Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

domingo, 16 de janeiro de 2022

Política, teu nome é OPORTUNISMO!!!




As eleições 2022 prometem ser uma das mais "quentes" de todos os tempos, especialmente por conta da polarização política que tomou conta do país após a ascensão da ultradireita ao poder, através da eleição de Jair Bolsonaro em 2018. Não vamos, neste artigo, nos ater às razões desta vitória já que, em artigos anteriores, fizemos tais análises. 

O ponto central deste artigo será uma característica que permeará esta eleição, que já vem se consolidando em todos os cenários até agora colocados, seja da direita tradicional, da ultra direita, da esquerda reformista ou até mesmo de setores da esquerda socialista (como PSOL): o OPORTUNISMO ELEITORAL!!!

Analisaremos aqui esta característica no campo da esquerda já citada. Ela consegue esconder, sem meias palavras, estratégias e discursos elaborados durante anos para, com isso, conquistar apoios e votos para ganhar uma eleição e, assim, voltar ao Palácio do Planalto nas eleições de outubro deste ano. Com um discurso simples e que consegue chegar aos corações e mentes da maioria das pessoas: "é preciso fazer alianças para vencer uma eleição. Sozinho, não se ganha uma eleição".

Com este pensamento rasteiro, mas eficiente, Lula, o PT e seus "satélites" no terreno partidário-militante (partidos políticos, sindicatos, centrais sindicais, entidades estudantis, do campo e da cidade) vão espalhando esta mensagem como se fosse a mais "revolucionária" de todos os tempos.

Porém, a realidade dos fatos costuma ser mais dura e cruel do que qualquer mensagem pintada de "revolucionária" que Lula e seus discípulos espalhem. 

A realidade posta nos dias atuais revela que Lula e o PT jogaram por terra todo um discurso (ou "narrativa", como queiram) construída por eles próprios após o dia 31 de agosto de 2016, quando ocorreu o impeachment da presidente Dilma Rousseff. A partir desta data, Lula, o PT e seus "satélites" criaram o discurso de que houve um "golpe" contra a presidente, o partido e todos/as que votaram a favor do impeachment e participaram de sua articulação eram "golpistas".

Isso não durou muito. Nas eleições de 2018, tanto o PT como seus partidos aliados - PCdoB e PSOL, principalmente - aliaram-se com alguns dos "golpistas" tanto criticados por eles em 2016; isso repetiu-se nas eleições de 2020, em vários municípios de todo o Brasil. Porém, muitos/as não queriam ver esse tipo de coisa e continuavam a repetir o bordão do "golpe de 2016" e dos "golpistas". Isso aumentou consideravelmente após a prisão de Lula em 2018, impedindo-o de concorrer às eleições daquele ano, pavimentando a eleição de Bolsonaro, e também após sua soltura, meses depois.

O OPORTUNISMO ELEITORAL das atuais eleições começa a se desenhar a partir de março de 2021, quando o ministro do STF, Edson Fachin, anulou as condenações de Lula relacionadas à "Operação LavaJato" e, assim, ele voltou a ser elegível (https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/03/08/fachin-anula-condenacoes-de-lula-relacionadas-a-operacao-lava-jato.ghtml). A partir deste momento, tem início pelo PT e por Lula, ainda sem alarde, a construção da "Frente Ampla" para 2022. Com o discurso já elaborado: "tudo para derrotar Bolsonaro e a extrema-direita"!!!

