Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

Reunião do Soviet de Petrogrado em 1917

A Revolução Russa: expressão mais avançada de uma onda revolucionária mundial.

Diretas Já

Luta por dias melhores

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Sobre o atentado à produtora de "Porta dos Fundos" e sobre o Especial de Natal "A Primeira Tentação de Cristo": Considerações críticas





Na véspera de Natal deste ano, ocorreu um lamentável incidente no Rio de Janeiro, mais especificamente na produtora de "Porta dos Fundos", por conta do Especial de Natal feito por este grupo de humoristas nacional, intitulado "A Primeira Tentação de Cristo", aonde já se sabe que um grupo de extrema-direita, autointitulado "Comando Insurgência Popular Nacionalista da Grande Família Integralista Brasileira", assumiram o atentado na produtora exibindo um vídeo com as imagens do ocorrido, lendo um manifesto do grupo.
Antes de tecermos as considerações críticas, queremos expressar nosso TOTAL REPÚDIO a este grupo de extrema-direita, de natureza integralista, bem como ao atentado por ele protagonizado contra o grupo "Porta dos Fundos" e, ao mesmo tempo, defender veementemente as liberdades democráticas, como as liberdade de expressão, de manifestação (seja política, artística, cultural).
Assistimos o Especial de Natal do "Porta de Fundos" acima citado para fazermos não apenas o repúdio ao atentado, como vem sendo feito por boa parte da mídia, das redes sociais, sites de notícias e outros tipos de portais, mas também para fazermos outros tipos de abordagem, que ainda não verificamos, que achamos também necessários (creio eu). 
Rememorando, a história de "A Primeira Tentação de Cristo" se passa no instante em que Jesus (interpretado por Gregório Duvivier) chega em sua casa, após ter passado cerca de 40 dias no deserto. E chega acompanhado de Orlando (interpretado por Fábio Porchat), que é, percebe-se ao longo da narrativa, um relacionamento homoafetivo. Jesus, assim, é gay. Durante a trama, existem outras tramas, envolvendo por exemplo, Deus e Maria. No final, um final surpreendente entre Jesus e Orlando, que trataremos daqui a pouco.
Sobre a trama central do Especial de Natal, alvo central do atentado dos neointegralistas à sede da produtora do "Porta dos Fundos", Jesus é gay e tem um relacionamento homoafetivo com Orlando. Até aí, nada demais. Porém, neste caso, percebemos uma questão que permeia o Especial.
Desde pequeno, ouço (e creio que muitos/as que leem este artigo também) "piadinhas" preconceituosas, insinuando que Jesus seria gay por andar boa parte de sua vida acompanhado de 12 homens; ou, então, "piadinhas" de cunho machista por este ter tido um "caso" com Maria Madalena, chegando até a ter filhos. E, tais coisas sempre foram repudiadas pelas pessoas, dentro e fora da religião. Agora, o repúdio vem em forma de coquetéis molotov. Lamentável..... Cito estes exemplos para mostrar que, infelizmente, preconceitos sempre houve e setores ditos de esquerda não podem se dar ao direito de reproduzir, mesmo que sob o manto da "brincadeira", do "humor"!!! 
Quanto ao final surpreendente que falei acima entre Jesus e Orlando, trata-se, na minha opinião, de um viés preconceituoso emitido por "Porta dos Fundos". Ao fim da trama, Orlando se revela como sendo o Lúcifer, tendo enganado o tempo todo Jesus, Deus, Maria, José e os demais. Qual o viés preconceituoso, neste caso??? Lúcifer, Diabo, Demônio, Capeta, entre outros nomes, é associado historicamente a uma coisa ruim, negativa. E, sendo Orlando/Lúcifer tendo se colocado como um ser humano gay, com um relacionamento homoafetivo com Jesus, ser gay seria uma coisa ruim, negativa. Inevitável tal comparação, não??? Ou seria mais uma ironia feita por "Porta dos Fundos"??? Uma "licença poética" a ser utilizado numa obra artística???
De todo modo, creio que as religiosidades das pessoas devem ser respeitadas. Nosso Estado é laico e isso garante, entre outras coisas, o respeito a todas as manifestações religiosas, de todas as pessoas. Recentemente, em outro artigo feito por nós e publicado em nosso blog, "Porquê fé e política não devem andar juntos", criticamos o discurso do embaixador do governo Bolsonaro que, em conferência ocorrida na Hungria em novembro último, afirmou que "uma das principais mudanças conduzidas pelo governo Bolsonaro foi exatamente colocar a religião no processo de formulação de políticas no Brasil"(https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2019/11/28/governo-bolsonaro-cristaos-hungria-diplomacia-itamaraty.htm).
Queremos reafirmar o que dissemos acima. REPUDIAMOS TOTALMENTE o atentado feito pelo "Comando Insurgência Popular Nacionalista da Grande Família Integralista Brasileira" e, ao mesmo tempo, defender veementemente as liberdades democráticas, como as liberdade de expressão, de manifestação (seja política, artística, cultural).
Exigimos também uma APURAÇÃO RIGOROSA e uma PUNIÇÃO EXEMPLAR aos responsáveis por este atentado não apenas à "Porta dos Fundos", mas às liberdades democráticas de uma forma geral!!!

