Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

Reunião do Soviet de Petrogrado em 1917

A Revolução Russa: expressão mais avançada de uma onda revolucionária mundial.

Diretas Já

Luta por dias melhores

quarta-feira, 22 de maio de 2013

E se fosse verdade????





No último sábado, 18 de maio, boa parte do país foi tomado por uma correria de milhões de pessoas em desabalada histeria e pânico até as agências da Caixa Econômica Federal em pelo menos 10 Estados atrás de sacar os recursos do programa do governo federal "Bolsa Família". Isso porque, segundo se especula até o momento, vindo por meio das redes sociais a partir de Manaus/AM, teria surgido a informação de que o programa seria suspenso até a meia-noite do sábado e, caso as pessoas não sacassem o recurso, não teriam mais aquele dinheiro disponível nos seus orçamentos domésticos. Pronto, estava instalado o caos!!!
Imediatamente, formaram-se em TODAS as agências da Caixa nesses 10 Estados, boa parte situados no Norte/Nordeste do país um tumulto generalizado, com homens, mulheres, jovens e idosos, pessoas com crianças no colo, todos se aglomerando dentro e fora das agências, buscando desesperadas informações e, sobretudo, sacar o precioso dinheiro do "Bolsa Família", com o qual vem mantendo suas famílias ao longos dos últimos 10 anos, desde quando o governo do PT criou o programa e, com ele, a fórmula mágica de amealhar votos para sua poderosa máquina eleitoral, desde então. As polícias dos Estados tentavam, sem sucesso, organizar o tumulto, que causou, em algumas localidades, até mesmo quebra-quebra de agências.
O episódio trouxe à tona alguns questionamentos importantes sobre o "Bolsa Família". O primeiro deles em forma de várias perguntas, uma entrelaçada à outra: e se fosse verdade a informação do fim do programa? E se não fosse um boato divulgado pelas redes sociais? O que seriam das 13,8 milhões de famílias integradas ao programa neste ano para receber ao benefício? O que seriam delas?
Evidentemente, que TODAS essas famílias seriam, IMEDIATAMENTE, jogadas de uma vez à situação real de suas vidas, ou seja, na mais absoluta pobreza, coisa que o programa tenta esconder, que aliás é a sua finalidade. Não nos custa relembrar que programas como o "Bolsa Família" fazem parte das recomendações do Consenso de Washington como forma de atenuar a dura realidade gerada pelos planos neoliberais impostos aos países pelo FMI e Banco Mundial, através de políticas assistencialistas. No Brasil, o "Bolsa Família" atendeu a essa orientação do imperialismo, assim como as "Missiones" na Venezuela chavista. 
O episódio serviu também para demonstrar a imensa fragilidade do programa. Segundo informações oficiais do Ministério do Desenvolvimento Social, em seu site - http://www.mds.gov.br/saladeimprensa/noticias/2013/05/bolsa-familia-mais-de-70-dos-beneficiarios-trabalham - neste ano de 2013, 13,8 milhões de famílias receberão 24 bilhões de reais destinadas ao programa. Fazendo rapidamente uma conta, verifica-se que tais números revelam a imensa distância daquilo que os petistas chamam de "distribuição de renda". Pegando o montante geral do programa para todo o ano (R$ 24 bi) e dividindo igualmente pelo número de famílias aptas a receber o recurso (13,8 mi), teremos que, em média, cada família receberá por ano, um valor de R$ 1.739,13; por mês, isso equivale a R$ 144,93; e, finalmente, por dia, a R$ 4,83. É a isso que os petistas chamam de "distribuição de renda"? Desafio qualquer membro da PMJP, a começar do prefeito, a viver com essa "distribuição de renda"!  
Enquanto isso, só no 1º trimestre de 2013, os 3 maiores bancos privados do país - Itaú, Santander e Bradesco - apresentaram um aumento na sua taxa de lucros, com 4,94 bi, 3,37 bi e 3,11 bi, respectivamente. E isso motivado por conta de uma política econômica que privilegia os ricos e faz com que o Brasil continue sendo um paraíso dos juros altos e, consequentemente, extremamente vantajoso para o capital especulativo. Além disso, o que se consome do orçamento público com juros e amortizações da dívida pública é de fazer rir o que se destina às famílias beneficiadas com o "Bolsa Família", dando a esse programa anda mais o caráter de esmola. Só para se ter uma ideia, em 2012, 47,19% do orçamento foi destinado a encher os bolsos dos banqueiros nacionais e internacionais com os serviços da dívida pública, ou seja, R$ 1.014.737.844.451,00 (hum trilhão, quatorze bilhões, setecentos e trinta e sete milhões, oitocentos e quarenta e quatro mil, quatrocentos e cinquenta e um reais). Mais uma vez, essa é a famosa "distribuição de renda" do governo do PT.
Os tumultos de sábado nos revelaram que o "Bolsa Família", como diria Marx, é tão sólido que se desmancha no ar. Com os ventos da crise soprando na Europa e que não tardam a chegar em nosso país e na América Latina - a estagnação econômica já é uma realidade, aliado ao crescimento do desemprego e a volta da inflação - as condições de se manter uma base social às margens de uma política assistencialista com base em programas como esse demonstraram que são muito frágeis e que tanto o governo do PT quanto a oposição de direita, que sonha em retornar ao comando do país, precisam pensar muito como contornar esse problema que eles mesmo criaram. 
Pra concluir, assistam abaixo ao próprio Lula falando sobre o "Bolsa Família" em um vídeo que mostra o ex-presidente em dois momentos. No 1º instante, Lula em 2009, falando em uma solenidade enquanto presidente; no outro instante, em 2000, em um vídeo do PT. Qual dos dois é o verdadeiro? Eis a questão!!!