidiram que, para qualquer partido com candidatura própria a um cargo eletivo ter o direito de participar de debates em rádio e TV, só se este tiver no mínimo 9 deputados/as na Câmara Federal. A partir deste momento, a direção nacional do PSOL começou a se mexer e a fazer uma campanha nas redes sociais semelhante a que o PSTU puxou.
Até o instante em que a "reforma política" atingiu PSTU, PCB, PSOL e PPL, a direção nacional do PSOL não havia emitido UMA nota pública sobre o fato, se solidarizando com estas organizações, em razão do duríssimo ataque que estavam sofrendo. Mas, quando decidiram acabar com a participação nos debates de rádio e TV, aí o PSOL surgiu pro debate.
Isso explicita cada vez mais o caráter eleitoreiro do PSOL, um partido que desde seu nascimento traz isso em seu código genético. Toda a política do PSOL,  a partir de sua direção nacional e espalhando-se pelos Estados e municípios, visa apenas uma coisa: se cacifar eleitoralmente perante o povo brasileiro como a "salvação" deste mesmo povo. Portanto, retirar suas candidaturas dos debates de rádio e TV é um golpe de morte em uma organização deste tipo.
Para tentar salvar sua pele - e APENAS sua pele - a direção nacional do PSOL, tendo a ex-candidata a Presidente, Luciana Genro, não ousou em "radicalizar" de forma consequente na sua linha política de defender a legalidade burguesa, ainda que esta destrua alguns de seus parceiros eleitorais e ideológicos, como PSTU e PCB, com os quais já realizaram diversas alianças em todos os níveis da política nacional. Em 31 de agosto deste ano, realizaram uma reunião com FHC para buscar apoio deste e, por tabela, do PSDB para aprovar no Senado modificações no projeto da "reforma política". Que modificações? Especialmente aquela que preserva o direito do PSOL em participar dos debates nos meios de comunicação, com suas candidaturas.
Pecebam a que nível chegou a direção nacional do PSOL!!! Em vesz de promover uma ampla campanha nos movimentos sociais, arregimentando simpatizantes para sua causa, realizando atividades conjuntasd com os outros partidos da esquerda socialista que também estão sendo duramente atingidos com esta "reforma", Luvciana Genro e seus pares da direção nacional do PSOL procuram o maior inimigo de nossa classe, FHC, para fazer barganha política!!! Lamentável!!!
Vários setores do PSOL nao concordaram e criticam abertamente esta postura da direção nacional de seu partido. Esperamos, sinceramente, que estes/as companheiros/as consigam mudar a orientação política de sua direção, apesar de acharmos dificil que isso ocorra! 
Esta é a política do "farinha pouca, meu pirão primeiro" que a direção nacional do PSOL traçou como linha mestra. Para fazer valer isso, vale tudo, inclusive esquecer um dos mais elementares princípios de uma organização que se diz socialista: a solidariedade de classe!!!