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Operação Calvário, a prisão de Ricardo Coutinho,a polêmica na esquerda paraibana e o centro do debate






Desde o dia 17 de dezembro deste ano que está se encerrando - e não deixa saudades para a classe trabalhadora de nosso país e paraibana -, que a militância dos movimentos sociais de nosso Estado vive uma discussão acalorada, por conta da conjuntura política estadual, que já vinha se acirrando em meio ao debate em torno à "Reforma da Previdência" do governo João Azevedo encaminhada à Assembleia Legislativa, em regime de urgência urgentíssima, que conseguia (e consegue) ser pior do que a aprovada por Bolsonaro no Congresso Nacional, com apoio decisivo dos canalhas e corruptos de Brasília.
Tudo por conta da "Operação Calvário - Juízo Final", desenvolvida em conjunto pelo Gaeco, MP e PF, que no dia acima citado, cumpriram 54 mandados de busca e apreensão de documentos, além de prisão preventiva. Destes, 17 mandados foram de prisão preventiva, contra o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), seu irmão, Coriolano Coutinho, a prefeita do Conde, Márcia Lucena (PSB), o ex-procurador geral do Estado, Gilberto Carneiro, a deputada estadual, Estela Bezerra (PSB), o ex-secretário de Saúde do Estado, Waldson Sousa e outros. Destes, o ex-governador, a prefeita e a deputada já estão soltos. Os demais e outros continuam presos e tiveram seus HCs negados pelo STJ. 
A prisão do ex-governador Ricardo Coutinho, que governou a Paraíba por 8 anos (entre 2011 e 2018) e também a capital do Estado, entre 2005 e 2010, gerou um impacto muito forte na população paraibana como um todo, e na militância em especial. Além de sua prisão, as acusações contra ele vindas da "Operação Calvário" ainda repercutem entre todos/as. Segundo esta, Ricardo Coutinho seria o chefe da ORCRIM (sigla de "organização criminosa"), responsável direto tanto pela tomada de decisão quanto aos métodos de arrecadação, divisão e aplicação de propina. Seria, portanto, o "cabeça" do esquema criminoso e, junto com as deputadas Estela Bezerra, Cida Ramos e a prefeita do Conde, Márcia Lucena, integrante do núcleo político desse esquema (https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2019/12/17/ex-governador-ricardo-coutinho-e-alvo-da-setima-fase-da-operacao-calvario-na-paraiba.ghtml).
O debate em torno da prisão de Ricardo Coutinho pelo Gaeco e PF em cima de Ricardo Coutinho é, guardadas as devidas proporções, semelhantes ao mesmo utilizado de quando Lula foi preso pela PF, em abril de 2018 e permaneceu preso em Curitiba por cerca de 580 dias. Antes de entrarmos nesta "seara", vale ressaltar que Ricardo Coutinho já está solto, por decisão de um ministro do STJ (não ficou preso nem por um dia sequer). E assim deverá permanecer, pelo menos até fevereiro do próximo ano, quando a juíza Laurita Vaz, tb do STJ, se debruçar sobre seu caso, como assim determinou a vice-presidente do mesmo tribunal, Maria Thereza.
Pelo menos, dois argumentos foram preponderantes usados na defesa de Ricardo Coutinho por seus seguidores: o de que havia uma seletividade da justiça sendo feita por esta contra o ex-governador (como havia ocorrido contra Lula) e que estavam usando Ricardo (como também usaram Lula) para criminalizar a esquerda. 
