Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

Reunião do Soviet de Petrogrado em 1917

A Revolução Russa: expressão mais avançada de uma onda revolucionária mundial.

Diretas Já

Luta por dias melhores

domingo, 25 de setembro de 2022

Dialogando com o senso comum ou quando vale qualquer coisa pra justificar o "voto útil"

"A democracia é uma forma de governo em que a cada quatro anos se troca de tirano".

Lenin


O site "Esquerda Online" publicou, neste dia 24/09, um artigo dos coordenadores gerais do SINASEFE, Artemis Martins e David Lobão, de nome "Um papo reto", onde defendem a necessidade de derrotar Bolsonaro (PL) ainda no primeiro turno desta eleição com o consequente voto em Lula (PT) como sendo isso uma "urgência fundamental necessária" (trecho retirado do próprio artigo). Mas, antes disso, gostaríamos de fazer algumas referências ao texto em si e a outras questões que também dizem respeito ao mesmo.

Primeiro, é um texto confuso em alguns aspectos. Inicialmente, Artemis e David afirmam que há "uma polémica importante entre organizações revolucionárias no Brasil" e que estas "consideram que as jornadas de junho de 2013 continuam em aberto, que vivemos em cima de um barril de pólvora, e por isso, estamos diante de uma situação pré-revolucionária prestes a explodir". Ao mesmo tempo, segundo os coordenadores do SINASEFE, "outras sustentam que vivemos uma situação reacionária, consequências do golpe jurídico-parlamentar-midiático aplicado contra a presidenta Dilma" (https://esquerdaonline.com.br/2022/09/24/um-papo-reto/). Mais na frente, começam as confusões - pra não afirmar CONTRADIÇÕES - expressadas pelos autores/defensores do "voto útil" na chapa Lula-Alckmin como "uma urgência fundamental e necessária" para derrotar Bolsonaro.

Antes de irmos às confusões/contradições dos autores, uma pausa importante: defendemos como "urgência fundamental e necessária" a derrota de Bolsonaro nestas eleições e do bolsonarismo no período posterior a estas eleições, mas NÃO apoiando e votando em uma saída burguesa colocada nos marcos da chapa Lula-Alckmin. 

Dito isso, partamos para nossa análise acerca do artigo dos coordenadores do SINASEFE.

No 4º parágrafo do texto, afirma-se que "a classe trabalhadora, mesmo fragilizada e sofrida, não sofreu uma derrota histórica - o que a colocaria em um lugar de resignação e ressentimento" (idem). Assim, vem a pergunta: se estamos vivendo uma situação reacionária (como defendem os autores), como a classe trabalhadora NÃO sofreu uma derrota histórica neste período???

No 5º parágrafo, Artemis e David utilizam um argumento muito usado pelas organizações reformistas para justificar o apoio a Lula como se este fosse das "organizações revolucionárias": o de que estas eleições são as "eleições das nossas vidas", justificando assim toda a política prioritária que organizações como PT, PSOL, PCdoB e seus satélites* possuem nas eleições burguesas em vez da ação direta da classe.

Queremos chamar atenção a um fator importante citado por Artemis e David ao longo do texto para justificar o "voto útil" destes e do SINASEFE em Lula-Alckmin nestas eleições: o uso do "rigor metodológico" nas "análises sérias" da realidade que todo marxista deve ter para fazer tal procedimento. 

Dito isso, partamos para o número de greves ocorridas no Brasil nos últimos anos, segundo dados do DIEESE, para verificarmos se estamos ou não vivendo uma situação reacionária. Não se pode dizer que este não é um dado importante da realidade brasileira para fazer uma "análise séria" baseada num "rigor metodológico" e sem estar amparados "exclusivamente nas convicções da vanguarda, mas sobre um diagnóstico objetivo e coerente da situação" (idem).

De acordo com o "Balanço da Greves do DIESSE", em 2018 (ano da eleição de Bolsonaro), ocorreram 1453 movimentos paredistas organizados pela classe trabalhadora em todo o país, com 69.233 horas paradas; em 2019, ano do 1º mandato de Bolsonaro no governo e da aprovação da "Reforma da Previdência", ocorreram 1118 movimentos paredistas organizados pela classe trabalhadora em todo o país (cerca de 30% a menos que o ano anterior), com 44.650 horas paradas (cerca de 55% a menos que no ano anterior); em 2020, houve uma queda significativa nestes números: ocorreram 649 movimentos paredistas organizados pela classe trabalhadora em todo o país, com 19.486 horas paradas. Evidente que o surgimento da pandemia do coronavírus neste período teve uma influência determinante neste aspecto; em 2021, apesar da pandemia, houve um aumento: ocorreram 721 movimentos paredistas organizados pela classe trabalhadora em todo o país (cerca de 11%), com 32.534 horas paradas (cerca de 67%).

