Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

domingo, 1 de abril de 2012

A "democracia" petista



O PT de João Pessoa realizou no último domingo, 25/03, um Encontro onde foi definido que o deputado estadual Luciano Cartaxo será o candidato do partido nas eleições municipais deste ano na capital paraibana.
Antes desse encontro, os petistas pessoenses foram às urnas para eleger os delegados/as desse Encontro Municipal, que iriam escolher entre o partido ter candidato próprio ou fazer aliança com o PSB, do governador Ricardo Coutinho e de sua pré=candidata, Estelizabel Bezerra.
Ganhou a tese da candidatura própria e Luciano Cartaxo é o ungido pela militância petista. No entanto, não há perspectiva do partido marchar unido nesta campanha eleitoral. O grupo que defendia a aliança com o PSB, liderado pelo deputado federal Luiz Couto, pode perfeitamente repetir o que fez em 2010: enquanto o PT decidiu marchar com Zé Maranhão naquela oportunidade, Luiz Couto e seus discípulos apoiaram a candidatura de Ricardo Coutinho ao Palácio da Redenção. Naquela ocasião, vitória para Couto.
Porém, o que queremos abordar neste artigo é o processo eleitoral petista da escolha de sua tática eleitoral. Neste sentido, os dois lados concorrentes tinham acordo em proclamar o PT como um partido diferente, onde a democracia impera com o método da escolha de seus candidatos através da eleição direta pelos filiados.
Aparentemente, não há como negar que este método é profundamente democrático. Mas só aparentemente. Na verdade, não há nada de democrático neste processo eleitoral petista. Muito pelo contrário, ele reproduz vários elementos da corrupção eleitoral que reina nas eleições burguesas e, além disso, produz distorções incorrigíveis. Senão, vejamos.
Todo e qualquer militante petista sabe que, seja o grupo de Luciano Cartaxo, seja o de Luiz Couto, praticaram o mesmo método de arregimentar votos para sua tese. O método era procurar filiados do partido e verificar se estes estavam ou não em dia com as finanças do partido. Se este filiado estivesse em dia, tudo bem, era só tentar na conversa influenciar este para sua tese. Se não, o grupo se movimentava para bancar as finanças atrasadas deste. Nenhum grupo escondeu da militância este procedimento, que revela traços de corrupção eleitoral no interior do partido.
Isso produz uma distorção enorme no interior do partido, que faz cair por terra a "democracia petista". Segundo a direção municipal do partido em João Pessoa, existem cerca de 6.000 filiados na capital paraibana. Pouco mais de 2.500 foram ás urnas votar na eleição petista. Que distorção existe nisso? Simples, os 2.500 que votaram são, muito provavelmente, aqueles que constroem o partido no cotidiano do movimento de massas. Mas, pela "democracia petista", os demais 4.000 filiados poderiam perfeitamente decidir sobre o destino do partido. 4.000 pessoas que não atuam em setor nenhum, que não ajudam a construir o partido no dia-a-dia da classe trabalhadora estariam aptas a decidir a  tática eleitoral do partido. Perguntamos: aonde está a democracia nisso?
Um partido efetivamente democrático valoriza os seus militantes, porque são estes/as que  dedicam suas vidas na construção do partido, sacrificando muitas vezes seu tempo disponível e suas finanças para fazer crescer seu partido na sociedade, em especial entre os/as trabalhadores/as. Afinal de contas, estamos falando de um "Partido dos Trabalhadores".
Porém, não é isso que assistimos no interior do PT. Seu método de escolher seus candidatos pode ser "democrático" para a burguesia, posto que esta já procede dessa maneira há algum tempo. Vejamos o processo das prévias que ocorrem nos EUA para que republicanos e democratas. Para a burguesia norte-americana, tal processo expõe para o mundo a grandeza da "democracia" ianque. No Brasil, outros partidos além do PT também promovem métodos semelhantes. Recentemente, o PSDB paulistano escolheu José Serra como seu candidato às próximas eleições. E não adianta o PT vir dizer que ele foi o primeiro a fazer isso, pois se partidos burgueses como o PSDB fazem isso também, é porque tal procedimento nos revela a total ausência de DEMOCRACIA
Afirmamos isso porque NENHUM partido burguês reproduziria em seu interior os mesmos métodos de um partido calcado na classe trabalhadora, se este fosse um procedimento realmente diferente dos que a burguesia realiza. Ou alguém já viu um partido burguês defender que os mandatos dos parlamentares e chefes de cargos executivos tenham estes na condição de revogáveis a qualquer momento, de acordo com a decisão do povo? Por quê PMDB, PSDB, PSD, PTB, DEM e tantos outros não defendem isso? Porque isso não tem nada a ver com suas histórias, são coisas que só os partidos que exercem a DEMOCRACIA OPERÁRIA defendem. Essa é a razão porque tais partidos não defendem isso. 
O PT tenta aparecer como um partido democrático. Mas é impossível esconder de todos/as as fragilidades de sua "democracia". 

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