Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Metendo o dedo na ferida

A Paraíba sempre foi uma terra fértil quando o assunto é produção cultural. Nosso Estado já ofereceu ao Brasil artistas do porte de um Jackson do Pandeiro, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Geraldo Vandré, Herbert Viana, Genival Lacerda, Sivuca, Antonio Barros e Céceu e tantos outros. Possui também ícones da literatura brasileira, como Augusto dos Anjos, José Lins do Rego e Ariano Suassuna. Temos verdadeiros gênios no teatro, como Paulo Pontes e Marcélia Cartaxo. Enfim, nossa Paraíba sempre foi genitora de grandes símbolos culturais.  
E isso não parou. Mais recentemente, vimos aflorar os gênios de Chico César e Fuba, além de Pedro Osmar. Este último, infelizmente, desconhecido no cenário nacional. Porém, dono de uma arte inventiva como poucos, Pedro Osmar também merece um lugar de destaque na cultura paraibana.
Assistimos, nos últimos dias, uma polêmica dura travada pela rede mundial de computadores entre Fuba e Pedro Osmar. Tudo por conta de um artigo feito pelo primeiro, publicado no portal ClickPB (www.clickpb.com.br), que mereceu uma resposta pelo segundo. Quem quiser conferir tais textos, confira no facebook de Pedro Osmar ou então no portal Diário PB (www.diariopb.com.br). 
A discussão entre os dois, provocada por Fuba em seu artigo, é sobre a crise na produção cultural na Paraíba, a partir do ascenso do PSB no cenário político local, com a chegada de Ricardo Coutinho à prefeitura de nossa capital e, depois, ao governo do estado. 
Muitas das coisas que Fuba argumenta já vinha refletindo sobre há algum tempo, mas me furtei de fazer um artigo sobre isso porque, como não sou da área cultural, não conheço os meandros da coisa nem seus bastidores (ao contrário de Fuba e Pedro Osmar), esperei que alguém deste setor fizesse o que Fuba fez: mostrar o que o governo do PSB está fazendo em relação à produção cultural de nossa terra.
Fuba faz colocações pontuais mas certeiras sobre a decadência de nossa produção cultural, mas principalmente na cooptação feita por Ricardo Coutinho e sua trupe em boa parte dos artistas locais, fazendo com que estes se submetam aos ditames de Ricardus I e, assim, empobreçam sua produção artístico-cultural, sob pena de não desagradar o TODO-PODEROSO Ricardus I.
"As limitações da área cultural são cada vez mais evidentes. O pouco que existe em relação ao Fundo Municipal de Cultura (FMC) é carta marcada para quem defende o projeto socialista ou faz parte da “diretoria”. Muitos destes projetos aprovados são direcionados aos próprios frequentadores da Funjope ou pessoas ligadas diretamente ao governo. Enquanto alguns deles não passam sequer pelo julgamento da comissão de seleção, outros acabam sendo pré-julgados pela burocracia dos gestores ou pela perseguição política. É só olhar os nomes e sobrenomes dos recém-aprovados para ver que não estou exagerando. A panela é a mesma! O FIC (Fundo de Incentivo à Cultura) se perdeu no tempo e hoje quase não se comenta sobre o assunto. O Fenart deixou de existir. O “Espaço Cultural” está de mal a pior e reforma que é bom só na virtualidade do computador. Os projetos sumiram! Há meses não acontece o projeto “Som das Seis”, criado pelo governo com o intuito de concorrer com o Projeto Seis e Meia. Aliás, você conta nos dedos os shows realizados pelo “Som das Seis” e já nem sei se esse programa continua a existir. É tudo uma mentira e ninguém fala nada!", alfineta Fuba em uma das partes de seu brilhante artigo.
Não precisa ser expert no assunto para ver que Fuba diz a verdade. Todos que acompanhamos um pouco a produção cultural na Paraíba já percebe, há muito tempo, tudo isso. É visível a destruição do Espaço Cultural, assim como de outros locais dignos dos nossos artistas. Não é demais afirmar que o Espaço Cultural tem problemas estruturais visíveis, ao ponto de não descartarmos que se dê com ele o mesmo que ocorreu recentemente com uma parte do DEDE que, de abandono em abandono ao longo de décadas, desabou parte deste, causando enormes prejuízos para a prática do desporto na Paraíba.
Fuba ainda, em seu artigo, destaca a discriminação que nossos artistas sofrem quando têm que receber o cachê por suas apresentações bancadas pela Funjope. Estes passam cerca de um mês para receber este cachê, enquanto Fuba pergunta e, ao mesmo tempo, pergunta:" A Funjope virou uma grande produtora de shows e eventos sazonais da cidade, o que é uma droga. Os cachês são fantasiosos e os descontos exagerados, o que é outra droga. Receber um cachê às vezes demora mais de um mês! Tem droga maior? Será que isso acontece com os artistas nacionais que tocam na “Estação Nordeste” todos os anos? Com certeza, não! Em outras palavras, o Circuito das Praças passou a ser um “cala boca” oficial para deixar os artistas sem ter do que reclamar ou, no mínimo, podar seus verdadeiros pensamentos. Dessa forma se contentam com o “muito pouco” em vez de “nada ter” e ficam calados!" Alguém ousa dizer que isso é mentira?
