Jornada Nacional de Lutas, Brasília, 24/08/2011

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Mais lenha na fogueira: o pedido de impeachment de João Azevedo e a conjuntura política estadual




Há um dito popular, de vários anos, que circula entre o povo e no meio político em especial, que a "política é dinâmica". Na verdade, a realidade é que é dinâmica e, por conta disso, a política procura se adaptar a ela, tentando acompanhá-la. Assim, seus atores/atrizes e partidos se movimentam o tempo inteiro nessa busca incessante da tão falada dinâmica.
Para comprovar este dito popular, neste dia 08/02, escrevi e publiquei neste blog e em minhas redes sociais um artigo intitulado "O PT, sua posição política diante do governo João Azevedo, a "Reforma da Previdência Estadual" e os reflexos disso diante da conjuntura", aonde dissertava acerca da posição vacilante que este partido possui, até o momento, sobre sua participação (ou não) no atual governo paraibano.
Pois bem. Para amplificar este quadro do PT/PB e de seus satélites (e, consequentemente), de quem vive flutuando entre estes, vivemos mais um  momento importante da conjuntura estadual, que nos leva a fazermos mais algumas reflexões.
Em 20 de janeiro deste ano, também neste blog e em minhas redes sociais, fiz um artigo com o sugestivo título: "Quando João renunciará???" Fiz isso devido às suspeitas que envolviam (e, de certa forma) ainda envolvem o governador por conta da "Operação Calvário - Juízo Final", desencadeada em 17 de dezembro do ano passado, que levaram agentes do Gaeco e da PF a efetuarem um mandado de busca e apreensão nas dependências do Palácio da Redenção, nas primeiras horas da manhã daquele dia. Além disso, as pedras do asfalto que vão de João Pessoa a Cajazeiras sabem que o esquema criminoso delatado por Livânia Farias, Daniel Gomes, dentre outros, beneficiou politicamente o então candidato nas eleições de 2018, tornando-o governador do Estado.
Pois bem. Na reabertura dos trabalhos da Assembleia Legislativa da Paraíba, o deputado bolsonarista (que não esconde isso de ninguém), Walber Virgulino (Patriotas), apresentou e protocolou um pedido de impeachment do governador João Azevedo (Cidadania), aonde segundo o parlamentar, o pedido se justificaria por conta dos "crimes desvelados dentro do processo da Operação Calvário, que resultou na prisão de ex-secretários da gestão de João Azevêdo e também do ex-governador Ricardo Coutinho" (https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2020/02/05/deputado-protocola-pedido-de-impeachment-de-governador-e-vice-governadora-da-paraiba.ghtml). Ainda segundo o pedido do deputado Walber Virgulino, "não pode haver dúvida de que a chapa eleitoral formada pelo sr. governador e sua vice sagrou-se vitoriosa através de uma eleição fraudada pelo uso escancarado da corrupção do governo que lhe dava sustentação, do qual ambos participaram como integrantes" (idem).
O governador João Azevedo, presente na retomada dos trabalhos da Assembleia nesta oportunidade, encarou com aparente tranquilidade esta atitude por parte do deputado e disse que "encara o registro do pedido de impeachment com naturalidade de qualquer processo democrático" (ibidem).
Tal questão colocou lenha na fogueira na já conturbada conjuntura política estadual. Não custa lembrar que esta já está devidamente tumultuada por conta da "Operação Calvário" e seus desdobramentos desde então no cenário político. Já causou até a suspensão da tramitação da "Reforma da Previdência Estadual" na Assembleia Legislativa, por parte do governo. Agora, vem mais esta "novidade", vinda não apenas do deputado já citado, mas de mais 11, que assinaram com ele tal protocolo de impeachment do governador. João Azevedo diz encarar tal fato com naturalidade, mas todos/as sabem que é só da boca pra fora. Ainda tem a indefinição do PT diante do governo. Hajam problemas para o Palácio da Redenção...........
