Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

sábado, 12 de março de 2011

60 dias de governo e duas demissões




O que vou escrever nas linhas seguintes com certeza não será do agrado dos assessores diretos do governador Ricardo Coutinho nem do próprio. Mas também não é essa a intenção do artigo nem do blog. Para isso (agradar ao governador), já existe uma vasta rede de comunicação para cumprir este papel.
Imaginemos o governo Dilma Rousseff, com 60 dias de mandato, tendo neste curtíssimo período sofrido duas baixas em seu ministério, e justamente em duas das pastas mais importantes de sua equipe de governo: Saúde e Educação. E, para piorar a situação do governo, a justificativa usada pelos dois ministros demissionários é a mesma: "problemas de saúde". Neste caso, residem duas perguntas: alguém duvida que a imprensa nacional e, até mesmo internacional, já daria a este fato a conotação de um princípio de crise no governo Dilma? E, além disso, alguém em sã consciência, acreditaria nas versões apresentadas pelos ministros para suas demissões?
Pois bem. O exemplo utilizado para a questão nacional pode perfeitamente ser utilizado para a situação estadual que vivenciamos a partir da quarta-feira de cinzas, quando os paraibanos foram pegos de surpresa  com o pedido de demissão do então secretário de Saúde do Estado, Mário Toscano. Na nota entregue ao governador Ricardo Coutinho e divulgada pela imprensa, o principal argumento do secretário demissionário foi o mesmo usado pelo ex-secretário da Educação, Fernando Abath, que pediu demissão no final de janeiro: "problemas de saúde". 
É evidente que estes dois episódios não são isolados um do outro e também revelam um princípio de crise do/no governo Ricardo Coutinho. Não é comum nem normal que dois secretários de duas pastas estratégicas como Saúde e Educação - que, aliada à Segurança, Comunicação, Finanças e Ação Social completam o quadro das principais secretarias de Estado, na nossa avaliação - deixem (por iniciativa própria) de pertencer ao governo, ainda mais pelo motivo que foi colocado. Também é evidente que o governo não vai explicar - como até agora não explicou - os reais motivos dos dois afastamentos. Os setores governistas da imprensa tentam abafar o episódio, tentando colocar para a opinião pública que não há crise no governo e que o governo e o governador continuam do mesmo jeito, trabalhando normalmente. Mas não é possível haver normalidade num governo que perde dois secretários em 60 dias por "problemas de saúde". Alguns desses setores chegaram a afirmar que a saída dos dois deveu-se ao fato destes não terem se adaptado ao estilo "locomotiva" de Ricardo Coutinho de trabalhar. Porém, se considerássemos isto como correto, caberia a seguinte pergunta: porquê então o governador "socialista" e incansável não aplica o mesmo critério que teria sido colocado a Abath e Toscano para os secretários Efraim Morais e Ricardo Barbosa, respectivamente, da Infraestrutura e Executivo do PAC? Afinal de contas, em 60 dias de governo, esses dois senhores ainda não disseram a que vieram. 
Ao mesmo tempo em que afirmamos que as demissões de Fernando Abath e Mário Toscano representam um sintoma de crise do/no governo  Ricardo Coutinho, também é preciso colocar que este governo possui muitas margens de manobra para contornar este princípio de crise. Afinal, ainda possui grande apoio popular e ampla maioria na Assembleia Legislativa. Sem falar no poder da caneta. Vale lembrar que foi esse poder que fez RC acabar com a greve da Polícia Civil antes de iniciar.

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