Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

Reunião do Soviet de Petrogrado em 1917

A Revolução Russa: expressão mais avançada de uma onda revolucionária mundial.

Diretas Já

Luta por dias melhores

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Sobre o atentado à produtora de "Porta dos Fundos" e sobre o Especial de Natal "A Primeira Tentação de Cristo": Considerações críticas





Na véspera de Natal deste ano, ocorreu um lamentável incidente no Rio de Janeiro, mais especificamente na produtora de "Porta dos Fundos", por conta do Especial de Natal feito por este grupo de humoristas nacional, intitulado "A Primeira Tentação de Cristo", aonde já se sabe que um grupo de extrema-direita, autointitulado "Comando Insurgência Popular Nacionalista da Grande Família Integralista Brasileira", assumiram o atentado na produtora exibindo um vídeo com as imagens do ocorrido, lendo um manifesto do grupo.
Antes de tecermos as considerações críticas, queremos expressar nosso TOTAL REPÚDIO a este grupo de extrema-direita, de natureza integralista, bem como ao atentado por ele protagonizado contra o grupo "Porta dos Fundos" e, ao mesmo tempo, defender veementemente as liberdades democráticas, como as liberdade de expressão, de manifestação (seja política, artística, cultural).
Assistimos o Especial de Natal do "Porta de Fundos" acima citado para fazermos não apenas o repúdio ao atentado, como vem sendo feito por boa parte da mídia, das redes sociais, sites de notícias e outros tipos de portais, mas também para fazermos outros tipos de abordagem, que ainda não verificamos, que achamos também necessários (creio eu). 
Rememorando, a história de "A Primeira Tentação de Cristo" se passa no instante em que Jesus (interpretado por Gregório Duvivier) chega em sua casa, após ter passado cerca de 40 dias no deserto. E chega acompanhado de Orlando (interpretado por Fábio Porchat), que é, percebe-se ao longo da narrativa, um relacionamento homoafetivo. Jesus, assim, é gay. Durante a trama, existem outras tramas, envolvendo por exemplo, Deus e Maria. No final, um final surpreendente entre Jesus e Orlando, que trataremos daqui a pouco.
Sobre a trama central do Especial de Natal, alvo central do atentado dos neointegralistas à sede da produtora do "Porta dos Fundos", Jesus é gay e tem um relacionamento homoafetivo com Orlando. Até aí, nada demais. Porém, neste caso, percebemos uma questão que permeia o Especial.
Desde pequeno, ouço (e creio que muitos/as que leem este artigo também) "piadinhas" preconceituosas, insinuando que Jesus seria gay por andar boa parte de sua vida acompanhado de 12 homens; ou, então, "piadinhas" de cunho machista por este ter tido um "caso" com Maria Madalena, chegando até a ter filhos. E, tais coisas sempre foram repudiadas pelas pessoas, dentro e fora da religião. Agora, o repúdio vem em forma de coquetéis molotov. Lamentável..... Cito estes exemplos para mostrar que, infelizmente, preconceitos sempre houve e setores ditos de esquerda não podem se dar ao direito de reproduzir, mesmo que sob o manto da "brincadeira", do "humor"!!! 
Quanto ao final surpreendente que falei acima entre Jesus e Orlando, trata-se, na minha opinião, de um viés preconceituoso emitido por "Porta dos Fundos". Ao fim da trama, Orlando se revela como sendo o Lúcifer, tendo enganado o tempo todo Jesus, Deus, Maria, José e os demais. Qual o viés preconceituoso, neste caso??? Lúcifer, Diabo, Demônio, Capeta, entre outros nomes, é associado historicamente a uma coisa ruim, negativa. E, sendo Orlando/Lúcifer tendo se colocado como um ser humano gay, com um relacionamento homoafetivo com Jesus, ser gay seria uma coisa ruim, negativa. Inevitável tal comparação, não??? Ou seria mais uma ironia feita por "Porta dos Fundos"??? Uma "licença poética" a ser utilizado numa obra artística???
De todo modo, creio que as religiosidades das pessoas devem ser respeitadas. Nosso Estado é laico e isso garante, entre outras coisas, o respeito a todas as manifestações religiosas, de todas as pessoas. Recentemente, em outro artigo feito por nós e publicado em nosso blog, "Porquê fé e política não devem andar juntos", criticamos o discurso do embaixador do governo Bolsonaro que, em conferência ocorrida na Hungria em novembro último, afirmou que "uma das principais mudanças conduzidas pelo governo Bolsonaro foi exatamente colocar a religião no processo de formulação de políticas no Brasil"(https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2019/11/28/governo-bolsonaro-cristaos-hungria-diplomacia-itamaraty.htm).
Queremos reafirmar o que dissemos acima. REPUDIAMOS TOTALMENTE o atentado feito pelo "Comando Insurgência Popular Nacionalista da Grande Família Integralista Brasileira" e, ao mesmo tempo, defender veementemente as liberdades democráticas, como as liberdade de expressão, de manifestação (seja política, artística, cultural).
Exigimos também uma APURAÇÃO RIGOROSA e uma PUNIÇÃO EXEMPLAR aos responsáveis por este atentado não apenas à "Porta dos Fundos", mas às liberdades democráticas de uma forma geral!!!

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Operação Calvário, a prisão de Ricardo Coutinho,a polêmica na esquerda paraibana e o centro do debate






Desde o dia 17 de dezembro deste ano que está se encerrando - e não deixa saudades para a classe trabalhadora de nosso país e paraibana -, que a militância dos movimentos sociais de nosso Estado vive uma discussão acalorada, por conta da conjuntura política estadual, que já vinha se acirrando em meio ao debate em torno à "Reforma da Previdência" do governo João Azevedo encaminhada à Assembleia Legislativa, em regime de urgência urgentíssima, que conseguia (e consegue) ser pior do que a aprovada por Bolsonaro no Congresso Nacional, com apoio decisivo dos canalhas e corruptos de Brasília.
Tudo por conta da "Operação Calvário - Juízo Final", desenvolvida em conjunto pelo Gaeco, MP e PF, que no dia acima citado, cumpriram 54 mandados de busca e apreensão de documentos, além de prisão preventiva. Destes, 17 mandados foram de prisão preventiva, contra o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), seu irmão, Coriolano Coutinho, a prefeita do Conde, Márcia Lucena (PSB), o ex-procurador geral do Estado, Gilberto Carneiro, a deputada estadual, Estela Bezerra (PSB), o ex-secretário de Saúde do Estado, Waldson Sousa e outros. Destes, o ex-governador, a prefeita e a deputada já estão soltos. Os demais e outros continuam presos e tiveram seus HCs negados pelo STJ. 
A prisão do ex-governador Ricardo Coutinho, que governou a Paraíba por 8 anos (entre 2011 e 2018) e também a capital do Estado, entre 2005 e 2010, gerou um impacto muito forte na população paraibana como um todo, e na militância em especial. Além de sua prisão, as acusações contra ele vindas da "Operação Calvário" ainda repercutem entre todos/as. Segundo esta, Ricardo Coutinho seria o chefe da ORCRIM (sigla de "organização criminosa"), responsável direto tanto pela tomada de decisão quanto aos métodos de arrecadação, divisão e aplicação de propina. Seria, portanto, o "cabeça" do esquema criminoso e, junto com as deputadas Estela Bezerra, Cida Ramos e a prefeita do Conde, Márcia Lucena, integrante do núcleo político desse esquema (https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2019/12/17/ex-governador-ricardo-coutinho-e-alvo-da-setima-fase-da-operacao-calvario-na-paraiba.ghtml).
O debate em torno da prisão de Ricardo Coutinho pelo Gaeco e PF em cima de Ricardo Coutinho é, guardadas as devidas proporções, semelhantes ao mesmo utilizado de quando Lula foi preso pela PF, em abril de 2018 e permaneceu preso em Curitiba por cerca de 580 dias. Antes de entrarmos nesta "seara", vale ressaltar que Ricardo Coutinho já está solto, por decisão de um ministro do STJ (não ficou preso nem por um dia sequer). E assim deverá permanecer, pelo menos até fevereiro do próximo ano, quando a juíza Laurita Vaz, tb do STJ, se debruçar sobre seu caso, como assim determinou a vice-presidente do mesmo tribunal, Maria Thereza.
Pelo menos, dois argumentos foram preponderantes usados na defesa de Ricardo Coutinho por seus seguidores: o de que havia uma seletividade da justiça sendo feita por esta contra o ex-governador (como havia ocorrido contra Lula) e que estavam usando Ricardo (como também usaram Lula) para criminalizar a esquerda. 
Não vamos entrar aqui no debate se Ricardo Coutinho merece ser classificado (ou não) de "esquerda". Tal debate, acreditamos, seria infrutífero neste momento. Preferimos deixar tal caracterização ao gosto de cada um/a. Já às demais questões sublinhadas por nós no parágrafo anterior, iremos expor nossa opinião e estamos abertos ao debate.
Fazemos uma primeira pergunta a todos/as, pra começar: desde quando existe movimento operário, movimento social, feito pela classe trabalhadora, no Brasil e no mundo, e, consequentemente, existe justiça burguesa, que esta deixou de ser seletiva??? Desde quando, sob o capitalismo, a justiça deixou de ser cega aos interesses e direitos da classe trabalhadora??? Ou será que todos/as aqui "esqueceram" que, para conquistar direitos e conquistas, os/as trabalhadores/as tiveram que ir às ruas, lutar muito e alguns/algumas até morreram para que outros/as conseguissem algo??? Portanto, tal seletividade da justiça, para nós, nunca foi novidade. O fato de setores da direita, corruptos há anos, décadas e até séculos estarem livres, leves e soltos e os ditos de "esquerda" estarem presos é a prova cabal desta seletividade.
Segunda pergunta. Desde quando, tb desde a existência do movimento operário e social, a esquerda deixou de ser criminalizada, no Brasil e no mundo??? Em alguns momentos, isso ocorreu de forma mais agressiva, como agora; em outros, de forma mais branda. Mas, isso nunca deixou de ocorrer. Também já "esqueceram" disso??? 
Porém, tudo isso "esconde" na verdade, o centro do debate que alguns colocam de forma clara: a defesa do "Estado Democrático de Direito". Este é o problema central da imensa maioria da "esquerda oficial" de nosso país, quiçá do mundo. E porquê isso??? Por que o que a "Operação Calvário" está fazendo, o que a "LavaJato" anda realizando é, bem ou mal, sob o status do tal "Estado Democrático de Direito". E, defender este tipo de Estado, para quem se diz de esquerda, é pra lá de contraditório, pra não dizer completamente equivocado. E aí está o "xis da questão".
Em nosso país, o PT, PCdoB, PSOL e seus "satélites" ensinaram à imensa maioria da militância a fazer a defesa deste instrumento burguês a partir da Constituição de 1988. Muitos/as reproduzem esta defesa sem nem terem ideia do que isso significa. E fazem isso de foma apaixonada e apaixonante, fazendo coro com a burguesia, como MDB, DEM, PSDB, PSL e por aí vai.
Defender o "Estado Democrático de Direito" é, em síntese, defender a propriedade privada. E esta é, para todo "progressista", socialista, comunista, o princípio fundante das desigualdades sociais. Portanto, defender o "Estado Democrático de Direito" é defender o regime capitalista. Por isso, defendemos (com unhas e dentes) a derrubada da propriedade privada e, consequentemente, o fim do "Estado Democrático de Direito". Isto porque somos contra o capitalismo e queremos construir o socialismo. Evidentemente, através da organização popular, por meio da luta do povo contra este regime opressor e explorador.
Portanto, este é pra nós, o grande problema deste debate que envolve a "Operação Calvário" e a repercussão que causa a prisão de Ricardo Coutinho e os demais que estão neste esquema denunciado pelo Gaeco, MP e PF. Enquanto boa parte da esquerda não resolver esta questão importante, a revolução socialista em nosso país tende a continuar em regime de impasse. Infelizmente..............






