Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mais um GOLPE da burocracia cutista no SINTEP

Em 20 de novembro do ano passado, publiquei neste mesmo espaço um artigo intitulado "A burocracia sindical cutista do SINTEP mostra suas garras sobre a democracia". Neste, denunciava o golpe que o setor majoritário da direção do SINTEP havia aplicado na categoria dos profissionais da Educação estadual quando, no dia anterior, aprovara em Assembleia mal convocada nas bases - ou convocada nas bases que interessavam à burocracia - modificações no Estatuto da entidade com o objetivo claro de dificultar ainda mais a possibilidade da Oposição poder disputar em mínimas condições que fosse a direção desta importante entidade de classe de nosso Estado. Naquele artigo, depois de analisar todo aquele episódio e seus possíveis desdobramentos, concluía do seguinte modo, que passo a transcrever na íntegra:
"Avalio que este é um excepcional momento para a Oposição SINTEP se afirmar perante a categoria como uma alternativa clara. Se não souber aproveitar o momento, podem ficar certos, a burocracia saberá aproveitar. E aí reside o problema!"
Pois bem, meus amigos e amigas, como em política não existe espaço vazio, a burocracia encastelada no SINTEP há mais de 20 anos soube aproveitar muito bem o momento não ocupado pela Oposição SINTEP e aplicou mais um golpe. Desta vez, um SUPERGOLPE não apenas na Oposição mas na categoria de conjunto.
O golpe só foi sentido na última sexta-feira, 18 de fevereiro, quando da realização da Assembleia Geral para discutir os ataques do novo governo RC à categoria - para todos/as perceberem como foi um golpe muito bem arquitetado por Antonio Arruda e sua turma -. Lá, a Assembleia tomou conhecimento de que, no dia 10 de janeiro deste ano - uma singela segunda-feira de verão paraibano - houve uma Assembleia no auditório do Sindicato e nesta elegeu-se a Comissão Eleitoral - presidida pelo sempre prestativo professor José Mário, que no Estado é oposição a RC mas no município de JP é um fiel aliado de Luciano Agra e também de RC, na época deste -, como também definiu a data das eleições para a renovação da diretoria. Além disso, no mesmo dia em que foi eleita, a competente Comissão Eleitoral definiu, em reunião, a data de inscrição de chapas que, por uma coincidência dessas que ocorrem em nossas vidas - às vezes, chego a me surpreender com a quantidade de coincidências que ocorrem nossas vidas, não acham? - encerrou seu prazo no dia 10 de fevereiro, uma semana antes da Assembleia Estadual. 
Saindo do campo das coincidências, vamos aos fatos. O que a direção majoritária do SINTEP fez, tendo à frente o sr. Antonio Arruda, é de causar inveja aos Mubarak's da vida. Pois convocar uma Assembleia com essa importância no período em que a categoria está de FÉRIAS COLETIVAS não pode receber outro nome a não ser GOLPE. E dos mais sujos que possa existir. Mas essa atitude de Arruda e Cia. tem uma explicação histórica.
A burocracia sindical é um fenômeno histórico que não é novo e muitos já a estudaram com mais ou menos profundidade. Um dos que mais se dedicaram a estudar este fenômeno social foi o líder revolucionário russo Leon Trotsky. Trotsky afirmava que "é preciso abrir os sindicatos aos operários de todas as tendências, mantendo-se a disciplina na ação. Toda pessoa que transforma os sindicatos em uma arma destinada a fins exteriores (em particular com instrumento da burocracia stalinista e do imperialismo "democrático") divide inevitavelmente a classe operária, a enfraquece e abre as portas à reação. Uma completa e honesta democracia no interior dos sindicatos é a condição mais importante para a democracia no país" (grifo nosso). A burocracia, como algo que surge da própria classe, é algo muito difícil de ser identificada pelos elementos da classe, pois ela de forma superficial incorpora em seu discurso a luta de anos da categoria e as conquista do setor, mas ela já há muito não trabalha por isso, a não ser para manter seus próprios benefícios enquanto burocracia. 
Isso passa a ganhar força no Brasil a partir dos anos 90 quando a CUT começa a modificar sua concepção de sindicato como organizador das lutas e, para isso, utilizando-se do método da democracia direta, passa a adotar a fórmula do "Sindicato Cidadão". A burocracia vai ampliando seus espaços dentro da máquina sindical, afastando as bases das principais decisões a serem tomadas. Assim, assistimos ao contínuo esvaziamento das lutas sindicais desde então. Ao mesmo tempo, as lideranças sindicais vão, via de regra, sendo cooptadas para o aparelho de Estado, ocupando cargos especialmente nos poderes Executivo e Legislativo, nas três esferas (municipal, estadual e federal), o que só serve para aumentar ainda mais seu poder dentro da estrutura sindical.
Com isso, como revela o estudo de Lorene Figueiredo, Mestre em Educação pela UFF (Universidade Federal Fluminense), intitulado "LUTA DE CLASSES E BUROCRATIZAÇÃO DE DIRIGENTES SINDICAIS FRENTE ÀS REFORMAS ADMINISTRATIVAS EM MINAS GERAIS": "A burocracia tende, portanto, a romper com os valores e os princípios de organização da classe trabalhadora e se tornar antidemocrática, conservadora. A tarefa das lideranças que assumem a forma burocrática deixa de ser organizativa emancipatória e passa a ser representativa e conformativa. As representações das demandas da classe tendem a se restringir aos limites de concessões feitas pelo próprio Estado Burguês e as lideranças da classe devem fazer parecer conquistas de lutas por eles encaminhadas."  
Essa é a principal característica da burocracia do SINTEP hoje e de várias outras espalhadas pela Paraíba e Brasil: tornaram-se antidemocráticas e conservadoras. Não admitem, em hipótese alguma, por menor que seja, a possibilidade de perder uma eleição sindical. E mesmo que haja uma Oposição nascente, ainda procurando se formar, a ordem é: não permitir que o bicho cresça! Assim trabalha a burocracia sindical. Ao mesmo tempo, trabalha com o inconsciente de que atuando nos limites da institucionalidade burguesa e conseguindo algo dentro destes limites isso são conquistas suas. Ou seja, numa era de reformismo sem reformas, trabalham em cima das migalhas e posam de revolucionários. 
A Oposição SINTEP precisa desmascarar esse discurso e, antes de mais nada, por abaixo o GOLPE aplicado pela turma de Antonio Arruda e Cia. O quanto antes, em prol dos trabalhadores da educação da Paraíba, que precisam há mais de 20 anos de uma ALTERNATIVA!      




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