Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

sexta-feira, 12 de junho de 2020

A crise do futebol brasileiro na pandemia do coronavírus e o seu retorno



Há um debate em curso na conjuntura brasileira - em especial, no cenário esportivo nacional - sobre o retorno das atividades do futebol brasileiro (como de resto, de boa parte das atividades econômicas). Isso atinge especificamente as praças de futebol menos "abastadas" do país, aonde os clubes de futebol sentem mais os efeitos da pandemia do coronavírus, mas de forma geral os grandes clubes do país também fazem a mesma reivindicação e as federações de futebol, a partir da CBF, repercutem a questão: quem bancará os custos dos exames sobre a Covid-19 a ser feito pelos atletas e Comissões Técnicas das equipes envolvidas nos campeonatos estaduais e, quiçá, no Campeonato Brasileiro???
Tal questão nos remete ao velho debate que, vez ou outra, sempre retorna ao debate em terras tupiniquins quando há uma crise envolvendo o capitalismo verde-amarelo, ainda mais quando vivenciamos uma crise excepcional e exponencial como esta, protagonizada pelo coronavírus que, segundo projeções do Banco Mundial, pode gerar uma recessão de cerca de 8%, ao final desta pandemia. Os liberais da "terrinha" sempre apregoam a não interferência do Estado na economia, ou melhor dizendo, a separação do Estado diante da economia, ou melhor ainda, a glorificação do "deus-mercado" (segundo as ideias neoliberais) mas, quando o "calo aperta no sapato" todos, (sem distinção), vão correndo em direção ao Estado como sua "tábua de salvação".
Tal postura não é diferente neste momento da crise vivida pelos clubes de futebol brasileiros, grandes ou pequenos, na pandemia do coronavírus. Todos, sem distinção, (como acabamos de frisar acima), fazem questão de perguntar às suas federações locais acerca de quem custeará os exames sobre a Covid-19 no retorno às atividades do futebol em seus Estados. Isso porque nenhum destes deseja assumir, sozinho, tais despesas.
Isto, apesar de todos estes clubes e seus dirigentes, além daqueles/as de suas federações estaduais e da própria CBF terem bastante claros em suas consciências o que diz os Estatutos de cada uma de suas entidades. Queremos, aqui, relembrar algumas passagens destes para os/as torcedores/as de nosso país.
O Estatuto da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), afirma explicitamente em seu artigo 1º que esta "é uma associação de direito privado" e, logo depois, em seu artigo 6º, afirma que "goza de peculiar autonomia quanto sua organização e funcionamento, não estando sujeita a ingerência ou interferência estatal ou privada".
Além desse teor específico contido no Estatuto da CBF, entidade maior do futebol brasileiro, isso também consta no Estatuto de outras entidades do nosso futebol. A exemplo da Federação Paraibana de Futebol - FPF -, aonde também ocorre polêmica semelhante acerca deste assunto, com os clubes fazendo esta cobrança. O estatuto da federação, em seu artigo 1º, estabelece que esta "é uma sociedade civil de direito privado" e o parágrafo 2º deste afirma que a federação "goza de peculiar autonomia quanto sua organização e funcionamento, não estando sujeito a ingerência ou interferência estatal ou privada", ou seja, é idêntico ao que estabelece o Estatuto da CBF em seu artigo 6º.
São, portanto, entidades privadas que em nada dependem do dinheiro público ´para sobreviverem. Quando ganham "horrores", nunca se lembram do Estado; quando estão na "pindaíba", recorrem a este. Assim como os acionistas da Bolsa de Valores!!!
Observa-se, neste aspecto, que os dirigentes de futebol de nosso país, popularmente chamados de "cartolas", não se diferenciam em nada de boa parte dos empresários e banqueiros brasileiros quando o assunto é aplicar a velha máxima: "façam o que digo, mas não façam o que eu faço".

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