terça-feira, 10 de dezembro de 2019

CUT e CSP Conlutas: uma comparação de seus princípios fundacionais





O movimento operário surgiu no século XIX, na Inglaterra, por conta da extrema necessidade da classe trabalhadora se organizar e lutar contra a exploração e, consequentemente, as injustiças promovidas pelos patrões e o capitalismo em geral, ainda no seu nascedouro. Diversas maneiras de organização foram criadas pelos trabalhadores para lutarem por seus direitos e muitas foram suas reivindicações e formas de luta, desde esta época.
No Brasil, embora isto tenha se dado de forma um pouco tardia - final do século XIX  e início do século XX -, tal luta da classe trabalhadora também é recheada de acontecimentos, lideranças e, sobretudo, inúmeras organizações de classe surgidas desde então.
Em agosto de 1981, ainda durante a ditadura militar no Brasil, ocorreu a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora - CONCLAT -, na Praia Grande (SP). Tal evento reuniu a vanguarda do movimento operário brasileiro da época, juntando num mesmo local os velhos militantes do movimento operário (tachados como os pelegos do movimento) e a nova vanguarda que surgia, por conta das recentes greves que ocorriam no ABC paulista, em especial dos metalúrgicos, espalhando-se por todo o país, no que ficou conhecido como o "novo sindicalismo". Destas lutas, surgiram lideranças como Lula, por exemplo.
Em agosto de 1983, foi fundada a CUT. Num outro CONCLAT - Congresso Nacional da Classe Trabalhadora -, os dissidentes da CONCLAT de dois anos antes fundaram a Central Única dos Trabalhadores (CUT), promovendo a partir de então uma grande transformação no mundo sindical no Brasil. Tal central foi criada para dar uma resposta política aos pelegos que construíram a CONCLAT de 1981, com os quais não se tinha nenhum acordo político-programático naquele momento.
Em 2004, começou a ocorrer uma nova modificação no movimento operário brasileiro. Pouco mais de um ano após a chegada de Lula e do PT ao governo federal, trabalhadores/as de todo o país reuniram-se num Encontro Nacional de Trabalhadores, em Luziânia/GO e, ao final de muita discussão política, uma parte decidiu construir a CONLUTAS - Coordenação Nacional de Lutas -, como resposta aos ataques promovidos à nossa classe pelo governo Lula, a começar da "reforma da previdência" feita pelo governo petista na ocasião.
Dois anos depois deste encontro de trabalhadores/as, ocorreu o Congresso de Fundação da Conlutas, em Betim/MG. Da fundação da CUT até a criação da Conlutas, passarem-se 23 anos entre um evento e outro e, neste período, havíamos passado por uma ditadura militar, um governo de redemocratização política (Sarney), dois governos neoliberais - Collor e FHC -, cada um a seu modo, mas idênticos em atacar a classe trabalhadora nacional e vivíamos uma experiência inédita no país, com um partido vindo do movimento operário (PT) e sua principal liderança política - Lula -, ocupando o poder central em nosso país. Infelizmente, a experiência com este governo decepcionou a muitos milhares de trabalhadores/as, desde aquela época. Daí a razão do surgimento da Conlutas.
Em 2010, ocorreu um novo CONCLAT, desta vez em Santos/SP. O Congresso da Classe Trabalhadora aconteceu nos dias 5 e 6/06 daquele ano e, ao seu final, criou a CSP Conlutas (Central Sindical e Popular - Conlutas). Tal encontro foi puxado por 6 organizações sindicais na época - Conlutas, Intersindical, MTL, MTST, Pastoral Operária e Coletivo Prestista). Várias foram as avaliações acerca da criação desta nova central, mas uma queremos destacar: a de Júlio Turra, da CUT e da corrente petista (autodesignada como trotskista) "O Trabalho", aonde este classifica o Conclat de Santos como um "fiasco". A História mostra outra coisa, bem distinta desta avaliação.
Queremos, neste artigo, destacar apenas os princípios fundacionais da CUT e da CSP Conlutas. Alguns destes princípios são idênticos. O que vai diferenciar as duas centrais diz respeito ao seu caráter e à sua prática no cotidiano da classe trabalhadora. Quanto ao primeiro ponto, é fácil distinguir as duas organizações. Enquanto a CUT trata-se apenas de se constituir como uma central de trabalhadores (portanto, aqueles/as filiados aos sindicatos ligados a ela), a CSP Conlutas busca construir-se como uma central não apenas sindical, representativa dos/as trabalhadores/as filiados aos sindicatos ligados à central, mas também trata de organizar outros movimentos, que assim como o sindical, são profundamente atingidos pela lógica capitalista de destruir nossa classe. Assim, a CSP Conlutas também reúne, em seu interior, movimentos de luta contra as opressões (mulheres, negros/as e LGBT's), trabalhadores/as do campo, sem teto, desempregados/as e estudantes. Todos estes setores devidamente representados na central, desde a Coordenação Nacional (que se reúne a cada dois meses), passando pela Executiva Nacional (também chamada de SEN), chegando até aos estados aonde está organizada. O segundo ponto que apontamos aqui quanto diferenças essenciais entre as duas centrais, queremos deixar isto ao gosto de cada um/a.
A CUT se construiu baseada em 7 princípios fundamentais, na sua gênese. São eles: independência de classe, mobilização e luta da categoria (ou ação direta), democracia operária, autonomia frente aos partidos, colocar toda a estrutura sindical a serviço das OLT's (organizações por locais de trabalho), combinar luta econômica com luta pelo socialismo e a defesa do internacionalismo proletário.
A CSP Conlutas, em seu estatuto, expõe também 7 princípios na sua fundação. São idênticos à CUT os quatro primeiros princípios (independência de classe, mobilização e luta da categoria - ou ação direta -, democracia operária, autonomia frente aos partidos) mais a defesa do internacionalismo proletário. A defesa da união da luta econômica com a luta pelo socialismo e a defesa das OLT's está presente ao longo do estatuto da central e da prática da central e seus sindicatos.
Os pontos idênticos entre as duas centrais, apesar do espaço de tempo entre a criação das duas organizações, revela  a continuidade das lutas da classe trabalhadora brasileira, apesar das divergências existentes entre as duas no tocante à análise das conjunturas nacional e internacional e a consequente política adotada por cada uma na superação (por parte da classe) destes problemas, sem falar nas mudanças conjunturais ocorridas no período. Os dois outros pontos de princípios são substituídos, pela CSP Conlutas, pela defesa da autonomia das entidades de base filiadas à central e a construção da unidade, como valor estratégico, na luta dos/as trabalhadores/as.
Em tempos de Bolsonaro, o princípio fundacional da CSP Conlutas, de construção da unidade, como valor estratégico, na luta dos/as trabalhadores/as permanece atual (mais do que nunca) e de fundamental importância para resistirmos, enquanto classe, aos ataques vindos dos governos (nacional, estadual e municipal) e dos patrões.

