Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Porquê fé e política NÃO devem andar juntos!!!




Bolsonaro usa de seu poder como Presidente da República para não apenas atacar os trabalhadores com suas medidas draconianas e, ao mesmo tempo, apoiar ainda mais banqueiros e grandes empresários a aumentarem seus lucros e, consequentemente, a exploração sobre nossa classe, como também se dedica, desde seu primeiro dia de governo, a estabelecer novos paradigmas comportamentais. E isso NÃO se destina apenas ao território nacional, mas começa a espalhar seus tentáculos pelo mundo afora. 
Isso revela um dado importante a ser avaliado do governo Bolsonaro. Ele (ao contrário do que alguns afirmam) representa um projeto elaborado, de cunho profundamente ideológico - apesar de Bolsonaro e cia não gostarem muito do uso desse termo -.
O site do UOL afirma, em matéria publicada no dia de hoje (28/11/19), assinada pelo colunista Jamil Chade, acerca da participação do Brasil na 2ª Conferência Internacional na Perseguição Cristã, que ocorre na Hungria, organizada pelo governo de direita de Viktor Órban. Segundo informações do colunista, participam deste evento "aliados do regime de extrema-direita de Órban: os EUA de Donald Trump, os ultraconservadores da Polônia e o Brasil de Jair Bolsonaro" (https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2019/11/28/governo-bolsonaro-cristaos-hungria-diplomacia-itamaraty.htm).
Nesta conferência internacional, há um consenso, típico de uma "nova Inquisição", que estaria sendo vivida em todo o mundo. Órban e aliados acreditam firmemente que os cristãos estão sendo perseguidos em todos os recantos do planeta e que, por isso, seria necessário formular políticas públicas para combater tal situação. Porém, a clara intenção do evento NÃO é ocultada pelo governo húngaro: trata-se de combater a imigração existente. Segundo Órban, este "alertou sobre o risco de seu país ser uma 'rota de invasão islâmica' e que tem o 'direito de defender sua cultura'" (idem). Na esteira desse pensamento, o secretário de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania, embaixador Fábio Mendes Marzano deixou claro que há uma mudança na linha de pensamento do governo brasileiro a partir de Bolsonaro e que "não se deve considerar como agressivo tratar de religião, nem em fóruns nacionais ou internacionais" (ibidem). E ainda defendeu que o Estado deva "converter" pessoas à religião melhor pensada por esse mesmo Estado. Em pleno século XXI, voltamos ao período colonial do Brasil, aonde jesuítas converteram, com uso da força da Igreja Católica da época, os indígenas que habitavam nosso território. Ou, se alguém quiser, ao período da escravidão negra em nosso país, quando o povo negro foi impedido pelos senhores de engenho e também pelo governo brasileiro a manterem sua fé vinda da África. Tal perseguição à fé do povo negro também foi incorporada aos primeiros anos da República.
Bolsonaro e seu embaixador "esquecem" que o Brasil é um país laico, definido pela Constituição de 1988. Trata-se uma cláusula pétrea, estabelecida em seu artigo 5º, incisos VI (em especial) e VIII. Mas, como todo bom capitão da reserva do Exército e fiel representante do reacionarismo e da direita ultraliberal de nosso país, desconhece completamente esta liberdade democrática prevista em nossa Constituição. Mais do que isso, pretende com seu governo atacar esta norma constitucional e incitar a intolerância religiosa em nosso país, ainda que este afirme todo o tempo que este NÃO é de seu interesse. Acredite se quiser.....
Quando o embaixador brasileiro presente à conferência afirma, com todas as letras, que " uma das principais mudanças conduzidas pelo governo Bolsonaro foi exatamente colocar a religião no processo de formulação de políticas no Brasil" (https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2019/11/28/governo-bolsonaro-cristaos-hungria-diplomacia-itamaraty.htm), isto explicita o projeto encabeçado por Bolsonaro para a sociedade brasileira. Quando tal afirmação encontra eco em alguns países, como os presentes à conferência na Hungria, isso se torna mais preocupante ainda. Tal fato demonstra que o governo Bolsonaro NÃO se destina apenas a atacar a classe com suas medidas, mas implantar um pensamento em nosso povo de que se não houver uma ligação entre Estado e religião, o Brasil será um país ingovernável. Bolsonaro tenta, com isso, derrotar a laicidade do Estado e impantar as raízes da intolerância religiosa em nossas fronteiras. E apoiar o o combate a isto, segundo o secretário de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania, embaixador Fábio Mendes Marzano. 
O discurso da perseguição ocorrida contra os cristãos é o mote para tal intenção de Bolsonaro e aliados internacionais. Além disso, o aumento da xenofobia, racismo e outras mazelas que assolam nossa sociedade tenderão a figurar como "política de Estado". Com isso, Bolsonaro manda para a lata do lixo da História a máxima do "somos todos iguais perante a lei, sem distinção de cor, raça, sexo ou quaisquer outros motivos", prevista em nossa Constituição, dos EUA e de outros países ocidentais, consequentemente.
Não à toa, começam a surgir críticas ao posicionamento do governo Bolsonaro e seus aliados acerca deste assunto. A mais veemente, neste ponto, vem do Vaticano, onde segundo o arcebispo Antoine Camilleri, vice-secretário para a Relação com Estados, afirmou que tal postura presente à conferência e externada pelo governo brasileiro seria um desserviço para o cristianismo, aprofundando a tensão na sociedade" (https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2019/11/28/governo-bolsonaro-cristaos-hungria-diplomacia-itamaraty.htm).
Portanto, construir a UNIDADE entre os/as lutadores/as e ativistas políticos é fundamental não apenas no Brasil, mas em todos os locais aonde a perseguição contra os direitos da classe trabalhadora (esta sim, bem real e perceptível) poderá ser derrotada. Pois já está muito claro que, para Bolsonaro e sua "tropa de choque", NÃO há limites para este bando quando o assunto é destruir a todos/as, de todas as formas possíveis e imagináveis.

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