Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

Reunião do Soviet de Petrogrado em 1917

A Revolução Russa: expressão mais avançada de uma onda revolucionária mundial.

Diretas Já

Luta por dias melhores

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A saída de cena de Ciro Gomes

A Executiva nacional do PSB decidiu, por 20 votos a favor e apenas 7 contrários, retirar a candidatura de Ciro Gomes à Presidência e, ao mesmo tempo, anunciar sua disposição em apoiar Dilma Roussef, candidata do PT e do Palácio do Planalto na corrida presidencial. Segundo o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, a decisão teve que ser tomada porque a manutenção da candidatura de Ciro Gomes poderia atrapalhar as candidaturas do partido em vários estados do país. "Foi quase uma escolha de Sofia. Ou levar à degola vários candidatos ao governo e ao Senado ou ter candidatura própria", afirmou Eduardo Campos à Folha (27/04/10), explicitando o dilema do PSB em nível nacional e regional país afora.
A verdade é que a candidatura Ciro Gomes nunca foi vista com bons olhos pela direção nacional do PSB e por vários de seus integrantes país afora, além de incomodar bastante o Palácio do Planalto, a começar pelo próprio Lula que, em várias ocasiões - sempre que possível -, dava um "puxão de orelhas" no PSB por não apoiarem a candidata Dilma Roussef. Para piorar ainda mais a situação para o lado de Ciro Gomes, ele sentindo que a batalha estava próxima de ser perdida, começou a atirar fogo para todos os lados, inclusive o famoso "fogo amigo". Declarou em alto e bom que Serra era mais preparado e capaz do que Dilma para exercer a Presidência; depois fez críticas ao próprio PSB; e, por fim, afirmou em alto e bom som em entrevista à Rede TV! que o PMDB era um "ajuntamento de assaltantes".
Neste aspecto, ele não disse nenhuma inverdade pois um partido que possui figuras nacionais de destaque como José Sarney, Renan Calheiros, Jáder Barbalho, Jarbas Vasconcelos, Orestes Quércia e tantos outros que se for começar a citar seus nomes, vou passar o dia inteiro defronte à tela do computador escrevendo seus nomes no blog, não pode realmente ser considerado uma ante sala do Paraíso. O problema é que no atual esquema político-partidário-eleitoral Ciro Gomes jamais poderia dar declarações deste tipo. Além do mais, ele também não tem cacife moral para dar declarações deste porte.
O agora ex-candidato Ciro Gomes classificou a decisão da Executiva nacional de seu partido como "erro tático" mas se dispôs a aceitar e seguir a decisão de sua direção nacional. Não sobram muitas opções para Ciro. Se decidisse sair agora do PSB, ficaria sem legenda para disputar as próximas eleições. Portanto, a hora para Ciro é arriar a bandeira e ver o que vai se passar daqui pra frente, dentro e fora do PSB. O mais provável que ele não irá se envolver diretamente na campanha presidencial, focando agora apenas na sua reeleição para a Câmara dos Deputados. Se ele vai votar em Dilma, isso já outra conversa.
O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), afirmou que a decisão do PSB favorece Serra (PSDB/SP), que isso fará com que a eleição seja decidida em primeiro turno a favor do candidato tucano, apoiado pelos "Democratas". É muito cedo para fazer tais afirmações, até porque a possibilidade maior é que os eleitores de Ciro não migrem para o candidato da oposição de direita - José Serra -, mas sim que possa se fragmentar entre Dilma e Marina (PV/AC), que por sua vez ambas candidatas já expressaram sua vontade de terem Ciro No seu palanque. Para isso teremos que esperar os desdobramentos da decisão de ontem da Executiva nacional do PSB, que se reunirá na próxima semana com integrantes da coordenação de campanha de Dilma Roussef para discutirem a possibilidade de aliança entre as duas legendas. É do futuro dessa negociação que dependerá se a profecia do presidente nacional do DEM se concretizará ou não. Afinal de contas, foi Ciro Gomes e ninguém -muito menos o blogueiro aqui - que afirmou que seguiria as orientações de sua direção nacional a partir de agora. Veremos se isso é verdade ou apenas para preencher folha de papel, que costumeiramente aceita tudo.
A verdade disso tudo é que, como mesmo afirmou o presidente nacional do PSB, esta decisão foi tomada para não sacrificar os candidatos nos estados, tanto a governador quanto a senador. Peguemos o exemplo de nossa terrinha, a Paraíba. O ex-alcaide de nossa capital fechando aliança com o PSDB e o DEM - que apóiam Serra no plano nacional - e com a candidatura presa, de certa maneira, à candidatura de Ciro Gomes, enquanto o PT paraibano fecha aliança com o PMDB e Ricardo Coutinho fica a ver navios nessa história.
Com esta decisão da executiva nacional do PSB, Ricardo ganha fôlego para pressionar o PT/PB a somar forças com ele na disputa pelo Palácio da Redenção. Afinal de contas, ele participou da tal reunião que rifou Ciro Gomes. Tanto é assim que alguns jornais de hoje - 28/04/10 - já estampam matérias nesse sentido, de Ricardo já pressionando o Partido dos Trabalhadores local a vir construir com ele a candidatura das oposições em 2010. Ele sabe que esta não será uma tarefa fácil, ainda mais por conta do Encontro Estadual do PT/PB ter decidido, por ampla maioria, apoio à reeleição de Zé Maranhão (PMDB), mas a esperança é a última que morre. Afinal de contas, Ricardo Coutinho é torcedor do Botafogo local, nada mais natural do que ser um devoto desse dito popular.

