Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Sobre SINTEM, SINTEP, Luciano Agra e Ricardo Coutinho

Parece improvável ou insustentável o título acima, mas na verdade existem algumas semelhanças e também algumas diferenças pontuais sobre as personagens elencadas no referido título.
Comecemos pelas semelhanças. As direções atuais dos dois maiores sindicatos do ramo da educação pública do Estado - SINTEM e SINTEP - estão no comando das duas entidades há vários anos, através de grupos políticos que, em nome da categoria, muitas vezes fazem negociações que em nada atendem aos interesses de sua base. São direções altamente burocratizadas, que se afastaram de suas bases e, consequentemente, como toda direção burocrática, estão muito mais preocupadas com a manutenção de seus benefícios do que em resolver os graves problemas enfrentados pelos profissionais da educação, como péssima situação salarial e condições de trabalho, além do problema crescente da insegurança vivida pela categoria nas escolas públicas. Uma direção burocrática, como as do SINTEM e SINTEP, no máximo desejam atenuar as condições vividas pelos/as  trabalhadores/as elencadas acima, nunca se confrontar diretamente com o poder estabelecido.
Mas, como toda regra há exceção, nem sempre os objetivos da categoria são completamente relegados a segundo plano por uma direção burocrática. Afinal de contas, elas precisam parecer como sendo "de luta", "defensores dos direitos e conquistas da classe trabalhadora". Só assim conseguem se perpetuar nas direções das entidades, além de realizarem alguns golpes contra prováveis oposições, como reformulações de estatutos e assembleias em perÍodo de férias da categoria. Não é, direção do SINTEP?
Agora, passemos a avaliar Ricardo Coutinho e Luciano Agra. Um é o Criador e outro, a criatura. Efetivamente, é assim que Agra se comporta à frente da Prefeitura de João Pessoa. Faz questão de copiar, literalmente, o estilo Ricardo Coutinho quando este estava dirigindo os destinos da capital paraibana. Persegue os ambulantes, criminaliza os movimentos sociais, como faz agora com os médicos em greve e ainda, com os profissionais da educação municipal em campanha salarial. No momento em que escrevo este artigo, os trabalhadores da educação municipal de João Pessoa decidiram, em assembleia, entrar em greve por tempo indeterminado a partir de segunda-feira (25/04/11) por não aceitar a proposta indecente feita pelo Prefeito. Mais uma vez, Agra cumpre seu papel de papagaio de pirata do governador Ricasdo Coutinho. Assim como seu colega prefeito, Ricardo Coutinho enviou à direção do SINTEP uma proposta igualmente indecente, apresentada pela direção sindical na assembleia ocorrida na última sexta-feira (15/04/11). Ricardo e Agra tratam com desprezo e deboche os trabalhadores da educação do Estado e da capital.
A diferença, neste ponto, está no trato das direções sindicais com as propostas apresentadas pelos respectivos Executivos. Apesar de todas as semelhanças elencadas entre as duas direções sindicais, a direção do SINTEM decidiu, neste momento, enfrentar a    Prefeitura de João Pessoa, enquanto a direção do SINTEP sucumbiu à chantagem de Ricardo Coutinho (já exposta noutro artigo sobre este assunto). E todos/as sabem das ligações íntimas entre o grupo que dirige o SINTEM com a Prefeitura. Só pra citar um exemplo disso, o vereador Benilton Lucena (ex-presidente do sindicato) é líder da bancada governista na Câmara Municipal de João Pessoa. Mesmo assim, a direção do SINTEM decidiu ir à luta e defender a construção da greve da categoria. Nos dois casos (SINTEM e SINTEP), a pressão da base fez prevalecer nos municipais, enquanto tal movimento vindo da base não foi escutado pela direção do SINTEP. Apesar das duas bases em questão, na sua maioria, desconfiarem bastante de suas direções.
Outro ponto semelhante entre as duas entidades em questão é a ausência (pelo menos, por enquanto) de uma oposição consistente, com um programa mínimo que a unifique e possa ser construída pela base contra o aparato gigante dominado hoje pelas duas direções sindicais. Isso é muito ruim porque se verifica que existe um extraordinário espaço para a construção dessas oposições, mas falta um elemento principal para a efetivação concreta dessa alternativa política a se desenvolver nas duas bases: gente disposta a construir tal alternativa. Sem isso, os próximos passos da luta dessas categorias continuará nas mãos da burocracia cutista, tal como está hoje.

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