Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Meu cargo, minha vida!


O que acontece no PT de Bayeux hoje já acontece há muito tempo no PT em nível nacional, desde quando o PT, ainda nos anos 90 do século passado, começou a ampliar seu espaço nos parlamentos (municipais, estaduais e federal), além das prefeituras e governos estaduais. Essas vitórias eleitorais, conquistadas por conta de alianças construídas com forças políticas que nada tinham a ver com a luta da classe trabalhadora, mas sim com objetivos de alcançar o poder pelo poder, foram aos poucos transformando o partido, que passou a ser mais um partido da ordem, ou seja, mais um partido mantenedor do regime.
Assim, as várias correntes internas do partido - exceto aquelas que, não aceitando essa mudança de perfil do partido, foram expulsas - foram aos poucos se acomodando por conta da farta distribuição dos cargos que foi sendo colocada à disposição no interior do partido. Pois, quanto mais o partido crescia, quanto mais o partido ganhava espaço parlamentar nos Estados e municípios, até finalmente alcançar, em 2002, a presidência da República com o "companheiro" Lula, mais e melhores eram os cargos. E, proporcionalmente também, era maior a gula das correntes internas do PT e de seus militantes por esses cargos.
Exemplos para expressar isso de forma explícita não faltam. Desde o primeiro mandato do governo Lula, o ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, João Vaccary, representando a CUT, participa do Conselho de Administração da Itaipu Binacional. Na época do primeiro mandato de Lula, ele recebia de jeton, para participar uma reunião desse Conselho - que era realizada a cada mês - R$ 8 mil, livre de hospedagem, alimentação e passagem.
Falamos tudo isso antes para mostrarmos que o que ocorre neste momento no PT de Bayeux não se trata de um caso isolado, mas de uma prática comum no PT hoje que vem sendo construída desde a época citada no início deste texto. E acentuada após o episódio do Mensalão ocorrido ainda durante o primeiro mandato de Lula, em 2005. Algumas pessoas resistem em ADMITIR, mas o PT nem de longe lembra mais o partido de sua fundação, que defendia a ação direta da classe como método de luta, a independência de classe, o socialismo e outras coisas do gênero. Existem homens e mulheres, jovens ou não, brancos e negros, hetero e homo, honestos e de luta que atuam no PT, mas que ainda estão presos àquela imagem do PT do início dos anos 80 do século passado. É triste, mas esse PT  não existe mais. É preciso construir outra ferramenta de luta.
O PT de hoje é o que se começa a assistir em Bayeux e que em várias outras cidades desse país muitos/as já experimentaram. É o PT dos cargos, dos interesses individuais, da negociata dos gabinetes, dos acordos feitos sem a participação popular mas em nome do povo. Esse é o PT de hoje. Mas que, segundo seus dirigentes, continua sendo dos trabalhadores. Acredite quem quiser!

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