Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O racismo no futebol



O racismo é uma das manifestações humanas mais desprezíveis que podemos assistir. Trata-se de uma pretensa "superioridade" expressada por alguém que, por ter uma pele de cor diferente da outra, se coloca num patamar maior do que a outra e, por isso, julga-se no direito de oprimir e explorar o/a outro/a. A burguesia, ainda hoje, utiliza-se do racismo como elemento de divisor da nossa classe, quando semeia entre os trabalhadores (de forma muito sutil) a ideia de que o negro é "preguiçoso" e "que todo negro é ladrão". São formas sutis que são incutidas na consciência da classe desde criança através de vários mecanismos, como gibis, filmes, e por aí vai.
A divisão de classes sempre existiu nos esportes também. Os negros sempre foram destaque em esportes mais acessíveis para os extratos mais pobres das sociedades, como futebol (no Brasil), basquete (nos EUA), atletismo (nos países africanos), enquanto outros esportes eram  quase que exclusivamente reservado aos filhos das elites, como tênis, golfe, rúgbi, dentre outros. Muito raramente, aparece algum negro nesses esportes. Não nasce um Tiger Woods todo dia, já Michael Jordan, Pelé, Usain Bolt...
Apesar da presença negra nesses esportes e em várias sociedades, como a de nosso país, o racismo não deixa de apresentar sua marca. Vários casos, em várias oportunidades, já foram denunciadas. Infelizmente, quase todas ficaram apenas nisso, na denúncia. É preciso sair disso e exigir mais do que isso. Não podemos ser coniventes com o racismo. É preciso sair da indignação com o ato racista e se tomar atitudes mais sérias.
O caso mais recente no futebol envolveu o lateral esquerdo Roberto Carlos, atualmente jogando no futebol russo, no Anzhi. Um torcedor do time rival, durante um jogo do campeonato russo, atirou uma banana no gramado perto do ex-lateral da seleção brasileira, que imediatamente retirou-se do campo de jogo, indignado com a segunda manifestação de mesmo tipo que sofreu desde que chegou ao futebol daquele país, que sediará a Copa de Mundo de 2018 (Roberto Carlos já havia sofrido, na 2ª rodada do campeonato russo, igual manifestação racista antes do jogo contra o Zenit).
Não gosto do jogador Roberto Carlos. Nunca gostei. Sempre o achei muito limitado perante os vários laterais-esquerdos de imensa qualidade que o futebol brasileiro produziu ao longo de sua história. Júnior, Marinho Chagas, Altair, Pedrinho, Rodrigues Neto, Leonardo, Felipe, Marco Antonio, Vladimir, Vacaria, Branco, para não falar no maior de todos, Nilton Santos (a Enciclopédia). Porém, o atleta, o homem Roberto Carlos MERECE respeito. NÃO pode ser vítima de uma ataque irracional como esse cometido por animais que se julgam humanos. Não é possível nos calarmos perante atos dessa natureza em pleno século XXI.
Atos cometidos contra pessoas como Roberto Carlos nos fazem imediatamente refletir o que ocorre todos os dias nas periferias das grandes cidades de nosso país e do mundo com o povo negro. O que os negros e negras sofrem com atos racistas cotidianamente, já que isso acontece também com uma pessoa famosa. Gente que perde emprego porque são negros/as; são olhadas de forma estranha no shopping ou em alguma loja chique porque são negros/as; quando estão em um restaurante elegante são também enxergadas da mesma maneira pelo garçom, ou quando são diretamente vítimas de racismo ao serem chamadas de "macacos", como Roberto Carlos foi na Rússia ou de coisas semelhantes. O povo negro no Brasil e em vários outros pontos do planeta sofrem isso diariamente. Mas precisou isso ocorrer com alguém famoso pra virar notícia.   
   

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