Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Ricardo Coutinho pode estar criando um novo bloco de direita na Paraíba

A operação de retirada da candidatura de Luciano Agra e a imposição da pré-candidatura de Estelizabel Bezerra à prefeitura de João Pessoa, desencadeada pelo Coletivo Girassol, comandado "democraticamente" pelo governador Ricardo Coutinho (PSB), além de toda a discussão que está sendo gerada na base governista e também na oposição de direita e na grande imprensa paraibana nos últimos dias, traz também uma discussão pouco feita até o momento, mas que merece uma reflexão, em virtude de algumas declarações feitas por determinados agentes políticos de nosso Estado sobre estes acontecimentos desde a renúncia de Agra da sua pré-candidatura.
Desde o instante em que Agra desistiu da possibilidade de disputar a reeleição à prefeitura da capital, vários nomes foram apontados para sucedê-lo nesta tarefa, com destaque para dois: Estelizabel Bezerra - que acabou sendo a escolhida pela cúpula do PSB - e Nonato Bandeira, do PPS, mas do núcleo duro do governo "socialista" implantado na PMJP e no Estado da Paraíba. Mas isso não impediu que vários políticos paraibanos expressassem suas posições discordantes da decisão tomada pelo PSB. Decisão essa que, na verdade, foi uma imposição do governador Ricardo Coutinho.ão vamos esquecers
Armando Abílio (PTB), Rômulo Gouveia (PSD) e sargento Dênis (PV) foram alguns dos dirigentes partidários que nos últimos dias prestaram apoio à candidatura de Nonato Bandeira à   PMJP, tecendo vários elogios ao secretário de Comunicação do Estado. O vice-governador do Estado, Rômulo Gouveia, classifica Bandeira como "um nome expressivo". Exageros à parte, a verdade é que o nome vindo do PPS ganha força no meio de, aí sim, expressivos setores da política paraibana. E isso vai incomodar Ricardo Coutinho, com certeza. Aliás, já está incomodando, ao ponto do governador não estar mais aguentando o assédio da imprensa sobre o assunto, irritando-se facilmente, como quando na terça-feira 24 de janeiro do corrente ano, antes do início da reunião com os secretários, em Mangabeira.
O que estamos assistindo, neste momento, é que Ricardo Coutinho conseguiu (acredito que sem querer) iniciar a construção de um novo bloco de direita na política paraibana. Este bloco pode ou não dar certo. Só o tempo dirá. Parte desse sucesso ou fracasso dependerá em grande medida da intervenção do governador Ricardo Coutinho, criador deste bloco de direita (repito, sem querer, acredito nessa hipótese). A precipitada atuação do governador no episódio Agra e pré-candidatura Estelizabel ainda vai exigir muito jogo de cintura de Ricardo Coutinho. Não apenas para alavancar a candidatura por ele pensada, mas principalmente para conter esta onda de todas essas lideranças políticas em cima do seu secretário de Comunicação. Além de tudo isso, não nos esqueçamos, ainda temos nesse jogo político uma figura que atende pelo nome de Cássio Cunha Lima, que já disse que tem candidato em João Pessoa, e este atende pelo nome de Cícero Lucena. E aí, Ricardo?

1 comentários:

  1. Antônio Radical sempre muito pertinente em suas análises. Nesta feita, suscita a reflexão sobre três aspectos.

    O primeiro, sobre o ricardismo. Ao sair do PT em 2003, o então deputado Ricardou Coutinho ocupou (via articulação nacional na qual Luiza Erundina participou) o PSB, mas, enviou gente sua (entre eles o seu braço direito Nonato Bandeira) para o PPS. Isso prova que o ricardismo estava "acima" e "além" de partidos. Quase dez anos depois, sem a menor vinculação com os movimentos sociais, o ricardismo vive a contradição típica de uma força política personalista na qual há disputa pela condição de ungida ou escolhido entre os membros do "coletivo".

    Nonato Bandeira, assim como Luciano Agra, tiveram, aos olhos de Ricardo, vida própria (ou possibilidade de) e por isso a escolhida foi Estelizabel. Primeiro Ricardo avisa que o nome é do PSB e ponto. Em seguida, antecipa a escolha desse nome e apela (isso mesmo) para que os partidos aliados o acompanhe mais uma vez. No entanto, PPS, PSD, PV e parte do PTB ignora o pedido do governador. Para piorar, o magoado Agra, anuncia que a base aliada terá dois nomes.

    Aqui, destaco o segundo aspecto. O "Mago" está provando do próprio veneno. O que ele dirá contra Nonato? Como ele vai centralizar quem não depende dele para fazer política? Ele criou uma janela em seu grupo de aproximação com o DEM e PSDB que agora não tem condição de fechar e que, parece, poderá ser usada contra ele de modo que ainda tenha que agradecer.

    O terceiro e último aspecto é a composição deste novo bloco de direita. Em todo o país, essa articulação passa pela unidade entre setores do PSDB (ligado à Aécio Neves) que não querem receber a herança de FHC, o PSD de Kassab (lembrar que Kassab quase vai para o PSB) e o próprio PSB de Eduardo Campos, que disputa o espólio do Lulismo no Nordeste. Esse bloco é responsável pelo fôlego tomado pelo neoliberalismo com suas práticas de privatização, choque de gestão, terceirização, judicialização de greves e repressão a movimentos sociais. A liderança desse bloco aqui na Paraíba é dividida entre Ricardo e Cássio Cunha Lima e me parece que está havendo uma boa disputa entre eles. Cássio parece querer mostrar agora a Ricardo (colocando seu PSD para apoiar Nonato) que sem ele 2010 teria sido só um sonho.

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