sábado, 24 de abril de 2010

E o Mengão passou...

A tarefa era muito difícil. Ganhar do Caracas e ainda torcer por uma série de combinações para passar às oitavas de final da Libertadores. O Flamengo jogou muito mal na quarta-feira, 21/04, passou apertado pelo time venezuelano por 3x2, num sufoco danado, e o dia da chegada dos portugueses ao Brasil, há 510 anos atrás foi um tormento para a imensa nação rubro-negra, que tinha de torcer para o Internacional de Porto Alegre não perder ou empatar para o Deportivo Quito (o Inter venceu por 3x0 a euipe equatoriana, jogando em casa); O Cerro/Uruguai não podia vencer o Emelec, também do Equador por mais de dois gols de diferença; e finalmente, o Racing/Uruguai não podia golear o Cerro Porteño, do Paraguai, por mais de três gols de diferença. Esses dois últimos jogos terminaram empatados em 0x0. Com isso, o Flamengo classificou-se para as oitava de final da Libertadores e agora pega o Corinthíans, o famoso "Timão".
Claro que como rubro-negro doente, fiquei contente pela classificação, mas mais ainda pelo fato de pegar o "Timão" na próxima fase e poder ser o carrasco do fim do sonho do centenário desse time que é tão badalado especialmente por essa imprensa paulista puxa-saco. Um "Timão" que não conseguiu ficar nem entre os 4 melhores do Paulistão deste ano, ficou assistindo de camarote às finais do Campeonato Paulista.
Agora, é esperar as próximas quartas-feiras e torcer pro Mengão despachar o "Timão" e seguir firme na Libertadores.
PS: Sobre as demissões feitas pela presidente do Fla, Patrícia Amorim. Acho que ela agiu certo em demitir o vice de futebol, Marcos Braz. Esse camarada vivia arrumando muita confusão dentro do elenco e dando muitas regalias a alguns jogadores, como Adriano. Mas a demissão de Andrade acredito ter sido injusta, ele foi o principal responsável pela conquista do Brasileirão/09 e levou o time à final da Taça Rio e não pode ser responsabilizado pelo tropeço do time naquela decisão. Porém, espero que a decisão possa trazer bons frutos para o Mengão na Libertadores e no Brasileirão deste ano.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Estamos mesmo perdidos!

