Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A saída de cena de Ciro Gomes

A Executiva nacional do PSB decidiu, por 20 votos a favor e apenas 7 contrários, retirar a candidatura de Ciro Gomes à Presidência e, ao mesmo tempo, anunciar sua disposição em apoiar Dilma Roussef, candidata do PT e do Palácio do Planalto na corrida presidencial. Segundo o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, a decisão teve que ser tomada porque a manutenção da candidatura de Ciro Gomes poderia atrapalhar as candidaturas do partido em vários estados do país. "Foi quase uma escolha de Sofia. Ou levar à degola vários candidatos ao governo e ao Senado ou ter candidatura própria", afirmou Eduardo Campos à Folha (27/04/10), explicitando o dilema do PSB em nível nacional e regional país afora.
A verdade é que a candidatura Ciro Gomes nunca foi vista com bons olhos pela direção nacional do PSB e por vários de seus integrantes país afora, além de incomodar bastante o Palácio do Planalto, a começar pelo próprio Lula que, em várias ocasiões - sempre que possível -, dava um "puxão de orelhas" no PSB por não apoiarem a candidata Dilma Roussef. Para piorar ainda mais a situação para o lado de Ciro Gomes, ele sentindo que a batalha estava próxima de ser perdida, começou a atirar fogo para todos os lados, inclusive o famoso "fogo amigo". Declarou em alto e bom que Serra era mais preparado e capaz do que Dilma para exercer a Presidência; depois fez críticas ao próprio PSB; e, por fim, afirmou em alto e bom som em entrevista à Rede TV! que o PMDB era um "ajuntamento de assaltantes".
Neste aspecto, ele não disse nenhuma inverdade pois um partido que possui figuras nacionais de destaque como José Sarney, Renan Calheiros, Jáder Barbalho, Jarbas Vasconcelos, Orestes Quércia e tantos outros que se for começar a citar seus nomes, vou passar o dia inteiro defronte à tela do computador escrevendo seus nomes no blog, não pode realmente ser considerado uma ante sala do Paraíso. O problema é que no atual esquema político-partidário-eleitoral Ciro Gomes jamais poderia dar declarações deste tipo. Além do mais, ele também não tem cacife moral para dar declarações deste porte.
O agora ex-candidato Ciro Gomes classificou a decisão da Executiva nacional de seu partido como "erro tático" mas se dispôs a aceitar e seguir a decisão de sua direção nacional. Não sobram muitas opções para Ciro. Se decidisse sair agora do PSB, ficaria sem legenda para disputar as próximas eleições. Portanto, a hora para Ciro é arriar a bandeira e ver o que vai se passar daqui pra frente, dentro e fora do PSB. O mais provável que ele não irá se envolver diretamente na campanha presidencial, focando agora apenas na sua reeleição para a Câmara dos Deputados. Se ele vai votar em Dilma, isso já outra conversa.
O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), afirmou que a decisão do PSB favorece Serra (PSDB/SP), que isso fará com que a eleição seja decidida em primeiro turno a favor do candidato tucano, apoiado pelos "Democratas". É muito cedo para fazer tais afirmações, até porque a possibilidade maior é que os eleitores de Ciro não migrem para o candidato da oposição de direita - José Serra -, mas sim que possa se fragmentar entre Dilma e Marina (PV/AC), que por sua vez ambas candidatas já expressaram sua vontade de terem Ciro No seu palanque. Para isso teremos que esperar os desdobramentos da decisão de ontem da Executiva nacional do PSB, que se reunirá na próxima semana com integrantes da coordenação de campanha de Dilma Roussef para discutirem a possibilidade de aliança entre as duas legendas. É do futuro dessa negociação que dependerá se a profecia do presidente nacional do DEM se concretizará ou não. Afinal de contas, foi Ciro Gomes e ninguém -muito menos o blogueiro aqui - que afirmou que seguiria as orientações de sua direção nacional a partir de agora. Veremos se isso é verdade ou apenas para preencher folha de papel, que costumeiramente aceita tudo.
A verdade disso tudo é que, como mesmo afirmou o presidente nacional do PSB, esta decisão foi tomada para não sacrificar os candidatos nos estados, tanto a governador quanto a senador. Peguemos o exemplo de nossa terrinha, a Paraíba. O ex-alcaide de nossa capital fechando aliança com o PSDB e o DEM - que apóiam Serra no plano nacional - e com a candidatura presa, de certa maneira, à candidatura de Ciro Gomes, enquanto o PT paraibano fecha aliança com o PMDB e Ricardo Coutinho fica a ver navios nessa história.
Com esta decisão da executiva nacional do PSB, Ricardo ganha fôlego para pressionar o PT/PB a somar forças com ele na disputa pelo Palácio da Redenção. Afinal de contas, ele participou da tal reunião que rifou Ciro Gomes. Tanto é assim que alguns jornais de hoje - 28/04/10 - já estampam matérias nesse sentido, de Ricardo já pressionando o Partido dos Trabalhadores local a vir construir com ele a candidatura das oposições em 2010. Ele sabe que esta não será uma tarefa fácil, ainda mais por conta do Encontro Estadual do PT/PB ter decidido, por ampla maioria, apoio à reeleição de Zé Maranhão (PMDB), mas a esperança é a última que morre. Afinal de contas, Ricardo Coutinho é torcedor do Botafogo local, nada mais natural do que ser um devoto desse dito popular.

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