Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O Cunhã Coletivo Feminista e Estelizabel: ainda unha e carne?


















Em 1990, Estelizabel Bezerra e outras jovens feministas paraibanas fundaram uma ONG que tinha como finalidade principal abordar a temática dos direitos reprodutivos femininos. Neste ponto, um dos principais temas da nova ONG, de nome Cunhã Coletivo Feminista, era a defesa da descriminalização e legalização do aborto, tema extremamente delicado não apenas naquela época mas até hoje na sociedade brasileira, mas principalmente, uma bandeira do movimento de mulheres progressivamente abandonado por boa parte das organizações da esquerda brasileira e mundial.
De lá para cá, várias organizações de esquerda se mantiveram na defesa da legalização do aborto como uma política de saúde pública. O Cunhã Coletivo Feminista foi, neste sentido, um ponto de apoio importante em nosso Estado nesta luta, especialmente na tarefa de esclarecer a população paraibana sobre a questão do aborto. 
Segundo o Cunhã, na Paraíba entre 1998-2008, "houve um aumento de 176% no número de internações por abortamento no Estado da Paraíba registradas no SUS" (www.cunhanfeminista.org.br). Segundo a ONG, isso é a prova concreta de que a prática clandestina do aborto prejudica sobretudo as mulheres jovens, pobres e negras. E que isso precisa ter um fim.
O Cunhã Coletivo Feminista participa ainda da Frente Nacional Contra a Criminalização das Mulheres e Pela Legalização do Aborto. No manifesto dessa Frente, está lá colocado o repúdio  todos os projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional que pretendem "retirar das mulheres o direito de interromper uma gravidez proveniente de estupro ou de interromper uma gestação de risco para salvar a própria vida", "oferecer dinheiro na forma de bolsa mensal para que as mulheres grávidas por estupro mantenham a gestação até o final" e  "instituir mecanismos para vigiar as mulheres grávidas e punir as que interrompam uma gestação e repudiamos aqueles projetos de lei que desvalorizam a vida das mulheres em nome da defesa da vida do nascituro". Quero, antes de mais nada, ressaltar que tenho PLENO ACORDO com o texto do manifesto da Frente acima citada. 
A questão que abordamos aqui é que não apenas a ONG Cunhã Coletivo Feminista defendia (e ainda defende) estas bandeiras. Estelizabel Bezerra, como uma de suas fundadoras, também defendia publicamente. Pelo menos assim se mostrava. Até se transformar, da noite para o dia, em candidata à Prefeitura Municipal de João Pessoa. De repente, ela afirma que não defende mais o aborto. Agora, é contra o aborto.
A campanha eleitoral nem começou para valer e o PSB e sua pré-candidata já estão praticando o famoso e nefasto "estelionato eleitoral", mentindo com força para o/a eleitor/a. Na tarde desta segunda-feira, 23 de janeiro de 2012, a pré-candidata do PSB, em entrevista ao programa de Alex Filho, na TV Master, afirmou que é contra o aborto. Com esta afirmação, Estelizabel já está jogando na lata do lixo sua história de luta, assim como fizeram num passado recente Lula e Ricardo Coutinho. E, por tabela, acaba por comprometer a entidade que ela ajudou a criar. Se ainda quiser manter a credibilidade que criou durante todos esse anos, o Cunhã Coletivo Feminista deve se manifestar sobre essa fala de Estelizabel. Sem falar que Estelizabel Bezerra deve explicações a todos/as que acreditam na sua candidatura. 

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