Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

PSOL/Freixo e PT/RJ decidem optar por apoio a Eduardo Paes (DEM) no 2º turno carioca para "derrotar" Crivella. Durma com uma zoada dessas.....





Estávamos prontos para fazer um artigo sobre os resultados do 1º turno da eleição neste domingo, 15 de novembro, e darmos nossas primeiras impressões acerca disso. Mas, em virtude dessas posições que vem do Rio de Janeiro, expressadas pela direção do PT/RJ e pela principal figura política do PSOL daquela cidade, o deputado federal Marcelo Freixo, decidimos tecer algumas considerações sobre isso. Posteriormente, abordaremos nossas impressões sobre as eleições de domingo, bem como o que ocorreu em João Pessoa e outras cidades da Paraíba.

Primeiro, afirmar que as afirmações do PT/RJ e de Freixo surpreendem pela rapidez com que foram veiculadas, mas não pelo seu teor. Isso porque a razão pela qual cada um destes setores expõem o motivo pelo "voto crítico" em Eduardo Paes e no DEM no 2º turno da eleição na "Cidade Maravilhosa" no próximo dia 29 de novembro já foi amplamente divulgada ao longo do processo eleitoral antes mesmo deste começar, como uma defesa da construção da "Frente Ampla". E, com certeza, será ainda mais defendida para a construção de tal frente em 2022: a necessidade de derrotar o "bolsonarismo" - leia-se a "extrema-direita" no país, representada pelo governo Bolsonaro, a começar pelo seu chefe, o presidente Jair Bolsonaro.

Que é preciso derrotar o presidente Bolsonaro e seus aliados nos Estados e Municípios, temos pleno acordo com esta tese. Porém, discordamos que isto se dê aproveitando o período eleitoral como principal ponto de apoio para isto, rejeitando o terreno das lutas para se fazer isto. Tomemos como exemplo a recente greve dos trabalhadores dos Correios. Uma greve heroica, em que pese a disposição de luta da categoria, pouco se observou a movimentação de setores da classe trabalhadora para acompanhar e apoiar esta categoria no enfrentamento contra o governo Bolsonaro, fazendo com que demais setores da classe se alinhassem com os ecetistas para que estes pudessem ter uma efetiva vitória na sua greve. E isso vem se notando em outras categorias e lutas em todo o país, infelizmente. Muitos partidos que se reivindicam defensores da classe trabalhadora priorizam o terreno eleitoral ás custas da luta da classe, buscando nestas apenas um trampolim para alcançar seus objetivos eleitoreiros.

Voltemos ao debate inicial do artigo. A postura do PT/RJ  e de Freixo em apoiarem Eduardo Paes, mesmo que criticamente no 2º turno, possuem esta explicação dada acima como "pano de fundo" principal para sua definição - a luta contra o "bolsonarismo" -, mas não deixa de ser um contrassenso quando olhamos a realidade dos fatos apresentados por estas mesmas organizações bem recentemente, quando analisamos o tal "enfrentamento" à extrema-direita no país, inclusive no terreno eleitoral.

Antes de mais nada, vamos verificar o que cada um (PT/RJ  e Freixo) dizem sobre seus apoios.

O PT/RJ afirma, em nota da direção municipal do partido, que Eduardo Paes "se encontra em um campo político distante" das bandeiras que o partido defende, mas que é preciso "virar a página" da administração atual, comandada por Crivella (Republicanos). Afirma ainda que não quer nenhuma contrapartida de Paes, caso este seja eleito, e cobrará "a manutenção de seu compromisso com uma agenda democrática e que atenda as demandas mais sentidas para recuperação de qualidade de vida dos cariocas" (https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/eleicoes/2020/noticia/2020/11/17/pt-do-rio-se-manifesta-por-voto-contra-crivella-em-2o-turno-com-paes.ghtml). Em bom português, o PT/RJ espera que a bruxa má da Branca de Neve a salve do caçador e que o povo do Rio de Janeiro, assim como o de todo o Brasil, sofra de APP (Amnésia Política Proposital) e "esqueça" que foi o PT, com Lula e Dilma, como carros-chefe na campanha eleitoral de 2014, que fizeram surgir na cena política carioca um "cidadão" chamado Marcelo Crivella, na época do PRB, candidato ao Senado na oportunidade, numa aliança que envolvia (além do do PT e PRB), o PMDB do candidato à reeleição ao governo do Estado, o hoje presidiário Sérgio Cabral. Todos foram eleitos, na ocasião.

Marcelo Freixo (PSOL/RJ) também tem esse mesmo desejo que o PT/RJ em relação à APP e declarou à imprensa sobre seu "voto crítico" à Paes que "o Rio tem que derrotar Crivella" (https://diariodorio.com/freixo-defende-voto-critico-em-eduardo-paes-o-rio-tem-que-derrotar-crivella/). No caso de Freixo, isso tem a ver com a posição que o PSOL assumiu com os resultados eleitorais obtidos pelo partido a partir de 15/11. As urnas revelaram que o partido passou a possuir uma postura de protagonista dentro da "esquerda oficial", chegando a rivalizar com o PT na condição de assumir a cabeça desta "esquerda" para 2022. Não à toa, Boulos está no 2º turno em São Paulo, "abençoado" por Lula já na manhã do domingo, 15/11. Freixo, com esta postura, revela algo que já vinha se gestando no interior do PSOL, além de clarificar uma posição típica dele própria.

Mas, há outros fatores que servem para justificar a postura do PT/RJ e de Freixo expressadas neste assunto. No início de outubro próximo passado, o site "Esquerda Diário" publicou três matérias, através de dados extraídos do TSE, que revelavam bem  a contradição entre a teoria e a prática de PT, PCdoB e PSOL no tocante ao combate à extrema-direita no país, em especial ao "bolsonarismo", especialmente no período eleitoral.

"Esquerda Diário" revelou, em 1º/10 que o PT coligou-se em 140 cidades com o PSL, além de se aliar em tantas outras no país com partidos da base do governo Bolsonaro, como PP, DEM, PSDB, MDB, PSC, PRTB, dentre outros; revelou também que o fiel escudeiro do PT, o PCdoB, fez igual movimento, se aliando ao PSL em 70 cidades em todo o país, mas sem deixar de se aliar com outros partidos da direita e extrema-direita, como PSD, MDB, DEM, PSDB, Republicanos, PTB, Podemos, PSC, Patriotas, dentre outros. Por fim, esta degeneração política também atingiu o PSOL que, segundo o site acima citado, aliou-se em várias cidades no país com PSDB, MDB, DEM, PSC, Podemos, PP, PMN, PRTB, DC, dentre outros. Na Paraíba, aliou-se na cidade de Campina Grande ao PSB, do ex-governador Ricardo Coutinho, acusado pelo Ministério Público Estadual e pelo Gaeco de chefiar uma "organização criminosa" que teria desviado milhões de reais da saúde pública estadual, a partir do Hospital de Trauma em João Pessoa.

Portanto, os discursos feitos por PT/RJ  e Freixo (PSOL/RJ) estão diretamente relacionados à postura parlamentar que estes partidos possuem no cenário nacional, aonde precisam se apresentar ao povo e, em especial, à burguesia brasileira e internacional como "responsáveis", pois só assim conseguirão - quem sabe - reconquistar o Palácio do Planalto algum dia, nas graças do capital.




  



 


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