Não vamos entrar aqui no debate se Ricardo Coutinho merece ser classificado (ou não) de "esquerda". Tal debate, acreditamos, seria infrutífero neste momento. Preferimos deixar tal caracterização ao gosto de cada um/a. Já às demais questões sublinhadas por nós no parágrafo anterior, iremos expor nossa opinião e estamos abertos ao debate.
Fazemos uma primeira pergunta a todos/as, pra começar: desde quando existe movimento operário, movimento social, feito pela classe trabalhadora, no Brasil e no mundo, e, consequentemente, existe justiça burguesa, que esta deixou de ser seletiva??? Desde quando, sob o capitalismo, a justiça deixou de ser cega aos interesses e direitos da classe trabalhadora??? Ou será que todos/as aqui "esqueceram" que, para conquistar direitos e conquistas, os/as trabalhadores/as tiveram que ir às ruas, lutar muito e alguns/algumas até morreram para que outros/as conseguissem algo??? Portanto, tal seletividade da justiça, para nós, nunca foi novidade. O fato de setores da direita, corruptos há anos, décadas e até séculos estarem livres, leves e soltos e os ditos de "esquerda" estarem presos é a prova cabal desta seletividade.
Segunda pergunta. Desde quando, tb desde a existência do movimento operário e social, a esquerda deixou de ser criminalizada, no Brasil e no mundo??? Em alguns momentos, isso ocorreu de forma mais agressiva, como agora; em outros, de forma mais branda. Mas, isso nunca deixou de ocorrer. Também já "esqueceram" disso??? 
Porém, tudo isso "esconde" na verdade, o centro do debate que alguns colocam de forma clara: a defesa do "Estado Democrático de Direito". Este é o problema central da imensa maioria da "esquerda oficial" de nosso país, quiçá do mundo. E porquê isso??? Por que o que a "Operação Calvário" está fazendo, o que a "LavaJato" anda realizando é, bem ou mal, sob o status do tal "Estado Democrático de Direito". E, defender este tipo de Estado, para quem se diz de esquerda, é pra lá de contraditório, pra não dizer completamente equivocado. E aí está o "xis da questão".
Em nosso país, o PT, PCdoB, PSOL e seus "satélites" ensinaram à imensa maioria da militância a fazer a defesa deste instrumento burguês a partir da Constituição de 1988. Muitos/as reproduzem esta defesa sem nem terem ideia do que isso significa. E fazem isso de foma apaixonada e apaixonante, fazendo coro com a burguesia, como MDB, DEM, PSDB, PSL e por aí vai.
Defender o "Estado Democrático de Direito" é, em síntese, defender a propriedade privada. E esta é, para todo "progressista", socialista, comunista, o princípio fundante das desigualdades sociais. Portanto, defender o "Estado Democrático de Direito" é defender o regime capitalista. Por isso, defendemos (com unhas e dentes) a derrubada da propriedade privada e, consequentemente, o fim do "Estado Democrático de Direito". Isto porque somos contra o capitalismo e queremos construir o socialismo. Evidentemente, através da organização popular, por meio da luta do povo contra este regime opressor e explorador.
Portanto, este é pra nós, o grande problema deste debate que envolve a "Operação Calvário" e a repercussão que causa a prisão de Ricardo Coutinho e os demais que estão neste esquema denunciado pelo Gaeco, MP e PF. Enquanto boa parte da esquerda não resolver esta questão importante, a revolução socialista em nosso país tende a continuar em regime de impasse. Infelizmente..............