sábado, 7 de dezembro de 2019

Paraisópolis, a chacina da PM paulista, a questão das drogas e o voto da "oposição de esquerda" no pacote anticrime de Moro!!!








A semana que está acabando já começou de uma forma terrível para muitas pessoas, especialmente os familiares dos nove mortos na chacina promovida pela PM paulista, de João Doria (PSDB), contra jovens negros e da periferia paulistana. Apesar do discurso de boa parte da mídia em classificar o sinistro como uma "tragédia", o que se viu foi uma ação orquestrada, muito bem pensada, por policiais militares na capital paulista para, segundo a própria PM, "dispersar" a galera que se divertia no baile funk, em Paraisópolis. A PM de Doria também alega o combate ao "crime organizado" e à repressão às drogas, presentes nos bailes funk da vida.
Tendo essas afirmações vindas da PM paulista como verdadeiras, aproveitamos para perguntar a todos/as: será que apenas nos bailes funk e nas periferias de nossas cidades, como Paraisópolis, existem consumo de drogas??? Por que a PM de Doria também não fez (ou faz) uma "incursão" no elegante bairro do Morumbi, vizinho à Paraisópolis??? Coincidência???
Claro que não. O alvo preferido das PM's de nosso país é atacar, a cada dia que passa, os jovens negros de nossas periferias com este tipo de argumento para justificar suas sangrentas invasões a essas comunidades. Enquanto isso, o setor nobre e rico dessas mesmas cidades pouco ou nada são atingidos pela corporação militar. Trata-se de mais um episódio do genocídio negro que vivemos há muito tempo em nosso país, herança perversa de um país racista, aumentado pela presença da ultradireita liberal no poder, como Bolsonaro, Doria e Witzel. Nenhuma surpresa no modus operandi de todos esses.
Infelizmente, nesta mesma semana de mais essa chacina contra o povo pobre, negro e periférico de nosso país, a Câmara dos Deputados aprovou o "pacote anticrime" de Moro e Bolsonaro. Pior ainda: com o voto das bancadas do PCdoB, PT e PSOL. A justificativa de Marcelo Freixo (PSOL/RJ): "(...) Um projeto seria aprovado, ou era esse ou era o do Moro", afirmou o pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro em 2020, aliado ao PT de Lula e cia.
Ou seja, Freixo (como o senso comum e boa parte da "esquerda oficial" pensam), optou pelo "mal menor". Assim como fizeram também com a recente "reforma da previdência", aprovada pelo governo Bolsonaro, no mesmo Congresso Nacional corrupto. Quem tem inimigos, não precisa de um "aliado" desses. O voto dos deputados do PCdoB, PT e PSOL refletem, muito bem, a atitude dos policiais militares de São Paulo e qualificam a chacina (mais uma) como apenas um "detalhe". Lamentável......... 
Para aqueles/as que nos criticam por fazermos tais considerações críticas à postura dos parlamentares de "esquerda" no Congresso, dizemos o seguinte: já conhecemos perfeitamente o pensamento de Bolsonaro, Doria e Witzel. Portanto, não há porque se surpreender com este tipo de coisa, vindos desses governantes. Mas, quando tal ação encontra respaldo na "esquerda oficial", é preciso exercer um pouco a análise crítica sobre os fatos. Senão, como diria uma amiga minha, é corroborarmos com o exercício da APP (Amnésia Política Proposital), praticada por esses/as ditas de "esquerda" já hp algum tempo!!!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Disputa no PSB/PB chega ao fim e a pergunta que NÃO quer calar: quem traiu quem nesta disputa???








Nesta terça-feira, 03 de dezembro do corrente ano, o governador João Azevedo (agora, sem partido) anunciou através de uma carta distribuída à imprensa sua desfiliação do PSB. Minutos após este anúncio vindo do governador, a direção do PSB/PB apresentou também à imprensa, uma nota respondendo ao ato de João Azevedo.
Para lembrar a todos/as uma coisa importante nesta história, antes de tecermos algumas considerações a respeito. O atual presidente estadual do PSB/PB, nomeado pela direção nacional do partido há poucos meses, é o ex-governador Ricardo Coutinho. Afirmamos isso para explicar que tal nota divulgada pelo PSB local tem as digitais do ex-governador.
Também para relembrar a todos/as, um pouco da história dessa disputa interna no PSB local. Ela começou quando o governador João Azevedo nomeou como Secretário Chefe do governo, em agosto deste ano. Quase que imediatamente após este ato, a deputada estadual Estelizabel Bezerra (PSB), afirmou à imprensa que Edvaldo NÃO poderia ocupar este cargo, tendo ao mesmo tempo o posto de presidente estadual do partido, como era até então. No que foi seguido por outras parlamentares do PSB, como Cida Ramos e Sandra Marrocos. Começava ali a disputa interna do PSB/PB que, neste processo, fez com que a direção nacional elegesse uma Comissão Interventora - chamado por esta de Comissão Provisória Estadual -, tendo o ex-governador Ricardo Coutinho como seu novo presidente estadual - ou interventor, como queiram -.
Depois de muitas idas e vindas, de várias reuniões para tentar resolver o problema, de muitas acusações de lado a lado no interior do partido, o governador João Azevedo decidiu sair do partido e anunciar isto pela imprensa. E, como já afirmamos, a direção estadual do PSB/PB, respondeu à altura acerca da desfiliação do governador.
As duas cartas - tanto a de João Azevedo comunicando a desfiliação do partido quanto à da direção estadual do PSB/PB sobre o anúncio - são  muito duras, recheada de acusações de ambas as partes, como já ocorria desde agosto deste ano.
João Azevedo chega a afirmar, em determinado momento de seu anúncio, que "(...) A maioria das críticas - ou melhor, dos ataques - veio de membros do nosso próprio partido". Segue afirmando que "(...) O antagonismo veio de figuras de proa do PSB, que mesmo antes da intervenção ou do golpe, já atacavam o Governo, secretários e o governador"  (https://parlamentopb.com.br/joao-azevedo-anuncia-desfiliacao-do-psb-em-busca-da-democracia-perdida).
Na mesma carta de desfiliação, o governador faz outra grave denúncia ao grupo liderado pelo ex-governador, Ricardo Coutinho. "(...)Convivi neste período, com boicotes e sabotagens internos à gestão promovidos por alguns, que apegados às funções e salários, não tiveram a dignidade de entregar seus cargos, agindo ou não sob algum tipo de comando superior" (Idem). Ao final de seu anúncio, afirma que ainda não manteve contato com legenda alguma acerca de seu provável destino, mas que isso ocorrerá ainda este ano. E aproveita pára alfinetar. mais uma vez, o PSB local. "(...) Irei mudar de partido porque o meu atual desconfigurou-se por completo na Paraíba" (Ibidem).
Como afirmamos antes, a resposta da direção estadual do PSB foi também dura. Nela, o partido afirma que a saída de João Azevedo "é a formalização de um ato de traição" (https://paraibaonline.com.br/2019/12/a-politica-ama-a-traicao-mas-abomina-o-traidor-diz-nota-do-psb-pb/).
Aproveita também para "desculpas ao povo paraibano por tê-lo feito acreditar que o técnico, o secretário e "fiel escudeiro" do ex-governador Ricardo Coutinho, daria continuidade à gestão que transformou nosso Estado" (Idem).
Neste e em outros pontos da carta, a direção estadual do PSB/PB tece considerações elogiosas a Ricardo Coutinho e procura apresentar o atual governador como um "traidor". Conclui afirmando uma bonita frase, certamente pensada por Ricardo Coutinho: "a política ama a traição, mas abomina o traidor". Neste ponto, queremos iniciar nossas considerações acerca dessa disputa.
Pra começo de conversa, Ricardo Coutinho precisa responder à seguinte pergunta: "quem traiu quem" nesta disputa interna do PSB/PB??? João Azevedo também precisa responder a este questionamento. Se forem políticos sérios, comprometidos com a verdade, como afirmam ser, responderão. Desde já, respondo a todos/as sobre isso, sem medo de errar: nem Ricardo Coutinho nem João Azevedo darão esta resposta. Por um motivo bastante simples: ambos são TRAIDORES, não apenas de seu partido, mas do povo paraibano, especialmente.
Tanto RC quanto JA adotaram um projeto de governo que, na aparência (e por meio de uma competente e vultosa propagando institucional), iludiram (e continua iludindo) boa parte de nosso povo, quanto à sua forma de administrar. Como pode Ricardo Coutinho criticar João Azevedo porque este não deu "continuidade à gestão que transformou nosso Estado"??? Esta "transformação" seria, por exemplo, a montanha de dinheiro público desviada dos cofres estaduais para beneficiar alguns elencados na "Operação Calvário"??? Tal "transformação" seria o pagamento de baixos salários à boa parte dos servidores estaduais, a começar pela Educação??? Ou ainda, esta "transformação" estaria vinculada ao fechamento de inúmeras empresas em nosso Estado, apenas para pegar desde 2011 pra cá??? Sem falar nas alianças espúrias feitas por Ricardo Coutinho e sua "tropa de choque" para consolidar este domínio político na Paraíba, a exemplo da aliança feita em 2010 com Cássio Cunha Lima. 
Do mesmo jeito que Ricardo Coutinho merece críticas por tudo isso, o mesmo aplica-se a João Azevedo. Isto porque, como a nota do PSB local afirma, o atual governador foi, durante os 8 anos de RC no governo, seu "fiel escudeiro", defendendo e implementando a mesma política nociva ao povo paraibano, escondida através de alianças políticas esdrúxulas e oculta por meio de uma propaganda oficial bem cuidada e extremamente cara. Assim como Ricardo Coutinho, João Azevedo também é responsável por tudo isso. e mais, como seu principal cúmplice. A "Operação Calvário" que o diga........
Pra concluir este assunto, uma coisa se mostra absolutamente nítida neste caso: trata-se de mais um capítulo da infindável novela "Estelionato Eleitoral", cometida por ambos, com a conivência do PSB, seja local ou nacional. E, pelas palavras de João Azevedo e da direção estadual do PSB (leia-se Ricardo Coutinho), isto não irá acabar tão cedo. Infelizmente............

