Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

domingo, 2 de janeiro de 2011

Dilma Rousseff, uma mulher de classe. Mas, de que classe?

Na tarde deste sábado, 1º de janeiro de 2011, tomou posse como presidente Dilma Rousseff (PT), a primeira mulher a ocupar este posto em nosso país. Uma parte significativa do movimento de mulheres de nosso país trata este acontecimento como um dos mais importantes de toda a  nossa história. A pergunta é: devemos mesmo considerar assim? Será que o simples fato de uma mulher - e apenas por isto - é suficiente para comemorarmos?
Para os marxistas, não basta tão somente a questão de gênero. É preciso algo mais. Afinal de contas, em vários países espalhados pelo mundo, em épocas diferentes e contemporâneas, mulheres já ocuparam postos semelhantes ao que Dilma ocupa neste momento. Catarina II na Rússia, Indira Ghandi na Índia, Benazir Bhutto no Paquistão, Margareth Thatcher e Elizabeth II na Inglaterra, Cristina Kirchner na Argentina são alguns exemplos. Até mesmo no Brasil já tínhamos exemplos de mulheres ocupando postos no Executivo e Legislativo já há décadas, mas nos Estados e Municípios, nunca no plano federal. Luiza Erundina e Marta Suplicy em São Paulo, Roseana Sarney no Maranhão, Kátia Abreu por Tocantins, Heloísa Helena por Alagoas, Luciana Genro pelo Rio Grande do Sul, Rosalba Ciarlini no Rio Grande do Norte, Yeda Crucius no Rio Grande do Sul, Marina Silva pelo Acre e tantas outras.  
Aqui mesmo na Paraíba já tivemos várias mulheres eleitas para a Assembleia Legislativa e para algumas Câmaras Municipais, como as de João Pessoa e Campina Grande, por exemplo. Lúcia Braga, Iraê Lucena, Francisca Mota, Daniela Ribeiro são alguns exemplos de mulheres eleitas em terras tabajaras.
Mas a eleição de mulheres, por si só, é suficiente para comemorarmos como avanço? Temos o que comemorar com a eleição de Dilma Rousseff para o mais importante posto político da República brasileira?
Acreditamos que não. E temos razões para isso.
Dilma representa a continuidade de um projeto político que mantém intacto, desde que chegou lá em 2003 com "Lulinha paz e amor", a mesma política econômica do governo que o antecedeu, o governo FHC. E nunca escondeu isso de ninguém. Uma política econômica baseada em juros altos, superávit primário para acumular reservas para pagar os juros da dívida externa aos banqueiros nacionais e internacionais e arrocho salarial sobre os trabalhadores/as. Por isso, o próprio Lula admitiu, em certo momento de seu mandato, que os banqueiros nunca lucraram tanto quanto em seu governo. E ele tinha plena razão. Assim como Obama também estava certo ao chamar Lula de "o cara". Afinal, era Lula - e agora será Dilma - que garantia lucros extraordinários aos banqueiros de Wall Street.
Portanto, não basta ser mulher. É preciso, além disso, estar vinculada à classe trabalhadora. E vinculada integralmente e não apenas em palavras, como provavelmente será durante os próximos quatro anos do mandato de Dilma Rousseff. Os/as trabalhadores/as poderão começar a perceber o real vínculo de Dilma e seus ministros quando ela puser em marcha a nova Reforma da Previdência daqui a alguns meses, bem como a volta da CPMF (provavelmente com um novo nome). Aí poderemos verificar melhor que a questão de gênero não é suficiente para definir o perfil de um presidente. Muito superior a isso é sua condição de classe.       

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