Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

sábado, 14 de setembro de 2019

Por quê é tão difícil a unidade neste momento da conjuntura???






Nesta sexta-feira, 13 de setembro do corrente ano, data extremamente singular para supersticiosos/as em todo o mundo, ocorreram assembleias de trabalhadores/as dos Correios em todo o Brasil. Discutiam, eles/as, os rumos do movimento grevista que ocorrer desde o dia 11/09, após assembleias de trabalhadores/as realizadas no dia anterior, também em todo o país. Isso, depois de dois meses de negociações frustadas com a empresa para negociar melhorias nas condições de trabalho, salariais, no plano de saúde (já bastante atacado pela empresa há alguns anos) e, particularmente, contra o anúncio feito pelo governo Bolsonaro de privatizar a ECT. A empresa encabeça a lista de 17 estatais a serem privatizadas, "uma por semana", conforme palavras do próprio Bolsonaro. Daí, a greve feita pelos/as trabalhadores/as de todo o país, unificando as duas federações - FENTECT e Findect -, com os 36 sindicatos que fazem parte destas.
Na Paraíba, entre muitas falas feitas na assembleia desta sexta, uma em especial questionou, em dado momento, a falta de unidade das direções das federações e dos sindicatos (e, porque não dizer, das centrais sindicais às quais estas federações e sindicatos estão ligados/) neste momento político tão delicado - e turbulento, para dizer o mínimo - que estamos vivendo.
Tal questionamento vem sendo dito, há muito tempo, em vários locais, por vários militantes. De forma honesta, em determinados momentos; em outros, infelizmente, nem tanto. Mas, o questionamento não deixa de aparecer. Isso implica em dizer que este é verdadeiro, é real, tem eco na realidade. E não é de hoje.
Podemos encontrar muitas explicações para responder a tal questionamento. Uma das respostas daremos agora. Quem nos lê pode ou não concordar, evidentemente. Tem total direito a isto. Mas, não há de negar que é uma resposta. Sincera, fraterna, respeitosa. Que também encontra eco na realidade, pois seus elementos estão presentes em seu cotidiano. Como disse anteriormente, podemos ou não concordar.
Desde as jornadas de junho de 2013, a realidade brasileira vem mudando muito rapidamente. A velocidade dos fatos tem feito com que setores da burguesia brasileira tenham se apoderado daqueles acontecimentos ocorridos naquele momento histórico e conseguido encabeçar uma agenda política que, de certa forma, conseguiu "contaminar" uma parcela importante da sociedade brasileira, culminando anos mais tarde no impeachment de Dilma e, consequentemente, na ascensão ao poder de Temer e, assim, implantado no Planalto uma plataforma política que tentavam impor, via PT e Frente Popular, e não conseguiam mais. Durante um certo período conseguiram mas, quando perceberam que não era mais possível prosseguir com aquele governo, arrumaram uma forma de "desapegar" deste e colocar outro "serviçal" em seu lugar. Sai Dilma e o PT, entra Temer e o PMDB. Com turbulência, com crise, mas com a manutenção de um projeto político e de poder e, principalmente, dos lucros da burguesia.
O impeachment de Dilma, por mais traumático que possa ter sido, não afetou a linha mestra da elite política e, principalmente, econômica brasileira. No seu quesito essencial, a manutenção de seus lucros. Porém, era necessário avançar no processo. Assim, as "reformas econômicas" precisavam ser aprovadas, a ferro e fogo. Assim, apesar do curto espaço de tempo de seu governo, Temer precisava aprovar tais "reformas", como a trabalhista e a previdenciária. No meio do caminho, havia a lei da terceirização e a PEC do Teto de Gastos. Temer conseguiu aprovar tudo, menos a "reforma da Previdência".
Durante o governo de Temer, apesar das diferenças de encaminhamento (sem falar nas políticas), houve em vários momentos, unidade entre as centrais sindicais (portanto, em outros setores do movimento) para lutar contra todos esses ataques. A bandeira do "Fora Temer" era empunhada e gritada em muitos locais neste país. Mas, um acontecimento em 2018 serviu para iniciar a quebra desta "unidade": a prisão de Lula e o início da campanha "Lula Livre".
