Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Ricardo Coutinho, João Azevedo e o projeto de poder do PSB/PB: Um disfarce para o controle partidário!






No início de agosto deste ano, o governador João Azevedo (PSB/PB) nomeou o presidente estadual de seu partido, Edvaldo Rosas, como novo Chefe de Governo. Alguns dias após este movimento feito pelo governador, a deputada estadual pelo mesmo partido, Estela Bezerra, afirmou pela imprensa local que Edvaldo Rosas deveria deixar a presidência do partido se quisesse ir para o governo, pois ela não via como ele poderia assumir, ao mesmo tempo, esses dois cargos. Tese que foi abraçada pela também deputada estadual Cida Ramos, também do PSB/PB e refutada, imediatamente, pelo próprio Edvaldo Rosas.
Este argumentou, em sua defesa que, na presidência do PSB na Paraíba, fez crescer o partido no Estado, fazendo este reeleger Ricardo Coutinho governador e eleger o atual mandatário do Estado - João Azevedo -, além de eleger um senador (pela primeira vez), além de um deputado federal e oito deputados estaduais, sem falar em 52 prefeitos e 339 vereadores em todo o Estado. Tal histórico, lembrado por Rosas em toda a imprensa em sua defesa, foi colocada à exaustão contra os argumentos das deputadas acima referidas. Porém, o início da polêmica já havia sido criada.
Tal polêmica aprofundou-se a tal ponto que, em 16/08 deste ano, a direção nacional do PSB, dissolveu o diretório estadual do partido na Paraíba, sob o argumento de uma renúncia coletiva de mais de 50% dos diretorianos deste. A partir deste fato, tentou-se, por vários momentos, fazer reuniões entre os principais quadros do partido neste processo para tentar resolver este imbróglio, quais sejam: o ex-governador, Ricardo Coutinho (acusado de ser o principal responsável por esta crise no PSB local) e o atual governador, João Azevedo (acusado de ser intransigente neste processo e, até mesmo, ingrato a Ricardo Coutinho por tudo que ele teria feito a este durante todo um processo eleitoral passado, segundo os "ricardistas").
Depois de idas e vindas, anunciou-se finalmente a decisão da direção nacional do PSB, nesta segunda-feira, 09/09 do corrente ano. Em reunião nacional, o PSB formou uma Comissão Provisória do PSB/PB, aonde nesta o ex-governador Ricardo Coutinho seria o presidente estadual e o atual governador, João Azevedo, vice-presidente. Além disso, dos 7 sete integrante desta Comissão Provisória (contando com os dois citados), RC indicaria 3 nomes e JA os 4 restantes, dando a este maioria na referida Comissão. Detalhe. João Azevedo e ninguém de seu grupo esteve presente à reunião e só tomou conhecimento de tal decisão pela imprensa, segundo afirmaram. 
A reação de João Azevedo e seu grupo foi quase que imediata: não aceitaram participar de tal Comissão Provisória formada pela direção nacional do PSB. Neste momento, os 4 membros anunciados de seu grupo anunciaram suas renúncias à citada Comissão. Outros partidários do PSB local, incluindo vereadores, deputados, já anunciaram a mesma disposição de não fazerem parte deste "acordo" e alguns até já afirmaram a disposição de sair do partido. Ou seja, a crise no PSB/PB não acabou e está longe de acabar.
Dito isto, vamos à gênese da atual crise: o que está por trás desta cisânea entre Ricardo Coutinho e João Azevedo??? Por que, de repente, criador e criatura decidiram romper laços de amizade que pareciam tão sólidos durante anos, estampados tão claramente durante a recente campanha eleitoral (vitoriosa) de 2018??? Não é difícil encontrarmos a resposta e ela atende pelo nome de projeto de poder. Senão, vejamos.
