Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

Reunião do Soviet de Petrogrado em 1917

A Revolução Russa: expressão mais avançada de uma onda revolucionária mundial.

Diretas Já

Luta por dias melhores

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

A luta dos motoristas de ônibus e a relação com a vida do povo trabalhador em João Pessoa



Nesta segunda-feira, 25 de janeiro de 2021, ocorreram dois fatos nas duas principais cidades da Paraíba, João Pessoa e Campina Grande, envolvendo a categoria dos rodoviários, particularmente os motoristas de ônibus.

Em João Pessoa, esta categoria, organizada pela Junta Governativa que dirige atualmente o Sindicato dos Motoristas da Paraíba, majoritariamente composta pela Chapa 2, realizou uma paralisação na Lagoa que durou cerca de 2 horas. Nesta atividade, os trabalhadores reivindicavam vários pontos específicos do setor que vem sendo sistematicamente desrespeitados pelos empresários de transporte coletivo há muito tempo, como o exercício da dupla função nos ônibus da capital, as "duas pegadas" nos ônibus (levando trabalhadores à exaustão), reduzindo o valor dos tickets-alimentação da categoria e, em plena pandemia, demitindo trabalhadores mesmo recebendo verbas públicas dos governos federal, estadual e municipal. Além disso, os motoristas de ônibus fizeram a paralisação para protestar contra a possibilidade de mais um reajuste das passagens de ônibus, que vem sendo estudada pela SEMOB, a pedido dos empresários do setor, via SINTUR (https://mauriliojunior.maispb.com.br/2021/01/08/sintur-pede-aumento-na-passagem-de-onibus-em-joao-pessoa/#new_tab&_ga=2.49343394.522438575.1611605975-1981953311.1608553755). Na paralisação desta segunda-feira, o representante do SINTUR afirmou, em entrevista a uma emissora local de TV que não havia essa possibilidade de novo reajuste de passagens. Me engana que eu gosto...........

Em vários portais de imprensa, a paralisação dos motoristas se mostrou vitoriosa. A um desses portais, o presidente da Junta Governativa do Sindicato dos Motoristas da Paraíba, Claudemir, Nascimento, afirmou: "queremos chamar a atenção para nossa situação, que está precária, tanto do motorista, como a do cobrador. Também para para a passagem de ônibus já que não concordamos o que estão fazendo contra o trabalhador e o pai de família", concluiu (https://www.maispb.com.br/508987/motoristas-de-onibus-paralisam-atividades-contra-reajuste-de-passagens.html).

A paralisação organizada pela categoria feita nesta segunda-feira deu o recado aos empresários e SEMOB. Os trabalhadores estão descontentes (e muito) com a atual situação que enfrentam e não estão dispostos a continuar desta maneira.

Também na segunda-feira, 25 de janeiro do corrente ano, em Campina Grande, veio uma outra noticia, desta vez vinda dos empresários de ônibus. Segundo noticia do Portal Correio, os empresários de ônibus da 2ª maior cidade da Paraíba afirmam que o setor está falido e que, em reunião feita com o prefeito Bruno Cunha Lima (PSD) na última sexta-feira, 22 de janeiro, "não houve conclusão sobre o que pode ser feito para reverter o problema". Ainda segundo as empresas, estas enfrentam dificuldades desde 2019 e o quadro agravou-se com a pandemia. "Com a pandemia e as alterações na rotina de uso do transporte público, as dificuldades teriam se agravado", afirmam os empresários do setor em Campina Grande (https://portalcorreio.com.br/sistema-de-onibus-de-campina-grande-esta-falido-dizem-empresarios/).