terça-feira, 10 de dezembro de 2019

CUT e CSP Conlutas: uma comparação de seus princípios fundacionais





O movimento operário surgiu no século XIX, na Inglaterra, por conta da extrema necessidade da classe trabalhadora se organizar e lutar contra a exploração e, consequentemente, as injustiças promovidas pelos patrões e o capitalismo em geral, ainda no seu nascedouro. Diversas maneiras de organização foram criadas pelos trabalhadores para lutarem por seus direitos e muitas foram suas reivindicações e formas de luta, desde esta época.
No Brasil, embora isto tenha se dado de forma um pouco tardia - final do século XIX  e início do século XX -, tal luta da classe trabalhadora também é recheada de acontecimentos, lideranças e, sobretudo, inúmeras organizações de classe surgidas desde então.
Em agosto de 1981, ainda durante a ditadura militar no Brasil, ocorreu a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora - CONCLAT -, na Praia Grande (SP). Tal evento reuniu a vanguarda do movimento operário brasileiro da época, juntando num mesmo local os velhos militantes do movimento operário (tachados como os pelegos do movimento) e a nova vanguarda que surgia, por conta das recentes greves que ocorriam no ABC paulista, em especial dos metalúrgicos, espalhando-se por todo o país, no que ficou conhecido como o "novo sindicalismo". Destas lutas, surgiram lideranças como Lula, por exemplo.
Em agosto de 1983, foi fundada a CUT. Num outro CONCLAT - Congresso Nacional da Classe Trabalhadora -, os dissidentes da CONCLAT de dois anos antes fundaram a Central Única dos Trabalhadores (CUT), promovendo a partir de então uma grande transformação no mundo sindical no Brasil. Tal central foi criada para dar uma resposta política aos pelegos que construíram a CONCLAT de 1981, com os quais não se tinha nenhum acordo político-programático naquele momento.
Em 2004, começou a ocorrer uma nova modificação no movimento operário brasileiro. Pouco mais de um ano após a chegada de Lula e do PT ao governo federal, trabalhadores/as de todo o país reuniram-se num Encontro Nacional de Trabalhadores, em Luziânia/GO e, ao final de muita discussão política, uma parte decidiu construir a CONLUTAS - Coordenação Nacional de Lutas -, como resposta aos ataques promovidos à nossa classe pelo governo Lula, a começar da "reforma da previdência" feita pelo governo petista na ocasião.
Dois anos depois deste encontro de trabalhadores/as, ocorreu o Congresso de Fundação da Conlutas, em Betim/MG. Da fundação da CUT até a criação da Conlutas, passarem-se 23 anos entre um evento e outro e, neste período, havíamos passado por uma ditadura militar, um governo de redemocratização política (Sarney), dois governos neoliberais - Collor e FHC -, cada um a seu modo, mas idênticos em atacar a classe trabalhadora nacional e vivíamos uma experiência inédita no país, com um partido vindo do movimento operário (PT) e sua principal liderança política - Lula -, ocupando o poder central em nosso país. Infelizmente, a experiência com este governo decepcionou a muitos milhares de trabalhadores/as, desde aquela época. Daí a razão do surgimento da Conlutas.
Em 2010, ocorreu um novo CONCLAT, desta vez em Santos/SP. O Congresso da Classe Trabalhadora aconteceu nos dias 5 e 6/06 daquele ano e, ao seu final, criou a CSP Conlutas (Central Sindical e Popular - Conlutas). Tal encontro foi puxado por 6 organizações sindicais na época - Conlutas, Intersindical, MTL, MTST, Pastoral Operária e Coletivo Prestista). Várias foram as avaliações acerca da criação desta nova central, mas uma queremos destacar: a de Júlio Turra, da CUT e da corrente petista (autodesignada como trotskista) "O Trabalho", aonde este classifica o Conclat de Santos como um "fiasco". A História mostra outra coisa, bem distinta desta avaliação.