Ou seja, os dados do DIEESE, no seu "balanço de greves", aponta que estamos longe de vivermos uma "situação reacionária", de "derrota histórica da classe trabalhadora", como querem fazer crer não apenas Artemis e David, mas toda a esquerda reformista que existe no Brasil, liderada por PT, PSOL e PCdoB e seus satélites. Pode-se questionar se estamos vivendo a "situação pré-revolucionária", mas afirmar com toda a veemência que passamos por uma "situação de derrota histórica da classe" é, por um lado, construir uma narrativa extremamente pessimista e, por outro lado, semear ilusões na classe para elaborar (como estão elaborando há décadas), uma política reformista e submissa aos capitais nacional e internacional em nosso país.

Por fim, queremos dizer uma coisa importante. Se fôssemos adotar o discurso de que estamos vivendo uma "situação reacionária" em nosso país, então esta já estaria sendo vivenciada por todos nós há muito tempo. Segundo o "Balanço da Greves do DIESSE", em 2004 (segundo ano do governo Lula), ocorreram 302 movimentos paredistas organizados pela classe trabalhadora em todo o país (não há registro de horas paradas naquela ocasião); ainda segundo este estudo do DIEESE, em 2010 (último ano do governo Lula), ocorreram 446 movimentos paredistas organizados pela classe trabalhadora em todo o país (também não há registro de horas paradas naquela ocasião). Destes dados, vem a pergunta: Artemis e David consideram que a classe trabalhadora brasileira vivia em "situação reacionária" durante o governo Lula??? A classe trabalhadora de nosso país estava sofrendo uma "derrota histórica" neste período, para os coordenadores do SINASEFE???  Um detalhe importante sobre este estudo do DIEESE: as greves aqui relatadas são dos setores público e privado!!!

Com tudo isso, podemos chegar à conclusão que: 1) afirmar que estamos vivendo uma "situação reacionária" e de "derrota histórica da classe trabalhadora" é uma afirmativa dos autores deste texto e das lideranças da esquerda reformista de nosso país, questionada diretamente pelos dados apresentados pelo DIEESE, como revelamos agora; 2) votar em Lula como "urgência necessária é fundamental" para derrotar Bolsonaro é uma consequência política destas afirmações construídas pelas esquerda reformista de nosso país; 3) o "voto útil" nestas e em outras eleições serve para desviar a classe trabalhadora da real tarefa desta, que é destruir a sociedade capitalista e seus verdadeiros representantes, através da ação direta da classe, e não pela via eleitoral, que já mostrou, mais de uma vez, que NÃO resolve os graves problemas enfrentados no cotidiano da classe!!!


*quando usamos a expressão "satélites", estamos nos referindo às organizações que estão em torno do PT, PSOL e PCdoB, como CUT, CTB, UNE, UBES, MST, MTST, dentre outras!!!


POR UMA ALTERNATIVA SOCIALISTA E REVOLUCIONÁRIA!!!

VERA LÚCIA/RAQUEL TREMEMBÉ

PSTU 16






 

domingo, 18 de setembro de 2022

"Votar útil para derrotar o inútil". Mas, quem é o "INÚTIL"???




Neste domingo, 18 de setembro de 2022, estamos a dois domingos daquela que é considerada pela Justiça Eleitoral e também pela burguesia brasileira, da "festa da democracia". Ou, como andam dizendo os lulo-petistas e seus satélites* (ou seriam melhor chamá-los de "lulo-alckmistas"???) de "as eleições mais importantes de nossas vidas". De todo modo, em 02 de outubro, exatos 156.454.011 de brasileiros e brasileiras dos quatro cantos deste país, segundo dados do TSE, estarão aptos/as a irem às urnas neste dia para escolherem entre 11 candidatos e candidatas a Presidente da República. Homens, mulheres, negros, negras, indígenas, quilombolas, heteros/as, LGBTs, deficientes ou pessoas com mobilidade reduzida, idosos/as, trabalhadores/as da cidade e do campo, desempregados/as, todos e todas poderão decidir qual será, como diria o líder bolchevique Lenin, seu próximo tirano nos próximos quatro anos. Pois é isso que representa a "democracia" na qual vivemos. Um regime feito pelos que estão em cima, governando e ditando as regras para continuarem governando e explorando e oprimindo a classe trabalhadora, contando para isso com a grata colaboração da esquerda reformista e stalinista, como PT, PSOL, PCdoB e satélites espalhados pelo movimento dos trabalhadores.

