Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

domingo, 16 de janeiro de 2011

A OIT revela a quem serve o crescimento econômico do governo do PT

Uma matéria recentemente divulgada por alguns veículos de informação chama a atenção para o que vem ocorrendo em nosso país, pelo menos desde 2003, quando o PT chegou ao poder com Lula.
A Folha.com ajudou a divulgar em terras tupiniquins o "Relatório geral sobre os salários", elaborado pela Organização Internacional do Trabalho - OIT -, organismo vinculado à ONU e que regularmente produz este trabalho. Este se refere aos anos 2010/11 em todas as regiões do planeta. Portanto, em tese, é um documento que merece certa credibilidade.
Neste estudo da OIT, seus resultados sobre o salário mínimo no Brasil, especialmente quando comparado ao de outros países da América Latina, levam-nos a questionar o tal crescimento econômico apregoado pelo governo federal, especialmente relacionado à propaganda feita de forma sistemática por este que isto estaria representando uma melhora na vida das pessoas e, consequentemente, gerando maior poder de consumo no país. O estudo da organização leva em consideração um índice classificado como PPC (Paridade do Poder de Compra) daquele salário mínimo.
Segundo a OIT, dos países latino-americanos estudados, o Brasil ocupa a 16ª posição quando o assunto é salário mínimo. Nosso país governado pelo PT de Lula e Dilma consegue ficar atrás de países como Honduras, El Salvador, Belize e Paraguai, dentre outros (ver gráfico abaixo). Para um país que almeja, segundo o próprio Lula afirmou nos seus últimos dias de governo, chegar à posição nº 5 entre os mais ricos do mundo, este não é um bom começo. Principalmente quando constatamos, segundo o estudo citado, ter o Brasil piorado neste quesito na América Latina. No estudo anterior, feito em 2007, o Brasil ocupava a 11ª posição. 
Além disso, há outro dado muito preocupante. Pelo menos deveria ser assim encarado pelos que ocupam o poder em nosso país. Segundo a OIT, o Brasil consegue entre 2006-09, ter uma variação real do salário mínimo menor do que o Haiti. Nesse período, a variação real no Brasil foi de 29,49%, enquanto no Haiti esta foi de 93,76%. Todos sabemos da atual situação crítica vivida pelo Haiti, após o terremoto de janeiro do ano passado e, agora, com a epidemia de cólera. Tudo isso assistido sob a intervenção militar das tropas da ONU, comandadas pelo Exército brasileiro há mais de 5 anos. Um pais arrasado em todos os aspectos e que consegue superar o Brasil no quesito "variação real do salário mínimo", pelo menos no período já citado. Não há como compararmos o parque industrial brasileiro com o haitiano, até porque isso praticamente não existe naquele país, especialmente neste momento histórico.
O mais importante dessa discussão, além de revelarem estes dados, serve também para fazermos um debate muito sério sobre o crescimento econômico anunciado pelo governo nos últimos anos. Efetivamente, com uma situação dessas que verificamos quando o assunto é salário mínimo, nos resta a pergunta a fazer: para quem serve esse crescimento econômico?
Com todos os dados apresentados pela OIT em seu estudo, fica claro que o crescimento econômico vivenciado em nosso país nos últimos 8 anos tem servido aos mesmos de sempre, ou seja, aos patrões. À classe trabalhadora, apenas migalhas, como o Bolsa Família.     Portanto, revela-se - para quem quiser perceber, evidentemente - a natureza das relações do governo do PT tanto com os patrões como com as centrais sindicais, como a CUT, CTB e Força Sindical.
Isso fica ainda mais claro nesse momento inicial do governo Dilma, quando assistimos a um "leilão" feito por diversas forças políticas na discussão do futuro valor do salário mínimo. Para a presidente Dilma e sua equipe econômica, o salário mínimo deve ficar em R$ 545; para as centrais sindicais, tendo a Força Sindical à frente disso, o valor deve ser R$ 580; e finalmente a turma do PSDB, pegando carona nesse debate, resgata a proposta de seu candidato derrotado nas recentes eleições presidenciais, José Serra, que era de R$ 600. Ou seja, qualquer que seja o próximo valor do salário mínimo no Brasil, dificilmente afetará os resultados do estudo da OIT, como também não resolverão os graves problemas enfrentados no cotidiano pelos/as trabalhadores/as. Principalmente quando estes/as "ganham" pouco mais de 5% de reajuste nos seus salários enquanto os deputados, senadores e a presidente tem reajustes de 63% e 134%, respectivamente.     





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