A última pesquisa Consult/Correio, para a disputa para as duas vagas do Senado em 2010, publicada na edição de 21/04/10 do jornal "Correio da Paraíba" nos mostra duas coisas: por um lado, a força do poder econômico que, mais uma vez, predominará nestas eleições - como sempre, para variar -; e, por outro, que estamos definitivamente perdidos em termos de opções.
A pesquisa aponta que se as eleições fossem hoje, os eleitos seriam o ex-governador cassado por corrupção, Cássio Cunha Lima (PSDB) - com 48, 7% dos votos - e o campeão nacional do nepotismo e das concorrências sem licitação, Efraim Morais (DEM) - com 32,7% dos votos -, não sem coincidência ambos aliados de primeira hora daquele que se reivindica o mais honesto dos mortais, o "socialista" Ricardo Coutinho (PSB). Atrás desses, vem Vitalzinho (PMDB), com 18, 3%, Manoel Júnior (também do PMDB), com 10, 8%, Wellington Roberto, com 7,7% e o atual senador Roberto Cavalcanti (PRB), COM 4,1% dos votos.
A representação paraibana atual do Senado é uma das piores de sua história - se é que já houve alguma melhor -. Um de seus membros chegou a ser preso e algemado pela Polícia Federal numa de suas operações contra corrupção - Operação Confraria -; outro, vem sendo acusado, vez por outra, de escândalos envolvendo seu nome à frente da Mesa Diretora do Senado quando ocupou a 1ª Secretaria daquela Casa e, mais recentemente, ganhou a fama de ser o maior empregador do Senado; e, finalmente, o terceiro responde processo na Justiça Federal por sonegação fiscal envolvendo milhões de reais antes mesmo de assumir a cadeira de senador quando substituiu o atual governador José Maranhão (PMDB). Estes são os currículos de nossas "Excelências" senadores da República e os que se colocam à disposição do voto dos paraibanos não têm muita diferença em relação a estes, infelizmente. Pelo menos os citados na pesquisa Consult.
O líder da pesquisa, o ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB), como todos e todas se lembram, foi cassado acusado de corrupção e abuso de poder econômico por ter usado cheques da FAC na campanha eleitoral de 2006 - quando conquistou sua reeleição -; Efraim Morais (DEM) é o tal senador citado acima que tem hoje a fama de maior empregador do Senado, graças à revista "Veja"(possui 76 funcionários lotados em seu gabinete, sendo apenas 9 do quadro efetivo do Senado) e ao programa televisivo CQC (em outro artigo, falaremos sobre isto); o terceiro senador da República que responde a processo por sonegação fiscal é o último colocado na pesquisa Consult/Correio, o empresário Roberto Cavalcanti.

Currículos bem mais picantes possuem dois aspirantes ao Senado, que ainda não foram definidos por seu partido, o PMDB: Vitalzinho e Manoel Júnior. Os dois "nobres representantes do povo paraibano" assinam atualmente uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) em tramitação na Câmara dos Deputados, a PEC 440/09, que propõe a criação de Pisos Salariais Estaduais para os profissionais da educação básica, o que no caso da imensa maioria dos Estados e municípios brasileiros representaria uma tragédia, a começar pelo nosso, o 2º mais pobre da Federação, à frente apenas do Piauí - não sabemos até quando -. Manuel Júnior tem um outro agravante: em 2004, durante a campanha para prefeito de João Pessoa, quando ele era candidato a vice-prefeito da capital, junto com Ricardo Coutinho, foi denunciado por nós com provas documentais à época, que ele estava sendo citado no relatório da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do Congresso Nacional que investigava Grupos de Extermínio no Nordeste brasileiro. O relator desta CPMI era o deputado federal paraibano Luiz Couto (PT) que, por causa dela, vive até hoje sob forte proteção da PF. São esses os currículos dos prováveis candidatos de nossa terrinha ao Senado Federal para se juntar aos que lá já estão.
Agora, me respondam: estamos ou não estamos realmente perdidos?

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Maranhão manda o recado

Para bom entendedor, meia palavra, basta. É o que diz um antigo ditado popular. Porém, o governador candidatíssimo à reeleição em outubro próximo, Zé Maranhão (PMDB),mandou um recado mais do que claro aos trabalhadores paraibanos e, em especial, aos da CAGEPA, empresa estatal de água e esgotos de nosso Estado. Afirmou, em alto e bom som e com todas as letras que o problema do mau funcionamento da empresa se deve à falta de "dedicação de alguns servidores efetivos do quadro efetivo". Ou seja, para o aliado de Lula, do PT, do PCdoB e da CUT na Paraíba, a CAGEPA é uma empresa superestruturada, com máquinário ultramoderno, de ponta, referência nacional e internacional e que, se enfrenta os problemas que enfrenta na atualidade, com o grau de reclamações que recebe da população, sobretudo da camada mais pobre, é porque isso tem um responsável direto, o de sempre: o servidor público ineficiente, incompetente.
Além de jogar a culpa nos quadros efetivos da CAGEPA, o governador Zé Maranhão ainda soltou uma pérola: autoafirmou-se como "ante-privacionista". O governador peemedebista zomba da nossa inteligência e memória. Será que ele acha que esquecemos da SAELPA? Do PARAIBAN? Governador, vá dizer essas brincadeirinhas pros seus novos aliados, a turma do PT, PCdoB, CUT, mas para nós, trabalhadores e trabalhadoras que ainda temos vergonha na cara e não arriamos nossas bandeiras, nossa resposta é o REPÚDIO!!!
Infelizmente, até o presente momento nenhuma palavra, nenhuma nota do Presidente Estadual do PT, do PCdoB, da CUT, ou de alguma liderança dessas organizações sobre essa fala do governador. E se você, caro (a) leitor (a), estiver aguardando por isso, espere sentado, porque em pé, cansa, viu?

terça-feira, 6 de abril de 2010

Alguém consegue entender o PCdoB?