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Porquê fé e política NÃO devem andar juntos II




Resolvemos continuar a tratar deste assunto por conta deste ser muito importante e representar o mais novo ataque do governo Bolsonaro às liberdades democráticas.
Quando Bolsonaro e sua "tropa de choque" resolvem, junto com aliados de direita e extrema-direita espalhados pelo mundo, como o governo Órban na Hungria, atacar (e, consequentemente, destruir) um dos pilares mais importantes da tradição histórica desde a Revolução Francesa de 1789, tal fato dá a dimensão do que representa - e pode representar ainda mais - o governo Bolsonaro, não apenas em nosso país mas em boa parte do mundo. Isto porque tal ideia ganha aliados espalhados por nosso planeta, como EUA, Hungria, Polônia e demais países.
Como já dissertamos no texto anterior, Bolsonaro ataca o caráter laico do Estado brasileiro para querer impor, segundo palavras do embaixador Fábia Mendes Marzano, a possibilidade concreta do Estado poder ter uma religião oficial e, pior ainda, de que esse Estado possa "converter" seus habitantes à esta religião oficial. Um absurdo pensado em pleno século XXI. Mas, isso é Bolsonaro!!!
O caráter laico do Brasil está presente não apenas em sua atual Constituição, em seu artigo 5º, incisos VI e VIII, mas provém de um certo consenso existente na maioria dos países ocidentais acerca desta questão, desde a eclosão da Revolução Francesa, em 1789. Este permite que todas as pessoas, indistintamente, tenham a liberdade de possuir (ou não) religião. Mais do que isso, defende a prática da intolerância religiosa entre seus habitantes para que, assim, possamos RESPEITAR todas as crenças existentes e, desta forma, construirmos uma sociedade plural em vários aspectos, inclusive em sua religiosidade.
Isto também é defendido por nós, socialistas, há muito tempo, provavelmente no mesmo período citado anteriormente. Tal defesa baseia-se na garantia das liberdades democráticas construída pela sociedade como um todo e que tal assunto - a religiosidade de cada um ou de um povo - é uma questão pessoal, individual e que NÃO pode nem deve ser objeto de definição de seus governantes ou Estado. 
Para lembrar a alguns, Lênin - dirigente maior da Revolução Russa de 1917 - defendia que qualquer pessoa poderia tornar-se membro do partido bolchevique e que NÃO se deveria cobrar delas acerca de sua posição religiosa, pois isso, segundo o revolucionário russo, serviria para afastar tais pessoas da luta política. Infelizmente, Stálin e seus aliados NÃO seguiram esta recomendação do líder bolchevique quando chegaram ao poder na antiga URSS, chegando a destruir mesquitas para obrigar as pessoas a defenderem o ateísmo em seu território. Um ataque brutal (mais um) praticado pelo stalinismo em sua trágica história.
Portanto, é para isto que serve a laicidade do Estado em que vivemos. Para que possamos construir uma sociedade não apenas plural, mas também que as pessoas possam se RESPEITAR e fazer o mesmo com todas as crenças religiosas existentes. É natural que uma ou outra pessoa NÃO sinta simpatia por aquela determinada religião (ou por nenhuma, como os ateus e agnósticos), mas o princípio de exercitar a compreensão acerca da individualidade de cada um é extremamente salutar para todos/as.
Infelizmente, esta NÃO é a orientação traçada por Bolsonaro e aliados. É preciso, assim, construirmos mais esta defesa contra este ataque de seu governo. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Porquê fé e política NÃO devem andar juntos!!!




