Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Algumas considerações sobre as eleições 2020





Passadas as eleições municipais 2020, curadas as feridas e terminada a ressaca eleitoral, é hora de começar a fazer as avaliações eleitorais. Evidente que cada pessoa, grupo, setor e partido político têm suas avaliações e considerações acerca do processo eleitoral que acabou de encerrar, de acordo com suas linhas teóricas e orientações político-programáticas que tomaram antes e durante o processo eleitoral que vivenciamos. Assim, pode-se concordar ou discordar dessas avaliações, mas entendendo que estas obedecem a tais premissas que acabamos de enunciar. Sem descambar para os fanatismos!!! 

Faremos, posteriormente, um balanço das eleições municipais em João Pessoa, que acarretou na vitória de Cícero Lucena (PP), fazendo com que este passe a governar a capital paraibana pela 3ª vez a partir de janeiro de 2021. Sobre isto, dedicaremos um artigo próprio.

A grande imprensa nacional destaca que as eleições municipais de 2020 revelaram que os partidos de centro-direita tiveram uma vitória expressiva em todo o país, ao mesmo tempo que a "esquerda oficial" sofreu uma derrota eleitoral de grande monta, igual aos partidos da base do governo Bolsonaro ou apoiados por este, seja no 1º ou no 2º turno.

O resultado das eleições demonstram que os partidos que compõem o "Centrão" - base política que apoia o governo Bolsonaro no Congresso Nacional - administrará 45% das cidades brasileiras, governando para cerca de 73 milhões de pessoas em todo o país. Dos 11 partidos que fazem parte do "Centrão", apenas PP, PL e PSD vão comandar 1.685 municípios em todo o país. Na Paraíba, por exemplo, PP e PSD administrarão João Pessoa e Campina Grande, respectivamente. 

Para se ter uma ideia da força política conquistada pela centro-direita nestas eleições municipais 2020, os 5 primeiros partidos que mais conquistaram prefeituras em todo o país, segundo dados do TSE, pertencem a este grupo político, pela ordem: MDB, PP, PSDB, PSD e DEM. Quando vamos para as capitais, o MDB conseguiu 5 capitais, DEM e PSDB ficaram com 4 cada um e o PP conquistou 2 prefeituras. Lembrando que as prefeituras do Rio de Janeiro e de São Paulo - duas das mais importantes do país - ficaram com o DEM  e o PSDB, respectivamente.

Paralelo a isto, a "esquerda oficial" vive um dilema. O PT sofreu uma dura derrota nestas eleições. Encolheu seu tamanho eleitoral (tinha 254 prefeituras em 2016 e agora, depois das eleições 2020, passou a ter 183) e, pela primeira vez, depois da redemocratização iniciada em 1985, não governará nenhuma capital brasileira. Por outro lado, outros partidos desta "esquerda oficial" tiveram um desempenho superior ao do PT, como o PSOL, que reelegeu Edmilson Soares em Belém do Pará e levou Guilherme Boulos ao 2º turno em São Paulo contra Bruno Covas, superando o candidato de Bolsonaro - Russomano (Republicanos) e Tatto (PT) -, dentre outros. Além de Manuela D'Ávila (PCdoB) que, em Porto Alegre, também foi ao 2º turno e fez uma disputa pra valer com o vitorioso Sebastião Melo, do MDB, na capital gaúcha. A exceção petista foi em Recife, com a herdeira política e familiar de Arraes, Marília Arraes, que perdeu a disputa para seu primo, o também bisneto de Miguel Arraes, João Campos (PSB).

Esse dilema da "esquerda oficial" provoca dois debates dentro e fora dela. Primeiro, fortalece a ideia da construção da "Frente Ampla" para as eleições gerais de 2022. Neste sentido, uma chapa começa a ser construída desde já: Boulos/Manuela ou Manuela/Boulos. Em minha humilde avaliação, com o fracasso eleitoral demonstrado pelo governador Flávio Dino (PCdoB/MA) nestas eleições, seu projeto eleitoral em 2022 está seriamente comprometido em terras maranhenses. Pensar em voos maiores, neste momento, é algo muito impensável.....

Em segundo lugar, tal debate reverberará nos movimentos sociais e, consequentemente, nas lutas que continuarão a ocorrer no próximo período. E aí a pergunta que não quer calar: como esta "esquerda oficial" se comportará diante disso e como levará a classe trabalhadora brasileira a se comportar diante de tudo isso??? Levará a classe a se levantar contra os ataques que o governo Bolsonaro continuará a fazer contra os trabalhadores e o povo ou acomodará tudo isso até as eleições 2022, canalizando tais insatisfações até as urnas eleitorais???

Um outro dado das eleições municipais 2020 que não pode ser deixado de lado é acerca do elevado número de abstenção registrado no pleito deste ano. Segundo o TSE, divulgado pela mídia, a média nacional de abstenção nas eleições em todo o país  foi de 29,43%, superior à média registrada no 1º turno, que foi de 23,14%. Sem falar em o 2º turno de eleições anteriores, como 2016 e 2012 - média de 21,55% e 19,12%, respectivamente - (https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2020/noticia/2020/11/30/as-eleicoes-de-2020-em-numeros.ghtml).

Quando observamos estes números por região, somados aos de votos em branco + nulos, percebemos haver um soma considerável em todo o país uma parcela substancial do povo brasileiro que não acredita mais na forma política que existe em nosso país e que, com isso, passa um recado claro sobretudo às forças efetivamente comprometidas com as lutas da classe trabalhadora e explorada do capital em nosso país. E que é preciso aprender com este recado e partir para a ofensiva junto com a classe para iniciar uma mudança real!!! 


0 comentários:

Postar um comentário