Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

A outra Paraíba em seus 435 anos de vida!!!



Segundo dados revelados pelo "Monitor da Violência" e "Atlas da Violência", que estudam índices da violência em nosso país através dos anos, podemos verificar a triste escalada desse fenômeno social existente no Brasil. Isso inclui a Paraíba. 
Em 435 de existência, celebrados neste 05 de agosto de 2020, a Paraíba - e sua capital, João Pessoa - (que já foi Nossa Senhora das Neves, Filipéia de Nossa Senhora das Neves, Frederica, Parahyba e, desde setembro de 1930, João Pessoa), muito se tem comemorado esta data e jogado-se confetes sobre a cidade, colocando-se sobre esta referências acerca de suas belezas naturais, evidenciadas pela natureza, ao longo de milênios que, infelizmente a ação humana não tem feito ser devidamente preservadas, como é o caso da Ponta da Seixas, que faz nossa capital ser o ponto mais oriental das Américas, coisa que, ao que parece, perderá este título em breve por conta disto (a ação humana). Lembro-me de, quando  estudante de 5ª série do antigo ginásio, em Maceió, sentia-me orgulhoso por ser o único da turma em ser paraibano e poder ver que, no livro de geografia, constava que na Paraíba, em João Pessoa, estava o ponto mais oriental das Américas. Mas, hoje, e isso faz algum tempo, as pessoas que administram nossa cidade e Estado pouco têm se importado com este patrimônio histórico. Assim como também não se importam com outros. Vide a estátua de Jackson do Pandeiro que, em seu centenário de nascimento, foi dilapidada em pleno centro de João Pessoa, levada pela PMJP para ser restaurada e atualmente, quase um ano depois do ocorrido, não foi recolocada em seu lugar. E estamos a falar de uma lenda da cultura popular da Paraíba e do Brasil!!!
Este é só um dos outros lados da Paraíba em seus 435 anos de história. Infelizmente, esquecido. Mas, há outros. E abordaremos aqui. Não porque queremos nos desfazer das comemorações que estão a fazer do "aniversário" da Paraíba e da cidade de João Pessoa. Nada disso, apenas queremos reavivar a memória das pessoas para o que se passa entre nós, em nosso cotidiano. Se acham que isso é deveras chato, infelizmente chamo isso de REALIDADE!!!
Como citei antes, revelarei neste artigo alguns dados extraídos do "Monitor da Violència" e do "Atlas da Violência", em estudos feitos por estes nos anos de 2020, 2019, 2018, 2017, 2016 e 2015. Portanto, bem recentes.
O "Monitor da Violência" revela que, na Paraíba, entre 2018-20, tivemos uma taxa de crimes violentos variável por 100 mil habitantes, que merece ser vista com atenção. Em 2018, esta taxa foi 86 por 100 mil habitantes; em 2019, de 76; em 2020, voltou a subir e alcançou o número de 92. Detalhe: até o mês de maio de cada ano. Quando analisamos tal taxa referente ao tipo de crime de homicídio doloso, verificamos, constatamos novamente que há uma variação muito grande: em 2018, esta taxa foi de 83 por 100 mil habitantes; em 2019, de 72; em 2020, de 90. Mais uma vez, a análise compreende até o mês de maio de cada ano.
O "Monitor da Violência" revela ainda que, na Paraíba, entre 2017-19, houve um número muito grande de feminicídio no Estado, aonde a taxa desse tipo de crime, em terras tabajaras, chegou a ultrapassar a taxa nacional para o mesmo tipo de crime. Isso serve para revelar o ranço machista que ainda persiste na Paraíba após seus mais de 4 séculos de existência.
Neste quesito, o estudo aponta que, em 2017, ocorreram 22 feminicídios, com uma taxa de 1,1  contra uma taxa de 1,0 no Brasil; em 2018, este número foi de 34 (taxa de 1,6 na PB e 1,1 no Brasil); em 2019,, 38 feminicídios na PB, com uma taxa de 1,8 no Estado e 1,2 no país