Bolsonaro usa de seu poder como Presidente da República para não apenas atacar os trabalhadores com suas medidas draconianas e, ao mesmo tempo, apoiar ainda mais banqueiros e grandes empresários a aumentarem seus lucros e, consequentemente, a exploração sobre nossa classe, como também se dedica, desde seu primeiro dia de governo, a estabelecer novos paradigmas comportamentais. E isso NÃO se destina apenas ao território nacional, mas começa a espalhar seus tentáculos pelo mundo afora. 
Isso revela um dado importante a ser avaliado do governo Bolsonaro. Ele (ao contrário do que alguns afirmam) representa um projeto elaborado, de cunho profundamente ideológico - apesar de Bolsonaro e cia não gostarem muito do uso desse termo -.
O site do UOL afirma, em matéria publicada no dia de hoje (28/11/19), assinada pelo colunista Jamil Chade, acerca da participação do Brasil na 2ª Conferência Internacional na Perseguição Cristã, que ocorre na Hungria, organizada pelo governo de direita de Viktor Órban. Segundo informações do colunista, participam deste evento "aliados do regime de extrema-direita de Órban: os EUA de Donald Trump, os ultraconservadores da Polônia e o Brasil de Jair Bolsonaro" (https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2019/11/28/governo-bolsonaro-cristaos-hungria-diplomacia-itamaraty.htm).
Nesta conferência internacional, há um consenso, típico de uma "nova Inquisição", que estaria sendo vivida em todo o mundo. Órban e aliados acreditam firmemente que os cristãos estão sendo perseguidos em todos os recantos do planeta e que, por isso, seria necessário formular políticas públicas para combater tal situação. Porém, a clara intenção do evento NÃO é ocultada pelo governo húngaro: trata-se de combater a imigração existente. Segundo Órban, este "alertou sobre o risco de seu país ser uma 'rota de invasão islâmica' e que tem o 'direito de defender sua cultura'" (idem). Na esteira desse pensamento, o secretário de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania, embaixador Fábio Mendes Marzano deixou claro que há uma mudança na linha de pensamento do governo brasileiro a partir de Bolsonaro e que "não se deve considerar como agressivo tratar de religião, nem em fóruns nacionais ou internacionais" (ibidem). E ainda defendeu que o Estado deva "converter" pessoas à religião melhor pensada por esse mesmo Estado. Em pleno século XXI, voltamos ao período colonial do Brasil, aonde jesuítas converteram, com uso da força da Igreja Católica da época, os indígenas que habitavam nosso território. Ou, se alguém quiser, ao período da escravidão negra em nosso país, quando o povo negro foi impedido pelos senhores de engenho e também pelo governo brasileiro a manterem sua fé vinda da África. Tal perseguição à fé do povo negro também foi incorporada aos primeiros anos da República.
Bolsonaro e seu embaixador "esquecem" que o Brasil é um país laico, definido pela Constituição de 1988. Trata-se uma cláusula pétrea, estabelecida em seu artigo 5º, incisos VI (em especial) e VIII. Mas, como todo bom capitão da reserva do Exército e fiel representante do reacionarismo e da direita ultraliberal de nosso país, desconhece completamente esta liberdade democrática prevista em nossa Constituição. Mais do que isso, pretende com seu governo atacar esta norma constitucional e incitar a intolerância religiosa em nosso país, ainda que este afirme todo o tempo que este NÃO é de seu interesse. Acredite se quiser.....
Quando o embaixador brasileiro presente à conferência afirma, com todas as letras, que " uma das principais mudanças conduzidas pelo governo Bolsonaro foi exatamente colocar a religião no processo de formulação de políticas no Brasil" (https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2019/11/28/governo-bolsonaro-cristaos-hungria-diplomacia-itamaraty.htm), isto explicita o projeto encabeçado por Bolsonaro para a sociedade brasileira. Quando tal afirmação encontra eco em alguns países, como os presentes à conferência na Hungria, isso se torna mais preocupante ainda. Tal fato demonstra que o governo Bolsonaro NÃO se destina apenas a atacar a classe com suas medidas, mas implantar um pensamento em nosso povo de que se não houver uma ligação entre Estado e religião, o Brasil será um país ingovernável. Bolsonaro tenta, com isso, derrotar a laicidade do Estado e impantar as raízes da intolerância religiosa em nossas fronteiras. E apoiar o o combate a isto, segundo o secretário de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania, embaixador Fábio Mendes Marzano. 
O discurso da perseguição ocorrida contra os cristãos é o mote para tal intenção de Bolsonaro e aliados internacionais. Além disso, o aumento da xenofobia, racismo e outras mazelas que assolam nossa sociedade tenderão a figurar como "política de Estado". Com isso, Bolsonaro manda para a lata do lixo da História a máxima do "somos todos iguais perante a lei, sem distinção de cor, raça, sexo ou quaisquer outros motivos", prevista em nossa Constituição, dos EUA e de outros países ocidentais, consequentemente.
Não à toa, começam a surgir críticas ao posicionamento do governo Bolsonaro e seus aliados acerca deste assunto. A mais veemente, neste ponto, vem do Vaticano, onde segundo o arcebispo Antoine Camilleri, vice-secretário para a Relação com Estados, afirmou que tal postura presente à conferência e externada pelo governo brasileiro seria um desserviço para o cristianismo, aprofundando a tensão na sociedade" (https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2019/11/28/governo-bolsonaro-cristaos-hungria-diplomacia-itamaraty.htm).
Portanto, construir a UNIDADE entre os/as lutadores/as e ativistas políticos é fundamental não apenas no Brasil, mas em todos os locais aonde a perseguição contra os direitos da classe trabalhadora (esta sim, bem real e perceptível) poderá ser derrotada. Pois já está muito claro que, para Bolsonaro e sua "tropa de choque", NÃO há limites para este bando quando o assunto é destruir a todos/as, de todas as formas possíveis e imagináveis.

domingo, 24 de novembro de 2019

De VIRADA é mais GOSTOSO. MENGÃO BICAMPEÃO DA LIBERTADORES!!!




