Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Flamengo, sim. Violência contra a mulher, jamais!!!

Flamengo, sim. Violência contra a mulher, jamais!!!




Antonio Radical e Tanque,
De João Pessoa/PB

A nossa paixão pelo "Mais Querido do Brasil", não se coloca no campo do absolutismo. Somos sim torcedores do Mengão, mas também somos contra práticas discriminatórias, como as feitas pelo machismo, racismo e/ou homofobia.
O futebol, que é um esporte de massas, vivencia constantemente casos de forte discriminação. Vários jogadores africanos e latinos sofrem constantemente agressões racistas até mesmo das suas torcidas na Europa; aqui no Brasil em jogos com nossos hermanos também já foram denunciados casos de jogadores dentro de campo se utilizando de xingamentos racistas na tentativa de desestabilizar o oponente.
Fora dos gramados existem inúmeros casos de jogadores reproduzindo violência contra mulheres. O atacante da seleção brasileira, Robinho (ex-Santos), atualmente no Milan, foi acusado de estupro em 2009 na Inglaterra (quando atuava pelo Manchester City) em um clube noturno da cidade de Leeds. Marcelinho Paraíba, em novembro de 2011, foi detido em Campina Grande por tentativa de estupro e está respondendo a processo por isso. Adriano o “Imperador”, um dos ídolos da massa rubro-negra, em 2010 mandou amarrar a sua noiva Joana Machado a uma árvore na favela da Chatuba no Rio de Janeiro, e depois do caso ter tido repercussões internacionais o então goleiro Bruno saiu em defesa do amigo com a seguinte frase: "Quem nunca saiu na mão com a mulher?"
O Flamengo viveu um processo semelhante recentemente quando seu goleiro na época, Bruno, foi acusado e preso por ter participado do assassinato de Eliza Samúdio, que tinha um filho deste. O caso ganhou repercussão nacional, por conta da violência dos atos praticados contra Eliza até sua morte. Misteriosamente, até hoje, seu corpo não foi encontrado.
Na ocasião, anunciou-se que o Flamengo havia suspenso o contrato com o goleiro. Agora, passados alguns anos do ocorrido, circula em vários portais a notícia de que Bruno pode ganhar um habeas corpus e, assim, retornar ao Flamengo, vestindo mais uma vez sua camisa. O pior é que essa possibilidade ganhou eco no clube, com alguns dirigentes rubro-negros.
Mais espantoso é perceber a passividade da presidente do CRF, a ex-nadadora Patrícia Amorim, que até o momento não veio a público dar uma palavra sobre o assunto, o que mostra a força do machismo no interior do Flamengo, que reproduz em níveis menores a pressão machista que existe em nossa sociedade, que ainda perduram.
Isso está diretamente relacionado ao que ocorre - ou não ocorre, por sinal - da política nacional implementado pelo governo federal, especialmente na era Dilma, a respeito da situação das mulheres neste país. Tal política, apesar do discurso oficial, não corresponde à verdade. 
Como bem colocam as companheiras Vanessa Portugal e Vera Lúcia, militantes do PSTU, em um artigo sobre a condição das mulheres brasileiras sob o governo Dilma, "No Brasil, há cerca de 97 milhões de mulheres. Elas compõem quase metade do mercado de trabalho, mas são a minoria entre aqueles que possuem carteira registrada. Uma grande parcela delas trabalha sem contrato de trabalho, fazendo bicos. Só um terço trabalha em empregos formais, especialmente nas áreas de saúde e educação, sendo que são a maioria entre os servidores públicos. Ocupam, em todas as esferas do mundo do trabalho, os piores postos, os mais desvalorizados socialmente e os que pagam os menores salários, por exemplo, costureiras, empregadas domésticas, manicures. Por isso, são a maioria das que ganham até um salário mínimo. E, por falar em salário, em particular, ganham em média 33% menos que um homem para exercer uma mesma função". Isso mostra que a situação salarial de nossas mulheres brasileiras não mudou no governo da 1ª mulher presidente do país. Infelizmente, as notícias ruins para as mulheres brasileiras não param por aí.
No governo Dilma, a violência contra a mulher continua e, infelizmente, num ascenso muito preocupante, apesar da lei Maria da Penha. Para se ter uma ideia do que representa isso, antes do governo Dilma, haviam 10 assassinatos de mulheres por dia em todo o país. Tal estatística não mudou com uma mulher presidente. 
Tais fatos se explicam nos cortes orçamentários feitos nos dois primeiros anos de governo Dilma, que somam mais de R$ 105 bi. Esses cortes afetam, sobretudo, as áreas sociais, que são o suporte fundamental para a vida da classe trabalhadora brasileira, e as mulheres como maioria da população, acabam sendo as mais afetadas. Afinal de contas, os cortes no orçamento feito por Dilma atingem a educação, saúde, moradia, transporte. Isso repercute, por exemplo, na falta gigantesca de creches para as mulheres trabalhadoras, que seguem enfrentando uma dura realidade de conciliar trabalho e um local seguro onde possa deixar seus filhos para poder garantir sua sobrevivência e a de seus filhos. Mesmo após o anúncio do lançamento do programa de creches, é bem provável que tal situação persista, prejudicando sensivelmente a condição de vida das mulheres. 
É todo esse somatório de coisas que faz com que o machismo avance na sociedade brasileira. NÃO EXISTE UMA POLÍTICA GOVERNAMENTAL QUE PROMOVA UMA LUTA FRONTAL CONTRA O MACHISMO. É isso que faz com que se abra a possibilidade da soltura de um Bruno da prisão e, mais, que este volte a vestir a camisa do Flamengo.
Nem Dilma nem Patrícia Amorim se colocam, de forma efetiva, nesta luta contra o machismo, refletindo assim a dificuldade que as mulheres em todo o Brasil têm de denunciar as práticas machistas.
Sou rubro-negro de coração, mas da luta contra o preconceito não abro mão, só com a construção do socialismo é que teremos condições reais de termos uma sociedade sem qualquer forma de preconceito inclusive nos esportes.


TORCER PELO FLAMENGO, SIM! 
COLABORAR COM A VIOLÊNCIA CONTRA
 A MULHER, JAMAIS!  





1 comentários:

  1. Olá Radical, não conheço você mas sei da história do seu partido. O seu texto sobre Violência Contra Mulher precisa ser melhor contextualizado dentro das questões culturais da sociedade machista. A minha pergunta para você socialista libertário é: Quantos anos Marx, Engels, Lenin e Trostki lutaram para construção da revolução? Há quanto tempo aqui no Brasil, os sindicalistas não aparecem nas portas de fábricas, nas obras da construção civil,e etc... sinto muitas saudade da época em que os Capas indicavam para a militância ler A Mãe (Gorki). E não vai ser os governos do PT, Psol e PSTU que irão fazer a revolução, lógico que você sabe muito mais dessa história do que eu. Tenho apenas o segundo grau completo, mas aprendi muito com os companheiros e companheiras que construíram o seu partido. Saudações feministas.

    ResponderExcluir