Queremos, neste artigo, destacar apenas os princípios fundacionais da CUT e da CSP Conlutas. Alguns destes princípios são idênticos. O que vai diferenciar as duas centrais diz respeito ao seu caráter e à sua prática no cotidiano da classe trabalhadora. Quanto ao primeiro ponto, é fácil distinguir as duas organizações. Enquanto a CUT trata-se apenas de se constituir como uma central de trabalhadores (portanto, aqueles/as filiados aos sindicatos ligados a ela), a CSP Conlutas busca construir-se como uma central não apenas sindical, representativa dos/as trabalhadores/as filiados aos sindicatos ligados à central, mas também trata de organizar outros movimentos, que assim como o sindical, são profundamente atingidos pela lógica capitalista de destruir nossa classe. Assim, a CSP Conlutas também reúne, em seu interior, movimentos de luta contra as opressões (mulheres, negros/as e LGBT's), trabalhadores/as do campo, sem teto, desempregados/as e estudantes. Todos estes setores devidamente representados na central, desde a Coordenação Nacional (que se reúne a cada dois meses), passando pela Executiva Nacional (também chamada de SEN), chegando até aos estados aonde está organizada. O segundo ponto que apontamos aqui quanto diferenças essenciais entre as duas centrais, queremos deixar isto ao gosto de cada um/a.
A CUT se construiu baseada em 7 princípios fundamentais, na sua gênese. São eles: independência de classe, mobilização e luta da categoria (ou ação direta), democracia operária, autonomia frente aos partidos, colocar toda a estrutura sindical a serviço das OLT's (organizações por locais de trabalho), combinar luta econômica com luta pelo socialismo e a defesa do internacionalismo proletário.
A CSP Conlutas, em seu estatuto, expõe também 7 princípios na sua fundação. São idênticos à CUT os quatro primeiros princípios (independência de classe, mobilização e luta da categoria - ou ação direta -, democracia operária, autonomia frente aos partidos) mais a defesa do internacionalismo proletário. A defesa da união da luta econômica com a luta pelo socialismo e a defesa das OLT's está presente ao longo do estatuto da central e da prática da central e seus sindicatos.
Os pontos idênticos entre as duas centrais, apesar do espaço de tempo entre a criação das duas organizações, revela  a continuidade das lutas da classe trabalhadora brasileira, apesar das divergências existentes entre as duas no tocante à análise das conjunturas nacional e internacional e a consequente política adotada por cada uma na superação (por parte da classe) destes problemas, sem falar nas mudanças conjunturais ocorridas no período. Os dois outros pontos de princípios são substituídos, pela CSP Conlutas, pela defesa da autonomia das entidades de base filiadas à central e a construção da unidade, como valor estratégico, na luta dos/as trabalhadores/as.
Em tempos de Bolsonaro, o princípio fundacional da CSP Conlutas, de construção da unidade, como valor estratégico, na luta dos/as trabalhadores/as permanece atual (mais do que nunca) e de fundamental importância para resistirmos, enquanto classe, aos ataques vindos dos governos (nacional, estadual e municipal) e dos patrões.