Evidentemente, a Prefeitura de Campina Grande e seu novo prefeito, Bruno Cunha Lima (PSD), afirmam não saber como lidar com esta situação. No máximo, diz que "não podemos deixar a sociedade sem o serviço, nem deixar as empresas fecharem as portas". Isso, após ouvir os empresários do setor. Concordamos que não é possível que a Prefeitura de Campina Grande permita o fechamento dessas empresas, causando assim o desemprego de centenas de trabalhadores. Assim, como forma de evitar isso, o prefeito Bruno Cunha Lima poderia pegar as linhas de ônibus da "Rainha da Serra da Borborema" e, como todas são de propriedade da Prefeitura Municipal de Campina Grande, sendo uma concessão desta às empresas de ônibus da cidade, pegar todas para o município e, já que estas estão em sistema de falência (conforme declaração dos próprios empresários campinenses), formar uma EMTC - Empresa Municipal de Transporte Coletivo - e, ao lado disso, formar um Conselho Popular constituído de trabalhadores do setor + usuários do sistema, que seriam responsáveis pela administração da nova empresa pública.

Com a palavra, o novo prefeito Bruno Cunha Lima, do PSD!!!

Com a palavra, os/as vereadores/as de Campina Grande!!!

Com a palavra, a vereadora Jô Oliveira, do PCdoB!!!

Com a palavra, os/as lutadores/as de Campina Grande!!!

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

A "esquerda oficial" e os ziguezagues da sua política de colaboração de classes!!!





A "esquerda oficial" em nosso país vem, de muito tempo, praticando uma política que chamamos de colaboração de classes. Tal prática política se caracteriza, em poucas palavras, por possuir uma linha de "enfrentamento" com o capital em alguns momentos da conjuntura, colocando a classe trabalhadora em movimento contra os patrões, mas sempre colocando o regime político dominante em pé, sem correr riscos de cair perante uma insurreição ou mesmo uma revolução proletária, em aliança permanente com setores "progressistas" da burguesia. A "esquerda oficial" em nosso país, ao longo de nossa História, possuiu vários protagonistas, individuais e coletivos, mas desde o final da década de 1970 do século passado, a classe trabalhadora brasileira construiu uma ferramenta que protagonizou até a presente data as principais lutas em nosso país: o PT, capitaneado pela principal liderança operária construída pelas lutas operárias do ABC paulista na época, Lula.

Desde o impeachment de Dilma, ocorrido em 2016, que a "esquerda oficial", capitaneada pelo PT, seguida por seus "satélites", dentro e fora do Congresso Nacional, espalhados nos movimentos sociais pelo país, criou a narrativa do "golpe" que havia sido aplicado na presidente e no partido naquela ocasião. A partir daquele momento, todos que haviam sido a favor do "golpe" foram tachados como "golpistas" e passaram a ser perseguidos desta forma. Isso não impediu, no entanto, de serem formadas alianças entre os partidos da "esquerda oficial" e os "golpistas" nas eleições gerais de 2018.

Assim, enquanto PT, PCdoB, PDT, PSOL, PCB, REDE se colocavam contrários à candidatura de Bolsonaro na eleição para Presidente, em alguns locais, estas legendas "esqueciam" o discurso do "golpismo" e faziam alianças eleitoreiras de todo tipo. Por exemplo, o "revolucionário" Flávio Dino, do PCdoB, se reelegeu governador do Maranhão numa aliança que teve como vice um filiado do PRB e esteve aliado também com partidos como DEM, PDT, PTB, PT, PATRIOTA, PSB, SOLIDARIEDADE, PP, dentre outros. Uma verdadeira "colcha de retalhos", para dizer o mínimo. Na Paraíba, situação semelhante: PSB, PT, PCdoB, PDT, REDE se uniram com DEM, PTB, PROS, dentre outros para formar um grande "chapão" e vencer a eleição estadual em 2018. E assim ocorreram em vários Estados.

A política de colaboração de classes implementada pela "esquerda oficial" não cessou com a ascensão de Bolsonaro ao Planalto. Pelo contrário, o discurso do "golpe" contra Dilma e o PT em 2016 intensificou-se após a prisão de Lula e ampliou-se também aquilo que chamamos de APP (Amnésia Política Proposital), instrumento bastante utilizado por setores da "esquerda oficial" para justificar sua prática política de ziguezagues constantes ao longo da conjuntura que vivemos.

