Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Estelizabel, a nova Dilma?






Setores da imprensa paraibana já divulgam, na manhã desta quinta-feira, 19 de janeiro de 2012, o resultado da reunião do PSB que ocorreu ontem à noite para escolher o novo candidato do partido para disputar as próximas eleições municipais. No final da reunião, o resultado foi o esperado por muita gente, inclusive por este blogueiro.
Não houve um escolhido. Houve uma escolhida. Estelizabel Bezerra, secretária de Planejamento da PMJP, é a candidata do PSB nas próximas eleições. Com esta indicação, é inevitável a pergunta e a comparação. Estelizabel é a Dilma do PSB pessoense? Ricardo Coutinho pretende, com esta esta candidatura, repetir o mesmo processo ocorrido no plano nacional que levou Dilma ao Palácio do Planalto? Façamos algumas reflexões a esse respeito.
Antes de partirmos para as reflexões e comparações entre Estelizabel e Dilma, até para checarmos se Ricardo Coutinho tem mesmo razão de, em lançando a secretária de Planejamento da PMJP à prefeita nas próximas eleições por conta dessa questão de gênero, isso pode se consolidar enquanto estratégia de marketing, é bom verificar um aspecto importante da decisão tomada pelo PSB nessa escolha revelada por um site local.
Segundo o WSCOM, "o nome foi imposto pelo governador Ricardo Coutinho, mas todos os líderes do partido estão orientados a dizer que a escolha se de de forma consensual". É assim que funciona a democracia no reino de Ricardus I. Pelo menos numa coisa, Ricardo Coutinho é coerente: da mesma forma que ele age na sua casa (o PSB),  ele age na sua cozinha (o governo do Estado). É a lei do manda quem pode, obedece quem tem juízo. Como este blogueiro e mais um outro tanto de gente não tem juízo (pelo menos não o juízo que ele deseja que tenhamos), não costumamos obedecer a Ricardus I. 
Voltando ao assunto Estelizabel Bezerra e Dilma. Sem medo de errar, existirão várias matérias comparativas entre uma e outra. Porém, não há como comparar E vamos explicitar aqui porquê.
Primeiro, mesmo com todas as divergências que possuímos com Dilma e o PT - e com Estelizabel e o PSB também - não há como negar a história militante de Dilma. Não somos stalinistas para falsearmos e/ou negarmos a História. Dilma teve uma vida militante num momento importante da história do país. Repetimos: apesar das divergências que possuímos com Dilma e o PT, isso é fato. Porém, como costumamos também afirmar, isso não é suficiente para credenciar nem Dilma nem o PT nem qualquer outra organização para dar-lhe um carimbo eterno de lutador/a eterno/a da classe trabalhadora. "A prática é o critério da verdade", já dizia Lenin.
Já Estelizabel tem um trabalho desenvolvido a partir de 1990 na ONG Cunhã Coletivo Feminista, na luta pelos direitos reprodutivos da mulher, com ênfase especial na defesa da legalização do aborto. Sua militância, apesar de respeitada na área, é pouco perceptível aos olhos do conjunto da sociedade. Neste quesito, a popularidade, tanto Dilma quanto Estelizabel (cada uma em seu tempo) encontram-se empatadas. Estelizabel é muito popular no Bairro São José, pelo que sabemos (mas pela negativa).  
Segundo, Dilma foi construída por Lula assim como Estelizabel por Ricardo Coutinho. Só que aí residem uma diferença e uma semelhança: a diferença é que Lula levou dois anos para operar esta construção dentro e fora do PT e Ricardo vai ter nove meses para fazer isso. A semelhança é que tanto Lula quanto Ricardo impuseram tais candidaturas a seus partidos. Mas até na semelhança existe a diferença: como Lula teve dois anos para construir sua candidata, esta imposição ficou praticamente imperceptível aos olhos do povo. No caso pessoense, a truculência de Ricardo Coutinho e do Coletivo por ele comandado na operação de retirar Agra da candidatura e colocar Estelizabel no seu lugar é tão visível, tão escancarada, que só os puxa-sacos de plantão não verificam isso, claro.
Por fim, o mais importante. Durante a campanha presidencial, Dilma se afastou de algumas polêmicas como o diabo foge da cruz. Por exemplo, a questão do aborto. Para não perder o apoio do setor evangélico, Dilma chegou a assinar um acordo de que no seu governo, caso eleita, a legalização do aborto não seria tema de discussão, jogando na lata do lixo a história do seu partido e, principalmente, do movimento de mulheres do nosso país. Já Estelizabel Bezerra, como afirmamos anteriormente, ajudou a fundar uma ONG que defende a legalização do aborto, que participa inclusive de uma Frente Nacional Contra a Criminalização das Mulheres e Pela Legalização do Aborto. E aí, vem a pergunta desse blogueiro: qual será a posição de Estelizabel na campanha sobre isso? 
Queremos afirmar que também defendemos a legalização do aborto. Acreditamos que este assunto deve ser tratado como sendo de saúde pública e não como caso de polícia, como é atualmente. Segundo o próprio Cunhã, entre 1998 e 2008, houve  um aumento de 176%¨no número de internações por abortamento na Paraíba registrada no SUS, ou seja, a criminalização do aborto não evita a clandestinidade deste e a prática clandestina deste apenas coloca em risco as mulheres pobres, jovens e negras de nossa sociedade. 
Porém, quando fazemos o questionamento acima em relação a Estelizabel Bezerra, é porque temos constatado, ao longo de todas  as eleições até aqui, que candidatos da dita esquerda oficial - PT, PSB, PCdoB - ou mentem descaradamente nas eleições  ou quando chegam ao poder fazem o contrário daquilo que defendiam quando estavam na militância. Na Paraíba, o exemplo mais recente é exatamente o governador Ricardo Coutinho, que defendia o transporte alternativo quando vereador e agora combate estes trabalhadores; na última campanha, no Guia Eleitoral, afirmou que não ia demitir nenhum prestador de serviço (quando assumiu, demitiu 16 mil). Então, por isso o questionamento que faço em relação a Estelizabel Bezerra.Veremos se, durante a campanha eleitoral, ela permanecerá na defesa de suas posições históricas ou renunciará a estas em troca de votos, como qualquer político de direita.  

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