Neste sábado, 23 de novembro de 2019, o Flamengo conseguiu tornar-se BICAMPEÃO da Libertadores da América, após derrotar, de virada, o então campeão da Libertadores e forte time argentino do River Plate, na final disputada em Lima, no Peru, em jogo único, uma novidade implantada pela Conmebol este ano na competição sul-americana. Após 38 anos de espera, o rubro-negro carioca reconquista o torneio mais importante da América do Sul, com um técnico estrangeiro no comando, o português Jorge Jesus. Mas, vamos aqui, rememorar algumas coisas do 1º título da Libertadores conquistado pelo Mengão, em 1981, e tentar fazer algumas comparações com o título deste ano.
Uma coisa já chama a atenção nas duas conquistas: ambas ocorreram na mesma data, 23 de novembro. De 1981 e 2019, respectivamente. Outra coisa coincidente: ambas foram fora de casa: a primeira em Montevidéu, no Uruguai, e agora em Lima, no Peru. Em 1981, eu contava com 14 anos de idade e, infelizmente, havia perdido meu pai alguns meses antes. Ele era vascaíno e não sei dizer, sinceramente, qual seria seu comportamento numa final como aquela. Porém, minha mãe era rubro-negra doente e estava conosco nesta torcida. Também, neste ano, muitas coisas aconteciam pelo mundo. Nos EUA e Reino Unido, por exemplo, Reagan e Thatcher começavam a implementar um novo modelo econômico que vigoraria por muitos anos (e de certa forma, ainda vigora em muitos países, com algumas de suas ideias principais, como a do "Estado mínimo), o neoliberalismo.  Modelo este que chegaria com força em nosso país nos anos 90, a partir do governo Collor que, se não conseguiu implantá-lo como gostaria, deu as bases para que os próximos governos assim o fizessem. FHC, durante 8 anos, foi um de seus mais fiéis seguidores, para citar apenas o mais emblemático, no campo da "direita liberal" de nosso país. Existiram outros, como o governo Lula que, apesar de não parecer, continuou implementando algumas de suas premissas impostas por FHC em seu governo. 
Ainda havia a "Guerra Fria" - ou resquícios dela - visualizada numa disputa meio que silenciosa entre as superpotências da ocasião, EUA  e URSS. Esta havia feito uma Olimpíada em Moscou no ano anterior, que até hoje é lembrada pela mistura de beleza e simplicidade de suas abertura e cerimônia de encerramento. Além de se caracterizar por um boicote a estes Jogos Olímpicos organizado por EUA e demais aliados, que se recusaram a ir por causa da invasão soviética ao Afeganistão, ocorrida em 1979. Com estes Jogos, a burocracia soviética - comanda por Brejnev - agonizava perante o povo soviético mas também de forma geral, porém ainda resistia e permanecia como um importante contraponto ao imperialismo norte-americano. Daí, a persistência da "Guerra Fria", ameaçando o planeta com uma possível 3ª Guerra Mundial.
Em 1981, vivíamos - no Brasil - uma ditadura militar que agonizava em seu regime, mas ainda persistia. Como também no Chile, país do rival do Flamengo naquela decisão, o Cobreloa. Governava com mão de ferro aquele país o general Pinochet, que havia subido ao comando através de um golpe  militar em 1973, depondo pelas armas o então presidente socialista Salvador Allende. Pinochet implantaria, como ficou provado anos mais tarde, uma ditadura militar sangrenta, que exterminou milhares de ativistas políticos e também pessoas que apenas eram oposição a seu governo. Coisa que foi "copiada" pelos generais de Brasil e Argentina, para citar os dois países mais famosos da época, que também viviam sob uma ditadura militar. Afirmamos estes dois país porque, na final de 2019, um representante do Brasil (Flamengo) e um da Argentina (River Plate) se enfrentaram pela Libertadores. Daqui a pouco, falamos mais sobre isto.
A ditadura militar brasileira começava a sofrer muitas resistências internas, com vários fatores colaborando para isso: a conquista da anistia em 1979, trazendo de volta ao país muitas pessoas que haviam sido exiladas no início da ditadura, como Brizola, Arraes, Francisco Julião, Gabeira, e tantos outros/as que foram repatriados; a formação do PT em 1980, que vinha a ser (na ocasião) um partido para lutar em prol da classe trabalhadora e que conseguia aglutinar boa parte dos principais ativistas políticos de nosso país. Anos depois, impulsionados pela construção do PT, surgem a CUT e o MST; havia um ascenso muito grande e forte dos/as trabalhadores/as brasileiros/as na luta contra sua exploração, seja pelo governo, seja pela patronal, vide as recentes greves (na época) ocorridas no ABC paulista e que motivaram, de certa forma, o surgimento das organizações políticas supracitadas; era tempo de um forte caldo cultural em nosso país, com o ressurgimento (por causa da volta dos/as anistiados/as) do teatro de contestação e de um rock nacional que, em boa parte dele, criticava o status quo vigente naqueles anos, em especial a ditadura militar e a censura imposta por ela. Inúmeras bandas de rock pipocaram pelo país, como Titãs, Legião Urbana, RPM, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Plebe Rude, Blitz, Ira e tantas outras no cenário nacional. Evidentemente, que nem tudo surgiu em 1981, mas vieram na esteira desses acontecimentos a que nos reportamos.
Após conquistar o Brasileirão de 1980, pela primeira vez, numa final extraordinária contra o forte Atlético MG, no Maracanã, o Flamengo confirma sua presença na Libertadores do ano seguinte. Tudo isso pela 1ª vez em sua história. E, como afirmamos no início, esta saga se confirma em 23 de novembro de 1981, quando o Flamengo vence (com dois gols de Zico) o Cobreloa em Montevidéu. Naquele jogo, o Flamengo foi a campo com a seguinte formação: Raul, Nei Dias, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Leandro e Zico; Tita, Nunes e Adílio. O centroavante Anselmo entrou no jogo no finalzinho apenas com uma missão: dar um soco na cara do zagueiro chileno Mário Soto, que durante os dois jogos anteriores - no Rio de Janeiro e em Santiago - havia barbarizado contra os rubro-negros em campo, especialmente no Chile, quando com um anel na mão, sangrou Adílio no supercílio e deu um murro também em Lico. Anselmo entrou, então, para "dar uma lição" no zagueiro chileno. O jogo já estava decidido a favor do Mengão, portanto se fosse expulso (como foi após o lance), Anselmo "vingaria" a nação rubro-negra espalhada pelo país. Houve uma confusão após isto, mas nada que afetasse o título MERECIDO do Flamengo naquele ano.
Agora, em 2019, há semelhanças com a conquista de 1981 (como já vimos), mas também algumas diferenças. A primeira delas é que o Flamengo habilitou-se para esta Libertadores por ter sido vice-campeão brasileiro em 2018, atrás do campeão Palmeiras. A segunda diferença é que o Flamengo, ao contrário daquele time do início dos anos '80, vinha de uma sequência de maus resultados em competições nacionais, sempre chegando atrás de grandes clubes, como em 2018, perdeu a Copa do Brasil para o Cruzeiro e, depois, o Brasileiro para o Palmeiras. Isso, apesar de ter se reforçado ao longo de um período de dois anos para alcançar resultados expressivos. Mas, não passava das conquistas do Estadual e isso incomodava a torcida e fazia a festa dos antiflamenguistas, segunda maior torcida do Brasil (perde apenas para o Flamengo). Sem falar nas sucessivas derrotas na Libertadores, sempre ficando pelo caminho. 
Uma outra mudança que se dá em 2019 é na conjuntura. No plano internacional, temos hoje uma nova "Guerra Fria", desta vez entre EUA e China, mas que se desenrola no campo comercial, numa disputa entre as duas principais potências econômicas do planeta na atualidade, mas que afetam os demais países, pobres ou ricos. Não há mais a URSS que conhecíamos há 38 anos atrás, mas há a Rússia, governada por um ex-agente da KGB, Vladimir Putin, que vez ou outra, balança os alicerces das potências mundiais. Isso se dá principalmente pela força bélica que possui a Rússia atualmente, herança do antigo regime stalinista. Nos EUA, possuímos uma "democracia burguesa" que elege um presidente - o republicano Donald Trump - com menos votos do que sua adversária de ocasião, a democrata Hillary Clinton; na China, o regime stalinista, de partido único, permanece com mais força interna, à custa de muita repressão a seu povo, enquanto impulsiona uma agenda pra lá de capitalista, no plano econômico. Apesar disso, a China é cultuada por muitos partidos de "esquerda" como "comunista", tipo PCdoB e PCB. Durma com uma zoada dessas.....
No Brasil, desde 1985 há um processo de "redemocratização" inaugurado com o fim da ditadura militar. Fatos marcantes deste período foram a Assembleia Nacional Constituinte, eleita nas urnas em 1986 (que deu uma vitória esmagadora ao PMDB naquela época, elegendo 22 governadores de 23 possíveis, ficando apenas o Estado de Sergipe fora desta lista) e que originou uma nova Constituição para o país, em outubro de 1988; após isso, ocorreram as eleições para presidente em 1989, a primeira após o fim da ditadura militar. Chegaram ao segundo turno da disputa os candidatos Collor (PRN) e Lula (PT). O primeiro era o representante da direita, especialmente aquela mais vinculada ao golpe de '64; o segundo era o representante da classe trabalhadora, sobretudo aquele setor que lutou contra a ditadura militar e impulsionou as grandes greves do ABC paulista do final da década de '70 e que serviu de exemplo para a retomada das lutas da classe em todo o país. Foi neste "caldeirão político" que o Brasil chegou em dezembro de 1989 e, para desalento de muitos (inclusive deste blogueiro), Collor venceu as eleições e passou a governar a partir de 1990. Neste ano, ocorreram as eleições estaduais, em que foram eleitos os novos governadores, deputados federais e estaduais. O peemedebista Ronaldo Cunha Lima, ex-prefeito de Campina Grande, foi eleito governador da Paraíba, derrotando seu principal adversário da época, o ex-governador Wilson Braga (PDS). Porém, com o desgaste político do PMDB, neste ano o partido elegeu apenas 7 governadores em 27 possíveis. Uma queda bastante razoável!!!
Após esta derrota eleitoral em 1989, com a candidatura Lula, o PT passou a mudar sua orientação política, com a ideia de construir alianças eleitorais cada vez mais amplas para, com isso, chegar ao governo. Os detalhes disso ficarão para outro artigo.
Importante é citar que, em 2019, o Brasil vive um novo momento político, com a ultradireita à frente da Presidência da República, através do capitão da reserva, Jair Bolsonaro (eleito pelo PSL mas atualmente sem partido). Este conseguiu, através dos anos, conquistar apoios entre os setores mais reacionários da sociedade brasileira, pegando carona na "onda da insatisfação popular" ao governo Dilma Rousseff (PT) e, contando com as graças de parte da burguesia nacional, chegou ao governo central. Uma vez lá, segue implementando uma agenda de duríssimos ataques à nossa classe, sendo bastante conivente (e compreensível) com a elite econômica de nosso país. Apesar disso, não assistimos no último período uma reação progressiva e na mesma proporção dos ataques que o governo vem fazendo ao povo, por parte da maioria das direções do movimento dos trabalhadores. Muitos preocupados em encontrar uma saída no terreno eleitoral, seja 2020 ou 2022. Infelizmente............
Neste clima conjuntural, Flamengo e River Plate se encontraram em Lima para decidirem a Libertadores 2019. Antes de falar no jogo em si, não é demais lembrar que a Argentina (assim como o Brasil) também passa por uma situação muito difícil, vivendo uma crise econômica tremenda, que fez com o que o peronista Alberto Fernández vencesse o então presidente Maurício Macri. Outra coisa a se falar do jogo: o River Plate foi o time OFICIAL da ditadura militar argentina. Alguns acusam o Flamengo de ser peça integrante da direita (ou até mesmo da extrema-direita). Não nego que haja, entre seus torcedores, perfis deste tipo. É de ficar surpreso com a aliança (inédita, até então) entre bolsominions e "revolucionários", ditos socialistas, em prol do River Plate. Mas, só não vê quem não quer a diferença (política) entre Flamengo e River Plate!!!
O Flamengo disputou a final em Lima com a seguinte formação: Diego Alves, Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí e Filipe Luís; William Arão, Gérson, Everton Ribeiro e De Arrascaeta; Gabigol e Bruno Henrique. No decorrer do jogo, especialmente  no 2º tempo da partida, quando o River Plate vencia por 1 a 0, entraram Diego no lugar de Gérson e Vitinho no lugar de Arão. Nos minutos finais da decisão, viria mais uma coincidência entre 2019 e 1981: como já disse, Zico fez os dois gols da final de 1981; agora, essa glória coube a Gabigol, que fez nos minutos finais do jogo os dois gols do Mengão e fizeram a nação rubronegra vir ao delírio em Lima e em todo o país. Além de um infarto nos corações dos antiflamenguistas.
O Flamengo torna-se, assim, BICAMPEÃO da Libertadores. Habilita-se a disputar o Mundial de Clubes não apenas este ano como também em 2021, quando este torneio terá novo formato (já definido pela FIFA com 24 clubes).
Como em 1981, agora é o Liverpool. Que venham os ingleses!!!

PS: Para quem deseja saber, meu time ideal (juntando os de 1981 e 2019) é: Diego Alves, Leandro, Rodrigo Caio, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Everton Ribeiro, Nunes e Bruno Henrique. Ou seja, 7 do grupo de 1981 e 4 do atual, ok???

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Enfim, Lula livre...... Para quê???