Isto tem se intensificado ultimamente. Nas recentes eleições municipais 2020, a prática de alianças com os "golpistas" repetiu-se, seja por PT, PCdoB, PSOL. Todos estes partidos, em todo o país, em vários municípios, aliaram-se com partidos de direita, que apoiam o governo Bolsonaro e que possuem uma agenda totalmente contrária aos interesses dos trabalhadores, não possuindo portanto nenhum sinal de igualdade com nossa classe.

Agora, estamos perto das eleições das Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. São eleições de extrema importância na cena política nacional, especialmente para o governo Bolsonaro, em se tratando de um ano pré-eleitoral como é 2021. Daí, sua importância.

Estas eleições, aparentemente simples, do ponto de vista da sua configuração (e, portanto, do seu voto), vêm mostrando os ziguezagues da política de colaboração de classes da "esquerda oficial" de nosso país e dos partidos que a compõem que estão presentes no Congresso Nacional: PT, PCdoB, PSB, PDT, PSOL, REDE.

De todos os partidos acima citados, PCdoB, PSB, PDT e REDE têm demonstrado, até agora, uma postura firme (e equivocada) na eleição da Câmara dos Deputados: todos apoiam o candidato do MDB, Baleia Rossi, ungido ao posto pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM/RJ), tido como o candidato da "oposição" a Bolsonaro. Quanto à eleição para o Senado, não possuímos informações a respeito.

Já PT e PSOL possuem posições distintas. O PT já decidiu apoiar Baleia Rossi para presidente da Câmara dos Deputados e assinou uma nota de apoio a este, junto com os demais partidos (exceto o PSOL), aonde se afirma que o motivo de apoiar Rossi é, entre outras coisas, "combater, dentro de fora do Parlamento, as políticas antidemocráticas, neoliberais, de desmonte do Estado e da economia brasileira". Porém, no Senado, o PT soltou uma nota da Liderança do Partido defendendo o voto e o apoio ao senador Rodrigo Pacheco (DEM/MG) à Presidente da Casa, que é o candidato de Bolsonaro. E fez isso, segundo a nota, para enfrentar a "agenda de retrocessos da extrema-direita". Eis um dos ziguezagues da política de colaboração de classes da "esquerda oficial"!!!

O PSOL, por incrível que pareça, está dividido ao meio, no processo da eleição da Câmara dos Deputados. Metade da bancada do partido na Câmara defende candidatura própria, outra metade defende que o partido entre no "bloco da oposição" e apoie Baleia Rossi (MDB/SP). A líder do partido, Sâmia Bomfim, defende que o PSOL apoie Rossi "com exigências claras, como a aprovação de uma renda básica, não pautar nenhum retrocesso na ‘agenda de costumes’, não pautar privatizações nem autonomia do BC” (https://www.cartacapital.com.br/cartaexpressa/samia-bomfim-defende-apoio-a-baleia-rossi/). A líder do PSOL quer enganar a quem com essas "exigências" ao candidato do MDB??? Além disso, Sâmia Bomfim afirmou que não seria bom para o PSOL ser visto como o partido que "não atuou ativamente para derrotar Lira". Mais um ziguezague da política de colaboração de classe de um partido da "esquerda oficial" de nosso país.

Tudo isso revela quão vacilante é a política desenvolvida pelos partidos da "esquerda oficial", em especial por seu protagonista, o PT. Seus "satélites" em questão também se mostram partidos altamente prejudiciais a uma luta consequente da classe trabalhadora em nosso país, por se mostrarem inconsequentes com seus ziguezagues constantes na cena política nacional, ao se colocarem na "sombra" do PT, por um lado, e na da burguesia, por outra. Enquanto isso, os trabalhadores são um detalhe...........





segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Luciene de Fofinho e o polêmico cartaz nas unidades de saúde de Bayeux





A prefeita de Bayeux, Luciene de Fofinho (PDT), nem bem assumiu em 1º de janeiro deste ano e já está causando polêmica dentro e fora da cidade, com uma atitude que merece um bom debate acerca da atitude tomada por ela. 

