Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Algumas impressões sobre as eleições municipais 2020 em João Pessoa






Em artigo anterior feito neste mesmo espaço (http://antonioradical.blogspot.com/2020/11/algumas-consideracoes-sobre-as-eleicoes.html), debatemos sobre os números das eleições municipais estabelecidos em todo o país, divulgados pelo TSE e amplamente repercutidos pela grande mídia. Segundo estes números, a média de abstenção em todo o país atingiu a marca recorde de 29,43%, superando eleições anteriores. De acordo com a Justiça Eleitoral e vários analistas dos principais sites e canais da grande mídia do país, isso se deveu sobretudo à pandemia do coronavírus, que começa a aumentar consideravelmente no Brasil e no mundo nos últimos dias. Coincidência que isso está se dando após as eleições??? Tema para um próximo comentário neste blog.

Em João Pessoa, as eleições municipais encerradas no último domingo, 29 de novembro passado, não fugiram à regra do que ocorreu no restante do país. Também na "Cidade das Acácias" verificou-se um alto índice de abstenção no processo eleitoral, tendo o número no 2º turno superado o registrado no 1º turno - 23,34% (121.917 eleitores/as) contra 21,28% (111.120 eleitores/as). Quando somamos estes números aos votos brancos e nulos no 2º turno, temos um resultado ainda maior: 36,4% de eleitores/as pessoenses se abstiveram, anularam ou votaram em branco nas recentes eleições. Em números absolutos, exatos 174.184 pessoas decidiram não participar do processo eleitoral apoiando nenhuma candidatura posta. Entre a forca e a guilhotina, entre a "Operação Confraria" e a "Operação Vitrine", estas pessoas escolheram a luta!!!

Há outros dois números bem interessantes verificados na eleição municipal de João Pessoa. O primeiro diz respeito ao ocorrido na 76ª zona eleitoral da capital. Nesta, os votos dados ao candidato Nilvan Ferreira (MDB), foram menores do que a abstenção. Segundo mapa eleitoral do TRE/PB, nesta zona eleitoral, ocorreram 30.858 abstenções, enquanto o candidato do MDB recebeu 24.292 votos (https://paraibaja.com.br/cicero-lucena-conquistou-quatro-das-cinco-zonas-eleitorais-em-joao-pessoa/). Uma demonstração explícita da insatisfação popular com o processo eleitoral. As abstenções superaram os votos dados a um candidato e se aproximaram - e muito - da quantidade dada ao candidato vencedor na citada zona eleitoral.

O número mais significativo desta eleição em João Pessoa surgiu no resultado final do processo, quando Cícero Lucena (PP) foi anunciado o novo prefeito da cidade. Cícero foi eleito com exatos 185.055 votos (53,16% dos votos válidos). Porém, teve uma votação menor do que quando foi reeleito prefeito da capital paraibana em 2000. Naquela ocasião, Cícero Lucena era candidato pelo PMDB, disputou a eleição contra o candidato do PT, Luiz Couto, e venceu o processo em 1º turno com 193.156 votos. Isso num universo eleitoral total de 343.326 pessoas em João Pessoa naquele ano, bem inferior ao registrado neste ano, que foi de 522.269 eleitores/as aptos/as a votar nas últimas eleições.

Estes números só reforçam aquilo que estamos afirmando há tempos: a indignação de nosso povo com o sistema político que vivenciamos cotidianamente. Além disso, estamos comprovando cada vez mais que, se o voto não fosse obrigatório, estes números seriam ainda maiores do que já foram e a crise política seria ainda maior.

Isso faz com que a esquerda socialista e revolucionária de nosso país repense urgentemente suas táticas e estratégias no próximo período junto à classe trabalhadora, aprofundando e/ou modificando algumas elaborações que estão em curso ou construindo novas políticas com e para a classe e os explorados do capital!!!

Os números da vitória eleitoral e política de Cícero Lucena mostram que seu futuro governo não será um "mar de rosas". De cara, ele já construiu uma "oposição de direita", caracterizado na figura de Nilvan Ferreira e no MDB; há também o setor da esquerda, seja a "esquerda oficial", seja a esquerda socialista e revolucionária que, apesar de fragilizada, possuem uma base social que, de acordo com a evolução da conjuntura nacional e local, podem provocar problemas na gestão do PP. Assim, podemos sugerir que o governo Cícero Lucena será um governo de conflitos, à direita e à esquerda. A evolução da conjuntura (local e nacional) dirá como isso se resolverá!!! 

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