Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

A "esquerda oficial" e os ziguezagues da sua política de colaboração de classes!!!





A "esquerda oficial" em nosso país vem, de muito tempo, praticando uma política que chamamos de colaboração de classes. Tal prática política se caracteriza, em poucas palavras, por possuir uma linha de "enfrentamento" com o capital em alguns momentos da conjuntura, colocando a classe trabalhadora em movimento contra os patrões, mas sempre colocando o regime político dominante em pé, sem correr riscos de cair perante uma insurreição ou mesmo uma revolução proletária, em aliança permanente com setores "progressistas" da burguesia. A "esquerda oficial" em nosso país, ao longo de nossa História, possuiu vários protagonistas, individuais e coletivos, mas desde o final da década de 1970 do século passado, a classe trabalhadora brasileira construiu uma ferramenta que protagonizou até a presente data as principais lutas em nosso país: o PT, capitaneado pela principal liderança operária construída pelas lutas operárias do ABC paulista na época, Lula.

Desde o impeachment de Dilma, ocorrido em 2016, que a "esquerda oficial", capitaneada pelo PT, seguida por seus "satélites", dentro e fora do Congresso Nacional, espalhados nos movimentos sociais pelo país, criou a narrativa do "golpe" que havia sido aplicado na presidente e no partido naquela ocasião. A partir daquele momento, todos que haviam sido a favor do "golpe" foram tachados como "golpistas" e passaram a ser perseguidos desta forma. Isso não impediu, no entanto, de serem formadas alianças entre os partidos da "esquerda oficial" e os "golpistas" nas eleições gerais de 2018.

Assim, enquanto PT, PCdoB, PDT, PSOL, PCB, REDE se colocavam contrários à candidatura de Bolsonaro na eleição para Presidente, em alguns locais, estas legendas "esqueciam" o discurso do "golpismo" e faziam alianças eleitoreiras de todo tipo. Por exemplo, o "revolucionário" Flávio Dino, do PCdoB, se reelegeu governador do Maranhão numa aliança que teve como vice um filiado do PRB e esteve aliado também com partidos como DEM, PDT, PTB, PT, PATRIOTA, PSB, SOLIDARIEDADE, PP, dentre outros. Uma verdadeira "colcha de retalhos", para dizer o mínimo. Na Paraíba, situação semelhante: PSB, PT, PCdoB, PDT, REDE se uniram com DEM, PTB, PROS, dentre outros para formar um grande "chapão" e vencer a eleição estadual em 2018. E assim ocorreram em vários Estados.

A política de colaboração de classes implementada pela "esquerda oficial" não cessou com a ascensão de Bolsonaro ao Planalto. Pelo contrário, o discurso do "golpe" contra Dilma e o PT em 2016 intensificou-se após a prisão de Lula e ampliou-se também aquilo que chamamos de APP (Amnésia Política Proposital), instrumento bastante utilizado por setores da "esquerda oficial" para justificar sua prática política de ziguezagues constantes ao longo da conjuntura que vivemos.

Isto tem se intensificado ultimamente. Nas recentes eleições municipais 2020, a prática de alianças com os "golpistas" repetiu-se, seja por PT, PCdoB, PSOL. Todos estes partidos, em todo o país, em vários municípios, aliaram-se com partidos de direita, que apoiam o governo Bolsonaro e que possuem uma agenda totalmente contrária aos interesses dos trabalhadores, não possuindo portanto nenhum sinal de igualdade com nossa classe.

Agora, estamos perto das eleições das Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. São eleições de extrema importância na cena política nacional, especialmente para o governo Bolsonaro, em se tratando de um ano pré-eleitoral como é 2021. Daí, sua importância.

Estas eleições, aparentemente simples, do ponto de vista da sua configuração (e, portanto, do seu voto), vêm mostrando os ziguezagues da política de colaboração de classes da "esquerda oficial" de nosso país e dos partidos que a compõem que estão presentes no Congresso Nacional: PT, PCdoB, PSB, PDT, PSOL, REDE.

De todos os partidos acima citados, PCdoB, PSB, PDT e REDE têm demonstrado, até agora, uma postura firme (e equivocada) na eleição da Câmara dos Deputados: todos apoiam o candidato do MDB, Baleia Rossi, ungido ao posto pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM/RJ), tido como o candidato da "oposição" a Bolsonaro. Quanto à eleição para o Senado, não possuímos informações a respeito.

Já PT e PSOL possuem posições distintas. O PT já decidiu apoiar Baleia Rossi para presidente da Câmara dos Deputados e assinou uma nota de apoio a este, junto com os demais partidos (exceto o PSOL), aonde se afirma que o motivo de apoiar Rossi é, entre outras coisas, "combater, dentro de fora do Parlamento, as políticas antidemocráticas, neoliberais, de desmonte do Estado e da economia brasileira". Porém, no Senado, o PT soltou uma nota da Liderança do Partido defendendo o voto e o apoio ao senador Rodrigo Pacheco (DEM/MG) à Presidente da Casa, que é o candidato de Bolsonaro. E fez isso, segundo a nota, para enfrentar a "agenda de retrocessos da extrema-direita". Eis um dos ziguezagues da política de colaboração de classes da "esquerda oficial"!!!

O PSOL, por incrível que pareça, está dividido ao meio, no processo da eleição da Câmara dos Deputados. Metade da bancada do partido na Câmara defende candidatura própria, outra metade defende que o partido entre no "bloco da oposição" e apoie Baleia Rossi (MDB/SP). A líder do partido, Sâmia Bomfim, defende que o PSOL apoie Rossi "com exigências claras, como a aprovação de uma renda básica, não pautar nenhum retrocesso na ‘agenda de costumes’, não pautar privatizações nem autonomia do BC” (https://www.cartacapital.com.br/cartaexpressa/samia-bomfim-defende-apoio-a-baleia-rossi/). A líder do PSOL quer enganar a quem com essas "exigências" ao candidato do MDB??? Além disso, Sâmia Bomfim afirmou que não seria bom para o PSOL ser visto como o partido que "não atuou ativamente para derrotar Lira". Mais um ziguezague da política de colaboração de classe de um partido da "esquerda oficial" de nosso país.

Tudo isso revela quão vacilante é a política desenvolvida pelos partidos da "esquerda oficial", em especial por seu protagonista, o PT. Seus "satélites" em questão também se mostram partidos altamente prejudiciais a uma luta consequente da classe trabalhadora em nosso país, por se mostrarem inconsequentes com seus ziguezagues constantes na cena política nacional, ao se colocarem na "sombra" do PT, por um lado, e na da burguesia, por outra. Enquanto isso, os trabalhadores são um detalhe...........





0 comentários:

Postar um comentário