Após este pedido de impeachment na Assembleia, o deputado federal, Damião Feliciano (PDT), veio em socorro do governador João Azevedo e declarou aos quatro cantos: "está tendo um golpe na PB", referindo-se ao fato citado e, com isso, atacando diretamente o deputado estadual Adriano Galdino (PSB), presidente da Assembleia Legislativa paraibana que teria dado encaminhamento ao pedido feito pelo seu colega Walber Virgulino, em vez de arquivá-lo, como gostaria o deputado federal pedetista. Vale lembrar a todos/as que Damião Feliciano não prestou socorro apenas ao governador, mas também à sua vice, Lígia Feliciano (também do PDT), que por uma dessas "coincidências da vida", vem a ser a esposa do nobre deputado. Que coisa, não???
Após esta declaração de Damião Feliciano, o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, rebateu a mesma, afirmando que "recebeu com estranheza as declarações do deputado federal Damião Feliciano" e que "é prerrogativa de qualquer parlamentar apresentar requerimentos e projetos de Lei, desde que observados todos os pré-requisitos regimentais, não podendo essa prerrogativa ser tolhida em qualquer hipótese". (https://paraibaonline.com.br/2020/02/presidente-da-alpb-rebate-acusacoes-de-damiao-feliciano/) Por fim, ainda na mesma matéria, Adriano Galdino afirma que "por se tratar de matéria inédita na Casa Epitácio Pessoa e que envolve preceitos jurídicos, assim como em outros casos semelhantes, decidiu encaminhar o requerimento para a Procuradoria Jurídica da Casa, para que todos os requisitos jurídicos e legislativos fossem verificados pelo setor competente".
Percebe-se o tumulto político criado nesta conjuntura a partir deste pedido de impeachment protocolado na Assembleia Legislativa, na última quarta-feira, 05/02. Para acentuar ainda mais este cenário tumultuado, vários portais de notícias locais registraram, neste sábado (08/02/2020), uma nota de solidariedade ao governador João Azevedo (Cidadania) e sua vice, Lígia Feliciano (PDT), claramente articulada pelo deputado federal Damião Feliciano (PDT) e que, em certo ponto desta nota, chega a afirmar que tal "solidariedade" se deve ao fato do atual governo ter colocado a Paraíba num de seus "melhores momentos administrativos, com uma gestão fiscal rigorosa, equilíbrio absoluto nas contas públicas reconhecido pelo Tesouro Nacional, pagamento em dia de seus funcionários e fornecedores e, ainda, permitindo que, ao contrário da grande maioria dos estados brasileiros e do próprio Governo Federal, conceda aumento salarial aos servidores públicos acima da inflação" (https://parlamentopb.com.br/doze-partidos-divulgam-nota-de-solidariedade-a-joao-azevedo-e-ligia-feliciano/). A referida nota ainda afirma que tudo isso faz com que haja "atração de novos investimentos privados, além do próprio Governo realizando centenas de obras no estado que geram desenvolvimento com inclusão social distribuído por todas as regiões do território paraibano". Por fim, esta conclui afirmando que, após tudo isso, cabe fazer a seguinte pergunta: "a quem interessa e porque interromper a normalidade democrática e gerar um clima de profunda instabilidade política e social no Estado da Paraíba?" 
Nada disso é surpreendente para nós, partindo de onde está partindo. Porém, na citada nota acima reproduzida, dos doze partidos que assinam, dois particularmente chamam nossa atenção. Ao lado de PDT, DEM, Cidadania, Podemos, Avante, Republicanos, dentre outros, constam as assinaturas do PT e PCdoB. Esses são os partidos que dizem que estão na luta contra a "Reforma da Previdência Estadual" do governo João Azevedo que, por sua vez, garantiu ao PT em reunião que continuaria com sua agenda "progressista", que o levou ao Palácio da Redenção, em 2018. 
A pergunta que não quer calar: dá pra confiar em alguém???

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