Em seu 1º dia de mandato, a prefeita Luciene de Fofinho afixou no Hospital Materno Infantil e na UPA de Bayeux um cartaz com os seguintes dizeres: "Você que é Funcionário do Hospital pago com recurso Público, trate bem as pessoas, se não for para atender bem o paciente, não venha trabalhar ou peça exoneração, ninguém procura o Hospital para passear, com certeza tem alguma necessidade." Em seguida, assina com seu nome, Luciene Gomes, Prefeita de Bayeux, e coloca uma observação: "Me ligue ou mande mensagem em caso de qualquer reclamação, você que é usuário, tomarei as providências na hora!". O comunicado é concluído com a disposição de um telefone de um serviço chamado "Alô Prefeita" para que toda a população insatisfeita possa fazer suas reclamações diretamente à Chefe do Poder Executivo Municipal.

Antes de abordarmos as reclamações de alguns órgãos classistas sobre este aviso colocado pela prefeita de Bayeux e também nossas impressões sobre este, gostaríamos antes de tecermos alguns comentários sobre o que, em nossa avaliação, levou Luciene de Fofinho a tomar tal atitude.

Relembremos que Luciene de Fofinho assume a Prefeitura de Bayeux com, pelo menos, 6 AIJEs (Ações de Investigação Judicial Eleitoral) sobre seus ombros, três destas ajuizadas pelo MPE (Ministério Público Eleitoral) e outras três por coligações adversárias na última eleição. As acusações vão desde uso indevido de recursos para o combate à Covid-19 em Bayeux até o inchaço na folha de pagamentos durante a campanha eleitoral (https://parlamentopb.com.br/justica-eleitoral-marca-audiencias-em-acoes-que-pedem-cassacao-de-luciene-de-fofinho/). Cabe destacar que as referidas audiências foram remarcadas para o início de fevereiro, a pedido da defesa de Luciene de Fofinho.

Este é ou não um bom motivo para a prefeita de Bayeux, Luciene de Fofinho, iniciar seu mandato colocando um aviso deste tipo nas principais unidades de saúde da cidade para, com isso, buscar encobrir tais notícias negativas     que envolvem sua figura, especialmente no início de seu governo??? Outra coisa não menos importante: Luciene se aproveita de uma insatisfação latente do povo de Bayeux, especialmente os mais necessitados, que buscam os serviços de saúde da cidade e que normalmente encontram tal serviço sucateado há anos e, com este aviso, procurar jogar o povo contra os servidores de saúde que, assim como o povo, são tão prejudicados quanto este. Pois o serviço de saúde de Bayeux sofre há anos com a falta de atenção da Prefeitura local em vários aspectos, como a falta de EPI's para que seus servidores possam trabalhar minimamente (será que já esqueceram da falta de luvas para dentistas trabalharem em seus gabinetes odontológicos nos PSF's???); a falta de medicamentos básicos nas farmácias dos diversos PSF's espalhados pela cidade para poder remediar o sofrimento do povo bayeuxense, quando este procura o serviço ambulatorial, como uma simples dipirona (esqueceram disso também???); a falta de receituário médico em alguns PSF's para que médicos possam efetuar suas receitas para os pacientes que os procuram nas unidades de saúde; sem falar que, em algumas ocasiões, tanto o CRM quanto o CRO vieram a Bayeux e interditaram algumas unidades de saúde (em diferentes governos municipais) por conta da total falta de condições de trabalho nestas unidades (será que Luciene de Fofinho, vereadores/as e apoiadores da gestão já esqueceram disso???) Observem todos/as que abordamos apenas questões referentes a condições de trabalho, não citamos questões salariais, que também são importantes, pois afinal de contas, é inconcebível que, em Bayeux, profissionais efetivos ganhem menos do que profissionais prestadores de serviço, mesmo sendo da mesma função. E isso já  acontece há muitos anos, basta constatar no Sagresonline do TCE/PB!!!

