Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Berg Lima e a expectativa de todo um povo: o que podemos esperar???




No próximo domingo, 1º de janeiro de 2017, os 5561 municípios de todo o país (segundo o IBGE), empossarão seus novos/as prefeitos/as e vereadores/as. Dentre estes, os 223 da nossa Paraíba e, mais especificamente, Bayeux que, na região metropolitana de João Pessoa, fez surgir uma nova liderança política, que derrotou uma "velha raposa" da política paraibana, Expedito Pereira, que governou a "cidade francesa" por quatro mandatos: Berg Lima, do antigo PTN, agora "Podemos".  
Berg Lima foi eleito com 33.437 votos, ou 58.92% dos votos válidos, a maior votação já dada a um prefeito na história política recente de Bayeux e demonstrou a reação popular à má administração do atual prefeito, Expedito Pereira, que em sua 4ª gestão deixou a cidade abandonada no que diz respeito às principais políticas públicas, especialmente saúde, educação, transporte e coleta de lixo. Expedito, apesar de ser médico, conseguiu a proeza de fechar o PA do Hospital Materno Infantil no turno da noite, o que fez com que mais de 20 pessoas da cidade morressem por falta de atendimento. Nas escolas, várias possuem esgotos passando por dentro das unidades, mostrando o total descaso da prefeitura com a situação. No transporte, recentemente, o MP descobriu que a principal empresa que opera na cidade opera com vários de seus ônibus com mais de 10 anos sem licenciamento ou com licenciamento atrasado. E, na coleta de lixo, a situação na periferia da cidade é caótica, com acúmulo de lixo pelas ruas, e pra piorar, a empresa responsável pela coleta, anunciou que não iria mais fazer o serviço por conta de falta de pagamento por parte da Prefeitura.
Esta é a situação deplorável com a qual Expedito Pereira deixará Bayeux para seu sucessor, no caso, Berg Lima. Além disso, deixará para o próximo prefeito (segundo o próprio Berg Lima, em recentes declarações à imprensa feitas por ele mesmo), uma prefeitura com uma dívida pública de cerca de R$ 60 milhões, além de uma máquina administrativa inchada de muitos cargos comissionados e prestadores de serviços, em alguns casos, superando o nº de efetivos/as. Sem falar nos desrespeito aos direitos desses mesmos servidores/as efetivos/as acumulados ao longo de anos.  
A expectativa gerada em torno de Berg Lima em Bayeux, por uma parcela significativa da cidade, é muito grande. O próprio Berg Lima e sua equipe, ao longo dos anos, trataram de fazer criar essa expectativa, como que se ele fosse a "tábua de salvação" de uma Bayeux perdida. Evidentemente, que nem ele nem ninguém de sua equipe aceitam essa condição, pois sabem quão perigoso é, historicamente, essa condição de "salvador da pátria". Porém, é inegável que, nas entrelinhas de seus discursos e de seus correligionários, isso fica visível. 
Para quem não conhece, segue um pequeno histórico de Berg Lima. Ele surgiu como um ativista cultural do bairro do Alto da Boa Vista, com seu projeto "Atitude Cultural", que exibia vídeos em praças públicas para o povo. Com isso, foi ganhando a simpatia de parcela da cidade e espalhando esse projeto e, com isso, suas ideias para o desenvolvimento de Bayeux, atraindo, assim, os olhares de setores da política local. Em 2012, lançou-se candidato à Prefeitura de Bayeux e conseguiu uma boa votação, para surpresa de muitos. Na ocasião, teve 13.042 votos, ficando atrás  apenas de Expedito Pereira, a quem derrotou nas eleições deste ano. Dois anos depois, em 2014, foi candidato a deputado estadual, e teve uma boa votação em Bayeux, o que serviu para consolidar seu nome na cidade como alternativa ao nome do prefeito Expedito Pereira. Com isso, desde 2014, já estava dado que o embate eleitoral deste ano, seria entre Expedito e Berg Lima. E assim foi, tendo outros nomes também concorrendo à Prefeitura de Bayeux, mas a campanha, desde o início, polarizou entre os dois.
Berg Lima construiu, junto com seu partido, o PTN (agora "Podemos) uma ampla aliança, que reuniu desde o PSDB - que indicou seu vice, o empresário Luiz Antonio - até o PT, mas também contou com partidos como Rede Sustentabilidade, PR, PHS, PPS, PTB e PTC. Um leque amplo e ao mesmo tempo bastante heterodoxo, convenhamos!
