Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

quinta-feira, 9 de abril de 2015

A greve da educação do Estado e as mentiras de Ricardo Coutinho (pra variar)




Os/as trabalhadores/as da educação do Estado da Paraíba decidiram entrar em greve por tempo indeterminado desde o dia 1º de abril do corrente ano, em Assembleia Geral realizada em João Pessoa, no auditório do Sesi, após rodada de Assembleias Regionais em todo o Estado. A categoria reivindica, entre outras coisas, o pagamento do reajuste do piso salarial nacional deste ano que, segundo o MEC, é de 13,01%, a revisão do PCCR do magistério,a elaboração do PCCR dos demais funcionários do setor, a volta das gratificações da GED e GEAP (retiradas pelo atual governo para, em seu lugar, ser criada a Bolsa Desempenho), além de reajuste nas gratificações dos diretores de escolas e melhorias nas condições de trabalho. O governo Ricardo Coutinho ofereceu um reajuste de apenas 4,5% em janeiro - já implantado nos contracheques da categoria - e acena com mais 4,5% em outubro, além de ter dado 1% (ou exatos R$ 7,78 de aumento aos técnico-administrativos). Por tudo isso, depois de muita negociação sem sucesso, não restou outra alternativa à categoria a não ser cruzar os braços.
Como de costume, a greve começa com muitas maeaças por parte do governo e de seus prepostos. Ameaça de corte de ponto aos efetivos, de demissão aos prestadores de serviços, perseguição aos que estão em estágio probatório e assédio moral a todos/as. Porém, pelos primeiros informes que temos a greve começa a pegar em várias regiões do Estado. Na próxima sexta-feira, 10/04, a partir das 15h, na Federação Espírita, em João Pessoa, haverá a primeira Assembleia Estadual após a deflagração da greve e aí teremos um melhor quadro da greve.
Mas, o que queremos abordar neste artigo é sobre a principal mentira propagandeada pelo governo Ricardo Coutinho neste momento da greve e que, com certeza, se estenderá por todo o movimento: a falta de recursos para apresentar uma nova proposta à categoria motivada pela crise econômica que assola o país. Este argumento falacioso é utilizado pelo próprio governador Ricardo Coutinho.
Primeiro, é preciso colocar que ninguém melhor do que a classe trabalhadora pra saber que o país está em crise e não é de hoje. Quando o ex-presidente Lula, anos atrás, falou que a crise iniciada no centro do imperialismo, aqui no Brasil era apenas uma "marolinha", uma parte expressiva dos/as trabalhadores/as já começava a sentir os efeitos dessa "marolinha" a que Lula se referia. A industria brasileira, desde então, começou a estagnar, o consumo começou a diminuir, o endividamento passou a crescer, a inflação voltou a perturbar as famílias brasileiras. Porém, o governo passou a esconder tudo isso para preservar seu capital político para que, assim, pudesse se manter na cabeça do poder. E conseguiu seu objetivo ao reeleger Dilma em 2014. Mas, logo ao vencer a disputa eleitoral, não conseguiu mais sustentar a farsa que vinha mantendo e aí está a situação atual.
Na Paraíba, a situação não é diferente. Ricardo utiliza-se ainda dos mesmos argumentos de 4 anos atrás para tentar justificar uma situação que não é a mesma. E tenta, assim como Luciano Cartaxo na Prefeitura de João Pessoa, agredir a inteligência das pessoas, com explicações pífias acerca dos reajustes aplicados aos salários dos professores e técnicos-administrativos. No caso dos professores, o MEC anunciou um reajuste de 13,01%. Qual a explicação, então, para Ricardo dar um reajuste de 4,5% em janeiro e mais 4,5% em outubro, sem aplicar o retroativo a janeiro, como deveria fazê-lo? Por quê não tem dinheiro? Essa é a explicação, Ricardo? Vamos aos números do Estado, então, para ver se tem ou não dinheiro!!!    
Segundo o portal da transparência do Estado da Paraíba, em 2014, entre juros, encargos e amortização da dívida pública, o Estado pagou aos banqueiros a quantia exata de R$ 327.939.969,97 (trezentos e vinte e sete milhões, novecentos e trinta e nove mil, novecentos e sessenta e nove reais e noventa e um centavos). Em 2015, até o mês de abril (que ainda não fechou, diga-se de passagem), o Estado da Paraíba já pagou aos banqueiros de juros, encargos e amortização da dívida pública a quantia de R$ 98.532.233,33 (noventa e oito milhões, quinhentos e trinta e dois mil, duzentos e trinta e três mil e trinta e três centavos), ou 30% do valor total de 2014. Portanto, o que falta ao governo Ricardo Coutinho não é dinheiro, mas sim PRIORIDADE em resolver os problemas sociais do nosso povo!!! Assim como ocorre nos demais governos estaduais, municipais e também no governo Dilma!!! 
Ao mesmo tempo, os cofres públicos do Estado permitem reajustes de 25% aos deputados estaduais, fazendo com que cada um/uma passassem a ganhar, a partir de janeiro deste ano, só de salário, R$ 25 mil por mês. Para estes/as, não existe "crise econômica", como tem gostado de afirmar recentemente o governador Ricardo Coutinho, para justificar o pífio reajuste não apenas dos/as trabalhadores/as da educação estadual, mas dos/as servidores/as estaduais como um todo.
É preciso desmascarar o discurso e a postura de Ricardo Coutinho e mostrar, definitivamente, para toda a Paraíba, a situação real em que vive os/as trabalhadores/as e alunos/as da educação de nosso Estado. Só assim ganharemos o apoio da sociedade paraibana à nossa luta. Essa é a tarefa do nosso movimento neste momento!!!   

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