É plenamente possível que um partido político reveja, em um determinado momento, sua posição política acerca de algum tema da conjuntura ou sobre um dado governo que este apóie. Isto faz parte da vida política de toda e qualquer organização política. Porém, é preciso ter acima de tudo coerência política. E, ao longo de sua trajetória política, isso não parece ser o forte do PCdoB.
No último dia 29 de março, em pomposa solenidade anunciada e realizada na sede da OAB/PB, em João Pessoa, o PCdoB paraibano anunciou que estava rompendo com Ricardo Coutinho e aderindo à candidatura de Zé Maranhão. Alguns dias após este anúncio (05 de abril do corrente ano, mais precisamente) - que gerou uma crise no interior do partido, com Watteau Rodrigues anunciando aos quatro cantos que não iria entregar o cargo de Coordenador do Procon Municipal - e o fato é que até o momento em que escrevo este artigo, seu nome ainda consta no site da PMJP como comandante do referido órgão, o Presidente Estadual do PCdoB, Agamenon Sarinho, divulgou uma nota em nome do Comitê Estadual do PCdoB endereçada ao povo paraibano em que explica as razões pelas quais o partido decidiu romper com Ricardo Coutinho e apoiar Zé Maranhão. Segundo a nota, isso se deveu ao fato de "derrotar em toda linha as forças adversárias associadas aos interesses antinacionais e inimigas do povo brasileiro, representadas pelo PSDB e DEM. Por isso, o PCdoB após, na Paraíba, a aliança em torno do PMDB, que reúne amplo arco político em prol das pré-candidaturas de Dilma Roussef (PT) a presidente e José Maranhão (PMDB) ao governo do estado." (www.politicapb.com.br, 06/04/10).
É uma explicação plausível, perfeitamente entendível para qualquer pessoa, menos para aquela que conhece o histórico do PCdoB. Principalmente este blogueiro que, assim como outras pessoas, devem ter lido uma outra nota assinada pelo mesmo Agamenon Sarinho, publicada em vários sites de notícias, e que não faz muito tempo, precisamente entre uma outra nota e outra, 3 meses e 22 dias. Em 14 de dezembro de 2009, no portal PBAgora, o Presidente Estadual do PCdoB publicizou uma nota em que afirmava algumas coisas, como: 1) recriminava publicamente duas figuras públicas do partido, o ex-secretário de Planejamento do governo Maranhão III, Ademir Alves de Melo e o Coordenador do Procon Municipal, Watteau Rodrigues, por conta dos dois estarem expondo suas opiniões na imprensa local sobre o processo eleitoral de 2010; 2) afirmava, categoricamente, que o partido tinha instâncias deliberativas e seriam nestes espaços decisórios que suas decisões seriam tomadas e que o Comitê Estadual já havia tomado a decisão abrir o debate no interior do partido sobre a posição que o PCdoB teria em 2010; 3) ao longo da nota, Agamenon Sarinho, falando como Presidente Estadual do PCdoB, afirma com todas as letras que "tanto Ricardo Coutinho quanto José Maranhão são aliados - e amigos - do PCdoB e receberam justificadamente nosso apoio em suas eleições, bem como apoiamos e participamos de suas administrações. Mais adiante, no parágrafo seguinte, o mais importante: Agamenon Sarinho afirma categoricamente que "mesmo que o PCdoB, em face de sua definição quanto à chapa que apoiará nas eleições majoritárias do próximo ano, abdique da participação na administração de um dos dois governos, isso não deve significar retirada de apoio."
Nenhum malabarista, por mais anos de experiência que possa ter no Cirque du Soleil, conseguiria bater o PCdoB nesse quesito. São anos de acúmulo servindo à burguesia e enganando os trabalhadores com essa política. Pois do mesmo jeito que o PCdoB classifica hoje o PSDB e o DEM como inimigos do povo brasileiro, já estiveram ao lado desses partidos várias vezes, em várias ocasiões, em várias administrações por esse país. Ou já se esqueceram do PCdoB ao lado de Roseane Sarney quando esta foi governadora do Maranhão?
Mudar de posição faz parte da política. Infelizmente, esse não é o caso do PCdoB.

