Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

sábado, 14 de janeiro de 2012

Porquê Agra renunciou à reeleição





O mundo da política paraibana foi surpreendido no final da tarde deste sábado, 14 de janeiro, quando foi divulgado pelos portais de notícias (inicialmente) a carte de renúncia do prefeito Luciano Agra (PSB) à sua candidatura nas próximas eleições em outubro próximo. O prefeito pessoense afirma, em um momento da carta, que não é "afeito ao jogo bruto da política, aos sofismas e frases de efeitos para escamotear o que se pensa ou não falar a verdade". E que, entre enfrentar uma disputa eleitoral (que prometia ser muito dura) e priorizar a gestão, Agra escolheu a segunda alternativa. Como ele mesmo afirma em sua carta renúncia, "quero focar na gestão, priorizar a continuidade desses e de vários outros projetos em execução e não deixar que qualquer processo eleitoral contamine esse momento singular que a cidade vive".
Na verdade, essa não é a razão principal da renúncia de Luciano Agra à reeleição em 2012. Ele mesmo dá uma pista do real motivo que pode estar por trás dessa renúncia quando, na sua carta renúncia, ele afirma que "não sou afeito a política dos tapinhas nas costas, da politicagem em geral"
De que politicagem Agra estaria falando? Por acaso ele estaria sendo pressionado por algum grupo político nesse ano político? Estaria Agra resistindo a essas pressões e, por isso mesmo, teria sido rifado pela cúpula do PSB do processo sucessório que se avizinha?
Não é de hoje que se comenta nos bastidores da política que Ricardo Coutinho tem a preferência pelo nome de Estelizabel Bezerra, secretária de Planejamento da PMJP, para que esta seja a candidata do partido à Prefeitura da capital paraibana. E também não é novidade que havia uma operação em curso, comandada pelo ilustre governador, para que isso ocorresse. è claro que nem Ricardo nem ninguém no ninho socialista admitirá isso, mas há vários meses comenta-se com força este assuntos nas rodas de conversas políticas em João Pessoa. Uma parte dessas conversas confirma-se agora com a renúncia de Agra. Resta saber se a segunda parte será confirmada ou não. Esperemos os próximos capítulos.
O site WSCOM revela a informação prestada pelo presidente municipal do PSB, Ronaldo Barbosa, de que o partido tem 5 nomes a colocar em substituição a Luciano Agra, que seriam: Estelizabel Bezerra, Nonato Bandeira, Vereador Bira, Emília Correia Lima e João Azevedo e João Azevedo. 
Destes, apenas Estelizabel e Bira têm alguma chance de serem indicados pelo partido, com maiores chances para a primeira, por ser a preferida de Ricardo Coutinho. Além do mais, a indicação de Bira criaria uma perigosa divisão no interior do PSB, pois todos sabem que o nome de Bira não unifica o partido.
Outro motivo bastante razoável para a renúncia de Agra é que ele sabe perfeitamente a dureza da campanha que ele teria pela frente, com a avalanche de denúncias e escândalos que já assolam sua administração, incluindo aí uma ação no MP referente ao famoso Caso Cuiá, por conta do suposto superfaturamento da compra da fazenda Cuiá para a efetivação do Parque do mesmo nome, na zona sul da cidade, feita em 2010, às vésperas da eleição daquele ano. 
A renúncia de Agra mostra, por um lado, o poder  de mando de Ricardo Coutinho sobre o PSB na Paraíba. É ele quem determina, cada vez mais, o que deve e o que não deve ocorrer no partido e, por outro, expressa uma crise no interior deste. Pois, a 10 meses de uma eleição, o prefeito de uma administração que tem índices expressivos de aprovação (segundo várias pesquisas de opinião), bem como despontava na liderança de várias outras pesquisas de intenção de voto para as eleições 2012, de repente anuncia sua renúncia, das duas uma: ou as pesquisas são falsas ou a crise no PSB/PB é imensa. Acredito que, neste caso, as duas alternativas são verdadeiras!

1 comentários:

  1. Que Ricardo Coutinho manda no PSB da Paraíba, tal qual um "dono" da legenda, disso ninguém duvida. A renuncia de Agra é certamente uma decisão de Ricardo Coutinho, ante a não decolada da candidatura de seu secretário. Agora, o PSB tem um problema significativo: se à frente da gestão municipal Luciano Agra era um famoso "Quem?", o pouco tempo que falta para a campanha dará trabalho para massificar um novo nome. Estelizabel é ainda mais desconhecida que Agra e a gestão do PSB, na PMJP e no governo do Estado sofre um desgaste que ainda não está visível e logo, não se pode mensurar. Acho que outras consequências deste brusco movimento ainda aparecerão.

    ResponderExcluir