Ainda prosseguindo nos índices de violência que acomete a Paraíba e setores de nossa população mais sofrida e vulnerável, verificamos que o "Atlas da Violência" realizou um estudo entre 2010-17 e constatou outros números, que também precisam ser vistos e analisados, para que possamos enxergar o outro lado de nossa Paraíba e identificarmos que os 435 anos de História da Paraíba não são apenas flores.
De acordo com esse estudo do "Atlas da Violência", entre 2015-17, a relação de homicídios entre negros e negras na Paraíba e de não negros e negras no mesmo período é gritante, o que serve para identificarmos plenamente a existência do RACISMO em nosso Estado e uma política de extermínio do povo negro na Paraíba, como de resto ocorre no país, há séculos.
Entre negros e negras, o número de homicídios na PB em 2015 foi de 1306 (com uma taxa de 52,7 contra 37,9 nacional); em 2016, este número caiu um pouco para 1187 (com uma taxa de 46,5 contra 40,2 nacional); finalmente, em 2017, o número voltou a subir para 1227 homicídios (com uma taxa de 46,4 contra 43,1 nacional). Detalhe: sempre por 100 mil habitantes.
Quando este numero passa para não negros e negras, percebemos de imediato a diferença. Senão, vejamos. e2015, o número de homicídios foi de 90 (com uma taxa de 6,1 contra 15,3 nacional); em 2016, este número caiu um pouco para 83 (com uma taxa de 5,8 contra 16,0 nacional); finalmente, em 2017, o número voltou a subir para 96 homicídios (com uma taxa de 7,1 contra 16,0 nacional). Detalhe: sempre por 100 mil habitantes. Mais uma , reafirmamos: o "Atlas da Violência" constata a presença do RACISMO em nossa sociedade e a violência, infelizmente, retrata isso da pior maneira.
Mas, não são apenas as mulheres e o povo negro da Paraíba que são as vítimas da violência. Em seus 435 anos de História, a Paraíba também assiste, de forma lamentável, a população LGBT ser presente nestas estatísticas nos estudos acerca da escalada violenta em nosso país.
De acordo com o "Atlas da Violência", entre 2015-2017, verificamos existir números sobre casos envolvendo a comunidade LGBT em nosso Estado. Senão, vejamos.
Segundo o "Atlas da Violência", em 2015 houve 40 denúncias de LGBTs; em 2016, 44; em 2017, 46. Tais denúncias significam, entre outras coisas, práticas de abusos, tentativas  de extorsão, entre outras coisas.
Ainda de acordo com o "Atlas da Violência", em 2015, ocorreram 12 denúncias de lesão corporal a LGBTs; em 2016, 10; em 2017, 15. E, ainda segundo este estudo, o número de homicídios cometidos contra LGBTs na Paraíba foi de 0 em 2015; 2 em 2016; e de 8, em 2017.
Vale lembrar que, durante boa parte deste estudo produzido, entre 2011-2018, seja pelo "Monitor da Violência" ou pelo "Atlas da Violência", a Paraíba esteve governada por um governador que se dizia "socialista". Isso vem demonstrar, mais uma vez, a falácia desse governo que estava instalado no Palácio da Redenção na ocasião.
A Paraíba tem inúmeras riquezas naturais, sem dúvida. Ponta do Seixas, Pedra do Ingá (Itacoatiara), Pico do Jabre, Tambaba, dentre outras. Assim como João Pessoa também (Praia do Cabo Branco, Praia de Tambaú, Busto de Tamandaré, Igreja de São Francisco, Por do Sol no Hotel Globo, dentre outras). Mas, tudo isso não pode esconder de todos nós os reais e graves problemas sociais que temos e que devemos enfrentar, sem meias palavras, em nosso cotidiano.  

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