Por fim, Fuba conclui seu artigo afirmando que "vivemos uma contradição sem precedentes. Os “amigos” que estão no poder e que um dia surpreenderam com atitudes revolucionárias e até mesmo extravagantemente anarquistas, foram literalmente engolidos pela fantasia do deslumbre e do poder". Será que ninguém enxerga isso?
A resposta de Pedro Osmar a Fuba é, no mínimo, lamentável. Conheço Pedro Osmar e sei de suas qualidades na escrita. Ele tem condições de dar uma resposta mais qualificada do que a que fez.
Pedro Osmar, em vez de responder aos questionamentos levantados por Fuba, parte para o ataque pessoal, questionando por exemplo a militância político-partidária de Fuba. Não é por aí que iremos resolver o problema da produção cultural na Paraíba.
Todos/as que me conhecem sabem que não comungo das ideias político-partidárias de Fuba e hoje, menos ainda, das de Pedro Osmar. Mas sei reconhecer o valor dos dois na nossa cultura.
Pedro Osmar é profundamente infeliz, em seu artigo, quando afirma que  o "Bloco Muriçocas do Miramar, que apenas existe para descer a Av. Epitácio Pessoa, rumando para a Praia de Tambaú, para atender à rede hoteleira, à indústria de bebidas e ao turismo sexual, que é, no final das contas, a que serve todo esse cortejo de “carnaval dos ricos” que foi formatado nos últimos anos no Brasil e do qual as Muriçocas do Miramar vem fazendo parte". Quando li isso, não apenas me assustei, como me passei a perguntar e aqui exponho essas perguntas: o que será que Pedro Osmar pensa a respeito do Galo da Madrugada, do Cordão do Bola Preta e da Banda de Ipanema, só para citar alguns blocos de renome nacional? Será que estes também servem à " rede hoteleira, à indústria de bebidas e ao turismo sexual?"      
Depois, Pedro Osmar sustenta que "a Funjope, na gestão do PSB (Partido Socialista Brasileiro), está sendo responsável pelo momento mais produtivo, crítico e criativo da condição de cultura em nossa cidade, e que eu espero tenha continuidade a partir de 2013, com Estelizabel Bezerra como prefeita de nossa cidade". Não poderia haver maior demonstração de adesão ao projeto "socialista" de Ricardo Coutinho.
Quero ressaltar que o "xis" da questão aqui não é se Pedro Osmar e outros aderiram ou não ao projeto peessebista na Paraíba. Eles tem todo o direito de fazerem o que quiser de suas vidas, porém o que pedimos é que sejam coerentes com suas decisões políticas e assumam, definitivamente, que não pensam mais a cultura paraibana como antes pensavam. Pois os problemas continuam. 
Pedro Osmar, em sua resposta, não responde à grave acusação de Fuba quando este denuncia, em seu texto, que "o pouco que existe em relação ao Fundo Municipal de Cultura (FMC) é carta marcada para quem defende o projeto socialista ou faz parte da “diretoria”. Muitos destes projetos aprovados são direcionados aos próprios frequentadores da Funjope ou pessoas ligadas diretamente ao governo. Enquanto alguns deles não passam sequer pelo julgamento da comissão de seleção, outros acabam sendo pré-julgados pela burocracia dos gestores ou pela perseguição política. É só olhar os nomes e sobrenomes dos recém-aprovados para ver que não estou exagerando. A panela é a mesma! O FIC (Fundo de Incentivo à Cultura) se perdeu no tempo e hoje quase não se comenta sobre o assunto". Gostaríamos, Pedro, de ler uma resposta sua sobre isso e não atacar pessoalmente a figura de Fuba. Você chega, em determinado momento, a perguntar a que patrão Fuba serve hoje, se a Cícero Lucena ou Zé Maranhão. Repete, desta forma, o mantra dos ricardistas de primeira hora quando recebem críticas ao que fazem (ou deixam de fazer). Parece que Ricardus I é intocável e inatacável. Quem critica a "gestão socialista" do PSB é logo comparado à direita, como se dela fizesse parte. Logo você, Pedro Osmar, que sempre se disse contrário ao patrulhamento ideológico?
Por fim, mais uma vez parabenizo Fuba pela coragem de expor a ferida da produção cultural paraibana sob os tempos de "ditadura democrática" de Ricardus I e seus vassalos. Se precisar de mim, pode contar comigo para meter o dedo na ferida!  




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