Três meses depois deste fato, um segundo episódio ocorre: a saída do deputado federal Marcelo Freixo do PSOL e sua ida para o PSB para facilitar a construção da "Frente Ampla" no Rio de Janeiro ao Palácio Guanabara (https://www.poder360.com.br/partidos-politicos/freixo-deixa-o-psol-depois-de-16-anos-em-preparacao-para-2022/) e, consequentemente, a candidatura Lula no Estado. Vale lembrar que, ainda no PSOL, Freixo debatia alianças com figuras da direita, como Rodrigo Maia e Eduardo Paes (ambos do DEM) para viabiiizar esta "Frente Ampla" com seu nome; posteriormente a estes dois acontecimentos, Lula e o PT foram construindo ainda mais a viabilidade da "Frente Ampla", mesmo sem o ex-presidente assumir que é candidato ao Palácio do Planalto em 2022, preferindo anunciar isso para mais tarde ainda este ano. Porém, os movimentos continuaram sendo feitos, especialmente (para desespero de quem sofre de APP - Amnésia Política Proposital -) com aqueles/as que eram tachados de "golpistas" pelo próprio Lula. Quem não lembra do encontro com Eunício Oliveira  (MDB) no Ceará??? Ou da reunião com Renan Calheiros em Brasíia (MDB/AL)??? Ou, ainda, com o ainda presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ)??? Sem falar em encontros com outras lideranças ligadas ao "Centrão"!!!

Tudo isso foi servindo para demolir o discurso do "golpe de 2016" e dos "golpistas" construído por Lula, pelo PT  e por seus "satélites"!!!

Após isso, veio a "cereja do bolo" lançada por Lula e pela cúpula petista para 2022: a aliança com Geraldo Alckmin (https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/12/20/lula-e-alckmin-se-encontram-em-jantar-em-sao-paulo.ghtml), tendo este como vice na sua chapa. Uma cópia da chapa de 2002, com uma nova modelagem: Alckmin chega a uma fatia do eleitorado que Lula e o PT não alcançam, que é um setor no qual Bolsonaro tem espaço e que Lula precisa chegar, o setor conservador. Aí está a segunda parte do OPORTUNISMO ELEITORAL da esquerda reformista e a primeira da esquerda socialista, como PSOL e outros. Este setor sempre teve duras - e certeiras - críticas a Alckmin, especialmente à sua postura como governador de São Paulo pelo PSDB, mas agora ficam calados por conta do apoio que dão a Lula e ao PT nas eleições de 2022. Lamentável......

Pra fechar com "chave de ouro" o OPORTUNISMO ELEITORAL da esquerda reformista nestas eleições, assistimos a notícia de Temer afirmando ter sido procurado por Lula para debater uma aliança nas eleições deste ano (https://valorinveste.globo.com/mercados/brasil-e-politica/noticia/2022/01/13/temer-diz-ter-sido-procurado-por-interlocutor-de-lula-para-tratar-de-aliana-nas-eleies.ghtml). E o pior: nenhum desmentido, até agora, da parte de Lula ou da direção do PT, sobre esta notícia, o que nos leva a crer que tal fato é verdade. Sendo assim, o discurso do "golpe de 2016" está, DEFINITIVAMENTE, morto e enterrado. Afinal, estamos falando de Michel Temer (MDB/SP), vice de Dilma à época, apontado pelo PT e seus "satélites" como o principal mentor do "golpe" (principal "golpista", portanto) e que foi o maior beneficiário deste, já que tornou-se Presidente com o impeachment de Dilma. E agora, quase 6 anos após o "golpe", é novamente procurado para aliar-se mais uma vez ao PT. Para bom entendedor, meia pá.....bá.....!!!

Nas terras tabajaras, um outro episódio serve para fechar também com "chave de ouro" o OPORTUNISMO ELEITORAL : o provável apoio do PT/PB ao senador Veneziano Vital (MDB/PB) ao governo do Estado caso este decida apoiar Lula a presidente. Neste caso, o OPORTUNISMO ELEITORAL seria duplo, da parte do PT. Este passou 4 anos apoiando o governo João Azevedo (Cidadania), inclusive com cargos na administração estadual, sairia e passaria a apoiar uma candidatura de "oposição" e deixaria de tratar Veneziano como mais um "golpista", assim como tantos outros no cenário nacional, como Alckmin e Temer, por exemplo.

Por isso reafirmamos: em 2022, mais do que nunca, politica, teu nome é OPORTUNISMO!!!

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