domingo, 4 de abril de 2010

A crise na PM paraibana e a situação política de Zé Maranhão

A Semana Santa na Paraíba que parecia ser uma semana muito tranquila, regada apenas a celebrações religiosas típicas da ocasião e a despedidas de alguns políticos de seus cargos por conta da disputa eleitoral de outubro próximo, de repente ganhou contornos gravíssimos, de uma séria crise institucional, que graças às manobras do Palácio da Redenção e de boa parte da mídia paraibana, não chegou ao conhecimento de grande parte da população paraibana, mas um expressivo setor, pelo menos o dos que formam opinião, ficaram atentos ao que estava ocorrendo no Estado a partir de 1º de abril. E não tinha nada a ver com o famoso Dia da Mentira, era na "vera", como a gente dizia quando era pirralho quando brincava na rua com os amigos.
De repente, ficamos sabendo que havia dentro da Polícia Militar da Paraíba um movimento intitulado "Polícia Legal" e que estava reivindicando melhorias para a tropa. Mais: esse movimento, ao contrário de outros que já ocorreram na PM/PB, era organizado por oficiais da tropa e não por praças e sargentos, como antes. Suas reivindicações não eram apenas salariais, mas denunciavam as péssimas condições de trabalho a que estavam submetidos todos os policiais militares do Estado e, consequentemente, colocando para toda a população da Paraíba a fragilidade da segurança estadual. Além do atual governo não estar cumprindo um acordo feito com a categoria pelo governo anterior de estabelecer a paridade salarial com a Polícia Civil, os PM's estavam tendo que trabalhar em viaturas alugadas pelo Estado que cujo aluguel estava atrasado havia meses; as viaturas que eram do Estado estavam com emplacamento atrasado havia anos, algumas com até 6 anos de atraso; coletes à prova de balas e munições vencidos, ou seja, o caos em matéria de segurança pública. O porta-voz do movimento, o deputado federal Major Fábio (DEM), em várias estações de rádio, jornais, TVs e sites de notícia, anunciou a situação colocada pelo movimento "Polícia Legal" e pediu à população que não saísse às ruas nesses dias (www.politicapb.com.br, 01/04/10). Além de tudo isso, oficiais do alto escalão da PM/PB, como os comandantes de vários batalhões de todo o Estado entregaram seus cargos, seguindo o exemplo de Campina Grande, que foi quem iniciou este movimento. Uma crise institucional de seríssima repercussão.
O Movimento "Polícia Legal" expôs de maneira dura e crua para toda a população paraibana - pelo menos à parcela que teve acesso a tais informações sobre este assunto - como está a segurança pública em nosso Estado. Ou melhor dizendo, como não está. Completamente sucateada e totalmente despreparada para as mínimas ocorrências, quanto mais as complexas. A maior prova recente disso foi o sequestro da esposa de um empresário por dois bandidos do Rio de Janeiro, ocorrido num prédio na praia do Cabo Branco na semana anterior à Semana Santa, onde um PM, sem nenhum preparo para aquele tipo de ocorrência estava na operação e foi seriamente ferido no pescoço e com isso pode ficar paraplégico para o resto de sua vida. Um jovem pode ter tido sua vida prejudicada para sempre por conta de um despreparo da PM/PB. E agora, como ficam este jovem e sua família?
Voltando ao assunto da crise da PM. Esta também colocou em xeque a autoridade do governador Zé Maranhão sobre a tropa, em especial sobre os oficiais. O artigo 86 da Constituição da Paraíba trata das competências privativas do governador do Estado e uma delas, no seu inciso XVIII é: "exercer o comando supremo da Polícia Militar, promover seus oficiais, expedir carta patente para os mesmos e nomear o Comandante Geral e o Chefe do Estado Maior". Não basta Maranhão publicar MP em Diário Oficial concedendo reajuste para toda a tropa. Não é isso que vai fazer com que ele tenha autoridade sobre a tropa, principalmente sobre os oficiais. Maranhão sabe muito bem disso. É preciso muito mais do que isso. É preciso ganhar a confiança da tropa, mas para isso é fundamental o diálogo permanente, ter pessoas dentro da corporação que tenham carisma e possam ser esse elo aglutinador. Mas Maranhão não é homem de diálogo nem tem essas pessoas que sejam esse elo de ligação dentro da PM. Assim, sua missão de fazer com que ele exerça em sua plenitude o que diz o artigo 86, XVIII, da Constituição Estadual, será muito árdua, e creio que dificilmente será alcançada nesse final de governo. Talvez, quem sabe, no próximo governo, caso ele venha a ganhar as eleições de outubro próximo.
Porque, infelizmente para Maranhão - e ele também sabe disso, como político experiente que é -a Polícia Militar da Paraíba e seus oficiais respeitam a Constituição estadual e o artigo 86, XVIII. Só que o governador, para eles, é outro. Alguém duvida depois desse movimento "Polícia Legal"?