Neste sentido, tem ganho expressão, especialmente dentro dos setores do movimento dos trabalhadores a pressão vinda daqueles e daquelas que apóiam a candidatura Lula/Alckmin - ainda que de forma envergonhada, muitos/as não falam no recém-convertido "socialista" Alckmin, o famoso ladrão de merendas das crianças nas escolas paulistas e líder da desocupação de centenas de famílias no Pinheirinho, em São José dos Campos -, que afirmam reiteradamente que é preciso votar em Lula no 1º turno para derrotar Bolsonaro, pois isso representa, segundo esta campanha, "votar útil para derrotar o inútil". Um dos problemas desta linha de raciocínio é que esta também serve a Bolsonaro e seus apoiadores, talquei???

Segundo esta campanha e este raciocínio, votar em candidatos como Ciro Gomes (PDT) e em Simone Tebet (MDB) podem levar Bolsonaro a um eventual 2º turno e, assim, forçar a realização deste novo "round eleitoral" entre o petista e o atual presidente no próximo 30 de outubro do corrente ano. Daí, decorrem duas perguntas: 1) onde fica a defesa histórica das eleições em dois turnos, aonde seria importante a ocorrência desta para que se desse a oportunidade dos vários projetos políticos poderem se expressar ao povo???; e 2) qual o medo de um eventual 2º turno??? 

Porém, a crítica mais importante a esta campanha feita pelos lulo-petistas - ou lulo-alckmistas - e seus satélites é quanto à caracterização do quem a ser o "inútil". Se classificarmos como "inútil" sendo Bolsonaro, temos acordo em parte. Porque, Bolsonaro cumpriu até agora um papel importante para um setor da burguesia deste país, como o agronegócio e parte da elite nacional e internacional que continua ganhando muito dinheiro às custas da rapina do patrimônio nacional e da ampliação do desmatamento ocorrido no país ao longo destes anos, com a "passada da boiada", adotada por este governo, sem falar na aprovação da "Reforma da Previdência" feita por este governo, seguida nos Estados por governos que se dizem "oposição" a Bolsonaro, mas que também atacaram duramente os servidores púbicos de seus Estados, como foi o caso da Paraíba, como o governador João Azevedo (PSB), que também aprovou a "Reforma da Previdência" em terras tabajaras. Assim, Bolsonaro não é tão "inútil" assim, pelo menos para um setor da burguesia nacional e internacional.

Mas, "inútil" para nós é o regime capitalista e a democracia burguesa que atualmente vivemos, que se reveste na consigna "Estado Democrático de Direito", cantado em verso e prosa, seja por setores do empresariado, seja por políticos que representam os interesses desse grupo, seja por setores reformistas ligados ao movimento dos trabalhadores, como PT, PSOL, PCdoB e seus satélites. E este "inútil", na nossa avaliação, deve ser destruído e, em seu lugar, deve ser construído uma nova sociedade, com uma nova orientação, dada pela classe trabalhadora, através dos Conselhos Populares formado pela classe organizada em seus locais de trabalho, de moradia, de estudos. Evidentemente, não acreditamos que isso se dará através de um processo eleitoral comandado pela burguesia, com suas regras antidemocráticas, que excluem da participação do processo eleitoral a única candidatura negra, operária e socialista desta eleição, representada pela companheira Vera Lúcia, do PSTU e do Polo Socialista Revolucionário, e que está acompanhada nesta eleição da companheira Raquel Tremembé, mulher indígena, lutadora das causas dos nossos povos originários e que, assim como Vera, também é alijada deste processo "democrático" das eleições deste ano, determinado na prática pelas regras dos meios de comunicação que, apesar de serem concessões públicas, numa hora dessas escolhem quem a classe trabalhadora deve ou não conhecer - e, consequentemente, apoiar para votar em 02/10 -. Portanto, participar das eleições deve ter como objetivo denunciar este regime explorador e opressor sobre nossa classe e, ao mesmo tempo, buscar colocar (na medida do possível) nossas propostas de superação desta realidade, assim como começar a preparar a classe trabalhadora para os tempos que virão, pois, independente de quem ganhe nestas eleições, a "paulada no lombo" sobre a classe virá e não será qualquer paulada. Deveremos estar preparados/as para os tempos difíceis que virão para resistirmos e, sobretudo, LUTARMOS na defesa dos nossos direitos!!!


*Quando citamos satélites ao longo do texto, logo após de falarmos no PT e em outros partidos, queremos nos referir a organizações do movimento dos trabalhadores que sempre estão "coladas" a este, como CUT, MST, MTST, UNE, dentre outras!!!


POR UMA ALTERNATIVA SOCIALISTA E REVOLUCIONÁRIA!!!

VERA LÚCIA/RAQUEL TREMEMBÉ

PSTU 16