Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

sábado, 25 de abril de 2020

Números não mentem jamais. Já governos costumam cair.......





Demoramos algum tempo a escrever um novo artigo acerca dos desdobramentos da conjuntura nacional porque esta se apresentou, nos últimos dias, com uma velocidade que nem o mais extraordinário vidente poderia prever que esta se revelaria da forma como se apresentou. Tanto que, por exemplo, o site Uol fez uma reportagem especial, no dia 24 de abril deste ano, sobre a mais nova crise gerada no governo Bolsonaro, que teve início com a demissão do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e teve sua provável conclusão nesta sexta-feira, 24/04/2020, do agora ex-ministro da Justiça, o antes todo-poderoso Sérgio Moro. (pelo menos é o que se acha até o momento) (https://noticias.uol.com.br/reportagens-especiais/oito-dias-que-abalaram-o-governo-bolsonaro/).
Governos têm seu início e seu final, isso é certo. Mas, todos estes também possuem, em dado momento, um ponto em que chegam a um instante em que alcançam uma ocasião em que estes conhecem o princípio de seu fim. Alguns governos recentes conheceram isso. Bolsonaro, de acordo com seus últimos movimentos, também começa a sentir isso, querendo ou não seus seguidores. Os número não mentem. Vejamos.
Em 1989, o governador de Alagoas, Fernando Collor, do inexpressivo PRN (até então), que ficou conhecido nacionalmente pela alcunha de "caçador de marajás", tornou-se presidente da República, ao ganhar numa ferrenha disputa em 2º turno contra o petista Lula (PT) naquela eleição. Collor tomou posse em 15 de março de 1990 e sofreu impeachment em 30 de dezembro de 1992, exatos dois anos, nove meses e quinze dias após ter chegado ao Palácio do Planalto. Porém, o início do seu fim no governo se deu um pouco antes, com 2 anos, 2 meses e 12 dias, quando seu irmão, Pedro Collor (já falecido), revelou em entrevista bombástica à revista Veja na época as entranhas de seu governo e, a partir dali, seu governo começava a desmoronar. 
Alguns anos depois, em 2010, a  ministra das Minas e Energia do governo Lula, Dilma Rousseff (PT), foi eleita a primeira mulher presidente da República brasileira e tomou posse em 01/01/2011 para seu primeiro mandato, tendo sido reeleita em 2014, tomando posse novamente em 01/01/2015 para o segundo mandato. 
Ainda no seu primeiro mandato, a presidente Dilma Rousseff vê seu mandato se acabar durante as manifestações daquilo que ficou conhecido como as "jornadas de junho de 2013", manifestações que começaram em São Paulo contra os reajustes das tarifas de transporte coletivo, mas que se acabaram por se espalhar por outras questões sociais, que afetavam a vida do povo em geral e que também atingiram o país como um todo e paralisaram o Brasil de maneira geral por dias, incluindo nisso o governo Dilma. As "jornadas de junho de 2013", que teve como épico a dura repressão verificada após o ato de 13/06 daquele ano em São Paulo, foi o marco decisivo para o início do fim do governo Dilma. Seu impeachment ocorreu em 31 de agosto de 2016, quando esta já estava no segundo mandato. Ou seja, tal crise política  atravessou boa parte de seu governo. Assim, o início do seu fim no governo se deu com 2 anos, 5 meses e 12 dias.
Agora, Bolsonaro experimenta algo semelhante. Justo ele, que foi eleito com um discurso de que teria vindo para por fim a um sistema que, segundo ele e seus seguidores, estaria corrompido por tais práticas corruptas e que precisava ser combatido para que isso pudesse ser definitivamente extinto. Para tanto, entre outras coisas, chamou para seu governo um símbolo da luta anticorrupção no país, que seria o juiz Sérgio Moro, que ganhou o status de superministro ao se tornar titular do Ministério da Justiça e Segurança Pública para, com "carta branca", segundo palavras do próprio Bolsonaro, iniciar tal combate à corrupção e à criminalidade em nosso país. Coisas que a realidade, em nosso país, a partir dos fatos que começaram a surgir de dentro do próprio governo, começaram a "jogar contra" o governo, o presidente Bolsonaro e seus aliados mais próximos, a começar de seus filhos.
Ao contrário de Collor e Dilma, o início do fim de seu governo em nossa avaliação começa com a demissão de Moro. E isso ocorre com 1 ano, 3 meses e 23 dias após sua posse como presidente da República. Portanto, um tempo bem menor do que o verificado nos governos citados.
Queremos, com isso, fazer uma ressalva historiográfica. Segundo o historiador Edward Hallet Carr, em seu famoso livro "Que é história?", "os fatos são sagrados, a opinião é livre". Ou seja, na minha avaliação, estes fatos que descrevi acima foram os decisivos para determinar os pontos finais para o início do fim de cada um desses governos que abordei. Evidentemente, que qualquer pessoa pode discordar de mim, no todo ou em partes. Não há nenhum problema nisso. Porém, não se pode discordar, em hipótese alguma, que os fatos aqui descritos foram decisivos para  que tais governos começassem a experimentar o seu fim. 
A demissão de Moro marca o fim de uma etapa importante no governo Bolsonaro. As repercussões de tal processo ainda se verificarão, mais cedo ou mais tarde. As hostes bolsonaristas ainda estão se recuperando do baque que sofreram. A resposta mais rápida que estão a fazer é a mesma de sempre: desqualificar o antes aliado de primeira hora, Sérgio Moro. Em todos os sites, canais de TV, rádio, portais, procuram destruir (ou desconstruir) a imagem daquele a quem era considerado o "herói nacional" no combate à corrupção. Veremos quais serão as cenas dos próximos capítulos................ 

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