sábado, 7 de dezembro de 2019

Paraisópolis, a chacina da PM paulista, a questão das drogas e o voto da "oposição de esquerda" no pacote anticrime de Moro!!!








A semana que está acabando já começou de uma forma terrível para muitas pessoas, especialmente os familiares dos nove mortos na chacina promovida pela PM paulista, de João Doria (PSDB), contra jovens negros e da periferia paulistana. Apesar do discurso de boa parte da mídia em classificar o sinistro como uma "tragédia", o que se viu foi uma ação orquestrada, muito bem pensada, por policiais militares na capital paulista para, segundo a própria PM, "dispersar" a galera que se divertia no baile funk, em Paraisópolis. A PM de Doria também alega o combate ao "crime organizado" e à repressão às drogas, presentes nos bailes funk da vida.
Tendo essas afirmações vindas da PM paulista como verdadeiras, aproveitamos para perguntar a todos/as: será que apenas nos bailes funk e nas periferias de nossas cidades, como Paraisópolis, existem consumo de drogas??? Por que a PM de Doria também não fez (ou faz) uma "incursão" no elegante bairro do Morumbi, vizinho à Paraisópolis??? Coincidência???
Claro que não. O alvo preferido das PM's de nosso país é atacar, a cada dia que passa, os jovens negros de nossas periferias com este tipo de argumento para justificar suas sangrentas invasões a essas comunidades. Enquanto isso, o setor nobre e rico dessas mesmas cidades pouco ou nada são atingidos pela corporação militar. Trata-se de mais um episódio do genocídio negro que vivemos há muito tempo em nosso país, herança perversa de um país racista, aumentado pela presença da ultradireita liberal no poder, como Bolsonaro, Doria e Witzel. Nenhuma surpresa no modus operandi de todos esses.
Infelizmente, nesta mesma semana de mais essa chacina contra o povo pobre, negro e periférico de nosso país, a Câmara dos Deputados aprovou o "pacote anticrime" de Moro e Bolsonaro. Pior ainda: com o voto das bancadas do PCdoB, PT e PSOL. A justificativa de Marcelo Freixo (PSOL/RJ): "(...) Um projeto seria aprovado, ou era esse ou era o do Moro", afirmou o pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro em 2020, aliado ao PT de Lula e cia.
Ou seja, Freixo (como o senso comum e boa parte da "esquerda oficial" pensam), optou pelo "mal menor". Assim como fizeram também com a recente "reforma da previdência", aprovada pelo governo Bolsonaro, no mesmo Congresso Nacional corrupto. Quem tem inimigos, não precisa de um "aliado" desses. O voto dos deputados do PCdoB, PT e PSOL refletem, muito bem, a atitude dos policiais militares de São Paulo e qualificam a chacina (mais uma) como apenas um "detalhe". Lamentável......... 
Para aqueles/as que nos criticam por fazermos tais considerações críticas à postura dos parlamentares de "esquerda" no Congresso, dizemos o seguinte: já conhecemos perfeitamente o pensamento de Bolsonaro, Doria e Witzel. Portanto, não há porque se surpreender com este tipo de coisa, vindos desses governantes. Mas, quando tal ação encontra respaldo na "esquerda oficial", é preciso exercer um pouco a análise crítica sobre os fatos. Senão, como diria uma amiga minha, é corroborarmos com o exercício da APP (Amnésia Política Proposital), praticada por esses/as ditas de "esquerda" já hp algum tempo!!!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Disputa no PSB/PB chega ao fim e a pergunta que NÃO quer calar: quem traiu quem nesta disputa???








