Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

domingo, 20 de março de 2011

Um atentado à democracia e à liberdade de expressão

Só hoje, na noite do domingo 20 de março de 2011, tomei conhecimento de um fato extremamente grave que ocorreu na semana que passou em terras tabajaras e que atenta contra as liberdades democráticas pelas quais lutamos durante décadas, especialmente o direito democrático de poder expressar publicamente as nossas posições e opiniões sobre qualquer assunto, especialmente as políticas.
Soube do fato que vou tratar nestas linhas por meio do Twitter, essa extraordinária ferramenta tecnológica que aproxima ainda mais as pessoas numa velocidade espantosa. 
O fato foi a censura sofrida pelo deputado estadual petista Luciano Cartaxo que, no último dia 16 de março do corrente ano, foi VETADO por uma emissora de rádio local para dar uma entrevista no programa desta. A emissora em questão foi a Rádio Arapuan do Sistema de mesmo nome e o programa foi o "Rádio Verdade". A justificativa apontada pelo jornalista da emissora, que havia convidado o deputado para a entrevista, foi ainda mais espantosa, só podendo ser constatada na nota distribuída pelo próprio deputado, que passamos a transcrever na íntegra a seguir:

NOTA À POPULAÇÃO PARAIBANA

O deputado estadual Luciano Cartaxo (PT) vem a público declarar a sua perplexidade diante do fato narrado abaixo:



Hoje pela manhã, durante sessão ordinária da Assembleia Legislativa, fui convidado pelo radialista João Costa para participar do programa Rádio Verdade, da Rádio Arapuan. Ao chegar à emissora para a entrevista, precisamente às 12h50, fui chamado em particular pelo radialista que, visivelmente constrangido e me pedindo desculpas, me informou que a entrevista não iria ocorrer, pois o meu nome estava vetado no Sistema Arapuan. Ele disse, ainda, que até acontecer a concorrência pública para a Comunicação do Estado, esta era a linha do programa. Fiquei perplexo diante da revelação, que também me causou profundo constrangimento. Em 15 anos de vida pública, como vereador e vice-governador, e agora como deputado estadual, jamais fui impedido de me expressar como legítimo representante do povo, principalmente no sistema Arapuan, que sempre me recebeu de forma cordata em seus vários programas de rádio e televisão.



Luciano Cartaxo
Deputado Estadual

A questão é: se isso ocorre com um DEPUTADO ESTADUAL de renome como Luciano Cartaxo, que inclusive já foi vice-governador de Estado, imagine o que não pode acontecer com outras pessoas. E isso está acontecendo com ele apenas porque nesse momento ele faz oposição a Ricardo Coutinho. Uma oposição nos moldes petistas, mas oposição. Mas nem por isso o fato ocorrido é menos grave. E por dois motivos, pelo menos.
Primeiro, porque como já falamos anteriormente, atenta contra as liberdades democráticas pelas quais lutamos por mais de 20 anos enfrentando a ditadura militar, onde muitas pessoas deram suas vidas por isso. É inadmissível que nesse momento que vivemos pessoas sejam censuradas, proibidas de expressar sua opinião política nos meios de comunicação e nas ruas. No Rio de Janeiro, na última sexta-feira 18/03, 11 militantes foram presos e enquadrados na abominável Lei da Segurança Nacional por protestarem contra a visita de Obama ao Brasil. São os presos políticos da era Dilma. Isso é um absurdo!
Segundo, a Rádio Arapuan e os demais meios de comunicação de massa - TV e Rádio - possuem concessão do poder público para poder funcionar, portanto são um bem público mas que estão nas mãos de alguns poucos que lucram fortunas às custas da alienação cultural e política do povo brasileiro. E são estes que através das verbas públicas vindas dos governos municipais, estaduais e federal, orientam toda a sua programação - especialmente a política - ditando quem pode e não pode falar naquela emissora. Foi isso que sempre ocorreu conosco e agora com o deputado estadual Luciano Cartaxo. A diferença é que o jornalista citado na nota pelo deputado escancarou e abriu o jogo. Afirmou com todas as letras que o deputado não podia falar mais na Arapuan porque com a concorrência do Estado o deputado não se enquadrava mais na linha da emissora. Assim caminha a humanidade na Paraíba.
O mínimo que podemos esperar é uma resposta da Secretaria de Comunicação do Estado através de seu secretário e da direção da emissora. Porque quem cala consente, ok?

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