Em 2020, teremos eleições nos 5570 municípios brasileiros e, mais particularmente, nos 223 municípios paraibanos. Segundo informações prestadas pelo próprio Edvaldo Rosas, quando do início desta polêmica acerca de sua nomeação como Chefe de Governo, que afirmou ter o PSB hj 339 vereadores e 52 prefeitos em todo o Estado. Evidentemente, faz parte das pretensões do partido ampliar esta marca. Por isso, uma crise como esta nunca é bem vinda, para nenhuma sigla partidária.
E isso faz parte do projeto de poder que citamos acima, pois as eleições municipais de 2020 são um ponto importante para outro processo eleitoral, o de 2022, quando estará em jogo a sucessão do governo estadual, entre outras coisas. E aí está a razão central desta disputa entre Ricardo Coutinho e João Azevedo.
Não creio que a nomeação de Edvaldo Rosas tenha sido o elemento central impulsionador desta crise. Esta aconteceria, mais cedo ou mais tarde. Quem conhece minimamente Ricardo Coutinho sabe que este não consegue viver longe das esferas do poder. Sabe também que ele deseja, mesmo fora do poder, dominar este a seu bel prazer e, quando não consegue, usa de toda sua truculência para impor suas vontades. Por conta disso, creio eu, há esta crise no PSB local e, porque não dizer, no Estado como um todo??? 
Relembremos alguns fatos antes da nomeação de Edvaldo Rosas. João Azevedo vinha, através do poder de sua caneta - que, ao que me parece, não é BIC - tirando de cena da administração estadual algumas personas ligadas ao "ricardismo" e colocando em seu lugar outras mais afeitas ao seu modo de governar e, consequentemente, ao seu grupo que estava se formando. O último a sair foi o então secretário de Comunicação, Luís Torres, substituído por Nonato Bandeira. Paralelo a isso, começaram a ocorrer notícias acerca de escândalos envolvendo Ricardo Coutinho e seu antigo governo, com João Azevedo não se esforçando para abafar tais notícias, explodindo depois com a prisão de sua secretária de Governo (remanescente do período Ricardo Coutinho), Livânia Farias, por conta da "Operação Calvário", feita pelo Gaeco e Ministério Público da Paraíba e do Rio de Janeiro. Tal prisão reverberou, posteriormente, em uma "delação premiada" da ex-secretária de Administração, aonde nesta entregou vários "ricardistas", como Gilberto Carneiro, Laura Farias, Coriolano Coutinho (irmão do ex-governador), o próprio Nonato Bandeira, Aracilba Rocha, a própria Livânia Farias, dentre outros. Todos/as denunciados, aguardando agora o desenrolar das investigações.
Evidentemente que isso afeta por demais a imagem do ex-governador Ricardo Coutinho e, por conta disso, ele precisa de um aparato para poder reconstruir, ainda mais esta imagem perante o povo paraibano. Daí o ato em Monteiro - para uns, pela Transposição do São Francisco; para outros, pelo "Lula Livre". E, agora, esta crise no PSB local.
Tudo isso passa pelo projeto de poder. Voltamos a citá-lo porque não há outra razão para este momento turbulento pela qual vive os "socialistas" em nosso Estado.
Ricardo Coutinho sabe que, para voltar a ocupar a principal cadeira do Palácio da Redenção (ou da Prefeitura de João Pessoa), ele precisa ter o comando do partido na Paraíba e, consequentemente, não pode permitir que o agora adversário político no interior do partido, João Azevedo, tenha esse controle. Ele ou alguém de sua confiança. Daí ele agir ao seu estilo de sempre para conseguir o que deseja: com truculência e passando por cima de tudo e de todos.
Neste caso, na disputa pelo controle partidário do PSB na Paraíba, pelo projeto de poder que ambos dizem ter, eles (Ricardo Coutinho e João Azevedo) possuem uma coisa em comum: o povo é um mero detalhe!!!

1 comentários:

  1. O neo-coronelismo mostra as suas armas, pois sem cargo está em risco. Muito interessante a análise.

    ResponderExcluir