Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Quando João Azevedo renunciará???






Em 17 de dezembro do ano passado, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado), órgão ligado à Procuradoria Geral do Estado da Paraíba, junto com a Polícia Federal, realizou a 7ª fase da "Operação Calvário", intitulada "Juízo Final". Segundo as investigações feitas nesta fase da Operação, foram detectados desvios de dinheiro público de R$ 134,2 milhões nas áreas da saúde e educação estaduais. Vários agentes políticos foram alvos desta fase acima citada, dentre elas, o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), apontado como "chefe da organização criminosa" e o atual governador, João Azevedo (atualmente sem partido, mas eleito pelo PSB), que teve o Palácio da Redenção objeto de mandado de busca e apreensão de documentos. Outros/as agentes políticos também estão envolvidos nesta grave denúncia, a exemplo das deputadas estaduais Estela Bezerra e Cida Ramos (ambas do PSB), assim como o ex-procurador geral do Estado, Gilberto Carneiro; o ex-secretário de saúde estadual, Waldson Souza; a prefeita do Conde, Márcia Lucena (PSB); o irmão de Ricardo Coutinho, Coriolano Coutinho; a ex-secretária de saúde estadual, Cláudia Veras, entre outros/as. Alguns continuam presos, até o momento.
Tudo isso ocorreu devido à "delação premiada" feita pela ex-secretária de Administração do governo Ricardo Coutinho e também do atual governo, Livânia Farias. Ela é uma das principais artífices do esquema fraudulento que assolou nosso Estado e, após sua prisão em março de 2019, já se esperava que algo bombástico aconteceria no interior da gestão estadual. E não deu outra, Livânia fez o acordo de delação com a justiça paraibana e começou a entregar todo o esquema criminoso de anos existente no Estado, a partir do núcleo do governo.
Com esta "Operação Calvário", o governador João Azevedo se viu obrigado a recuar em sua intenção de aprovar a "toque de caixa" a "Reforma da Previdência" dos servidores estaduais enviada por ele à Assembleia Legislativa e esta foi transferida para ser rediscutida em fevereiro deste ano. Isso foi uma das consequências trazidas pela citada "Operação" ao governo estadual. Sem falar nos danos à imagem de "homem sério, trabalhador e honesto" cultivada por João Azevedo desde a vitoriosa campanha eleitoral de 2018.
Recentemente, esta imagem foi profundamente arranhada com mais um trecho da "delação premiada" de Livânia Farias que veio a público, dentre tantos outros. Neste, especificamente, a ex-secretária de Administração de Ricardo Coutinho e João Azevedo desvela completamente a máscara de "bom moço" construída ´por este último e aproveita para detonar ainda mais com o ex-governador, Ricardo Coutinho, e entregar as relações com Cássio Cunha Lima e Zé Maranhão, por exemplo. Quem quiser conferir tudo isso, basta verificar tal vídeo de Livânia Farias fazendo tudo isso, nas redes sociais.
Sobre o atual governador, João Azevedo, ela revela, em várias partes do vídeo, que ele sabia do que estava sendo feito no Estado, através dos desvios ocorridos na saúde pública, via Cruz Vermelha Brasileira, que administrava o Hospital de Trauma de João Pessoa desde 2011 (início do 1º mandato de Ricardo Coutinho como governador) até a campanha eleitoral passada. Tudo isso por conta do contato que este tinha com Daniel Gomes,preso na 1ª fase da referida "Operação".
Livânia revela, por exemplo, que quando João Azevedo se licenciou do cargo de secretário de Recursos Hídricos em abril/18 para poder disputar as eleições daquele ano, foi combinado entre ela e Ricardo Coutinho um valor que deveria ser repassado ao então pré-candidato antes do início da campanha propriamente dita. Ela e o ex-governador acertaram que tal valor deveria ser de R$ 120 mil, e isso ocorreu entre abril e junho do citado ano. O dinheiro era entregue ao então secretário de Recursos Hídricos da ocasião, Deusdeth Queiroga que, por sinal, continua secretário de governo. A partir de julho, segundo a ex-secretária, os recursos para o candidato João Azevedo viriam da própria campanha. De onde vinha essa bagatela paga a um pré-candidato? Das propinas feitas por Daniel Gomes, direto do Hospital de Trauma.
Após este episódio, Livânia Farias detalha mais um fato que teria ocorrido, segundo ela, numa reunião com João Azevedo no dia 30 de julho do ano passado, nas dependências do Canal 40, produtora dos programas eleitorais da coligação encabeçada pelo atual governador. Nesta conversa, João Azevedo teria pedido a Livânia que fossem exoneradas de seus cargos e funções sua nora e também a cunhada, que trabalhavam na Angevisa e Sudema (não recordamos agora quem trabalhava aonde), para não ser criticado de "praticar nepotismo", afirmou a delatora. Porém, ainda segundo a ex-secretária, este teria pedido a ela que os salários brutos das duas parentes fossem mantidos (apesar de exoneradas), entre julho e novembro de 2019. Assim foi feito e era João Azevedo quem recebia, mensalmente, os salários das duas e repassava a estas.
Como diz o velho ditado, "para bom entendedor, meia palavra basta". Estas revelações de Livânia Farias sobre João Azevedo e seu comportamento durante o episódio exposto pela "Operação Calvário" não deixam dúvidas sobre seu envolvimento, tendo sido um dos maiores beneficiados com o esquema criminoso, pois este (segundo Gaeco e PF) teria se "alimentado" destes recursos para garantir sua vitória eleitoral. Ainda segundo a "Operação Calvário" (https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2019/12/17/ex-governador-ricardo-coutinho-e-alvo-da-setima-fase-da-operacao-calvario-na-paraiba.ghtml), dos R$ 134,2 milhões desviados pela ORCRIM, "mais de R$ 120 milhões foram destinados a agentes políticos nas campanhas eleitorais de 2010,2014 e 2018.
Em resposta a essas revelações feitas por Livânia Farias, o atual governador desmentiu e afirmou que possui "história neste Estado" (https://www.blogdoandersonsoares.com.br/2020/01/13/jamais-recebi-mensalao-de-ninguem-tenho-uma-historia-nesse-estado-diz-joao-azevedo-ao-rebater-delacao-de-livania/). Mas, cabe aqui a pergunta: quem não tem história??? Todos/as temos, mas ao que parece, a de João Azevedo não tem nada de limpa.
Se isso não for suficiente para instauração de CPI na Assembleia Legislativa, bem como abertura de processo de impeachment de João Azevedo, o que será preciso???
A outra alternativa a isto seria a renúncia de João Azevedo. Mas, por suas declarações recente, isto está praticamente descartado.
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.........

0 comentários:

Postar um comentário