Atender bem o usuário do serviço público é obrigação do servidor público, seja ele da Saúde, da Educação, da Segurança, da Infraestrutura, da Administração, das Finanças, da Chefia de Gabinete ou de qualquer outra área ligada à Prefeitura Municipal de Bayeux. Assim, não há a necessidade da prefeita Luciene de Fofinho vir a público pregar um cartaz como fez. Basta exigir que os diretores das unidades públicas, de qualquer setor, faça o que tem de fazer: exigir que cada servidor (independente se é efetivo ou prestador de serviço) cumpra seu horário e dever. Porém, para isso, é fundamental que a Prefeitura de Bayeux também faça seu "dever de casa", qual seja, no caso da saúde, ofereça as condições de trabalho mínimas para que o profissional possa exercer bem sua função. Se assim não fizer, como cobrar deste profissional o cumprimento de seu dever???

As reclamações de órgãos classistas, como SIMED e SINTRAMB, quando criticam a decisão da prefeita Luciene de Fofinho em fazer o que fez na divulgação do aviso, são corretas em classificá-lo como "assédio moral". Porém, para além disso, proponho que estas entidades deveriam buscar construir uma unidade de ação neste momento e, junto com outras entidades, fazerem uma reunião e tomar algumas providências práticas com relação a isto. Assim, proponho: 

1) Que SINTRAMB e SIMED chamem entidades e Conselhos da área da Saúde para debaterem a questão e tirarem encaminhamentos sobre o assunto, como Sindicato dos Enfermeiros, Sindicato dos Odontólogos, SINDSAÚDE, COREN, CRM, CRO, CRESS, dentre outros;

2) Que busque se agendar uma reunião com o MPT para debater este problema criado com esta divulgação feita com o aviso publicado pela prefeita Luciene de Fofinho;

3) Que se organize com todas estas entidades um ato de protesto em frente ao HMI em Bayeux. A pandemia do coronavírus não pode, em minha avaliação, ser empecilho para uma atividade deste tipo (a não ser para pessoas do grupo de risco).

Ainda sobre os dizeres do aviso que Luciene de Fofinho afixou em Bayeux, queremos também enfatizar o seguinte: ela cobra um bom atendimento do servidor público aos usuários da saúde porque estes são pagos com "recurso público", de acordo com ela. Neste aspecto, ela tem razão. Sendo assim, colocamos a Luciene de Fofinho e aos novos secretários de Finanças e de Administração de Bayeux a responsabilidade de realizarem uma auditoria nas contas municipais da cidade, especialmente de 2017 para cá. Afinal, foram  recursos públicos utilizados neste lamentável período que Bayeux vivenciou e que seu povo precisa saber, detalhadamente, como tudo isso foi ou não aplicado. 




sábado, 2 de janeiro de 2021

Luciene de Fofinho e a dura e difícil tarefa de resgatar a imagem da cidade de Bayeux






Em 28 de dezembro de 2016, neste mesmo espaço, fizemos um artigo intitulado "Berg Lima e a expectativa de todo um povo: o que podemos esperar???". Na ocasião, fazíamos um trocadilho com o nome do partido do novo prefeito de Bayeux, eleito na oportunidade e que trazia consigo uma grande esperança de mudança em boa parte da população bayeuxense, daí o sugestivo título do artigo.

Berg Lima, então no Podemos, foi eleito com 58,92% dos votos válidos na eleição de 2016. A maior votação já dada a um candidato em Bayeux até esta data. Foram exatos 33.437 votos de homens e mulheres de Bayeux, jovens e idosos, que foram às urnas naquele ano, insatisfeitos com os rumos da gestão do então prefeito Expedito Pereira (PSB), candidato à reeleição mas, que por conta de seus inúmeros desacertos no seu 4º mandato na Prefeitura de Bayeux, acabou derrotado pelo jovem ativista cultural que aparecia na cena política da cidade e que conseguiu construir uma ampla aliança política - que incluiu partidos como PT e PSDB, por exemplo - em torno de seu nome e, assim, conseguir a confiança do povo e ganhar a eleição. 