Em 7 de novembro deste ano, por 6 votos a 5, o STF decidiu que qualquer pessoa só poderá ser presa em definitivo, após todos os procedimentos estiverem encerrados, ou como diz a Constituição Federal desde 1988, "em trânsito e julgado". Porém, este não era o entendimento da mais alta Corte Jurídica de nosso país até então, quando havia decidido, por mais uma vez, que as pessoas podiam ser presas após serem julgadas e condenadas depois da decisão em 2ª instância. Isso afetou muitos poderosos, é verdade, mas também manteve uma grande impunidade para a imensa maioria dos pobres em nosso país - a maioria pobres e negros, vivendo na periferia de nossas cidades -, que sequer tiveram julgamento mas seguem presos nas cadeias espalhadas pelo Brasil, conforme várias estatísticas recentes demonstram. Porém, a mídia só visualiza Lula, Sérgio Cabral, Eduardo Cunha e outros "grandões" envolvidos na "LavaJato" e demais grandes escândalos de corrupção que temos assistido em tempos recentes para fazer estardalhaço sobre este assunto. Nenhuma linha, pra variar, sobre a situação da maioria pobre e negra que assolam as prisões de nosso país. Infelizmente, uma postura coerente de uma mídia a serviço de uma elite branca, rica e a serviço dos poderosos!!!
Voltando ao assunto: em 7 de novembro, o STF tomou a decisão acima descrita. Um dia após, em 8 de novembro, em Curitiba, o ex-presidente Lula (PT)  foi solto de sua prisão após 580 dias. A bandeira "Lula Livre" passava a não existir mais e conseguia, enfim, seu maior intento. A maior liderança dos petistas e de seus "satélites" estava, finalmente, solta para voltar a comandar sua legião de seguidores/as pelo país inteiro e voltar a fazer o que nunca deixou de fazer, mesmo dentro da carceragem paranaense: atuar na política partidária e nacional. Agora, com a diferença de que poderá fazer isso pelo país, como sempre fez. Mas, como??? Eis a questão!!!
Em 7 de abril de 2018, quando Lula foi preso pela PF, o país ainda estava numa fase pré-eleitoral. Cogitava-se a hipótese de que Lula poderia ser o candidato do PT nas eleições presidenciais contra Bolsonaro que, como se viu, seria o candidato eleito meses depois, pelo PSL, partido que hoje, não é mais seu. Estamos, portanto, num país que permanece polarizado de lado a lado, afundado numa crise econômica (por mais que alguns não queiram ver), cuja tendência é que isso aumente a cada dia. Porém, a pergunta que não quer calar é: o movimento dos trabalhadores se organizará, pela base, contra tudo isso ou "empurrará com a barriga" tal situação até as eleições??? E o que Lula tem a ver com isso???
Para respondermos a estas questões, vamos recorrer ao próprio Lula após sua saída da prisão em Curitiba. No dia 11 de novembro, a Folha de São Paulo publicou uma matéria aonde o petista afirma que "(Lula) tem estimulado o lançamento de candidaturas próprias nas capitais e cidades onde existe a possibilidade de segundo turno, mas sem afastar a hipótese de coligação com candidatos de oposição ao governo de Jair Bolsonaro (PSL)".https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/11/solto-lula-estimula-candidatos-proprios-mas-nao-descarta-aliados-do-centrao.shtml).
Alguns defensores de Lula podem achar razoável tal afirmação, mas vejamos o que segue quando ele faz a seguinte afirmação na mesma matéria: "(Na visão de Lula,) a costura de alianças no primeiro turno está permitida até mesmo com parte dos partidos do chamado centrão, desde que reservado espaço em seus palanques para a defesa do legado petista"(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/11/solto-lula-estimula-candidatos-proprios-mas-nao-descarta-aliados-do-centrao.shtml).
Para quem não sabe ou não se lembra ou já "esqueceu", o centrão é um bloco partidário formado no Congresso Nacional, que apóia o governo Bolsonaro (portanto, contra os trabalhadores), formado por MDB, PP, PL e Solidariedade. Quando Lula fala em "parte" destes partidos, na verdade, resgata a ideia dos "setores progressistas" que tanto ele quanto a maioria do PT defendiam antes de chegarem ao governo em 2002 como tática eleitoral. Isso prova que, seja Lula ou a maioria do PT (para não dizer o PT como um todo), não aprenderam (ou não quiseram aprender) nada com as lições que a História lhes deu durante todos esses anos.
Para fechar com "chave de ouro" esse novo ciclo de "Lula Livre", no dia seguinte à essa declaração, Lula fez a seguinte declaração, desta vez divulgada pelo "Blog da Cidadania". Nesta ocasião, o petista afirmou "que não vai encampar a defesa pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro". Lula, segundo a matéria, também "diverge da posição de caciques e parlamentares do partido que, a cada nova crise do Governo, falam em "fora Bolsonaro" (https://blogdacidadania.com.br/2019/11/lula-nao-quer-impeachment-de-bolsonaro/).
Com isto, Lula demonstra ser contrário não apenas à palavra de ordem que começa a vir  de setores organizados do povo organizado do "Fora Bolsonaro" (que revela, de certa maneira, uma insatisfação com o governo e uma disposição de luta contra o mesmo), como também contra uma luta parlamentar contra esse mesmo governo, quando se posiciona pelo NÃO ao impeachment, que é uma ferramenta tipicamente burguesa. Lula revela, com isto, que tem como estratégia contra o governo Bolsonaro a mesma que tinha contra FHC e também contra Temer. Deu certo contra o primeiro, mas contra o segundo chafurdou na lama: deseja "sangrar" o governo na sua impopularidade até as eleições para, nestas, conseguir chegar lá.
Organizar a classe contra as "reformas" feitas por Bolsonaro e chamar a classe para lutar contra elas e chamar uma greve geral e lutar também contra as privatizações já anunciadas??? NUNCA que Lula se disporá a fazer isso!!! Ele poderá fazer discursos contra isso, aqui e acolá, mas organizar a classe contra isso, é outra história. Lula NÃO fará isso, pois ele e a direção do PT defendem este projeto, pois quando estiveram no governo fizeram isso. Será que alguém aqui já esqueceu o que Lula e o PT protagonizaram no governo durante o período que por lá estiveram??? Os vários leilões de petróleo??? A criação da EBSERH??? O "bolsa banqueiro", no auge da crise econômica mundial, para salvar os bancos no Brasil??? As "reformas da previdência", feita por Lula e Dilma??? Citamos algumas das coisas feitas neste período para refrescar a memória de alguns. Tudo isso tendo gente do centrão como ministros de Lula e Dilma na Esplanada em Brasília atacando nossa classe e sendo defendida pelos "satélites" do PT em todo o Brasil e classificando àqueles/as que criticavam tais coisas como "agentes da direita". Eis o resultado em 2019.......
Enfim, Lula está livre. O PT e seus "satélites" conseguiram seu intento. Nós também defendemos sua libertação, pois sempre defendemos que Lula tenha, assim como qualquer um/a, tenha um julgamento regular e justo. 
Lula está livre, finalmente. Mas, para quê???

domingo, 17 de novembro de 2019

Bolsonaro e arte de fabricar "cortinas de fumaças"

No dia 5 de novembro deste ano, o governo Bolsonaro anunciou mais um pacote de maldades contra nossa classe, através de várias PEC's - Proposta de Emenda Constitucional - encaminhadas ao Congresso Nacional recheada de corruptos e que vem sistematicamente atacando os/as trabalhadores/as há vários anos, sem dó nem piedade, por meio de sucessivos escândalos que todos assistimos que atingem os "300 picaretas" que habitam aquele antro em Brasília (segundo a música dos Paralamas dos Sucesso), que hj são muito mais do que estes 300, se dúvida.
Entre estes ataques, expressos nas PEC's dos Fundos, da Reforma Administrativa, Tributária, da Emergência Fiscal e Mais Brasil, além de um PL que trata das Privatizações das estatais, estão contidos coisas como redução de salários e acabar com a estabilidade de servidores públicos; desvincular a política de reajuste do salário mínimo das aposentadorias e benefícios do INSS; acabar com o limite de investimentos em saúde e educação, ou seja, piorar ainda mais a situação que já está caótica nessas áreas; liberar meio trilhão de reais dos fundos públicos para entregar aos banqueiros como pagamento da dívida pública; acabar com a contribuição das empresas ao INSS e ainda baixar o valor do FGTS de 8% para apenas 2% mensais, entre outras tantas agressões que o governo Bolsonaro prepara à nossa classe.
No entanto, de todo este "pacote de maldades" que Bolsonaro-Congresso de corruptos prepara para os/as trabalhadores/as, a mídia igualmente corrupta só divulga o possível estrago que está embutida em uma destas PEC's, que é a proposta de extinção dos municípios com menos de 5 mil habitantes e com arrecadação própria inferior a 10% da receita total. Isso atingiria cerca de 1254 municípios em todo país, inclusive a cidade aonde Bolsonaro nasceu, Glicério, em São Paulo.
Mas, aonde queremos chegar com este artigo é que tal repercussão deste ponto, extremamente explorado por boa parte da mídia nacional, apesar de ser uma questão que dificilmente (pra não dizer que provavelmente não será aprovada por senadores e deputados), mostra que Bolsonaro e sua "troika" de filhos - Flávio, Carlos e Eduardo - ou, como são mais conhecidos, o 01, 02 e 03, são exímios produtores de "cortinas de fumaça", ou ainda fake news, termos mais moderno. Especialmente quando se trata de tirar o foco do assunto principal  em questão da atenção das pessoas.
Neste momento, em especial, o que é mais importante: debater os efeitos nocivos dessas PEC's apresentadas por Bolsonaro e preparar a classe trabalhadora para se organizar, pela base, e lutar contra elas ou prestar atenção e discutir um assunto completamente inócuo para a classe como a extinção de municípios? Assim tem feito Bolsonaro e sua "troika de filhos, especialmente o 02 e 03 em vários momentos da conjuntura em que vivemos, através de vários exemplos, que se formos relatar, teremos outro artigo a escrever, mas podemos relatar alguns, como por exemplo, a "novela" da nomeação de 03 a embaixador nos EUA. Enquanto alguns se preocupavam em debater aquilo, a "Reforma da Previdência" avançava no Congresso, destruindo ainda mais os direitos de nossa classe. Outro exemplo: alguns ficam gastando tintas e energias debatendo o "novo velho" partido de Bolsonaro; enquanto isso, ele segue atacando nossa classe com essas PEC's e seguindo com suas intenções nocivas aos trabalhadores lançando a MP da carteira verde amarela e agora, libera o trabalho aos domingos e feriados por meio de outra MP. Tudo isso precisa de uma resposta veemente e enérgica das centrais sindicais, dos partidos de esquerda e das demais organizações operárias deste país.
É hora de pensar mais na classe trabalhadora e menos nas eleições 2020 e 2022!!! 

sábado, 19 de outubro de 2019

PNAD Contínua do IBGE mostra desigualdade reinante na Paraíba "socialista" de Ricardo Coutinho e PSB!!!

