Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A HISTÓRIA DO AUTO ESPORTE CLUBE EM CORDEL

Tenho algumas paixões em minha vida. Algumas delas estão retratadas no perfil de meu blog. Outras estão no futebol. Uma no Rio de Janeiro e se chama Flamengo. Outra em terras tabajaras e atende pelo nome de Auto Esporte, carinhosamente tratado por "Autinho". Para homenagear nosso querido Auto Esporte Clube e rememorar alguns momentos mágicos - alguns presenciados por nós -, como as conquistas de 1987 e 1992, publicamos na íntegra o cordel de um amigo de adolescência, dos tempos de pelada do Cabo Branco e do campo de terra do grupo escolar no final da rua Pe. Ayres, em Miramar (mais conhecida como a rua da Granja do Governador), meu querido Gilvandro, hoje o cordelista Gil Hollanda, torcedor como eu do Auto Esporte. Recentemente, tive a felicidade de encontrá-lo com seu pai num restaurante da cidade e ele me brindou com alguns exemplares de cordel feitos por ele - excelentes, por sinal -. Um deles conta a história de nosso Auto Esporte Clube, que agora reproduzo para todo/as aqui neste humilde blog.




 


A HISTÓRIA DO AUTO ESPORTE CLUBE EM CORDEL

Autor: Gil Hollanda

Torcedor e torcedora!
Vou percorrer ponto a ponto
Uma história de deixar
Qualquer adversário tonto
Com tantas belas conquistas
Que agora a vocês eu conto.


Foi em sete de setembro
Do ano de trinta e seis
Lá no Ponto de Cem Réis
Com apenas dezesseis
Taxistas da Capital
Que um grande Clube se fez.


Era o AUTO ESPORTE CLUBE
Que de uma organização
Da classe dos motoristas
Virava agremiação
Recreativa e esportiva
Desta Confederação.


No início só motoristas
Jogavam no AUTO ESPORTE,
E como seus carros tinham
Um macaco de suporte
Puseram como mascote
Um chipanzé muito forte.


Nas cores vermelha e branca
O 'Time dos Motoristas'
Ou mesmo o 'Clube do Povo'
Além de automobilistas
Conquistou a simpatia
De milhares desportistas.


Diz a letra de seu hino
Que o AUTO sempre lutou
“Contra tudo e contra todos”
Mas mesmo assim conquistou
Dentro e fora dos gramados
Muito do que disputou.


No ano de trinta e nove
Já se sagrou campeão
Invicto do nosso Estado
Atropelou sem perdão:
Botafogo, Filipéia,
Palmeiras, Treze e União.


Eis o quadro campeão
Que ganhou tudo sem pena:
Terceiro, Henrique, Biu, Zé,
Formiga, Gerson, Lucena,
Pitôta, Neco, Pedrinho
E Lins pra fechar a cena.


Ano de cinqüenta e seis
Ninguém mais o dominou
Contra o velho Botafogo
Com quem mais rivalizou
Veio o outro estadual
Que o alvirrubro conquistou.


Na partida decisiva
Um olé fenomenal
Que deu muito o que falar...
Foi manchete de jornal:
“O AUTO apaga o Fogão
No jogão da Capital”.


O AUTO ainda manteve
O glorioso esquadrão
Que assim dois anos depois
Botou a taça na mão
Com a torcida a gritar
Outra vez: “é campeão!...”.


Com títulos conquistados
Crescia sua torcida
Nos jogos com o rival
E deixava dividida
A Capital paraibana
No momento da partida.


Era o famoso BOTAUTO
O jogão da Capital
Que enchia nossos estádios
Pra saber quem era o tal
Jogadores e torcidas
Disputavam pau a pau.


Na década de setenta
Lá no ‘Estádio Almeidão’
Muito mais do que amistoso
Do AUTO contra o Mengão
Foi o primeiro jogo
A ir pra televisão.


Mas foi em oitenta e sete
Pra torcida reviver
Outro título dando olé
Que o AUTO voltou a ser
Campeão Estadual
Pra ninguém mais esquecer.


Foi no ano que surgiu
O ídolo da torcida
No chão ou no ar com ele
Não tinha bola perdida
Era o 'Profeta Isaías',
O homem gol da partida.


E dá-lhe macaco autino!
Noventa não foi pro “belo”
Nem pros “maiorais da serra”
Com um sorriso amarelo
Ficaram a ver o macaco
Botar todos no chinelo.


Na final o seu rival
Bem que tentou outro fim
Na disputa do caneco
Mas o placar foi assim:
AUTO um, Botafogo zero
Gol de Neto Surubim.


Mais uma vez o ‘Almeidão’
Vermelhou naquele dia
Sob o comando do técnico
Mineiro, o AUTINHO erguia
Pela quinta vez o título
Pra torcida em euforia.


Em noventa e dois, a festa
Foi no ‘Estádio Amigão’
Diante dos trezeanos
Que pra essa decisão
Já estavam todos prontos
Pra gritar “é campeão”.


Mas foi na prorrogação
Com um gol de Cristiano
Que o alvirrubro pessoense
Fez o alvinegro serrano
Parar de cantar de galo
Na final daquele ano.


Também neste mesmo ano
Disputou o brasileiro
Da terceira divisão
Quando ficou em terceiro
Posição não superada
Por outros do Estado inteiro.


E já no ano seguinte
Pela Copa do Brasil
Ao vencer o Paysandu,
Toda a Paraíba viu
O que nenhum outro clube
Pessoense conseguiu.


Findou o século vinte,
Com seis títulos na mão
Investiu no patrimônio:
O ‘Estádio Mangabeirão’
Com um campo de primeira
Fez ali seu alçapão.


E no 'Alçapão do Macaco'
Todos temem enfrentá-lo
O Macaco não tem pena
Dos que querem superá-lo
Seja cão ou dinossauro,
Cobra, raposa ou galo.


Agora em dois mil e nove
Mesmo fora do alçapão
Deixou seus adversários
Com a banana na mão
Pois o macaco voltou
Pra primeira divisão.


Torcidas organizadas
Vermelhando seus brasões:
Força Jovem Alvirrubra
Atraindo gerações
E mantendo a tradição
Tem os Rubros Gaviões.


É o AUTO ESPORTE CLUBE
Que em seu escudo se vê
No interior de um volante
A guiar o que se lê
As suas iniciais:
As letrinhas A E C.

AUTO ESPORTE é gigante
Com o seu passado de glória!
Quem o chama de ‘pequeno’
É aquele sem memória
Ou aquele que não conhece
A grandeza de sua história.

Fim



DO MUNDO DA BOLA
PARA O MUNDO DAS LETRAS



Numa incursão poética, o poeta Gil Hollanda, autor de vários cordéis, nos convida a conhecer um grande clube do nosso futebol, o AUTO ESPORTE CLUBE. Numa extensa e difícil pesquisa, Gil percorre a história fascinante de um Clube da Capital paraibana, possuidor de seis títulos estaduais e que teve o seu surgimento a partir da classe dos motoristas. Sendo o poeta um autêntico torcedor automobilista, o cordel ganha em emoção ao longo de seus versos, mostrando aos leitores não somente passagens relevantes da história do “Time dos Motoristas”, mas detalhes que somente um autêntico torcedor alvirrubro de arquibancada pode revelar. Acredito que, neste trabalho cordelístico, Gil Hollanda marca um gol de placa para o AUTO ESPORTE, na verdade, um verdadeiro gol de letra!



Klécius Gomes
Presidente do Auto Esporte Clube - 2010



 

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