Mais do que tudo isso, Berg Lima conquistou a simpatia e a esperança do povo trabalhador, honesto e decente de Bayeux de que a cidade teria dias bem melhores com sua presença na Prefeitura, a partir de 1º de janeiro de 2017. Infelizmente, tudo isso veio abaixo em 05 de julho do citado ano, quando ele foi preso em flagrante pela força tarefa do Gaeco e MP, acusado de corrupção, no Restaurante Sal & Pedra, em Bayeux. A partir daí, a cidade passou a viver uma crise política, administrativa, social e econômica que, infelizmente, ainda não se encerrou.

Em novembro de 2020, depois de vários prefeitos terem passado pela Prefeitura de Bayeux após a prisão de Berg Lima (Luiz Antonio (PSDB), Noquinha (PSL), Kita (Cidadania) -, sem falar no próprio Berg Lima, que saiu da prisão por ordem judicial e reassumiu a Prefeitura, Bayeux voltou a ter uma eleição direta e Luciene de Fofinho (PDT) foi a vencedora do pleito. Ela já estava como prefeita indireta em Bayeux desde agosto de 2020, eleita pela Câmara Municipal da cidade, após Berg Lima ter apresentado sua renúncia ao cargo.

Luciene assumiu agora em 1º de janeiro de 2021, como a imensa maioria dos prefeitos/as de todo o país. Porém, assume envolta a várias denúncias que lhe custam processos na Justiça e, mais do que isso, Luciene tem uma dura e difícil tarefa a cumprir em seus 4 anos de mandato que ora se iniciam: resgatar a imagem da cidade de Bayeux e, consequentemente, a autoestima de seu povo que está profundamente arranhada - para sermos gentis - com tudo que ocorreu nos últimos anos, a partir dos estragos provocados por Berg Lima e seus sucessores. Falo sucessores porque os que vieram após este não se esforçaram muito para buscar fazer com que Bayeux saísse das páginas policiais e deixasse de vivenciar escândalos atrás de escândalos. Infelizmente..........

Isso se revelou nos números eleitorais verificados em 2020. Este ano, tivemos uma abstenção de 14,28% (contra 6,29% em 2016); os votos nulos e brancos, em 2020, totalizaram 11,93% (contra 8,88% em 2016). Quando partimos para os votos dados aos candidatos, a diferença é ainda maior. A candidata vencedora, Luciene de Fofinho (PDT), conseguiu ter uma votação menor do que a dada ao candidato derrotado em 2016, Expedito Pereira (PSB), que teve 21.989 votos. Luciene foi eleita com 21.103 votos.

Estes números explicam, por si só, a crise porque passa Bayeux e, consequentemente, a desconfiança e o descrédito com que o povo da cidade encara a situação e a classe política que gere os destinos de uma das cidades mais importantes da Paraíba. Colocar a responsabilidade desses números na pandemia do coronavírus é minimizar demais os problemas porque passam a cidade e retirar a imensa parcela de culpa que possuem os governantes da cidade durante todo esse período.

Isso só aumenta o peso da tarefa que Luciene de Fofinho tem pela frente. Evidentemente que os movimentos sociais de Bayeux também possuem sua cota de responsabilidade, no que diz respeito a mobilizar sua base de apoio e cobrar da gestão municipal o cumprimento de sua agenda política, especialmente no que diz respeito ao atendimento das políticas públicas, especialmente neste momento delicado que vivemos no combate à Covid-19, quando Bayeux encontra-se na bandeira laranja no "Plano Novo Normal PB do Governo do Estado da Paraíba e ainda estamos à espera da vacina para, definitivamente, erradicarmos esta terrível doença de nossas vidas. Falamos, especialmente e em 1º lugar, do SINTRAMB como a principal força política da cidade.

Como afirmamos ao longo do artigo, Luciene de Fofinho tem como principal tarefa resgatar a imagem de Bayeux e a autoestima de seu povo durante seu mandato. Para isso, entre outras coisas, em nossa avaliação, será preciso romper com o jogo político que, ao que parece, já se comprometeu desde a campanha. Como perguntamos no artigo feito há quatro anos, estará ela disposta a isso??? 

Desde já, respondo: creio que NÃO. Espero estar errado. Cenas dos próximos capítulos.............