O portal G1 PB revelou nesta semana os dados de uma amostragem feita pela PNAD Contínua 2018, feita pelo IBGE, que apresentou a todo o povo paraibano aquilo que muita gente - inclusive esse que vos fala - já sabia há muito tempo, inclusive Ricardo Coutinho, João Azevedo e toda a alta cúpula dirigente do governo do Estado da Paraíba e do PSB sabem há anos e fazem questão de esconder dos/as trabalhadores/as paraibanos/as, com o único intuito de ganhar eleições, enganando e semeando ilusões, sejam nas pessoas menos esclarecidas, sejam nas pessoas que querem ser enganadas mesmo (leiam-se militantes de partidos e organizações ditos/as de "esquerda"). Isso que a PNAD Contínua 2018 revelou nada mais foi a constatação de que a Paraíba é o 3º Estado do país com maior concentração de renda do Brasil, ou seja, o 3º mais desigual deste país-continente em que vivemos. E ainda abrem a boca pra dizer que somos governados por um partido "socialista". Que o diga a "Operação Calvário"..............
Pra quem não sabe (ainda) PNAD Contínua é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, feita (como o próprio nome indica), de forma periódica pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) que, em 2018, detectou esta realidade em nosso Estado. Vejamos o que isso representa, conforme a PNAD Contínua 2018:

1) A renda média dos paraibanos (incluindo todas as fontes de renda, como aposentadoria, pensão, arrendamento e mesada, foi de R$ 1.475, enquanto a média nacional foi de R$ 2.166. Uma diferença, pra baixo (em ralação ao nacional), de 3,8%, comparando com 2018;
2) Quando vamos para a questão de gênero, percebemos outra diferença. A PNAD Contínua constatou que as mulheres paraibanas possuem o rendimento de R$ 1.449, enquanto os homens paraibanos recebem R$ 1.643;
3) Um outro ponto verificado pela PNAD Contínua foi o programa federal Bolsa Família, muito presente na Paraíba. Percebeu-se que a Paraíba foi o 4º Estado do país com mais domicílios  beneficiados pelo programa, em 2018, com um total de 29,9% de famílias assistidas. As residências que participam do programa apresentaram uma renda mensal per capita de R$ 313, enquanto as residências sem beneficiários possuíram uma renda mensal per capita de R$ 1.208. 

Tudo isso serve para constatarmos a propaganda enganosa que vivemos na Paraíba há anos, não apenas durante o governo do PSB, mas em todos os governos que passaram pelo Palácio da Redenção. Ricardo Coutinho e, agora, João Azevedo, ambos do PSB, apenas repetem um filme que já foi encenado por Zé Maranhão (MDB), Cássio Cunha Lima (PSDB), Roberto Paulino (MDB), Ronaldo Cunha Lima (PSDB), Burity (PMDB), Wilson Braga (PDS), dentre outros que por lá estiveram. Todos representando os mesmos interesses, os dos patrões e das oligarquias, que sempre reinaram em nosso Estado. Mudam os nomes, mudam os partidos, mas não os verdadeiros DONOS da Paraíba. Enquanto isso, os/as trabalhadores/as tabajaras continuam em busca de sua real autonomia, independência, de poder ter em suas mãos os destinos da riqueza por eles produzida há séculos nestas terras!!!

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Governo Bolsonaro propõe escolas militares como padrão para Educação em todo país. Para quê???






O governo Bolsonaro anda publicando, em toda a mídia (impressa, falada e televisiva), assim como pelas redes sociais, a propaganda de um programa educacional que tem como objetivo fazer com que Estados e Municípios de todo o país adiram a este e transformem suas escolas no padrão das escolas militares, como é a intenção do MEC.
Nesta propaganda, o governo Bolsonaro promove mais uma fake news para enganar o povo brasileiro, com a informação de que tal medida (e consequente adesão de Estados e Municípios) que isso seria positivo por conta do desempenho das escolas militares no ENEM.
Assim, fizemos uma rápida pesquisa entre as melhores escolas do país para ver se tal informação corresponde à verdade. E, como já esperávamos, tudo não passa de mais um fake news. Afinal, estamos lidando com Bolsonaro e sua tropa de choque que, no MEC, atende pelo nome de Abraham Weintraub, seguido de outros bolsominions, a começar pelo divulgador-mor de fake news, Carlos Bolsonaro, não sem razão, filho de Bolsonaro.
Para comprovar o que estamos falando, primeiro publicaremos o ranking das 50 melhores escolas de todo o país, segundo o ENEM 2018, conforme divulgado pelo MEC e reproduzido pela imprensaSe alguém encontrar, neste ranking, alguma escola militar que justifique a propaganda MENTIROSA do governo Bolsonaro, seja feliz. Confiram:

Colégios / CidadeObjetivasRedação
1FARIAS Brito AplicaçãoFortaleza733,42905,12
2OBJETIVO  IntegradoSão paulo730,61865,65
3ARI DE SÁ – Major FacundoFortaleza728,36830,26
4INSTITUTO Dom BarretoTeresina723,53879,15
5 BERNOULLIBelo horizonte715,62880,00
6FIBONACCIIpatinga715,41882,25
7COLEGUIUMBelo horizonte714,97873,91
8 IPIRANGAPetrópolis714,93842,58
9Equipe IntegradoBelém714,13881,30
10SAO BENTORio de janeiro711,69887,10
11ARI DE SA  – MamedeFortaleza709,01876,67
12APLICACAO UFVViçosa708,05891,65
13SANTA MARIA GorettiTeresina707,16834,12
14VERTICE   IISão paulo706,88890,33
15SOARES ALMEIDANiterói706,88803,64
16 BERNOULLISalvador706,55892,97
17 SANTO ANTONIOBelo horizonte706,21846,76
18CEV   JOCKEYTeresina701,10890,91
19FARIAS BRITO  – CentralFortaleza700,15874,71
20 SANTA MARCELINABelo horizonte699,01912,69
21APLICACAO DA UFPERecife697,92840,78
22SEB COC  Álvares CabralRibeirão preto697,61867,64
23 ANGLO –  IIDourados697,46911,43
24 SANTO AGOSTINHOBelo horizonte696,90863,43
25ANTARESFortaleza695,47846,32
26MOBILESão paulo694,49874,44
27 SANTO AGOSTINHONova lima693,88826,28
28 SANTO AGOSTINHORio de janeiro693,77861,19
29ETAPAValinhos693,75772,57
30SAGRADO Coração de JesusTeresina693,56883,22
31 CIENCIAS APLICADASNatal693,10870,75
32 WRGoiânia693,03863,30
33 ELITECOLCampinas692,98802,22
34ETAPA IIISão paulo692,90780,77
35 MAGNUM Nova FlorestaBelo horizonte692,69841,18
36CHRISTUSFortaleza692,55829,18
37GAYLUSSACNiterói692,12905,54
38LICEU JARDIMSanto andré691,80856,83
39 HELYOSFeira de santana691,39867,39
40OBJETIVO – Mogi das CruzesMogi das cruzes690,91867,54
41OLIMPOBrasília690,16813,33
42 ACESSOFeira de santana690,05892,57
43LEONARDO DA VINCIVitória689,98886,38
44PODIONBrasília689,96840,85
45VITAL BRAZILSão paulo689,93860,27
46 SANTO AGOSTINHO –Rio de janeiro688,95861,62
47LEONARDO DA VINCICarapicuíba688,60825,19
48AGOSTINIANO MENDELSão paulo687,96785,17
49 COGNITIVORecife687,35821,09
50 CRUZEIRO – JacarepaguáRio de janeiro687,07900,44