Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Porquê fé e política NÃO devem andar juntos II




Resolvemos continuar a tratar deste assunto por conta deste ser muito importante e representar o mais novo ataque do governo Bolsonaro às liberdades democráticas.
Quando Bolsonaro e sua "tropa de choque" resolvem, junto com aliados de direita e extrema-direita espalhados pelo mundo, como o governo Órban na Hungria, atacar (e, consequentemente, destruir) um dos pilares mais importantes da tradição histórica desde a Revolução Francesa de 1789, tal fato dá a dimensão do que representa - e pode representar ainda mais - o governo Bolsonaro, não apenas em nosso país mas em boa parte do mundo. Isto porque tal ideia ganha aliados espalhados por nosso planeta, como EUA, Hungria, Polônia e demais países.
Como já dissertamos no texto anterior, Bolsonaro ataca o caráter laico do Estado brasileiro para querer impor, segundo palavras do embaixador Fábia Mendes Marzano, a possibilidade concreta do Estado poder ter uma religião oficial e, pior ainda, de que esse Estado possa "converter" seus habitantes à esta religião oficial. Um absurdo pensado em pleno século XXI. Mas, isso é Bolsonaro!!!
O caráter laico do Brasil está presente não apenas em sua atual Constituição, em seu artigo 5º, incisos VI e VIII, mas provém de um certo consenso existente na maioria dos países ocidentais acerca desta questão, desde a eclosão da Revolução Francesa, em 1789. Este permite que todas as pessoas, indistintamente, tenham a liberdade de possuir (ou não) religião. Mais do que isso, defende a prática da intolerância religiosa entre seus habitantes para que, assim, possamos RESPEITAR todas as crenças existentes e, desta forma, construirmos uma sociedade plural em vários aspectos, inclusive em sua religiosidade.
Isto também é defendido por nós, socialistas, há muito tempo, provavelmente no mesmo período citado anteriormente. Tal defesa baseia-se na garantia das liberdades democráticas construída pela sociedade como um todo e que tal assunto - a religiosidade de cada um ou de um povo - é uma questão pessoal, individual e que NÃO pode nem deve ser objeto de definição de seus governantes ou Estado. 
Para lembrar a alguns, Lênin - dirigente maior da Revolução Russa de 1917 - defendia que qualquer pessoa poderia tornar-se membro do partido bolchevique e que NÃO se deveria cobrar delas acerca de sua posição religiosa, pois isso, segundo o revolucionário russo, serviria para afastar tais pessoas da luta política. Infelizmente, Stálin e seus aliados NÃO seguiram esta recomendação do líder bolchevique quando chegaram ao poder na antiga URSS, chegando a destruir mesquitas para obrigar as pessoas a defenderem o ateísmo em seu território. Um ataque brutal (mais um) praticado pelo stalinismo em sua trágica história.
Portanto, é para isto que serve a laicidade do Estado em que vivemos. Para que possamos construir uma sociedade não apenas plural, mas também que as pessoas possam se RESPEITAR e fazer o mesmo com todas as crenças religiosas existentes. É natural que uma ou outra pessoa NÃO sinta simpatia por aquela determinada religião (ou por nenhuma, como os ateus e agnósticos), mas o princípio de exercitar a compreensão acerca da individualidade de cada um é extremamente salutar para todos/as.
Infelizmente, esta NÃO é a orientação traçada por Bolsonaro e aliados. É preciso, assim, construirmos mais esta defesa contra este ataque de seu governo. 

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