Nesta terça-feira, 03 de dezembro do corrente ano, o governador João Azevedo (agora, sem partido) anunciou através de uma carta distribuída à imprensa sua desfiliação do PSB. Minutos após este anúncio vindo do governador, a direção do PSB/PB apresentou também à imprensa, uma nota respondendo ao ato de João Azevedo.
Para lembrar a todos/as uma coisa importante nesta história, antes de tecermos algumas considerações a respeito. O atual presidente estadual do PSB/PB, nomeado pela direção nacional do partido há poucos meses, é o ex-governador Ricardo Coutinho. Afirmamos isso para explicar que tal nota divulgada pelo PSB local tem as digitais do ex-governador.
Também para relembrar a todos/as, um pouco da história dessa disputa interna no PSB local. Ela começou quando o governador João Azevedo nomeou como Secretário Chefe do governo, em agosto deste ano. Quase que imediatamente após este ato, a deputada estadual Estelizabel Bezerra (PSB), afirmou à imprensa que Edvaldo NÃO poderia ocupar este cargo, tendo ao mesmo tempo o posto de presidente estadual do partido, como era até então. No que foi seguido por outras parlamentares do PSB, como Cida Ramos e Sandra Marrocos. Começava ali a disputa interna do PSB/PB que, neste processo, fez com que a direção nacional elegesse uma Comissão Interventora - chamado por esta de Comissão Provisória Estadual -, tendo o ex-governador Ricardo Coutinho como seu novo presidente estadual - ou interventor, como queiram -.
Depois de muitas idas e vindas, de várias reuniões para tentar resolver o problema, de muitas acusações de lado a lado no interior do partido, o governador João Azevedo decidiu sair do partido e anunciar isto pela imprensa. E, como já afirmamos, a direção estadual do PSB/PB, respondeu à altura acerca da desfiliação do governador.
As duas cartas - tanto a de João Azevedo comunicando a desfiliação do partido quanto à da direção estadual do PSB/PB sobre o anúncio - são  muito duras, recheada de acusações de ambas as partes, como já ocorria desde agosto deste ano.
João Azevedo chega a afirmar, em determinado momento de seu anúncio, que "(...) A maioria das críticas - ou melhor, dos ataques - veio de membros do nosso próprio partido". Segue afirmando que "(...) O antagonismo veio de figuras de proa do PSB, que mesmo antes da intervenção ou do golpe, já atacavam o Governo, secretários e o governador"  (https://parlamentopb.com.br/joao-azevedo-anuncia-desfiliacao-do-psb-em-busca-da-democracia-perdida).
Na mesma carta de desfiliação, o governador faz outra grave denúncia ao grupo liderado pelo ex-governador, Ricardo Coutinho. "(...)Convivi neste período, com boicotes e sabotagens internos à gestão promovidos por alguns, que apegados às funções e salários, não tiveram a dignidade de entregar seus cargos, agindo ou não sob algum tipo de comando superior" (Idem). Ao final de seu anúncio, afirma que ainda não manteve contato com legenda alguma acerca de seu provável destino, mas que isso ocorrerá ainda este ano. E aproveita pára alfinetar. mais uma vez, o PSB local. "(...) Irei mudar de partido porque o meu atual desconfigurou-se por completo na Paraíba" (Ibidem).
Como afirmamos antes, a resposta da direção estadual do PSB foi também dura. Nela, o partido afirma que a saída de João Azevedo "é a formalização de um ato de traição" (https://paraibaonline.com.br/2019/12/a-politica-ama-a-traicao-mas-abomina-o-traidor-diz-nota-do-psb-pb/).
Aproveita também para "desculpas ao povo paraibano por tê-lo feito acreditar que o técnico, o secretário e "fiel escudeiro" do ex-governador Ricardo Coutinho, daria continuidade à gestão que transformou nosso Estado" (Idem).
Neste e em outros pontos da carta, a direção estadual do PSB/PB tece considerações elogiosas a Ricardo Coutinho e procura apresentar o atual governador como um "traidor". Conclui afirmando uma bonita frase, certamente pensada por Ricardo Coutinho: "a política ama a traição, mas abomina o traidor". Neste ponto, queremos iniciar nossas considerações acerca dessa disputa.
Pra começo de conversa, Ricardo Coutinho precisa responder à seguinte pergunta: "quem traiu quem" nesta disputa interna do PSB/PB??? João Azevedo também precisa responder a este questionamento. Se forem políticos sérios, comprometidos com a verdade, como afirmam ser, responderão. Desde já, respondo a todos/as sobre isso, sem medo de errar: nem Ricardo Coutinho nem João Azevedo darão esta resposta. Por um motivo bastante simples: ambos são TRAIDORES, não apenas de seu partido, mas do povo paraibano, especialmente.
Tanto RC quanto JA adotaram um projeto de governo que, na aparência (e por meio de uma competente e vultosa propagando institucional), iludiram (e continua iludindo) boa parte de nosso povo, quanto à sua forma de administrar. Como pode Ricardo Coutinho criticar João Azevedo porque este não deu "continuidade à gestão que transformou nosso Estado"??? Esta "transformação" seria, por exemplo, a montanha de dinheiro público desviada dos cofres estaduais para beneficiar alguns elencados na "Operação Calvário"??? Tal "transformação" seria o pagamento de baixos salários à boa parte dos servidores estaduais, a começar pela Educação??? Ou ainda, esta "transformação" estaria vinculada ao fechamento de inúmeras empresas em nosso Estado, apenas para pegar desde 2011 pra cá??? Sem falar nas alianças espúrias feitas por Ricardo Coutinho e sua "tropa de choque" para consolidar este domínio político na Paraíba, a exemplo da aliança feita em 2010 com Cássio Cunha Lima. 
Do mesmo jeito que Ricardo Coutinho merece críticas por tudo isso, o mesmo aplica-se a João Azevedo. Isto porque, como a nota do PSB local afirma, o atual governador foi, durante os 8 anos de RC no governo, seu "fiel escudeiro", defendendo e implementando a mesma política nociva ao povo paraibano, escondida através de alianças políticas esdrúxulas e oculta por meio de uma propaganda oficial bem cuidada e extremamente cara. Assim como Ricardo Coutinho, João Azevedo também é responsável por tudo isso. e mais, como seu principal cúmplice. A "Operação Calvário" que o diga........
Pra concluir este assunto, uma coisa se mostra absolutamente nítida neste caso: trata-se de mais um capítulo da infindável novela "Estelionato Eleitoral", cometida por ambos, com a conivência do PSB, seja local ou nacional. E, pelas palavras de João Azevedo e da direção estadual do PSB (leia-se Ricardo Coutinho), isto não irá acabar tão cedo. Infelizmente............