Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

terça-feira, 13 de julho de 2021

A Conmebol, a Libertadores 2021 e a Covid 19





A Conmebol - Confederação Sul-Americana de Futebol -, após liberar em comum acordo com a Prefeitura do Rio de Janeiro, a presença de público para a final da "Cova América", ocorrida no último sábado, 10/07, no Maracanã, mesmo tendo passado por cima do governo Bolsonaro e da CBF após acordo celebrado com ambos para que a competição ocorresse no Brasil em plena pandemia do coronavírus, decidiu que as partidas da Libertadores 2021, a partir das oitavas de final, que começam nesta terça-feira, 13/07, com três partidas (duas em Buenos Aires, na Argentina, e uma em Assunção, no Paraguai), possam ocorrer também com presença de público, desde que autorizadas pelas autoridades locais. Segundo comunicado da Conmebol, o "retorno gradual do público é essencial para o desenvolvimento do futebol sul-americano". Seguindo os protocolos definidos pelas autoridades sanitárias de cada país, completa a entidade maior do futebol do continente.

Ninguém duvida com a afirmação dos dirigentes da Conmebol de que o "retorno gradual do público é essencial para o desenvolvimento do futebol sul-americano" esteja correta. Porém, neste momento em que os números da Covid-19 nos países que participam da Libertadores da América se apresentam colocam em risco a continuidade da competição, quanto mais a presença de público nos estádios para assistir aos jogos. Não podemos nos esquecer dos recentes episódios que verificamos no Maracanã, durante a final da "Cova América", quando a mesma Conmebol, junto com a Prefeitura do Rio de Janeiro, do prefeito Eduardo Paes (DEM), liberou o acesso de 10% da capacidade total do estádio para assistir à vitória argentina na partida, cerca de 8 mil pessoas. Na entrada da partida, nos portões do Maracanã, assistiu-se uma verdadeira aglomeração e, dentro e fora do estádio, o que mais se viu foram pessoas sem o uso de máscara. A Conmebol e autoridades dos 5 países que terão jogos nestas oitavas de final da Libertadores (Brasil, Argentina, Paraguai, Chile e Equador) garantem que isso não ocorrerá em nenhum dos jogos que serão disputados??? Ganha um doce quem afirmar, com exata certeza, que sim!!!

A Covid-19 continua fazendo suas vítimas pelo mundo há mais de um ano e, na América Latina e do Sul, o quadro não é diferente. Nos países acima citados em que ocorrerão jogos da Libertadores a partir desta terça-feira, 13/07, a pandemia do coronavírus continua produzindo muita dor e sofrimento para milhares de famílias. Não é à toa que, na Argentina, um dos países que possui 5 representantes nesta fase da competição (Boca Juniors, Racing, Defensa y Justicia, Vélez Sarsfield e River Plate), a doença já vitimou quase 100 mil mortes, tendo feito com que o governo local dissesse NÃO à realização da recente Copa América em seu país, junto com a Colômbia, justamente pelo aumento da doença no território argentino. Casos semelhantes ocorrem nos outros 4 países que também tem representantes na Libertadores. 

O Paraguai, que possui dois representantes (Olímpia e Cerro Porteño), tem até o momento, pouco mais de 14 mil mortos. O Equador, que possui o Barcelona de Guayaquil como seu representante, tem cerca de 22 mil mortes provocada pela Covid-19. Não nos esqueçamos que este país andino enfrentou uma triste realidade de enfrentamento com a doença no início desta, com centenas de mortos, alguns espalhados pelas ruas de suas principais cidades

O Chile, que tem o Universidad Católica como seu representante nas oitavas de final da Libertadores, tem pouco mais de 34 mil mortos em seu país e enfrenta, há meses, uma revolta muito grande de seu povo com os destinos traçados pelo governo Piñera com os rumos deste em relação ao futuro do país, inclusive na pandemia do coronavírus.

Guardadas as devidas proporções, a situação não é muito diferente (do ponto de vista político), do governo Bolsonaro no Brasil, quando olhamos para o governo Piñera. Este também enfrenta uma grave crise política durante a pandemia do coronavírus, tendo constantes mobilizações nas ruas pedindo "FORA BOLSONARO" e mais de 100 pedidos de impeachment na Câmara dos Deputados, que só não vão à frente por conta da atuação do presidente da Casa, Arthur Lira (PP/AL), um dos líderes do "Centrão" e, até agora, aliado de Bolsonaro. Mas, a Covid-19 tem cobrado a fatura no governo Bolsonaro e esta é, de longe, um dos maiores problemas de seu governo, senão o maior. Até agora, a Covid-19 já matou mais de 530 mil pessoas no país, sendo o Brasil o 2º país no mundo em que mais pessoas morreram desta doença, perdendo apenas para os EUA.

Contabilizando-se os números atuais, temos apenas entre os 5 países que estão com clubes disputando a Libertadores, cerca de 700.000 mortos. Apesar disso, a Conmebol ignora tais números e decide priorizar o lucro e não a VIDA. Assim pensam os "cartolas" do futebol sul-americano, em parceria com os demais dirigentes dos clubes que, falaciosamente, usam o discurso do "resgate" do futebol sul-americano para justificar o sacrifício de milhares de pessoas dentro e fora dos estádios de toda a América do Sul por conta de um punhado de dólares. Tal qual fez o diretor do Ministério da Saúde do governo Bolsonaro que, por conta de US$ 1, vendeu a vida de milhões de brasileiros/as por uma vacina contra a Covid-19.

Sentir asco e nojo dos dirigentes da Conmebol é pouco para expressar o que sentimos diante de um fato como este. Em nada isso está relacionado à paixão futebolística que temos pelo clube que torcemos, apenas ao sentimento de repulsa que os "cartolas" da Conmebol e do futebol sul-americano merecem ter de cada um de nós merecem ter por eles.



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