A carta programa de Berg Lima revela um pouco dessa ampla aliança construída pelo candidato e também um pouco de seu perfil, para quem já teve oportunidade de conversar um pouco com ele, como este que escreve estas linhas já teve, por algumas vezes. Ou seja, é muito ampla, não consegue estabelecer com clareza algumas coisas, especialmente quando conversamos pessoalmente com o candidato para tentar esmiuçar algumas dessas propostas.
Por exemplo, partindo para a praticidade. Entrevistamos o já prefeito eleito Berg Lima em nosso programa semanal na rádio Sanhauá, no dia 26 de novembro deste ano. Perguntamos a ele, com base dos dados do Sagresonline do TCE PB, o que ele iria fazer com relação aos prestadores de serviços e cargos comissionados da Prefeitura de Bayeux e se este vislumbrava a realização de concurso público. Com relação a isso, ele não respondeu e, em relação aos PS e comissionados, limitou-se a dizer que iria trabalhar com o número necessário (grifo nosso) para administrar a máquina pública. Dessa afirmação, pode-se tirar "n" interpretações, concordam comigo??? Escolham as suas!!!
A última do prefeito Berg Lima, publicada pela imprensa local, foi afirmar que sua gestão será baseada na "meritocracia" como ferramenta de gestão. Segundo o próprio Berg, esse é o critério adotado por ele para compor sua equipe de auxiliares até agora. Bem, se isso for pra valer, então algo está errado com esta "ferramenta de gestão" já no seu início. 
Primeiro, porque entre os indicados, estão pelo menos dois auxiliares que, até pouco tempo atrás, estiveram em administrações passadas e se notabilizaram por perseguir duramente os servidores municipais, cada um em sua área de atuação. Estou falando de Evilson Braz, indicado para chefiar o Procon Municipal e de Josélia Costa, indicada como Adjunta da Educação Municipal. Evilson Braz foi Procurador Municipal na gestão de J. Júnior e, em sua época, fez de TUDO para impedir avanços significativos da categoria magistério,a exemplo do PCCR e das eleições diretas para diretor escolar. E, por falar em eleição direta para diretor escolar, a indicada para ocupar o cargo de Secretária Adjunta da Educação, Josélia Costa, foi uma fervorosa inimiga dessa conquista do magistério municipal, quando era diretora indicada pela gestão da época (também J. Júnior) na EMEF Assis Chateaubriand, coagindo profissionais daquela escola e diretores do sindicato. É assim que funciona a "ferramenta de gestão" do novo prefeito de Bayeux???
Berg Lima também indicou para o cargo de Secretário Municipal de Segurança o diretor do SINTRAMB, o GCM Paulo Sérgio Coelho. Neste caso, a "ferramenta de gestão" adotada pelo novo prefeito de Bayeux funciona de um modo muito inteligente. Com esta indicação, Berg Lima consegue uma proeza nunca antes imaginável por nenhum grupo politico na "cidade francesa": colocar sob seus pés e de sua administração aquela entidade que poderia lhe criar algum problema político durante seu mandato, o SINTRAMB. Berg Lima, como servidor público federal que é, conhece o potencial problema que poderia vir a ter com um SINTRAMB na oposição à sua gestão. Além de conhecer o poderio de nossa entidade dentro da cidade! Sem trocadilhos, mata dois coelhos com uma cajadada só!!!
Além do mais, alguns cargos do 1º escalão não foram preenchidos, como Administração, Meio Ambiente, Mulheres e outros. Ao mesmo tempo, o prefeito Berg Lima declara a setores da imprensa que deseja construir diálogo com a Câmara Municipal de Bayeux. Louvável iniciativa, porém, num país como o nosso, sabemos como esse tipo de diálogo muitas vezes é construído. Se não for através da ocupação de cargos na estrutura da Prefeitura, dificilmente Berg Lima aumentará sua influência na Casa de Severaque Dionísio - hoje ele tem apenas 4 vereadores na sua base -. Berg Lima é tudo na vida, menos bobo, ele sabe que se não oferecer esses cargos vagos no 1º escalão da Prefeitura para esses novos aliados, não construirá uma base sólida naquela Casa Legislativa capaz de fazer aprovar alguns de seus projetos para Bayeux. E, com isso, terá que ceder alguns de seus pontos de vista a esses novos aliados. Consequentemente, o projeto original da "Atitude" começará a ruir por terra.
Infelizmente, esse é o jogo da política nacional. Seja em Brasília, seja em Bayeux. A não ser que Berg Lima esteja disposto a romper com ele. A pergunta é: estará ele disposto a isso???
Façam suas apostas!!!
Eu faço logo a minha. Afirmo que NÃO!!!      

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