Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

domingo, 11 de dezembro de 2016

Os voos LaMia 2933 e PEC 55: duas tragédias nacionais sobre o povo brasileiro no dia 29/11




No dia 29 de novembro passado, o Brasil acordou em meio ao anúncio de uma tragédia inesperada que se abateu sobre um time de futebol e, consequentemente, sobre toda uma cidade do Oeste de Sta. Catarina. O time era a Chapecoense, da cidade de Chapecó, que disputaria, no dia seguinte (quarta-feira, 30/12) a primeira partida da inédita final (para o time catarinense) da Copa Sul-Americana. Da equipe de futebol, apenas três jogadores e um repórter que acompanhava o time sobreviveram à queda da aeronave. Neste momento em que escrevemos este artigo, já houve o velório de todos os mortos envolvidos neste terrível acidente aéreo (o maior do esporte nacional), as investigações sobre as causas do acidente estão em curso com as análises das caixas-pretas e os sobreviventes que ainda estão na Colômbia estão perto de retornarem ao Brasil.
Como não podia deixar de ser, a mídia nacional deu uma grande repercussão a este lamentável episódio, cobrindo durante todo o dia 29/11 este acidente, com flashes direto e ao vivo do que se passava no local do episódio e também da cidade de Chapecó, além de várias parte do mundo, já que o caso repercutiu em todo o mundo do esporte, vindo manifestações de solidariedade de todo os recantos do planeta. Para se ter uma ideia da comoção mundial do episódio que envolveu a equipe da Chapecoense, algumas horas após o fato, jogadores e direção do Atlético Nacional de Medellin, que seria o adversário da equipe catarinense na final da Copa Sul-Americana, decidiram solicitar oficial à direção da Conmebol que o título da competição fosse entregue à equipe brasileira, o que foi oficializado pela direção do futebol sulamericano dias depois e causou também à equipe colombiana a entrega do prêmio "fair-play" do ano no continente, por sua nobre atitude esportiva.
Porém, o que queremos comentar aqui é que, por uma infeliz coincidência, no mesmo dia 29/11, se deu também um outro fato, de terríveis proporções, para o nosso povo brasileiro. E esse já estava programado para ocorrer há alguns dias, agendado pela Mesa Diretora do Senado Federal: seria a votação, em 1º turno, da PEC 55, a famosa "PEC do Teto dos Gastos", segundo o governo Temer, ou a 'PEC da Morte", conforme vem sendo chamada pelos movimentos sociais de todo o país, por conta desta prever o congelamento dos investimentos em saúde e educação pelos próximos 20 anos, caso seja aprovada.
Este acidente terrível estava previsto para se dar no dia 29/11 em Brasília, nesta votação no Senado Federal, assim como uma grande manifestação organizada por várias entidades na frente do Congresso Nacional, para resistir a este duríssimo ataque do governo Temer à nossa classe. E assim se deu. De todo o país, inclusive aqui da Paraíba, milhares de trabalhadores/as, jovens, das mais variadas forças políticas, se unificaram para resistir nesta luta contra a PEC 55. E foram duramente reprimidos/as pelas polícias legislativas (de início) e depois, pela PM do Distrito Federal, que não economizaram no arsenal de bombas de gás lacrimogêneo, sprays de pimenta, tiros de balas de borracha, uso de cassetetes, helicópteros, cavalaria montada, enfim, todo o aparato de repressão necessário para garantir que os/as "nobres senadores/as" pudessem fazer o jogo sujo do governo Temer e assegurar os altos lucros do capital pelos próximos 20 anos.
Enquanto isso, o que fazem Globo, SBT, Band e Record??? Enchem a cabeça de milhões com as cenas do acidente com o avião da Chapecoense. E aqui queremos fazer esse breve registro, pra encerrarmos este artigo.
Nos solidarizamos profundamente com as famílias dos atletas, comissão técnica e jornalistas que perderam suas vidas nesta tragédia que envolveu o time da Chapecoense. O que achamos lastimável é o uso sensacionalista que boa parte da nossa mídia, mais uma vez, fez (e, de certa forma, ainda faz) deste fato para manipular a consciência de nosso povo para fazê-lo esquecer a dura realidade que o cerca.
Lembremos a belíssima lição que o povo de Chapecó deu a todos nós, onde mesmo com toda sua imensa dor pela perda de seus heróis, jogadores e comissão técnica da Chapecoense, deu ao presidente Michel Temer (que relutou até o último instante em ir ao velório coletivo, na Arena Condá, por conta de possíveis protestos), a maior demonstração de indignação que ele merecia receber, que foi o absoluto silêncio de todos os presentes quando anunciaram seu nome.
Mas, não podemos esquecer que, mesmo em meio à maior dor que este país sofreu no dia 29/11, os/as "nobres senadores/as" não se deixaram comover por isso e promoveram , com seus votos, a segunda maior tragédia nesse mesmo dia.
Como diria Roberto Requião, durante a sessão do impeachment de Dilma,

CANALHAS!!! CANALHAS!!! CANALHAS!!! 

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