Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

domingo, 15 de março de 2020

PT/PB decide permanecer no governo João Azevedo (Cidadania)


Em 08 de fevereiro do corrente ano, neste mesmo espaço, publicamos o artigo "O PT, sua posição política diante do governo João Azevedo, a "'Reforma da Previdência Estadual"' e os reflexos disso na conjuntura!!!". Naquela ocasião, o governador João Azevedo havia acabado de se filiar a seu novo partido, o Cidadania (havia anunciado isso à imprensa em 31 de janeiro) e a direção estadual do PT se reunira com o governador para buscar dele esclarecimentos acerca de seu posicionamento sobre sua agenda política após esta definição partidária no dia 03 de fevereiro e também após uma reunião não ocorrida do Diretório Estadual do partido para "bater o martelo" sobre este assunto na sexta-feira, 07 de fevereiro do ano em curso. Reunião que foi cancelada a pedidos da presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, que externou pela imprensa divergências com a linha de apoio defendida por boa parte do partido, em nível estadual, ao governo João Azevedo, externada por setores liderados por pessoas como Anísio Maia e o ex-deputado federal Luiz Couto, atual secretário estadual do citado governo estadual, em alguns pronunciamentos feitos à imprensa local. O que ficou acertado, naquele momento, é que o PT/PB faria este debate em outro instante.
Afirmávamos, entre outras coisas, no artigo acima referido, que "tudo pode se esperar desta "'novela petista"', inclusive nada". E, de certa forma, acertamos.
Vários portais de notícias locais repercutem desde ontem à tarde, em suas páginas, a decisão do Diretório Regional do PT/PB, definida em reunião tomada na mesma data (14/03/2020), acerca da postura do partido sobre o governo João Azevedo (Cidadania). E, pra variar, o PT foi bastante pragmático em suas avaliações e decisões.
Para relembrar, o PT/PB foi um dos fiadores da campanha que levou o atual governador João Azevedo ao Palácio da Redenção, numa coligação que envolveu partidos aliados de longa data deste, como o PCdoB, até siglas consideradas "golpistas", como o DEM. Para refrescarmos ainda mais a memória dos "esquecidos", a coligação intitulada "A FORÇA DO TRABALHO" era composta por PSB (partido de João Azevedo na época), PDT (partido da vice, Lígia Feliciano), PT, DEM, PTB,PRP, PODEMOS, PRB, PCdoB, AVANTE, PPS (atual Cidadania), REDE, PMN e PROS. Pense num "balaio de gatos".....
Na reunião ocorrida neste sábado, 14/03/2020, mais de um mês após o cancelamento da reunião anterior, muita coisa ocorreu neste breve espaço de tempo. O coronavírus veio com uma força devastadora e está arrasando com a economia mundial, sem falar com os acontecimentos nacionais, como convocações feitas por Bolsonaro de ataques à democracia com chamados públicos de manifestações de rua, greve de petroleiros, ataques aos direitos dos trabalhadores em todo o país transcorrendo de forma sistemática, com os governos estaduais (especialmente no Nordeste), aplicando à la Bolsonaro a "Reforma da Previdência" em seus Estados, contra os servidores estaduais. Em Estados como Maranhão (governado pelo PCdoB, com Flávio Dino), e pelo PT (no Ceará, com Camilo Santana e no Piauí, com Wellington Dias), estas já foram aprovadas, passando um "rolo compressor" sobre os servidores. No RN, a governadora petista, Fátima Bezerra, aplica a mesma receita de seus colegas governadores, na tentativa de aprovar o mesmo "pacote de maldades" contra os servidores estaduais. Em Pernambuco, o governador do PSB, Paulo Câmara, e seu ex-colega de partido na Paraíba, João Azevedo (hj no Cidadania), vão no mesmo caminho. Neste meio termo, fazendo um breve parênteses, houve uma greve de policiais no Ceará, aonde o governador petista, Camilo Santana, reprimiu duramente o movimento, buscando apoio inclusive do seu "adversário político" Bolsonaro para resolver a situação.
Diante de toda esta situação conjuntural, o governo João Azevedo não esqueceu de encaminhar a "Reforma da Previdência Estadual" e, consequentemente, o ataque contra os servidores estaduais. Apesar da conjuntura estar, momentaneamente, jogando contra os interesses do governo estadual, este não se cansa de buscar derrotar a classe trabalhadora. E, ao mesmo tempo, de encontrar aliados para tal tarefa. 
Neste sentido, neutralizar possíveis adversários é também muito importante para o governador João Azevedo. Assim, a decisão do PT/PB explicitada nesta resolução acerca de seu apoio (e, consequentemente) permanência no governo representa tão somente isso: o Partido dos Trabalhadores, na Paraíba, a partir deste momento, é uma força política no campo da classe que não fará oposição sistemática ao atual governo instalado no Palácio da Redenção porque, apesar de reconhecer que o Cidadania é um "partido de centro-direita",  reconhece que o governo de João Azevedo "tem mantido uma agenda de desenvolvimento social para aqueles(as) que mais precisam das políticas públicas" (trechos extraídos da resolução do DR/PTPB).
O PT/PB afirma tais coisas após dedicar cerca de dois parágrafos de sua resolução a elogiar o governo João Azevedo através de sua Secretaria de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento do Semiárido, que tem como secretário o ex-deputado federal petista, Luiz Couto que, como afirmamos anteriormente, sempre defendeu a permanência no governo. Ao mesmo tempo, não há uma linha sequer da direção estadual do PT/PB tecendo críticas à "Reforma da Previdência Estadual" atualmente feita por João Azevedo, restringindo-se, no máximo, a cerca de 5 linhas aonde pede ao governo um "melhor diálogo e o aprofundamento das relações com as entidades representativas dos servidores públicos por uma valorização salarial e de melhores condições de trabalho (...)" (trechos extraídos da resolução do DR/PTPB).
Faz, ainda, elogios ao Consórcio Regional de governadores, do qual João Azevedo participa, afirmando que este "é, acima de tudo, um movimento de resistência ao modelo  neoliberal e direita". As "Reformas da Previdência" nos Estados nordestinos que o digam.....
No artigo que mencionamos anteriormente feito por nós sobre o mesmo tema e que mencionamos no início deste artigo, afirmávamos que qualquer posição tomada pelo PT/PB sobre o governo João Azevedo (apoiar ou não), repercutiria não apenas na conjuntura estadual, como também no desenrolar das lutas contra a "Reforma da Previdência Estadual". A decisão do PT/PB, tomada por seu Diretório Regional, neste sábado, 14/03/2020, possui um elemento importante neste processo, que só poderemos perceber o impacto dentro de mais alguns dias. É provável que a conjuntura impactada pelo coronavírus cause uma "nuvem de fumaça" sobre este fato e que o governo João Azevedo se aproveite disso. Mas, setores do movimento não tem o direito de deixar isso passar em brancas nuvens!!!

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