Por quê isso seria um fato para romper essa "unidade"??? É tão difícil gritar "Lula Livre"??? Devemos aceitar a prisão de Lula??? Em primeiro lugar, um ponto importante. Era claro, desde a instalação do governo Temer e, portanto, das mobilizações unitárias que foram feitas num determinado período entre as centrais e direções do movimento, que a "unidade" existente ali era muito "frágil". Isso por conta de anos anteriores aonde as diferenças existentes entre as direções não haviam sido devidamente amadurecidas politicamente e, de certa forma, os resquícios de suas diferenças ainda permaneciam. Segundo, outro ponto a ser dito e esclarecido esperamos, de forma definitiva. Não vemos, de forma contrária, em nenhum momento, que qualquer militante, defenda (individual ou coletivamente) a bandeira "Lula Livre". Porém, o que não concordamos, de jeito nenhum, é que transforme, isso, em eixo de luta do movimento. E é aí, neste momento, que a "unidade" entre as direções, a partir das centrais sindicais, passando pelas federações, chegando aos sindicatos e, consequentemente, aos militantes de todo o país, esvaiu feito pó. Em terceiro lugar, um ponto importante, certa vez, foi dito por Guilherme Boulos, do MTST, em debate realizado na UFPB. Ele afirmara a diferença entre unidade e identidade. Apesar de semelhantes, são coisas distintas. Temos unidade em alguns momentos de nossas vidas, como em algumas lutas políticas (unidade na luta contra a "Reforma da Previdência", por exemplo), mas podemos não pensar acerca do que representa esta mesma "Reforma da Previdência". Não temos, portanto, identidade alguma neste aspecto. Nesta diferença entre os termos em questão, temos total acordo com Boulos.
Por fim, queremos dizer o seguinte: a busca da unidade é importante e deve ser  perseguida SEMPRE. Porém, infelizmente, quase  nunca é alcançada. Por vários motivos. Este que elenquei agora há pouco é um destes. Mas, é conjuntural. existem outros, contudo dediquei-me a avaliar um do momento atual, que interfere em nosso cotidiano e, creio, precisa ser superado. Não sei como será essa superação, não possuo a "fórmula mágica", mas sei que não será com sectarismos nem com isolacionismos que alcançaremos tal situação. 
A greve dos/as trabalhadores/as dos Correios, neste momento tão difícil da conjuntura nacional que atravessamos, com um governo ultraliberal, com os dois pés fincados nas Forças Armadas, como é o de Bolsonaro, com um projeto extremamente entreguista, mostra para toda a direção do movimento operário, para suas direções majoritárias, que é preciso unificar as lutas e as categorias de trabalhadores/as, a começar pelas que estão sendo mais duramente atacadas por este governo, como estas da lista das 17 que encabeçam a privatização, e construir a Greve Geral. É preciso organizar a classe contra a "Reforma da Previdência", que vai afetar todos/as os/as trabalhadores/as deste país. É preciso cuidar da Amazônia e do meio ambiente como um todo, senão não haverá mais vida neste país e no mundo. É fundamental acabar com a sanha deste governo em querer acabar com a Educação de nossos filhos e netos, pois se assim continuar não haverá mais futuro para eles. É necessário derrotar, por vez, o Teto de Gastos, porque se assim continuar, as pragas na saúde pública continuarão. Casos como aumento da dengue, volta do sarampo, incêndios em hospitais e outras mazelas mais se proliferarão porque não haverá mais dinheiro para resolver os graves problemas sociais de nosso povo. Precisamos derrotar o governo Bolsonaro e seus aliados. Pra fazer tudo isso, só uma Frente Ampla pela base, de forma unificada, com um projeto classista, voltado para o povo trabalhador de nosso país!!!








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