Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Algumas considerações sobre o novo Ministro da Educação





Carlos Alberto Decotelli da Silva é o novo ministro da Educação anunciado pelo presidente Bolsonaro. Ele tem 67 anos e, segundo o presidente, o novo ministro é formado em Economia pela UERJ, mestre pela FGV, doutor pela Universidade de Rosário, na Argentina, e pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha.
Decotelli é o primeiro ministro negro do governo Bolsonaro e o 11º ministro militar de seu governo. Isso demonstra um pouco o que significa Bolsonaro e seu governo. Ele vem na esteira de uma recente polêmica ocorrida no MEC provocada por seu antecessor no cargo, Weintraub que, como último ato de sua desastrosa gestão à frente do Ministério, revogou uma portaria que determinava cotas para negros, indígenas e portadores de deficiências nos cursos de pós-graduação nas universidades brasileiras. Dias depois, o mesmo MEC, através de seu ministro interino, revogou tal medida, fazendo com que tais cotas voltassem a vigorar. Bolsonaro, com a nomeação de Decotelli, tenta apagar tal polêmica causada por Weintraub e também se afastar da pecha de racista que o acompanha há anos. Como se isso fosse possível!!!
Outra coisa a ser colocada na nomeação do novo titular do MEC é que ele representa uma vitória do grupo dos militares e também do ministro da Economia, Paulo Guedes, contra o grupo dos "olavistas" no interior do governo, que defendiam um nome com mais afinidade ao antecessor no cargo. 
O Palácio do Planalto tem algumas expectativas em relação ao papel do novo ministro na pasta que irá comandar. Segundo o Executivo, espera-se que "ele distensione as relações do MEC com o Congresso e o Judiciário. Entre suas missões estão a realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e a aprovação da proposta sobre o Fundeb permanente" (https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/06/bolsonaro-anuncia-carlos-decotelli-ex-presidente-do-fnde-para-educacao.shtml). Além disso, Decotelli terá também como tarefa "conduzir o papel do MEC na reabertura das escolas fechadas com a pandemia do cornavírus" (idem).
Porém, como mais um ministro militar, ainda mais numa área como a Educação, não devemos nos surpreender se, no próximo período, a discussão sobre a implantação das escolas cívico-militares voltar à tona em todo o país.
Sobre o novo Fundeb, esperamos que Decotelli, agora como ministro da Educação, realmente dê prioridade a esta discussão. Coisa que seu antecessor, Weintraub, fez questão de não fazê-lo e nem ele, enquanto presidente do FNDE entre fevereiro e agosto de 2019. Esperamos que agora este tenha uma postura bem diferente.
Afora todas estas considerações, a nova nomeação de Bolsonaro é mais do mesmo. Apesar dos vários títulos acadêmicos que possui o novo titular do MEC, isso não é garantia de que este terá um grande futuro à frente da pasta. Se fosse assim, FHC teria sido um excelente presidente. Muitos ainda o consideram o "príncipe da sociologia brasileira", no entanto, foi um dos que mais atacaram a Universidade brasileira em seus 8 anos de (des)governo.  Assim, veremos como será sua gestão no MEC para fazermos uma melhor avaliação!!!

0 comentários:

Postar um comentário